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Krishnamurti

Mahasamādhi

Gnossos Papadopoulis
Membro Ativo
09/09/2010
310
55
O “eu” e o outro “eu” (Krishnamurti)

O que você quer dizer quando emprega o termo “eu mesmo”? Como você é composto de muitos e está sempre mudando, será que há um momento duradouro em que possa dizer que esse é o “eu” definitivo? É a entidade múltipla, o feixe de memórias, que precisa ser compreendido, e não aparentemente a entidade que chama a si mesma de “eu”.Somos pensamentos-sentimentos contraditórios em constante mudança – - amor e ódio, paz e paixão, inteligência e ignorância. Então, qual é o “eu” em tudo isso? Devo escolher o que for mais prazeroso e descartar o resto? Quem é que precisa entender esses “eus” contraditórios e conflitantes? Há um ego permanente, uma entidade espiritual além dessas? Não seria esse ego também produto contínuo do conflito de muitas entidades? Há um ego que esteja acima e além desses egos contraditórios? A verdade disso só pode ser experimentada quando os egos contraditórios forem compreendidos e transcendidos. Todas as entidades conflitantes que compõem o “eu” também trouxeram à baila o outro “eu”, o observador, o analista. Para compreender a mim mesmo, preciso compreender as muitas partes de mim mesmo, inclusive o “eu” que se tornou o observador, o “eu” que compreende. O pensador deve, não só compreender seus muitos pensamentos contraditórios, mas também compreender a si mesmo como criador dessas muitas entidades. - The Collected Works vol IV, p 45
 
O “eu” e o outro “eu” (Krishnamurti)

O que você quer dizer quando emprega o termo “eu mesmo”? Como você é composto de muitos e está sempre mudando, será que há um momento duradouro em que possa dizer que esse é o “eu” definitivo? É a entidade múltipla, o feixe de memórias, que precisa ser compreendido, e não aparentemente a entidade que chama a si mesma de “eu”.Somos pensamentos-sentimentos contraditórios em constante mudança – - amor e ódio, paz e paixão, inteligência e ignorância. Então, qual é o “eu” em tudo isso? Devo escolher o que for mais prazeroso e descartar o resto? Quem é que precisa entender esses “eus” contraditórios e conflitantes? Há um ego permanente, uma entidade espiritual além dessas? Não seria esse ego também produto contínuo do conflito de muitas entidades? Há um ego que esteja acima e além desses egos contraditórios? A verdade disso só pode ser experimentada quando os egos contraditórios forem compreendidos e transcendidos. Todas as entidades conflitantes que compõem o “eu” também trouxeram à baila o outro “eu”, o observador, o analista. Para compreender a mim mesmo, preciso compreender as muitas partes de mim mesmo, inclusive o “eu” que se tornou o observador, o “eu” que compreende. O pensador deve, não só compreender seus muitos pensamentos contraditórios, mas também compreender a si mesmo como criador dessas muitas entidades. - The Collected Works vol IV, p 45

Blza eim muito bom!!!! Tem textos que realmente abrem a mente. Que interessante.
 
Não se concentre (Krishnamurti)

Quando você quer concentrar-se naquilo que você pensa que está certo, na sua imagem, Deus, ou ideia, frase, particulares, você foca a sua mente nisso; mas a mente perde-se, e você a faz recuar; de novo ela se perde e de novo você a faz recuar; você joga este jogo para o resto da sua vida. E isso é o que vocês chamam de meditação, esta batalha – forçar a mente quando ela não está interessada em algo, e tentar controlá-la. E se você visse isso, se você compreendesse a verdade dessa questão ou a falsidade desse processo, então jamais se concentraria, quer estivesse na escola aprendendo um assunto específico, quer estivesse ensinando numa escola. Não se concentre, quando está em seu escritório ou quando está tentando meditar. Não se concentre; isso somente exclui, cria uma resistência, um foco, dando maior força ao centro e por isso limitando o espaço. Ora, se vocês compreenderem tudo isso, então dessa compreensão vem a consciência, que não é de modo nenhum misteriosa. - The Collected Works vol XIV, p 301
 
Não se concentre (Krishnamurti)

