- 24/01/2010
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Isto aconteceu ontem...
Moro numa cidade próxima a casa da minha mãe, onde também exerço meu direito obrigatório de votar....então fui visitá-la chegando na sexta-feira a noite.
Levantei sábado pouco depois da onze, e ainda sonolento fui bombardeado com as palavras da minha mãe, ávida por conversa,como se quisesse aproveitar a rara presença de mais alguém na casa além dela mesma. Não sabíamos se iríamos almoçar em casa ou fora, e quando foi decidido que iríamos almoçar fora entendi que era a oportunidade para ingerir os quatro cogumelos ( todos eles grandes : cogumelos do último flush ), guardados numa embalagem plástica e colhidos na noite anterior.
Eram pouco depois das 12h quando eu os ingeri. Apesar de eu estar em jejum, demorou cerca de uma hora até sentir os efeitos começarem.No início uma sensação de náusea... uma percepção especial de sons distantes ( pássaros cantando, vozes de conversas na vizinhança , apito de navio ) uma leve prostração..a sensação levemente angustiante de que '' algo está para vir ''... sensação de leveza e vontade de rir... tudo isso no momento em que se anunciava que o almoço estava pronto.
Levemente nauseado e ao mesmo tempo faminto, abri para minha mãe a garrafa de vinho...que me recusei a tomar ( por motivos óbvios ). Comi com uma certa apreensão de que o meu estado alterado de consciencia que se insinuava fosse percebido... Pouco interagi... me limitando a comer e beber um copo d´´agua. Toda a comida em si...os camarões... o pure de aipim.. pareciam divertidadente vivos, fazendo lentos movimentos de molusco no meu prato. O tomate cereja tinha uma textura toda especial.
Tão logo terminei de almoçar avisei que precisava deitar um pouco. Fiquei na cama, as venezianas abertas, quarto a meia luz, ''esperando que tudo acontecesse ''. Entendi que para vislumbrar as alucinações eu precisava me aquietar..permitir que elas aparecessem. O primeiro grau de mudança na composição visual corresponde a uma ultra percepção da textura de superfícies.
Superfícies de tapetes, paredes, pele, azulejos... especialmente as que tem variações de superfície como manchas ou desnívies passam a ser percebidas com uma incrível nitidez e textura... esta textura ganha um significado, como se de repente uma grande descoberta de forma pudesse ser revelada em algo que até então passara de maneira despercebida.
Esta alteração da percepção de superfícies pode evoluir para as primeiras alucinações '' de fato ''... elas tbém correspondem a uma imagem de superfície, como se estivessem sendo projetadas sobre a imagem real... são padrões geométricos sem cor alguma ou cinzentos tentando se formar como cristais, e numa escala superior tornam-se ondulações coloridas que logo se tornam novamente cinzentas.
O ''terceiro grau '' são as alucinações propriamente ditas.. elas se manifestam a partir de uma imagem presente que a mente interpreta de uma outra maneira, projetando imagens previamente guardadas... assim, as manchas de pinceladas de tinta no teto ( que nornalmente passam despercebidas ) pareciam formar a face de um porco em perfil..uma mulher porco.. um cão...
Resolvo acrescentar música a experiência.. no meu mp3 player só existem dois cds que me parecem dignos de fazer parte desta experiência... escolho por Pink Floyd - DarkSide of the Moon... ao contrario dos relatos da literatura, a música em si não me parece muito mais empolgante do que quando ouvida sob efeito do álcool...os nevos no meu antebraço esquerdo parecem uma incrível constelação de estrelas... as portas do guarda roupa parecem ondular.. as alucinações são tênues e isso me aborrece um pouco pois a coisa toda ''nunca decola '' ...na terceira música '' great gig in the sky '' percebo que os desenhos da madeira na porta do guarda-roupa me mostram uma imagem... é uma imagem estática em três planos ..em primeiro plano a chama amarela de uma vela ( o amarelo é a cor predominante nesta visão , pois é a cor do móvel em questão ) ..atrás dela a figura funebre de duas mulheres ( mãe e filha ?) elas usam mantos ( azuis ?) , têm a cabeça levemente inclinada para baixo, em sinal de luto, de fadiga, de saudação ...de quem acieta o inacietável da morte. Elas são a morte.. elas estão mortas..e suas faces são apenas duas caveiras perdidas no tempo.. a visão me entristece...mais o que isso..a sensação de tristeza e angústia em mim são uma coisa só e uma é manifestação da outra.. lembro da minha mãe... desvio o olhar da cena, olho para o meu antebraço direito.. a musculatura atrófica..a pele enrugada...é o antebraço de um homem velho.. eu estou velho.. eu estou morrendo, sou eu quem elas estão velando.... ( não pude conter o choro ).
