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Experiência avassaladora

Domhnall

Cogumelo maduro
Cadastrado
16/11/2010
29
41
Divirei esse relato em três partes, pois consigo ver diferenças muito nítidas entre cada uma das fases da viagem.​

Parte 1
Essa foi minha última experiência e, certamente, a última deste verão. Combino com dois amigos de infância fiéis de longa data uma caçada psicodélica, sendo que dos três, eu era o único que já havia tido contato com cubensis. Na verdade é um exagero dizer que foi combinado, na verdade, foi totalmente em cima da hora. Eu fui colher sozinho, e os encontraria mais tarde no sítio de um deles, onde os prepararíamos.​
Chego no pasto, que é um pasto de vacas nelore, próximo a uma cachoeira, mas num lugar mais afastado, onde quase não vão humanos. Um lugar abençoado de cogumelos - cubensis, panaeolus e outros tantos que não seriam uma boa ideia ingerir - mas nesse dia em especial, haviam muito poucos. Chou muito nos dias anteriores a colheita, mas parece que por aqui o clima não favorece muito o aparecimento de cubensis em janeiro. O pasto é enorme. Em dias de boas colheitas seria possível colher um quilo de cubensis e o pasto continuaria abarrotado de cogumelos.​
Andei por muito tempo pelo pasto - sob um sol quentíssimo - e os poucos cubensis que encontrei estavam tão mirrados que achei que a trip seria bem leve. No fim consegui juntar cerca de 20 chapeludos, que estavam pesando no máximo cento e cinquenta gramas. Uma caçada até bem frutífera, mas a dificuldade de encontrá-los e o fato de que no momento que saí do pasto já eram mais de três horas da tarde - num dia de semana em que eu desejava voltar cedo para a casa - me ofereciam perspectivas de uma viagem ruim.​
Parti para o sítio com os cubensis que haviam se disposto a me acompanhar. Logo que encontrei com meus amigos meu mau humor passou, e começamos a prepara-los seguindo a receita do Doce de Cogumelo que postei em outro tópico. Tomamos tudo, com aproveitamento quase total, e sentamos na varanda para esperar os efeitos chegarem.​
Diante da varanda havia uma boa vista dos arredores e dos outros sítios. Também soprava uma brisa gostosa e os primeiros efeitos já se manifestavam. Apesar disso, eu senti uma forte necessidade de sair da varanda e ir mais pra próximo do mato. Me sentia preso alí. Sentamo-nos no chão, entre algumas árvores e samambaias e uma cadela simpática nos acompanhava. Finalmente senti um pouco de prazer, e os efeitos já se manifestavam de forma mais forte, as cores se tornavam mais vívidas, os objetos mais nítidos, podia ouvir o vento e os sons dos arredores. Sentia-me como que indo em direção ao mundo que os cogumelos nos levam, e me entreguei, com muito prazer a experiência.​
Nós conversávamos animadamente, sobre tudo que nos cercava, brincávamos com a cadela e um dos meus amigos já estava deitado no chão - ignorando o fato de que estava ficando completamente sujos de terra. Havia algo de infância alí. Quando percebemos que estávamos animados demais e que seria melhor sairmos dali - onde poderíamos inclusive, ser vistos agindo de forma por demais peculiar pelas outras pessoas - decidimos descer em direção as trilhas que levavam as áreas mais selvagens do sítio, onde haviam plantas de todos os tipos, bichos, bambuzais, árvores frondosas e até uma cascatinha e, neste momento mais importante, estaríamos mais a vontade longe dos olhos dos outros humanos.​
É importante descrever um pouco o sítio nessa parte. O sítio fica numa região mais alta, rodeado por outros sítios, e descendo nos fundos, é possível chegar até uma espécie de vale onde a natureza é exuberante. Portanto, um local perfeito.​
Nos levantamos e caminhamos até a trilha, completamente felizes, sentindo inúmeras sensações e vendo beleza em qualquer pedacinho de capim ou de pau que víamos. Nesse momento eu sentia que já tinha aterrissado no local mais distante onde aquela dose me levaria e me sentia muito tranquilo. Chegando na entrada da trilha, percebemos que o mato tomou conta de tudo e que seria impossível passar por ali. Então decidimos seguir na outra direção, para uma trilha mais limpa, onde poderíamos, ao menos apreciar a belíssima paisagem do sítio, de um local elevado. Creio que nesse momento já deviam ser mais de 18h, e o sol ainda brilhava forte.​
Mal sabia eu que estava indo em direção a mais extraordinária experiência que já tive com os nosso companheiros cubensis.​
 