Quando você quer concentrar-se naquilo que você pensa que está certo, na sua imagem, Deus, ou ideia, frase, particulares, você foca a sua mente nisso; mas a mente perde-se, e você a faz recuar; de novo ela se perde e de novo você a faz recuar; você joga este jogo para o resto da sua vida. E isso é o que vocês chamam de meditação, esta batalha – forçar a mente quando ela não está interessada em algo, e tentar controlá-la. E se você visse isso, se você compreendesse a verdade dessa questão ou a falsidade desse processo, então jamais se concentraria, quer estivesse na escola aprendendo um assunto específico, quer estivesse ensinando numa escola. Não se concentre, quando está em seu escritório ou quando está tentando meditar. Não se concentre; isso somente exclui, cria uma resistência, um foco, dando maior força ao centro e por isso limitando o espaço. Ora, se vocês compreenderem tudo isso, então dessa compreensão vem a consciência, que não é de modo nenhum misteriosa. - The Collected Works vol XIV, p 301

Estou começando a estudar sobre os ensinamentos de Krishnamurti.

Simples. Nunca pensei em não me concentrar. Sempre que faço algo, penso em estar concentrado, enquanto de vez em quando vem pensamentos indo e vindo, outros pensamentos. Daí fico rodopiando.

A única vez que não me concentrei foi numa trip de cubensis, onde fiquei vazio. Foi como se estivesse meditando de olhos abertos com a mente vazia.

Mas com a mente sóbria é diferente, e acredito que devemos "pegar" os insights e experiências com os cogumelos e trazê-las para o estado natural de nosso ser juntamente com o que estudamos, filtramos e buscamos.

É uma questão de ajuste do famoso "brain filter" (filtro do cérebro).
 
Desculpa se estou mudando o foco do tópico.
Segue um ensinamento de Krishnamurti.


"Todos nós, velhos e jovens, desejamos ser altamente
respeitáveis, não é verdade? Respeitabilidade implica em
reconhecimento por parte da sociedade; e a sociedade só reconhece
quem teve êxito, quem se tornou importante e famoso, e
[cruelmente] despreza o resto. Por isso, adoramos o êxito e a
respeitabilidade. Só quando pouco vos importar se a sociedade vos
considera respeitável ou não, quando não mais buscardes o êxito,
quando não mais desejardes vos tornar alguém, então, passará a
existir intensidade. Isso significa que não existirá mais medo, nem
conflito, nem contradição interior. Por conseguinte, passareis a
dispor de abundante energia para acompanhardes o fato 'até o fim'."

- Krishnamurti

"Se uma pessoa sabe que a verdade não pode ser achada por
intermédio de ninguém, de nenhum livro, de nenhuma religião; se
uma pessoa sabe que a Realidade só se torna existente quando a
mente está tranqüila; que a tranqüilidade só pode vir com o
autoconhecimento e que o autoconhecimento não lhe pode ser
dado por ninguém, mas tem de ser descoberto por ela própria,
momento por momento, então, por certo, aparece uma
tranqüilidade mental, que não é morte, mas uma paz realmente
criadora, e só então pode surgir o Eterno."

- Krishnamurti
 
Já aberto o um novo tópico sobre Krishnamurti.

Sejam todos bem vindos.
 
Jiddu Krishnamurti

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Jiddu Krishnamurti




Jiddu Krishnamurti (telugu: జిడ్డు కృష్ణ మూర్తి) (Madanapalle, 11 de maio de 1895 - Ojai, 17 de fevereiro de 1986) foi um filósofo, escritor, e educador indiano. Entre seus temas estão incluídos liberdade, revolução psicológica, meditação, conhecimento, relações humanas, a natureza da mente e a realização de mudanças positivas na sociedade global. Constantemente ressaltou a necessidade de uma revolução na psique de cada ser humano e enfatizou que tal revolução não poderia ser levada a cabo por nenhuma entidade externa seja religiosa, política ou social.

Com seus três irmãos, os que sobreviveram de um total de dez, acompanhou seu pai Jiddu Narianiah a Adyar em 23 de janeiro de 1909, pois este conquistara um emprego de secretário-assistente da Sociedade Teosófica, entidade que estuda todas as religiões. Reza a tradição brâmane, a qual a família era vinculada, que o oitavo filho toma no batismo o nome Krishna, em homenagem ao deus Sri Krishna, de quem a mãe, Sanjeevamma, era devota; foi o que aconteceu com Krishnamurti, a quem foi dado o nome de Krishna, juntamente com o nome de família, Jiddu.

