Não, mas isto é completamente alheio à linguagem.
Não entendi. O que é completamente alheio à linguagem?
Os bebês humanos necessitam de cuidados altamente precisos, somos uma espécie extremamente frágil durante os anos iniciais.
Tá, mas o que é que isso tem a ver com o assunto?
Nós, seres humanos, criamos a linguagem.
Como você sabe disso? Você viu o ser humano criando a linguagem?
Aliás, você só acha que o ser humano já existia antes de começar a falar porque você consegue falar sobre isso. A própria ideia de um indivíduo anterior à linguagem só surge graças à linguagem.
A palavra verde foi criada para definir a cor, que nós já víamos, muito antes de saber que era verde. Tal como as outras cores e objetos.
Você está afirmando a existência de algo que você nunca viu. É apenas uma crendice sua. É apenas o senso comum.
Você se lembra de ter visto alguma coisa quando você ainda não sabia o nome dela? Não. Quando você se deu conta da sua existência, você já estava sabendo falar.
Como alguém que já foi ajudado e foi feito feliz, só posso discordar.
Mas essa felicidade teve vida curta, não teve? E que valor pode ter uma felicidade temporária? Ficar correndo atrás de felicidades efêmeras é ficar catando migalhas do chão.
Se a causa da infelicidade for a fome, ela vai sim, deixar de ser infeliz, se deixar de ter fome.
A causa da infelicidade nunca é a fome, mas a crença num pensamento que surge dizendo: “isso não deveria estar acontecendo”. A fome é apenas uma desculpa que nós usamos para não admitir que nós mesmos criamos a nossa infelicidade. Sempre que nós resistimos a uma situação, nós sofremos, não importa o quão justificável pareça nossa resistência.
Eu acredito que as chances de alguém anêmico ser feliz, tanto pela fome, quanto pela falta de nutrientes que permitem o bom funcionamento do cérebro, são bem mais baixas do que alguém bem alimentado.
Qualquer felicidade que depende de um determinado estado cerebral será limitada e fugaz, tal como a felicidade provocada por uma droga. E que valor pode ter uma felicidade passageira e que depende de algo que em breve mudará e chegará ao fim? Verdadeira felicidade não depende de nada nem de ninguém. Além do mais, não ter o que comer só é um problema porque nós nos identificamos com o corpo. Se eu não me identificar mais com o corpo, a fome não terá o poder de me fazer infeliz.
Estude mais história. Estas afirmações são objetivamente falsas. O simples fato de termos acesso à um um dispositivo pequeno, no qual eu posso acessar informações sobre como cultivar cogumelos, depois tomá-los, enquanto participo de diversas (quase infinitas) formas de lazer, eletrônicas ou não, sabendo que posso sair na rua onde irei cruzar com dezenas de desconhecidos e muito provavelmente não serei atacado, minhas coisas pessoais não serão pilhadas e - pasmem - se eu cair na rua, muito provavelmente serei ajudado por desconhecidos! Mantemos contato mesmo com pessoas que estão do outro lado do mundo, em tempo real. Tenho acesso à diversos tipos diferentes de comida e formas de lazer
Tudo isso que você citou são coisas extremamente superficiais. Isso não é nenhuma mudança profunda.
E essas formas de lazer existem apenas para a nossa distração. Nós não suportamos ficar parados, em silêncio, sem fazer nada, sozinhos, que já começamos a nos sentir entediados e culpados, pensando coisas como “eu poderia estar estudando”, “eu poderia estar lendo um livro”, “eu poderia estar navegando na internet”, “eu poderia estar fazendo alguma coisa útil”, “eu poderia estar jogando videogame”... Quando nós ficamos em silêncio e sem fazer nada, nós ficamos sozinhos com nós mesmos, e, como nós não suportamos a nós mesmos e à nossa própria companhia, nós vamos em busca de alguma coisa para fazer para que nos distraiamos de nós mesmos. Nós temos sempre que estar fazendo alguma coisa, correndo atrás de alguma coisa, conseguindo alguma coisa, acumulando alguma coisa... E o que é essa nossa ânsia por conseguir e acumular coisas, senão uma tentativa desesperada de preencher o vazio que nós somos? E o que é toda a nossa vida, senão uma eterna fuga do fato de que nós não somos nada?