A bateria do mp3 acaba, mas isto não me incomoda... pois os sons do ambiente que parecem despertar interesse... minutos depois, olho novamente para o meu antebraço... é forte, de musculos hipertrofiados e cheio de veias..sou jovem novamente e tenho vontade de rir... mais do que uma alternância de visões como se esperava, é a ciclotimia e o humor lábil o principal efeito, muito diferente da idéia de estar relaxado e assistir alucinações visuais como quem vê um filme... pois cada visão tem um componente emocional associado, que parece tanto mais forte quanto a intensidade da alucinação, dentro dos três graus citados.
Os efeitos duraram cerca de três horas...
Por coincidência ( ou sincronicidade?), algumas horas depois resolvi folhear um livro um livro do Robert Anton Wilson intitulado '' O derradeiro segredo dos Illuminati '' ( aqui no Brasil publicado pela editora Madras ) e eis que abro na página de número 64 onde se cita a visão de uma uma certa '' Nossa Senhora do espaço '' e sua relação como cogumelos alucinógenos...que me deixa estupefato e intrigado ( envio o trecho em anexo ), que me levou a tentar saber mais.. até que, enfim folheando alguns livros e buscando na internet, finalmente ''caiu a ficha '' e eu entendi que a imagem que eu tinha visto correspondia àquela do culto mexicano da Santa Muerte...
Moro numa cidade próxima a casa da minha mãe, onde também exerço meu direito obrigatório de votar....então fui visitá-la chegando na sexta-feira a noite.
Levantei sábado pouco depois da onze, e ainda sonolento fui bombardeado com as palavras da minha mãe, ávida por conversa,como se quisesse aproveitar a rara presença de mais alguém na casa além dela mesma. Não sabíamos se iríamos almoçar em casa ou fora, e quando foi decidido que iríamos almoçar fora entendi que era a oportunidade para ingerir os quatro cogumelos ( todos eles grandes : cogumelos do último flush ), guardados numa embalagem plástica e colhidos na noite anterior.
Eram pouco depois das 12h quando eu os ingeri. Apesar de eu estar em jejum, demorou cerca de uma hora até sentir os efeitos começarem.No início uma sensação de náusea... uma percepção especial de sons distantes ( pássaros cantando, vozes de conversas na vizinhança , apito de navio ) uma leve prostração..a sensação levemente angustiante de que '' algo está para vir ''... sensação de leveza e vontade de rir... tudo isso no momento em que se anunciava que o almoço estava pronto.
Levemente nauseado e ao mesmo tempo faminto, abri para minha mãe a garrafa de vinho...que me recusei a tomar ( por motivos óbvios ). Comi com uma certa apreensão de que o meu estado alterado de consciencia que se insinuava fosse percebido... Pouco interagi... me limitando a comer e beber um copo d´´agua. Toda a comida em si...os camarões... o pure de aipim.. pareciam divertidadente vivos, fazendo lentos movimentos de molusco no meu prato. O tomate cereja tinha uma textura toda especial.
Tão logo terminei de almoçar avisei que precisava deitar um pouco. Fiquei na cama, as venezianas abertas, quarto a meia luz, ''esperando que tudo acontecesse ''. Entendi que para vislumbrar as alucinações eu precisava me aquietar..permitir que elas aparecessem. O primeiro grau de mudança na composição visual corresponde a uma ultra percepção da textura de superfícies.