Com a idade de treze anos, passou a ser educado pela Sociedade Teosófica, que o considerava um dos grandes Mestres do mundo. Em Adyar, Krishnamurti, foi 'descoberto' porCharles W. Leadbeater, famoso membro da Sociedade Teosófica (ST), em abril de 1909, que, após diversos encontros com o menino, viu que ele estava talhado para se tornar o 'Instrutor do Mundo', acontecimento que vinha sendo aguardado pelos teosofistas. Após dois anos, em 1911 foi fundada a Ordem Internacional da Estrela do Oriente, com Krishnamurti como chefe, que tinha como objetivo reunir aqueles que acreditavam nesse acontecimento e preparar a opinião pública para o seu aparecimento, com a doação de diversas propriedades e somas em dinheiro.

Krishnamurti assim foi sendo preparado pela ST; algo, porém, iniciou sua separação de seus tutores: a morte de seu irmão Nitya em 13 de novembro de 1925, que lhe trouxe uma experiência que culminou em uma profunda compreensão. Krishnamurti em breve viria a emergir como um instrutor espiritual, e dito Mestre extraordinário e inteiramente descomprometido. As suas palestras e escritos não se ligam a nenhuma religião específica, nem pertencem ao Oriente ou ao Ocidente, mas sim ao mundo na sua globalidade:
"Afirmo que a Verdade é uma terra sem caminho. O homem não pode atingi-la por intermédio de nenhuma organização, de nenhum credo (…) Tem de encontrá-la através do espelho do relacionamento, através da compreensão dos conteúdos da sua própria mente, através da observação. (…)"

Durante o resto da existência, foi rejeitando insistentemente o estatuto de guia espiritual que alguns tentaram lhe atribuir. Continuou a atrair grandes audiências por todo o mundo, mas recusando qualquer autoridade, não aceitando discípulos e falando sempre como se fosse de pessoa a pessoa. O cerne do seu ensinamento consiste na afirmação de que a necessária e urgente mudança fundamental da sociedade só pode acontecer através da transformação da consciência individual. A necessidade do autoconhecimento e da compreensão das influências restritivas e separativas das religiões organizadas, dos nacionalismos e de outros condicionamentos, foram por ele constantemente realçadas. Chamou sempre a atenção para a necessidade urgente de um aprofundamento da consciência, para esse "vasto espaço que existe no cérebro onde há inimaginável energia". Essa energia parece ter sido a origem da sua própria criatividade e também a chave para o seu impacto catalítico numa tão grande e variada quantidade de pessoas.

A educação foi sempre uma da preocupações de Krishnamurti. Fundou várias escolas em diferentes partes do mundo onde crianças, jovens e adultos pudessem aprender juntos a viver um quotidiano de compreensão da sua relação com o mundo e com os outros seres humanos, de descondicionamento e de florescimento interior. Durante sua vida, viajou por todo o mundo falando às pessoas, tendo falecido em 1986, com a idade de noventa anos. As suas palestras e diálogos, diários e outros escritos estão reunidos em mais de sessenta livros.

Reconhecendo a importância dos seus ensinamentos, amigos do filósofo estabeleceram fundações, na Europa, nos Estados Unidos, na América Latina e na Índia, assim como Centros de Informação, em muitos países do mundo, onde se podem colher informações sobre Krishnamurti e a sua obra. As fundações têm carácter exclusivamente administrativo e destinam-se não só a difundir a sua obra mas também a ajudar a financiar as escolas experimentais por ele fundadas.

Foi vegetariano desde nascença.[1]

http://pt.wikipedia.org/wiki/Jiddu_Krishnamurti
200px-Jiddu_Krishnamurti_01.jpg
 
Última edição:
De que serve o conhecimento senão para ser passado adiante?


Não sei se entendi bem a relação com a mensagem que postei sobre krishnamurti.
 
