O galo começa a cantar bem cedo na fazenda, é sinal de que a aurora logo chegará. É possível perceber na alegria do canto do galo que o dia será um dia bem bonito, com muito a oferecer.
Mais do que depressa MushiMushi pula da cama e corre para o banheiro. Lava o rosto, escova os dentes e vai para o quarto se arrumar, tem planos muito especiais para esse dia. Abre o armário e começa a fuçar em tudo, tem que ir bem preparado se quiser ter bons resultados no que deseja fazer. Veste uma camiseta velha, de cores bem apagadas e pouco chamativa, uma bermuda confortável, um tênis velho mas bem resistente, e para completar, um chapéu velho que seu avó costumava usar para andar pelos campos. Pegou sua mochila e foi para a cozinha tomar café.
O sol ainda não havia raiado, passou manteiga da fazenda no pão que sua avó fez e adoçou sua caneca de leite. Era bom sair com um café da manha bem reforçado, ele precisaria de muita energia. Comeu depressa, e foi para a despensa arrumar a mochila. Colocou um cantil cheio de água gelada, protetor solar, uma tapeware para guardar os achados e um óculos de sol. Colocou tudo nas costas e saiu cantalorando pelo pasto.
A estradinha de terra até o pasto maior onde ficava o gado era toda cercada de flores dos mais variados tipos, a avó de MushiMushi era uma jardineira muito bem dotada, de dar inveja a muito paisagista, até alguns desenhos se formavam em meio as plantas. Apressado o jovem caçador nem reparou nas abelhas que inconscientemente faziam amor com as flores, e sem saber participavam da parte mais importante daquelas peças de beleza. Passou correndo pela estrada e entrou pasto adentro pulando a porteira, sua ansiedade era até bonita de ver.
Quando achou a primeira bostinha os primeiros raios de sol já raiavam invadindo a escuridão da manhã, formando raios sólidos de luz ao trasnpassar as gotículas de nevoa densa que vinham dos vales, iluminava o pasto, que aos poucos ia ganhando novas cores, novos tons de verde amarelo e cinza. Mas o coitado do Mushi estava abaixado remexendo uma bosta em busca de micélio e não conseguiu ver a cena tão mágica da noite e dia juntos num só. Tirou os óculos escuros da mala para se proteger do sol.
Foi andando rápido pelo pasto olhando pra todo lado em busca de mais bostinhas. Achou muitas mas não viu nenhum cogumelo. Queria muito se encontrar com eles, tinha lido tudo o que podia sobre as casinhas de gnomo e não via a hora de conhecer eles intimamente, conhecer seu tão falado poder.
A sede era grande, e o pote estava bem escondido. A impaciência começou a tomar conta da cabeça de Mushi, e ele começou a passar os olhos cada vez mais rápido pelas fezes, e a andar cada vez mais asistematicamente pelo pasto. Agora já não conseguia lembrar onde tinha e onde não tinha passado. Como preso pelo Pai do Mato MushiMushi andava em círculos e passava pelos mesmos lugares achando que eram novos.
De repente um grande chapéu apareceu no horizonte, amarelo dourado, tão lindo que só poderia ser um cubbie. Perto dele uma fila de formigas carregava folhas para o formigueiro. Uma atrás da outra imitando os caminhos e movimentos da formiga da frente, um grande corpo pensando junto por meio de milhares de partes em cada individuo. Mushi correu até o chapéu e contemplou a beleza do pai cogumelo. Olhou-o por todos os ângulos e sentiu sua boca salivar, arrancou o cogu da bostinha e o colocou na mochila. Pena não perceber as formigas e pisar em uma boa parte delas, quebrando a corrente de as deixando perdidas, mortas e desorientadas.
Agora mais feliz e com esperanças renovadas ele saltitava pelo campo, passando a olhar mais rápido ainda pelas bostas que passava. Ao lado de Mushi encontram-se duas vaquinhas e seus respectivos bezerrinhos. As vacas como mães dedicadas amamentam seus filhos com carinho e devoção. Uma cena linda que o apressado do caçador não chegou a ver, as mães amamentando os futuros fazedores de casas pros cogus.
De longe avistou outro cogumelo, até maior que o primeiro. Correu para ele como um filho que corre para abraçar a mãe. Seu mundo desmoronou ao ver que não era um dos raros que caçava, mas um outro cogumelo qualquer que ele não poderia tomar. O cogumelo era branco, muito grande e forte, um verdadeiro exemplo de frutificação. Mas isso não importava para MushiMushi, não era um cogumelo mágico, não lhe servia pra nada. Deu um chute com força e raiva no pobre cogumelo branco que voou e caiu na cabeça do bezerro que mamava. A mãe vaca enfurecida se levantou e começou a procurar o agressor, viu Mushi de costas chutando um outro cogumelo, não precisava de mais evidencias. Com um mugido ultra e subsônico reuniu todas as suas amigas vacas, e o mais forte de todos os zebus, que aprontava seus chifres para vingar o filho ofendido.
Ao virar para traz para ver por que tanto barulho as vacas estavam fazendo MushiMushi percebeu que o problema era ele. Mais do que depressa começou a correr para salvar sua vida, corria com todas as forças que suas pernas permitiam. Uma cerca! Como estava olhando para trás não viu a cerca de arame farpado na sua frente e capotou como morto para o outro lado. As vacas pararam na cerca e observaram.
O cogumelo que estava na mochila se materializou na frente de nosso amigo. Agora maior e todo cheio de luz e poder.
- O que quer no pasto jovem caçador? – Indagou o cogumelo.
- Queria achar cogumelos como você para evoluir.