Superfícies de tapetes, paredes, pele, azulejos... especialmente as que tem variações de superfície como manchas ou desnívies passam a ser percebidas com uma incrível nitidez e textura... esta textura ganha um significado, como se de repente uma grande descoberta de forma pudesse ser revelada em algo que até então passara de maneira despercebida.
Esta alteração da percepção de superfícies pode evoluir para as primeiras alucinações '' de fato ''... elas tbém correspondem a uma imagem de superfície, como se estivessem sendo projetadas sobre a imagem real... são padrões geométricos sem cor alguma ou cinzentos tentando se formar como cristais, e numa escala superior tornam-se ondulações coloridas que logo se tornam novamente cinzentas.
O ''terceiro grau '' são as alucinações propriamente ditas.. elas se manifestam a partir de uma imagem presente que a mente interpreta de uma outra maneira, projetando imagens previamente guardadas... assim, as manchas de pinceladas de tinta no teto ( que nornalmente passam despercebidas ) pareciam formar a face de um porco em perfil..uma mulher porco.. um cão...
Resolvo acrescentar música a experiência.. no meu mp3 player só existem dois cds que me parecem dignos de fazer parte desta experiência... escolho por Pink Floyd - DarkSide of the Moon... ao contrario dos relatos da literatura, a música em si não me parece muito mais empolgante do que quando ouvida sob efeito do álcool...os nevos no meu antebraço esquerdo parecem uma incrível constelação de estrelas... as portas do guarda roupa parecem ondular.. as alucinações são tênues e isso me aborrece um pouco pois a coisa toda ''nunca decola '' ...na terceira música '' great gig in the sky '' percebo que os desenhos da madeira na porta do guarda-roupa me mostram uma imagem... é uma imagem estática em três planos ..em primeiro plano a chama amarela de uma vela ( o amarelo é a cor predominante nesta visão , pois é a cor do móvel em questão ) ..atrás dela a figura funebre de duas mulheres ( mãe e filha ?) elas usam mantos ( azuis ?) , têm a cabeça levemente inclinada para baixo, em sinal de luto, de fadiga, de saudação ...de quem acieta o inacietável da morte. Elas são a morte.. elas estão mortas..e suas faces são apenas duas caveiras perdidas no tempo.. a visão me entristece...mais o que isso..a sensação de tristeza e angústia em mim são uma coisa só e uma é manifestação da outra.. lembro da minha mãe... desvio o olhar da cena, olho para o meu antebraço direito.. a musculatura atrófica..a pele enrugada...é o antebraço de um homem velho.. eu estou velho.. eu estou morrendo, sou eu quem elas estão velando.... ( não pude conter o choro ).
A bateria do mp3 acaba, mas isto não me incomoda... pois os sons do ambiente que parecem despertar interesse... minutos depois, olho novamente para o meu antebraço... é forte, de musculos hipertrofiados e cheio de veias..sou jovem novamente e tenho vontade de rir... mais do que uma alternância de visões como se esperava, é a ciclotimia e o humor lábil o principal efeito, muito diferente da idéia de estar relaxado e assistir alucinações visuais como quem vê um filme... pois cada visão tem um componente emocional associado, que parece tanto mais forte quanto a intensidade da alucinação, dentro dos três graus citados.
Os efeitos duraram cerca de três horas...
Por coincidência ( ou sincronicidade?), algumas horas depois resolvi folhear um livro um livro do Robert Anton Wilson intitulado '' O derradeiro segredo dos Illuminati '' ( aqui no Brasil publicado pela editora Madras ) e eis que abro na página de número 64 onde se cita a visão de uma uma certa '' Nossa Senhora do espaço '' e sua relação como cogumelos alucinógenos...que me deixa estupefato e intrigado ( envio o trecho em anexo ), que me levou a tentar saber mais.. até que, enfim folheando alguns livros e buscando na internet, finalmente ''caiu a ficha '' e eu entendi que a imagem que eu tinha visto correspondia àquela do culto mexicano da Santa Muerte...