"A Verdade é uma terra sem caminho". O homem não chegará a ela através de organização alguma, de qualquer crença, de nenhum dogma, de nenhum sacerdote ou mesmo um ritual, e nem através do conhecimento filosófico ou da técnica psicológica. Ele tem que descobri-la através do espelho das relações, por meio de compreensão do conteúdo da sua própria mente, mediante a observação, e não pela análise ou dissecação introspectiva. O homem tem construído imagens em si próprio, como muros de segurança - imagens religiosas, políticas, pessoais. Estas se manifestam como símbolos, idéias, crenças. O peso dessas imagens domina o pensamento do homem, as suas relações e a sua vida diária. Tais imagens são as causas de nossos problemas, pois elas dividem os homens. A sua percepção da vida é formada pelos conceitos já estabelecidos em sua mente. O conteúdo de sua consciência é a sua consciência total. Este conteúdo é comum a toda humanidade. A individualidade é o nome, a forma e a cultura superficial que o homem adquire da tradição e do ambiente. A singularidade do homem não se acha na sua estrutura superficial, porém na completa libertação do conteúdo de sua consciência, comum a toda humanidade. Desse modo ele não é um indivíduo.

A liberdade não é uma reação, nem tampouco uma escolha. É pretensão do homem pensar ser livre porque pode escolher. Liberdade é observação pura, sem direção, sem medo de castigo ou recompensa. A liberdade não tem motivo: ela não se acha no fim da evolução do homem e sim, no primeiro passo de sua existência. Mediante a observação começamos a descobrir a falta de liberdade. A liberdade reside na percepção, sem escolha, de nossa existência, da nossa atividade cotidiana.

O pensamento é tempo. Ele nasce da experiência e do conhecimento, coisas inseparáveis do tempo e do passado. O tempo é o inimigo psicológico do homem. Nossa ação baseia-se no conhecimento, portanto, no tempo, e desse modo, o homem é um eterno escravo do passado. O pensamento é sempre limitado e, por conseguinte, vivemos em constantes conflito e numa luta sem fim. Não existe evolução psicológica.

Quando o homem se tornar consciente dos movimentos dos seus próprios pensamentos ele verá a divisão entre o pensador e o pensamento, entre o observador e a coisa observada, entre aquele que experimenta e a coisa experimentada. Ele descobrirá que esta divisão é uma ilusão. Só então haverá observação pura, significando isso percepção sem qualquer sombra do passado ou do tempo. Este vislumbre atemporal produz uma profunda e radical mutação em nossa mente.

A negação total é a essência do positivo. Quando há negação de todas aquelas coisas que o pensamento produz psicologicamente, só então existe o amor, que é compaixão e inteligência.



Esta exposição foi originalmente escrita pelo próprio Krishnamurti, em 21 de outubro de 1980, para ser publicada no livro "Krishnamurti: Os Anos de Realização", de Mary Lutyens.

http://www.krishnamurti.org.br/?q=node/5
 
Eu nao desejo ensinar. talvez seja esse meu pecado capital.

Ensinar custa. E as pessoas pedem conselhos só para fazer o exato oposto.

Mas, de que serve saber/receber tudo isso, se perdemos o desejo de passar adiante? Se nos deixarmos levar completamente pela não ação, o conhecimento irá para a tumba junto a casca.

Coragem Mortandello! :descalco:

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Eu já havia postado este vídeo na thread do Youtube, mas é uma mensagem tão cheia de verdade, que vale a pena repetir aqui:



mais: Por que Você não Muda?
 
Pois é Archer, esse conhecimento passado adiante é o que nos torna totais como espécie e demonstra o poder da consciência coletiva e integrada do planeta.
E são caras como Krishnamurti e outros grandes nomes que levam isso a sério para fazer daqui um lugar melhor. Espalhando conhecimento.
E levando em conta que todos têm uma vida especial e única, todos têm algo a oferecer para a humanidade e DEVEM oferecer.
 