Parte II
Antes de mais nada, preciso descrever quem são e falar um pouco dos dois camaradas que me acompanharam nessa viagem: Laurence MacDowall, o guerreiro, e Gawter Logane, um ferreiro que faz espadas que partiriam uma montanha ao meio. Laurence é temerário, enérgico, adora bebidas e mulheres - embora atualmente tenha se comprometido com uma senhora irlandesa muito simpática - e Logane, embora aparente ser arrogante e sóbrio, lembra muito Laurence em alguns traços da sua personalidade, em especial, o gosto pela natureza, pela pesca e pela caça, além de que ambos descendem do mesmo grande guerreiro Davy Logane, veterano de muitas guerras. A amizade de nós três é muito antiga, e remonta a nossos primeiros verões neste mundo.​
Pois bem, agora posso continuar. Seguíamos contentes a trilha, que seguia contornando uma cerca de um lado, e o morro que subia em direção aos sítios, do outro. Do outro lado da cerca, o morro descia, coberto de mato e árvores em direção ao vale. Essa trilha que seguíamos era relativamente recente e lá haviam muitas raízes, e inclusive partes do tronco de pequenas árvores que haviam sido cortadas para abrí-la, que ofereciam perigo ao pisar, pois estavam como estacas. E havia tido uma queimada lá, no outro ano, porém a essa altura do verão, as plantas já haviam recuperado seu vigor e praticamente não haviam traços desse mau acontecimento.​
Seguíamos deslumbrados, inclusive eu, pois nunca havia achado a natureza tão bela, nem sequer sob o efeito de cubensis. As sensações eram inúmeras, as plantas mais coloridas, o vento mais agradável, tudo sentido em dobro. A fumaça do cigarro que duramente havíamos conseguido acender parecia um líquido viscoso que subia lentamente, e o fogo do fósforo que a acendera, parecia ser frio e tinha um brilho opaco. A cadela que nos acompanhava havia se tornado uma espécie de guia - e ela realmente fazia esse papel, nos levando sempre adiante. Encontramos um pequeno besouro cuja carapaça refletia tantas cores que eu não poderia saber o nome delas. Esse minúsculo ser era extremamente simpático, e era extremamente divertido coloca-lo para andar sobre a pele do braço, sentindo suas pés afofadas gentilmente fazendo cócegas. Meu amigo Laurence gargalhava ao aproximar o dedo em direção ao besouro, pois o besouro assustava e se incomodava, reagindo de forma que em muito lembrava insetos de desenhos animados ou contos de fada, com trejeitos humanos.​
Eis que digo a Laurence:​
_Vê só! Encontrei a palavra que descreve o estágio que lentamente estamos atingindo. É o mais nobre de todos, pois estamos voltando a natureza, nos tornando primitivos.​
Comentei também algo sobre como se houvéssemos tomado esses cogus na cidade, não seria mesma coisa. Ao que Laurence respondeu:​
_Na cidade não tem nada para nós.
Logo em seguida, Logane sai correndo em disparada pela trilha, pulando e subindo nas pedras e troncos do caminho, de forma alucinada. Laurence vira pra mim e aponta para Logane dizendo com vigor:​
_Olha lá! O primitivo!
Então nós também corremos tal como ele - que em seguida, deu um pulo e caiu de costas no chão, gerando risadas escandalosas de todos nós. Conversávamos muito sobre tudo o que sentíamos, e percebíamos que não teríamos palavras para descrever tudo: além dos pensamentos alucinantes que surgiam, as cores e sensações eram milhares, até mesmo infinita. Havia coisas demais para os primatas que sentíamos termos tornado conseguirem acompanhar.​
Nesse embalo chegamos até o final da trilha - que não dava pra lugar nenhum, pois não estava pronta, apenas para uma bela vista das campinas que desciam até o vale. Novamente desejamos ir a cascatinha e começamos a discutir como o faríamos, pois o mato estava muito alto e blá, blá, blá. [ Havia uma árvore de cortiça que crescia rente a cerca. A casca dela havia sido totalmente queimada pelo fogo, mas a árvore estava extremamente viva e saudável por debaixo dela. A sensação de tocá-la era extremamente bizarra, cada um dos poros e texturas da casca queimada podia ser visto e sentido. E o carvão se desfazia em pedaços minúsculos que aderiam a pele, pintando-a de preto. Nessa de tocar a árvore, Laurence encontrou uma garrafa de vidro cheia de água. Essa garrafa havia sido deixada alí há mais de um mês, pelo homem que havia sido contratado para abrir a trilha. Inclusive, várias semanas antes do dia deste relato, eu me lembro de a termos encontrado. Era uma garrafa de whiskey, sem rótulo. A água dentro dela realmente tinha uma aparência muito boa, parecia até estar gelada, pois a garrafa era meio fosca, e isso lembra muito a condensação que aconteceria se estivesse, de fato, gelada. Porém, obviamente, não era sensato beber! Porém, na empolgação, Laurence afirmou, no seu modo de falar inflamado, que água estava boa e deu várias e várias goladas, e mostrando um enorme prazer dá-la. Ele bebia e baixava a garrafa violentamente, derramando água, para em seguida exclamar:
_Á agua tá boa!
Depois ele jogava a garrafa para um de nós. Logane bebeu. Eu não. ]​
Eis que Laurence diz apontando pra cerca (que dava diretamente pra um capim que era da altura do meu peito):​
_Aqui é o melhor caminho!​
E descalço e sem camis pula de uma vez a cerca, tal como se ela fosse da altura de um pequeno cão, e começa a descer o morro. Atitude inusitada que após eu e Logane, após nos entreolharmos perplexos, repetimos.​
Enfim, totalmente primitivos - exceto talvez por eu, que não havia abandonado minhas botas, nem minha camisa, temendo ficar muito cortado pelo capim navalha e mordido pelas formigas - descíamos a campina, afastando o capim alto com as mãos, e encontrando a cada metro, novas coisas para se olhar: insetos, plantas, fungos, orelhas-de-pau, tudo muito mais bonito e interessante do que antes havia sido. Havíamos despertado uma percepção e uma sensibilidade para a natureza que nunca havíamos despertado. Eu ouvia a respiração de Logane que ia bem mais na frente, quase dentro da minha cabeça e muito grave - seguíamos em fila indiana, eu era o último, e ele já havia passado por Laurence, e ia na frente. Haviam muitos e muitos sons. A cadela nos guiava, sempre corria mostrando o caminho, e depois voltava, quando demorávamos muito para seguir.​
Descemos muito tempo, e as sensações cada vez ficavam mais intensas e difíceis de descrever. Quando chegamos, finalmente, a parte mais baixa da campina, a nossa frente erguia-se um capão (bosque), e encontramos com uma estrada de terra, completamente tomada pela vegetação - Ali havíamos encontrado inúmeras plantinhas e coisas bonitas - percebi que as sensações na verdade não paravam de aumentar, e muito rapidamente. Não parecia mais que eu estava no mundo real, mas sim num sonho, e embora eu já tivesse visto os lugares onde eu passava, eles estavam completamente diferentes, e eu não sabia me localizar. Então eu percebi uma coisa que não havia percebido até o momento, enquanto seguíamos a estrada tomada pela vegetação: eu não havia aterrissado ainda, e na verdade a viagem estava indo muito mais longe do que eu jamais imaginei que aqueles pequenos, velhos e mirrados cogumelos me levariam - e dentro da minha mente, ainda havia muito caminho para se percorrer. Virei para Laurence e falei:​
_Eis que constato. Eu nunca fui tão longe assim com cogumelos!​
Informação que parecia haver honrado meu companheiro Laurence que tornou a mim muito contente com uma gargalhada bucaneira: Hahaha!!! Então aperta minha mão!!!​
 