Sem dúvida alguma hoje em dia o mundo nos oferece trilhões de passatempos e entretenimentos baratos e fúteis para que possamos nos distrair do nosso sofrimento e vazio existencial. Pelo menos antigamente o ser humano tinha bem menos recursos para fugir de si mesmo.
além do acesso à informação basicamente ilimitado.
Só que tem um probleminha aí: nenhuma informação é a verdade. Até porque as informações só dizem respeito a coisas, e não existem coisas.
E de que adianta saber tudo que já aconteceu e que está acontecendo no mundo, se você nem sequer sabe quem é você?
Você consegue pensar uma situação assim na idade média? Na idade moderna? Na primeira metade da idade contemporânea?
Nós só consideramos essas coisas (conforto, tecnologia, internet, lazer) tão essenciais à vida porque nós já estamos habituados e até mesmo viciados nisso. Acho muito pouco provável que as pessoas na Idade Média ficassem se lamentando porque não tinham como se comunicar em tempo real com pessoas que estavam do outro lado do planeta ou porque não tinham meios de transporte rápidos. Eu passei boa parte da minha vida sem internet e nunca havia sentido falta dela; depois que eu a conheci, não conseguia mais viver sem; mas, antes disso, nunca havia sentido nenhuma necessidade dela. Se a internet fosse extinta, depois de um tempo nós já nem lembraríamos mais que um dia ela existiu. Você acha que os nossos antepassados sentiam falta de facebook, whatsapp, carros, aviões, televisão? Para eles aquele modo de vida devia ser tão confortável quanto nós consideramos o nosso, pois eles estavam acostumados com aquilo. Nós só vemos o modo de vida deles como desconfortável e primitivo porque estamos habituados a outro modo de vida. Daqui a uns dois séculos, as pessoas vão olhar para nós da mesma forma que você olha para a Idade Média e a Idade Moderna. Se alguém do século XXIII entrar neste fórum e ler sua mensagem dizendo que nós, do século XXI, vivemos na época dourada da humanidade, provavelmente ele vai rir da sua cara e pensar: “Meu Deus, como as pessoas eram ingênuas naquele tempo”.
Existe, sim, para qualquer pessoa sensata, algo objetivamente bom e objetivamente ruim. Estamos falando da perspectiva humana, de seres saudáveis e sensatos. Matar é ruim, roubar é ruim, ajudar é bom, etc. Se você argumentar contra isso, já estamos discordando na parte mais fundamental da sociedade.
Você mesmo acabou admitindo que algo só é bom ou ruim de acordo com uma perspectiva humana, de acordo com a perspectiva de pessoas “sensatas”. Ou seja, nenhum fato é objetiva e inerentemente bom ou ruim, pois algo objetivo e inerente não depende de um juízo de valor humano. Se algo depende do ponto de vista de um sujeito, é algo relativo, e não objetivo.
Se alguém me matar, eu só vou achar isso ruim se eu estiver apegado a mim mesmo e com medo da morte. Se alguém roubar algum objeto meu, eu só vou achar isso ruim se eu estiver apegado a esse objeto. Se um meteoro estiver vindo em direção à Terra, isso só será considerado bom ou ruim porque há pessoas na Terra que consideram isso bom ou ruim; se a Terra estivesse desabitada, a queda de um meteoro seria algo completamente neutro e insignificante.
Todo conhecimento tem importância.