Krishnamurti
A meditação e o sagrado
Há silêncio entre duas notas; há silêncio entre dois pensamentos, entre dois movimentos; há o silêncio entre duas guerras; há silêncio entre marido e mulher antes que comecem a brigar. Não estamos falando dessa qualidade de silêncio, porque eles são temporários, desaparecem. Estamos falando de um silêncio que não é produzido pelo pensamento, que não é cultivável, que só chega quando você tiver compreendido todo o movimento da existência. Nisso há silêncio, não há pergunta e resposta, não há desafio. Não há busca, tudo terminou. Nesse silêncio há um grande sentido de espaço e beleza e um extraordinário sentido de energia. Então chega aquilo que é eternamente, intemporalmente sagrado, que não é o produto da civilização, o produto do pensamento. É esse o movimento integral da meditação. - This Light in Oneself, p 44
O que a meditação não é
Para descobrir o que é a meditação, a beleza disso, não a palavra – a palavra significa ponderar, pensar, recordar – então para descobrir o que é meditação devemos abordá-la negativamente. Ou seja, descobrir o que não é. Entendem? A maior parte de nós é tão positiva, e pensamos que a meditação é algo que temos que fazer, praticar, mas se podemos abordá-la com inteligência, não com o desejo, mas com a inteligência, que é ver o que ela não é. Então vamos fazer isso juntos? Ver o que ela não é. - The Beauty of Death as Part of Life
Meditar e escutar
Raramente escutamos o som do latido de um cão, ou o choro de uma criança ou o riso de um homem que passa. Nós nos separamos de tudo, e então desse isolamento olhamos e escutamos todas as coisas. É essa separação que é tão destrutiva, pois nisso repousa todo o conflito e confusão. Se você escutasse em completo silêncio o som daqueles sinos, estaria viajando nele – ou, melhor, o som o transportaria através do vale e sobre o monte. A beleza disso é sentida somente quando você e o som não estão separados, quando você é parte dele. A meditação é o fim da separação não por qualquer ação da vontade ou do desejo. A meditação não é uma coisa separada da vida; é a verdadeira essência da vida, a verdadeira essência do viver diário. Para escutar aqueles sinos, para ouvir o riso daquele camponês quando ele passeia com a esposa, escutar o som da campainha da bicicleta da pequena menina quando ela passa; é a vida inteira, e não simplesmente um fragmento dela, que a meditação abre. - Meditations, p 20
 
Como é que surge o observador?
Então, como é que surge o observador? Quando você olha para esta flor, no momento em que você a observa com atenção, não há observador, só existe o ato de olhar. Então você começa a dar nome a essa flor. Você diz: “Gostaria de tê-la no meu jardim ou na minha casa.” Então você já terá começado a construir uma imagem acerca dessa flor. O criador de imagens é o observador, certo? Está acompanhando o meu raciocínio? Observe-o por si mesmo, por favor. Portanto, a imagem e o criador de imagens constituem o observador, e o observador é o passado. O “eu”, como observador, é o passado, o “eu” é o conhecimento que tenho acumulado: conhecimento da dor, do sofrimento, da agonia, do desespero, da solidão, do ciúme, e da enorme ansiedade por que a pessoa passa. Isso é o “eu” em sua inteireza, que é o conhecimento acumulado do observador, que é o passado. Certo? Assim, quando você observa, o observador olha para essa flor com os olhos do passado. E você não sabe olhar sem o observador, e, portanto, produz conflito. - Mind in Meditation, pp 8-9
 
Muito bom! Gosto muito de Krishnamurti, principalmente por rejeitar qualquer autoridade.
Ele simplesmente fala: "A verdade está em você! Pare de seguir os outros e olhe para si mesmo."
 