"Encontramos um pequeno besouro cuja carapaça refletia tantas cores que eu não poderia saber o nome..."

Compreendo. Compreendo.


É disso que estou falando...
 
a historia está fascinante! quero tomar mais desse mel.
 
muito bom!!
 
Muito bacana! Aguardando a parte 3...
É uma pena que nas minhas trips nao consigo andar para explorar assim!
 
Magnifico o relato, relatos de caminhadas são realmente muito mágicos e notavelmente cheios de novidades, tudo é novo a todo momento e isto se torna nítido quando sob efeito de cogumelos!

Mesmo o caminho de todos os dias se torna a mais notável novidade a cada segundo, a cada passo.
 
Agradeço aos que comentaram e que estão gostando do relato!
Me lembrei de uma coisa que aconteceu durante a viagem que quando escrevi a segunda parte não estava me recordando. Por isso editei e adicionei mais um pouco de texto para descrever essa parte, em itálico e entre colchetes.
Hoje a tarde termino o relato!
 
Gostei, eu não sei o que faria, mas dependendo da necessidade por água, eu até beberia, mas é importante levar água de uma fonte segura!
 
Parte III
Ainda descíamos em direção a parte de mata mais fechada. O caminho estava ficando cada vez mais estranho e colorido e meu senso de direção estava tão diferente que eu não percebia se avançávamos muito ou pouco, as coisas não chegavam ou chegavam muito rapidamente. De repente chegamos a um grande pé de manga. Laurence imediatamente começa a escalá-lo com extrema agilidade.Eu, que nunca fui muito de subir nas coisas, sigo atrás, e percebo que estou escalando com uma facilidade absurda, sem fazer nenhum esforço, como uma formiga o faria. Logane apenas observava e conversava conosco, sem interesse de subir. De repente eu olho pra baixo e vejo uma espécie de caldeirão - digo caldeirão porque foi com o que relacionei - na árvore. O caldeirão na verdade devia ser o buraco de algum galho grande que caiu, mas estava cheio de uma água escura e brilhante, coisa que eu imediatamente relacionei a poções mágicas. Assim me lembrei de Panoramix e suas poções.
Quando eu voltei a olhar pra cima para continuar a subir, eu não soube me localizar na árvore. Eu literalmente, me perdi no meio do tronco, ele parecia muito grande. Com medo de cometer algum erro e cair, pulei de volta pro chão, onde me senti mais seguro. Eu olhei pra cima e vi que Laurence tinha subido até a copa da enorme árvore. Pedimos que ele descesse para continuarmos o caminho, pois desejávamos descer até a cascata. Descemos e seguimos pelo mato, até chegarmos a um rego de água, que vinha da cascata. Do outro lado tinha um bambuzal, e do outro umas flores brancas que crescem altas em terrenos molhados e baixos. As flores, entre as partes verdes da mesma planta, davam sensação de que as flores eram reflexos da água e o resto delas capim.
Nesse momento da viagem já não era mais possível caminhar decentemente, coisa que eu ainda não tinha constatado, pois tudo estava muito estranho e colorido. A memória parecia ter curto alcance, e eu ficava muito confuso, não conseguindo avançar, pois sempre me perdia.
Quando eu percebi, o Logane estava sentado no chão e Laurence estava tentando avançar, mas ficando irritado porque eu me perdia, ou enfiava em teias de aranha, mas ficava rodeando sempre nos mesmos lugares. Para piorar a situação, eu percebi que Logane estava irracionalmente preocupado com o horário - já estava quase anoitecendo - com outros problemas do tipo que, numa viagem, deveriam ser deixados totalmente de lado. Logane logo foi embora, e eu fiquei preocupado com ele.
Laurence e eu decidimos voltar. Eu sabia que Laurence estava muito menos alucinado que eu, e que provavelmente minha preocupação com Logane não fazia sentido. Novamente demoramos a sair dali, pois eu estava confuso demais. Lentamente eu ia ficando mais confuso: primeiro fiquei com aquela sensação de estar num labirinto e me perdendo ao tentar ir de um lugar a outro, depois fui tendo dificuldade de entender o ambiente, por exemplo distinguir árvores de cipós ou troncos, depois não conseguia mais entender muito bem as conversas e, por último, me esqueci de como era o mundo "real". Para mim naquele momento, um dos poucos vínculos que eu tinha com a realidade era saber que Laurence era meu amigo - embora o significado de amigo ou amizade já não fossem muito claros - e lembranças de pessoas, amigos, minha garota, minha casa, etc... coisas que pareciam muito distantes e eu já não me lembrava tão bem, como se fizessem séculos que eu não via.