Até mesmo o conhecimento sobre qual a profissão do novo namorado da Kelly Key? Você poderia dizer que até isso tem alguma importância. Mas, digo eu, se tem, é uma importância mínima, ridícula e que só serve a algumas poucas pessoas. Até mesmo as maiores descobertas científicas da história têm uma importância secundária, relativa e pequena. A única coisa que tem uma importância verdadeira e absoluta é a verdade.
Por termos uma expectativa de vida mais alta de toda a história e aumentando, muito além do que é natural à espécie. Por termos acesso ilimitado à informação e comunicação em tempo real de forma globalizada. Por termos IDH crescente, acesso ao conforto, educação, saneamento básico como nunca tivemos anteriormente. E basicamente, também, por não estarmos em uma guerra mundial no momento e basicamente estarmos pacificados.
Só por causa dessa mixaria você acha que estamos na época dourada da humanidade? Tudo isso que você citou são apenas migalhas que catamos do chão.
De que adianta ter uma vida longa, se essa vida é de mediocridade, infelicidade, escravidão, enganos, falsidades, aparências, máscaras, alienação? É melhor levar uma vida curta mas bem vivida. Qualidade é muito mais importante do que quantidade.
A educação é uma porcaria. Nós temos internet, mas a esmagadora maioria das pessoas só faz uso dela para se distrair com futilidades. Acesso à informação, conforto e saneamento básico não torna ninguém feliz (afinal, o que todo mundo quer é ser feliz, não é?).
o sacrifício do "eu" para um bem familiar é desencorajado, e o indivíduo, o ego, é idolatrado.
Sacrificar-se e viver em função dos outros é uma degeneração e uma escravidão ainda maiores do que viver em função dos próprios interesses pessoais. Não há nada mais horrível do que viver para agradar os outros, não importa se esses outros são familiares ou não.
A propósito, achar que uma pessoa é mais digna do que os outros do meu sacrifício e do meu “amor” só por ter o mesmo sobrenome e o mesmo sangue que eu, é algo tão estúpido quanto achar que uma pessoa que tem a mesma cor dos olhos que eu é mais digna do meu sacrifício e do meu “amor” do que quem não tem.
Temos a bomba atômica, o que ironicamente, faz com que tenhamos paz, visto que ninguém quer tomar
O nome disso não é paz, é medo (a decadência já está tão avançada que as pessoas não sabem mais a diferença entre medo e paz).
Parece que o seu conceito de paz é não ter ninguém lhe incomodando. Ou seja, você acha que os outros é que têm o dever de lhe dar paz, e não você mesmo.
a Terra em si não é afetada pela "destruição".
A Terra, não. Mas nós, sim (não que eu ache isso um problema, o ser humano tem mais é que colher o que plantou para aprender a deixar de ser trouxa).
Estas coisas, hoje em dia, são crimes e (deveriam ser) são punidos de acordo. Não são mais questões socialmente aceitas, ou até mesmo encorajadas.
O fato de um determinado ato ser proibido ou legalizado é algo completamente superficial. É tão superficial que o fato de ser proibido não impede que continue acontecendo.
E o que na auto-extinção não é natural? As extinções ocorrem por diversas causas. O que diferencia uma causa artificial de uma causa natural? Eu respondo: a semântica. Se os Pandas são extintos por não se reproduzirem, é natural. Mas se o homem é extinto por não se reproduzir, é artificial. O que vem do ser humano é artificial, mas objetivamente, a extinção é a mesma e no fim, é natural.
É só mudar os termos então: uma coisa é uma espécie ser extinta sem ser por sua própria causa, outra bem diferente é ela causar sua própria extinção.
Não que eu ache a extinção do ser humano um problema. Mas o fato de o ser humano ser extremamente autodestrutivo já devia ter feito todo mundo perceber que tem algo errado no modo como nós vivemos, mesmo porque parte da destruição que ele causa não é para melhorar a qualidade de vida, mas por motivos completamente fúteis, como criação de tecnologias, confortos e lazeres desnecessários e banais, busca por lucro e poder, guerras, disputas territoriais...
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SRgreen, depois eu respondo você.