Ta aí o que prometi:
Tradução de um trecho do prefácio de Harriet Beinfield ao livro Medicinal Mushrooms de Christopher Hobbs
(...) Sábios taoístas contaram com suas próprias observações para tirar conclusões que hoje testamos em laboratório. Vinte e dois séculos atrás o imperador Ti ordenou que alguns barcos fossem para o Ocidente em busca do Ganoderma (Ling zhi ou Reishi) porque acreditava-se que conferiam não apenas longevidade, mas imortalidade. Textos chineses sugerem que o Ling zhi melhora a memória e a capacidade mental, acorda o espírito, acalma a mente, abre a respiração, fortalece o coração, protege o fígado, aumenta o vigor e ajuda o corpo a resistir ao demônio da idade e da doença.
Os cogumelos nos fornecerm um elo com os sábios taoístas da China antiga que usavam o Ling zhi como auxílio espiritual - como alimento para estimular a iluminação. Na estória mítica Alice no País das Maravilhas, Alice comeu um cogumelo que a fez grande e um outro que a tornou pequena, abrindo as janelas de sua imaginação para que ela entrasse numa outra dimensão, num reino mágico.
Paul Unschuld, estudioso da história medicinal chinesa, informou que quinze séculos atrás a clássica farmacopéia conhecida como Pen Tsao dedicou toda a sua primeira monografia a um fungo divino, o Ling zhi. Dizia que ajudava o corpo a manter o seu peso normal, prolongava a vida e transformava quem o consumia num ser sobrenatural.
Ainda hoje podemos compartilhar a atração que os taoístas tiveram com as propriedades de alteração mental do reishi. Por analogia, como os cogumelos jovens se alimentam de restos florestais, então parece que no corpo humano eles auxiliam na neutralização dos restos físicos e na reciclagem da negatividade em clareza e otimismo. Esses cogumelos eram tidos como como agentes sagrados que elevavam o espírito, ajudando pessoas a transcender o denso mundo material(...)
Ingerir esses cogumelos hoje nos dá o gosto de estado mental no qual experimentamos o despreendimento e a iluminação, permitindo-nos agir no palco e observar da platéia ao mesmo tempo - percebendo melhor nosso destino através da lembrança que a saúde do nosso espírito não depende apenas do vigor do nosso corpo.
Esses cogumelos não mudaram muito no último milênio, nem a busca humana. Nós podemos experimentar com eles a nossa busca de cura física e transcendental. Eles nos fornecem um caminho em comum aos taoístas, para provar o mesmo sabor e apreciar as mesmas lembranças da nossa alma coletiva.