Como ainda estávamos tentando voltar, Laurence estava ficando impacientemente com minha incapacidade de me locomover ou entender o que ele falava. Me lembro que eu fazia muitas perguntas e a resposta que ele sempre repetia - de forma que já começava a me deixar aborrecido - era:
_Não importa!
Para minha sorte - e a princípio, meu desespero - Laurence percebeu que eu estava em uma sintonia impossível de encontrar e disse algo como:
_Desculpa, meu caro. Mas eu vou ter que te abandonar!
Ele apertou minha mão e foi embora. Isso, a princípio, me deu uma certa preocupação, pois minha impressão era de que ele havia ficado puto comigo, mas logo me deu alívio. Finalmente estava sozinho para entender aquele momento. Se eu continuasse tendo que aguentar essa pressão, criada pelo meu próprio ego, de conseguir me comunicar e de não parecer confuso demais - a confusão para mim era indesejável, pois como eu era o único ali que já conhecia os efeitos, queria manter-se sempre como o mais seguro, para garantir, entre outras coisas, que meus amigos não tivessem algum tipo de medo, ou uma viagem ruim.
Agora era só eu, meu ego, a natureza e o crepúsculo. Cigarras deviam cantar, mas eu não tinha muita certeza. Eu pisava na terra e na areia, mas não compreendia mais o que eram. Eu sabia qual era a causa da confusão mental: questionamentos. Eu questionava tudo. De forma muito rápida, muito intensa, e avassaladora. Quando comecei a questionar os códigos sociais, percebi que eles eram apenas uma "casca" de realidade. Comecei a encarar a cultura como algo extremamente etéreo, que nos dá um chão, mas que não é, de verdade, real. Eu sabia que só tinha segurança em afirmar que areia era areia, porque eu estava condicionado a fazê-lo, não porque realmente entendesse a areia. Mas agora eu não estava mais condicionado. Tudo que era real, sólido e palpável, tinha se desmanchado. Eu sabia que o que eu pensava e via era uma loucura. Não lembrava, porém, como era estar são e pensava que talvez não existisse essa condição. Todos os códigos deixaram de existir.
Este contato inegável com a total ausência de realidade representava um conflito enorme com meu ego. E meu ego, foi o último a me abandonar ali. Quando ele foi embora, me senti calmo, não havia mais necessidade de temer aquela confusão toda. Essa calma, porém, durou pouco. Vi que anoitecia rápido e precisei de voltar. Como sabia que não iria conseguir encontrar o caminho através do meu senso de direção, caminhei em direção a mangueira, e da mangueira caminhei até uma cerca que eu sabia que subia ao lado de um caminho que ia para o sítio. Subi lentamente até voltar.
Lá eu encontrei meus companheiros. Vi que Logane ainda estava se sentindo mal sentado na mesa esperando a viagem passar. Laurence porém estava mais do que tranquilo. Fui até o quarto deitar na cama, pois aquela confusão toda, embora tenha sido um momento de aprendizado incrível, me deixava ansioso por voltar ao normal. Eu queria lembrar com era. Várias coisas aconteciam ao meu redor enquanto eu estava deitado. Logane entrou, ele estava tendo uma badtrip pelo jeito, e ficou me falando como tinha ficado impressionado com tudo aquilo e que era uma experiência que iria servir para o resto da vida dele. Ele estava resoluto de nunca mais comer cubensis. Isso foi o pouco que consegui entender do que ele falou. Na verdade, eu soltava respostas genéricas pra tudo, pois não entendia nada que me falavam. E, também, não quis entrar na onda dele de viagem ruim. Outro evento que aconteceu foi um momento que o Laurence entrou no quarto e sentamos todos para conversar - conversa que eu também não entendia. Tudo parecia acontecer muito rapidamente, mas como lembranças. Entre uma coisa e outra, parecia que passavam anos ou meses. Voltei a me deitar, mais tarde tomei um banho. Depois disso, lentamente as coisas voltaram a ser mais próximas daquilo que eu me lembrava de ser a realidade, embora aquele momento de confusão me faz pensar se realmente eu voltei daquela viagem.
Esse dia foi extremamente importante para mim. Vi tudo que eu tomava como real e seguro deixar de existir e se remontar de outra forma completamente diferente. No momento em que eu estava mais distante da realidade, senti como se a vida que eu tinha vivido e conseguia entender até aquele dia, tivesse acabado. Eu havia morrido, ou simplesmente superado tudo aquilo.