O pensador precisa descobrir-se por meio dos seus muitos aspectos
O “eu'', o pensador, o observador, observa os seus pensamentos-sentimentos, opostos e conflituosos, como se não fizesse parte deles, como se estivesse acima e além deles, controlando, guiando, moldando. Mas o “eu”, o pensador, não é também esses conflitos? Não foi ele quem os criou? Seja qual for o nível, o pensador está separado dos seus pensamentos? O pensador é o criador dos impulsos opostos, assumindo papéis diferentes em momentos diferentes, em conformidade com o seu prazer e a sua dor. Para se compreender a si mesmo, o pensador precisa descobrir-se por meio dos seus muitos aspectos. - The Collected Works vol IV, p 45
O pensador e o pensamento
Quando você se observa com muita clareza, quando está, sem escolha, cônscio de cada pensamento, de cada sentimento, então você encontra alguma coisa, a saber, que existe um pensador e existe o pensamento; que há um experimentador, um observador, e há a experiência, a coisa observada. Isso é um fato, não é? Existe um sensor, uma entidade que julga, que avalia, que pensa, que observa; e existe a coisa que é observada...Então, há um pensador, há o pensamento. Há uma divisão entre o pensador e o pensamento – o pensador tentando dominar o pensamento, tentando mudar o pensamento, tentando modificar o pensamento, tentando controlá-lo, forçá-lo, tentando imitar, etc. Essa divisão entre pensador e pensamento cria conflito porque o pensador é sempre o sensor, a entidade que julga, que avalia. Essa entidade é condicionada porque surgiu como reação ao pensamento, que, em si mesmo, é simplesmente a reação do condicionamento, da memória. Compreendem, senhores? Isso é uma coisa muito fácil de descobrirem por si mesmos. - The Collected Works vol XIII, p 90

O que é o pensamento?
Todas as nossas atividades, todos os produtos da nossa imaginação, todas as coisas que constam dos Upanishads – ou qualquer outro livro religioso – são formuladas pelo pensamento. A arquitetura, a tecnologia do mundo, todos os lugares de adoração – quer seja o templo, a mesquita ou a igreja – e as coisas aí contidas, resultam do pensamento. Todos os rituais são inventados pelo pensamento – o puja, a adoração – tudo se baseia no pensamento. Todos os nossos relacionamentos, todas as nossas estruturas políticas e econômicas são baseadas no pensamento. Nossas divisões nacionais resultam do pensamento. Como vê, sempre inquirimos sobre coisas externas, mas nunca nos perguntamos: O que é o pensamento? Qual a raiz e a consequência do pensar? - A Timeless Spring, p 161
 
Se o cérebro pode ficar quieto
A meditação é para descobrir se o cérebro, com todas as suas atividades, todas as suas experiências, pode ser absolutamente aquietado. Não forçado, porque no momento em que você força, há dualidade. O ente que diz, “eu gostaria de ter maravilhosas experiências, portanto eu devo forçar minha mente para ficar quieta” nunca o fará. Mas se você começa a inquirir, observar, escutar todos os movimentos do pensamento, seu condicionamento, suas buscas, seus medos, seus prazeres, ver como o cérebro opera, então verá que o cérebro torna-se extraordinariamente quieto; essa quietude não é dormir, mas é tremendamente ativa e, por conseguinte quieta. Um grande dínamo que esteja funcionando perfeitamente dificilmente produz um som; somente quando há fricção é que há ruído. - Meditations, p 4
Simplesmente escutando o ruído do pensamento
A meditação é algo bastante extraordinário, se ela tem lugar, não em momentos excepcionais, mas a todo tempo, se você está consciente quando entra no ônibus, ou no carro, ou quando está conversando com alguém; consciente do que você está fazendo, sentindo, pensando; consciente de como o pensamento opera de acordo com o prazer e a dor, não condenando nenhuma atividade ou pensamento, mas simplesmente escutando o ruído do pensamento. A partir daí você realmente tem uma mente extraordinária que é tremendamente alerta. Estando quieta, silenciosa, uma coisa nova pode acontecer. A novidade não é reconhecível. Esta coisa sublime, qualquer que seja o nome, isso não importa, não é algo que seja unido pelo pensamento, e, por conseguinte é a plenitude da criação. - The Collected Works vol XVI, p 148

Perseguindo cada pensamento à raiz
Para dar fim ao pensamento, primeiro eu tenho que entrar no mecanismo do pensar. Tenho que compreender o pensamento completamente, lá no fundo do meu ser. Tenho que examinar cada pensamento, não deixando um pensamento escapar sem que seja inteiramente compreendido, de maneira que o cérebro, a mente, todo o ser torne-se atento. No momento em que eu persigo cada pensamento à raiz, até o fim completamente, verei que esse pensamento termina por si mesmo. Não tenho que fazer nada a respeito porque pensamento é memória. Memória é o registro da experiência; e enquanto a experiência não for completamente, inteiramente, totalmente compreendida, ela deixa um registro. No momento em que eu tenha experimentado completamente, a experiência não deixa nenhum registro. Portanto, se entrarmos em cada pensamento e enxergarmos onde está o registro e continuamos com esse registro como um fato – então esse fato se abrirá e findará esse processo particular de pensamento, de maneira que cada pensamento, cada sentimento é compreendido. - Krishnamurti on Education, pp 119-120
 
