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Micologia Amadora

Sgarbi

Primórdia
Membro Ativo
03/12/2014
88
22
Eaai pessoal,

Tive a oportunidade de levar um carimbo de cubensis, ao laboratório de minha faculdade para fazer algumas observações.

Algumas observações iniciais:
- Strain A+ Albino
- Coletado há 5 meses
- O carimbo se apresentava rígido, os esporos não saiam facilmente.

Foto 01-10-15 20 16 53.jpg

Lente de Aumento:

Foto 01-10-15 20 18 36.jpg Foto 01-10-15 20 20 24.jpg Foto 01-10-15 20 19 43.jpg

Não sei se isso já foi observado antes, mas o carimbo apresentou hifas. Na minha perspectiva seriam os esporos utilizando os próprios esporos como substrato. Será que isso poderia ser considerado uma colônia, tendo em vista que os esporos, sejam diferentes organismos, e ocorre diferenciações celulares para promover a espécie? Deixando claro, que isso é somente uma especulação. Independente dos fatores que contribuíram para isso, achei muito interessante, e não poderia deixar de compartilhar com vocês!

Foto 01-10-15 20 29 28.jpg Foto 01-10-15 20 34 19.jpg Foto 01-10-15 20 55 30.jpg Foto 01-10-15 21 03 26.jpg

Microscópio:

Esporos
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Hifas
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Não consegui identificar
Foto 01-10-15 21 49 53.jpg

Um mega esporo?
Foto 01-10-15 21 53 31.jpg Foto 01-10-15 21 54 11.jpg

Difração de Raio X (DRX):

Foi comparada uma folha de alumínio, com o carimbo no alumínio. Não estou com os gráficos, mas o resultado como esperado, foi nulo. Não apresentou sinais. (O mesmo gráfico obtido, para as duas amostras)

Ideias:

- Pra uma próxima vez, vamos ver se os esporos apresentam propriedades luminescentes. O esperado também seria a ausência de sinais, mas... Nunca se sabe!
- Considerando que os micélios na natureza passam quase todo tempo na terra (exceto na reprodução, cogumelos) também pretendo usar uma fonte de radiação beta (esta presente no ambiente natural, por emissão de U, Th, K...) nos esporos, para ver os impactos sobre o desenvolvimento do micélio.
- Se alguém tiver alguma ideia que seja viável aos equipamentos disponíveis, podem falar que tento reproduzir.

Agradecimentos ao meu orientador pela experiência :)
 
Atualizando:

Quebrando toda a teoria, os esporos apresentaram sinais luminescentes! Realmente eles só podem ser mágicos! :love:

Não sabemos ainda qual aplicação essa ''descoberta'' pode proporcionar, já que foi observado um carimbo de esporos, e não esporos dispersos como na natureza.
(Eles foram raspados, porem acredito que não se quebrou relações entre esporos, já que o carimbo estava rígido.)

Uma breve explicação sobre as propriedades luminescentes:

Materiais com estruturas cristalinas, como o quartzo, podem apresentar defeitos estruturais em suas moléculas.
Esses defeitos tem a capacidade de armadilhar elétrons que ficam instáveis quando estimulados a uma fonte de radiação ionizante, no caso foi usado uma fonte beta, mas naturalmente existem ha emissão de U, Th, K...
Esses elétrons representam um nível de energia armadilhado, ou seja, armazenado.
Quando se estimula o material com calor (termoluminescência - TL) ou com luz (luminescência opticamente estimulada - LOE), a energia armazenada é liberada na forma de sinais luminescentes.

A aplicação mais explorada por esses métodos, é a datação geológica. Por exemplo, uma amostra de solo profunda é levada ao laboratório sem a exposição a luz, primeiramente toda matéria orgânica sera removida através de produtos químicos. Restaram cristais de quartzo, feldspato... A partir do sinal luminescente de cada material, consegue se calcular quanto tempo ele esteve exposto a radiação, ou seja, qual sua idade geológica.

Resultados:

Como descrito, as propriedades luminescentes são tipicas de estruturas cristalinas. E não são observadas em materiais orgânicos, pelo menos ate semana passada. :D

OSL Esporos.png
Por questões metodológicas, esta em inglês.

OSL (a.u.) = Luminescencia Opticamente Estimulada (LOE) em unidades arbitrarias
Dose (Gy) = Emissão da radiação em Gray
Mushroom Spores = Esporos
MS After TL 100C = Esporos depois da termoluminescência, de 100C

Por enquanto é isso pessoal! Assim que tiver mais novidades a respeito, venho postando!
Ideias são sempre bem vindas!
 
A foto que você não conseguiu identificar, parece ser uma hifa dobrada e um pedaço de tecido (de cogumelo?). O "mega esporo" provavelmente não é um esporo (não de cubensis), deve ser outro organismo.

Muito cuidado com "descobertas" que "quebram toda a teoria"... É bastante possível que a luminescência que você observou tenha outra explicação, material para teses de doutorado.

Interessante seria você fazer uma pesquisa sobre a identificação desses cogumelos através da morfologia do espécime e esporos, ou talvez comparar os esporos de strains diferentes provando (ou não) que são todos da mesma espécie. Ou ainda, identificar positivamente os contaminantes mais comuns que observamos no Brasil. Analisar microscopicamente o desenvolvimento do micélio de cubensis em culturas líquidas, diferentes grãos ou substratos... Testar a germinação e desenvolvimento em substratos pouco comuns... etc. Coisas que ajudem no cultivo :)
 
Com relação ao mega esporo, acredito ser contaminação. Pode ate ser uma diatomácea, uma alga, esses seres estão presentes em todos os lugares e são usados inclusive para perícia criminal... Enfim, pode ser alguma outra coisa, não vale a pena investir na identificação de contaminantes.

Com relação as hifas que você fotografou sobre os esporos, devem ser hifas de fungos mesmo, mas devem também ser contaminantes. No nosso lab, a gente prepara soluções extremamente concentradas de vários tipos de solutos, e um monte deles apresenta contaminação, provavelmente por fungos, depois de alguns meses. Ou seja, é mais ou menos certo o que você disse, só que estas hifas não devem ser do P. cubensis, e sim de quaquer outro fungo oportunista. Não sei como eles sobrevivem em ambientes tão pobres , mas não há dúvida que eles se proliferam...

No mais, achei ótimas as fotos dos esporos, tem muita fotografia de microscópio aí que já vi tentarem tirar mas nunca tão boas assim. E uma dica, cuidado pra usar o lab de física pra estudar fungos. Já aprontei muito há alguns anos nos labs, e sei que pode ser muito, muito vexativo caso alguém descubra o qual o material da amostra, a não ser que tenha sido bem honesto a respeito com o chefe, antes !! Abraços,

Ah sim, quase esqueci sobre a luminescência... Li há alguns anos que a psilocibina, ou a psilocina, não qual ou se ambas, emitem uma luminescência quando expostas a UV, ou qualquer algo do tipo... Confirmado !
 
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