Fim
 
Opa, chegou chegando hein,
que tu achou da condução dos cogus?
muita coisa tá por vir agora
 
Opa, chegou chegando hein,
que tu achou da condução dos cogus?
muita coisa tá por vir agora

Condução? Não tenho certeza se entendi, mas se for a respeito de como ele nos "levam" pela viagem, percebi principalmente que quem decide o caminho e o destino são os cogus.

Alguém já teve alguma experiência parecida com a terceira parte? Em termos de esquecimentos.
 
eu tive.
igualzinho em todas as partes.
acredito que tu leu minha mente e roubou a parte que me falhou a memoria pra si proprio.
 
Condução? Não tenho certeza se entendi, mas se for a respeito de como ele nos "levam" pela viagem, percebi principalmente que quem decide o caminho e o destino são os cogus.
isso isso, (mas conversa com "eles",) no parquinho eles compram vários tickets pra gente, pede pra eles te levarem na montanha russa, depois no barco, depois etc etc, nas ordens que tu acha legal.. eles gostam da interação, os brinquedos são só algumas delas (ando tão metafórico ahahah)
 
eu tive.
igualzinho em todas as partes.
acredito que tu leu minha mente e roubou a parte que me falhou a memoria pra si proprio.

Sério? Que bizarro. Imagino então que, pelo menos, as circunstâncias tenham sido diferentes.
Considero que minha próxima esperiência deva ser feita só. Uma pena é que a temporada chuvosa já passou por aqui. Vamos ver se nas águas de março eles voltam.
 
quando voce fala:
EXPERIENCIA AVASSALADORA.
seu bigode pula ou voce cospe?
 
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