Entenda a atividade do eu
Quando existe a atividade do eu, a meditação não é possível. Isto é muito importante de compreender, não verbalmente, mas realmente. A meditação é um processo de esvaziamento da mente de toda a atividade do eu, toda a atividade do “mim”. Se você não compreende a atividade do eu, então sua meditação apenas conduz à ilusão, à autodecepção, a mais distorção. Portanto, para entender o que é a meditação, você deve compreender a atividade do eu. O eu tem tido mil experiências loquazes, sensuais ou intelectuais, mas está entediado com elas porque elas não têm nenhum significado. Desejar experiências mais amplas, mais expansivas, transcendentais é parte do “mim”. - This Light in Oneself, p 72
A meditação é o fim do sofrimento
A meditação é o fim do sofrimento, o fim do pensamento que cria medo e sofrimento – o medo e o sofrimento na vida diária, quando você é casado, quando você vai ao trabalho. Nos negócios você deve usar seu conhecimento tecnológico, mas quando esse conhecimento tecnológico é usado para propósitos psicológicos – para tornar-se mais poderoso, ocupar uma posição que lhe dá prestígio, honra, fama – ele origina somente antagonismo, ódio; uma mente assim possivelmente jamais entende o que é a verdade. A meditação é a compreensão do modo de vida, é o entendimento do que é o sofrimento e o medo – e ir além deles. - Talks & Dialogues Saanen 1968, p 94

Para eliminar todo o conflito
Parte da meditação é para eliminar completamente todo conflito, internamente e então externamente. Para eliminar o conflito tem-se que compreender este princípio básico: o observador não é diferente do observado, psicologicamente. Quando há raiva, não há nenhum “eu”, mas um segundo depois o pensamento cria o “eu” e diz: “eu tenho raiva” e introduz a ideia de que não devo ser raivoso. Então existe a raiva e o “eu” que não deve ser raivoso; a divisão traz conflito. Quando não existe divisão entre o observador e o observado, e, portanto somente a coisa que é, a qual é a raiva, então o que acontece? A raiva continua? Ou há um fim total da raiva? - The Wholeness of Life, p 142

Uma luta interminável
A meditação como é em geral aceita hoje em dia, é a prática de um sistema, respirando adequadamente, sentando na posição correta, querendo ou ansiando uma experiência maior, ou a experiência suprema. É isso o que estamos fazendo. E tudo isso é uma luta constante, uma luta sem fim. Isso que espera terminar toda a luta é uma luta interminável! Vejam o que fizemos. Eu luto, luto, luto para acabar com a luta em alguma ocasião no futuro. Vejam que peça eu preguei a mim mesmo. Estou preso no tempo. Eu não digo “Por que haverei de lutar de todo?” Se eu conseguir acabar com essa luta isso é iluminação. - Total Freedom, p 334

Meditação e controle
Na meditação clássica, comum, os gurus que a propagam preocupam-se com o controlador e o controlado. Eles dizem para vocês controlarem os seus pensamentos porque desse modo vocês terminarão o pensamento, ou terão somente um pensamento, mas nós estamos investigando quem é o controlador. Vocês poderão dizer “É o eu superior”, “É o espectador”, “É algo que não se pensa”, mas o controlador faz parte do pensamento. Obviamente. Portanto, o controlador é o controlado. O pensamento dividiu-se como o controlador e aquilo que ele vai controlar, mas é ainda a atividade do pensamento… Assim, quando se compreende que todo o movimento do controlador é o controlado, então não há controle. É perigoso dizer isso a pessoas que não o compreenderam. Não estamos defendendo que não haja nenhum controle. Estamos dizendo que quando há a observação de que o controlador é o controlado, que o pensador é o pensamento, e se você permanecer com essa verdade completa, com essa realidade, sem mais nenhuma interferência do pensamento, então você tem um tipo de energia totalmente diferente. - This Light in Oneself, p 32

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