- Humm, um bom propósito. – O cogu pai viu nos olhos do garoto que suas intenções e seu coração eram puros.
- Mas não achei nada nessa caçada, ela foi inútil.
- Inútil? Você não achou nada? Tem certeza MushiMushi?
O menino respondeu novamente que não havia encontrado nada. Como num flash tudo ficou branco cegando o caçador. Ele estava de repente voando por cima do pasto do qual havia fugido. Mas algo estava errado, esta escuro como antes. Ao longe ele se viu correndo pela estrada de terra, e viu também as abelhas e flores q não tinha visto antes. MushiMushi foi vendo tudo que tinha perdido e não tinha visto, e seus olhos foram se enchendo de lagrimas de tanta vergonha. As formigas que havia matado sem ver, o bezerro que ofendera, o cogumelo branco, tão igual ao cogumelo pai que falava com ele, os raios de sol invadindo a manha. Mushi ficou triste com ele mesmo.
- Você ganhou experiência, você ganhou belas visões, você ganhou uma bela caminhada sentindo o frescor da manha de um novo dia, você ganhou tanta coisa e ainda acha que não ganhou nada. Tem certeza que foi inútil?
- Eu sou o elemental do pasto, logo nos reencontraremos, eu te acharei.
Então tudo ficou preto. E de repente branco outra vez. Abriu os olhos, era sua mãe, estava no hospital acordando das sedações, todo cortado de arame farpado.
Sentia-se mais maduro para futuras caçadas, viu que o mundo não pode ser visto por um único ângulo e como um lugar cheio de coisas largadas. Tudo está ligado, o segredo é ter uma visão holística de tudo.
Agora era só sarar e se preparar para um reencontro com o elemental dos pastos.
Psilo
Paz, amor e muita poesia!
(Obrigado por lembrar Waver
os
Mais do que depressa MushiMushi pula da cama e corre para o banheiro. Lava o rosto, escova os dentes e vai para o quarto se arrumar, tem planos muito especiais para esse dia. Abre o armário e começa a fuçar em tudo, tem que ir bem preparado se quiser ter bons resultados no que deseja fazer. Veste uma camiseta velha, de cores bem apagadas e pouco chamativa, uma bermuda confortável, um tênis velho mas bem resistente, e para completar, um chapéu velho que seu avó costumava usar para andar pelos campos. Pegou sua mochila e foi para a cozinha tomar café.
O sol ainda não havia raiado, passou manteiga da fazenda no pão que sua avó fez e adoçou sua caneca de leite. Era bom sair com um café da manha bem reforçado, ele precisaria de muita energia. Comeu depressa, e foi para a despensa arrumar a mochila. Colocou um cantil cheio de água gelada, protetor solar, uma tapeware para guardar os achados e um óculos de sol. Colocou tudo nas costas e saiu cantalorando pelo pasto.
A estradinha de terra até o pasto maior onde ficava o gado era toda cercada de flores dos mais variados tipos, a avó de MushiMushi era uma jardineira muito bem dotada, de dar inveja a muito paisagista, até alguns desenhos se formavam em meio as plantas. Apressado o jovem caçador nem reparou nas abelhas que inconscientemente faziam amor com as flores, e sem saber participavam da parte mais importante daquelas peças de beleza. Passou correndo pela estrada e entrou pasto adentro pulando a porteira, sua ansiedade era até bonita de ver.
Quando achou a primeira bostinha os primeiros raios de sol já raiavam invadindo a escuridão da manhã, formando raios sólidos de luz ao trasnpassar as gotículas de nevoa densa que vinham dos vales, iluminava o pasto, que aos poucos ia ganhando novas cores, novos tons de verde amarelo e cinza. Mas o coitado do Mushi estava abaixado remexendo uma bosta em busca de micélio e não conseguiu ver a cena tão mágica da noite e dia juntos num só. Tirou os óculos escuros da mala para se proteger do sol.
Foi andando rápido pelo pasto olhando pra todo lado em busca de mais bostinhas. Achou muitas mas não viu nenhum cogumelo. Queria muito se encontrar com eles, tinha lido tudo o que podia sobre as casinhas de gnomo e não via a hora de conhecer eles intimamente, conhecer seu tão falado poder.
A sede era grande, e o pote estava bem escondido. A impaciência começou a tomar conta da cabeça de Mushi, e ele começou a passar os olhos cada vez mais rápido pelas fezes, e a andar cada vez mais asistematicamente pelo pasto. Agora já não conseguia lembrar onde tinha e onde não tinha passado. Como preso pelo Pai do Mato MushiMushi andava em círculos e passava pelos mesmos lugares achando que eram novos.
De repente um grande chapéu apareceu no horizonte, amarelo dourado, tão lindo que só poderia ser um cubbie. Perto dele uma fila de formigas carregava folhas para o formigueiro. Uma atrás da outra imitando os caminhos e movimentos da formiga da frente, um grande corpo pensando junto por meio de milhares de partes em cada individuo. Mushi correu até o chapéu e contemplou a beleza do pai cogumelo. Olhou-o por todos os ângulos e sentiu sua boca salivar, arrancou o cogu da bostinha e o colocou na mochila. Pena não perceber as formigas e pisar em uma boa parte delas, quebrando a corrente de as deixando perdidas, mortas e desorientadas.
Agora mais feliz e com esperanças renovadas ele saltitava pelo campo, passando a olhar mais rápido ainda pelas bostas que passava. Ao lado de Mushi encontram-se duas vaquinhas e seus respectivos bezerrinhos. As vacas como mães dedicadas amamentam seus filhos com carinho e devoção. Uma cena linda que o apressado do caçador não chegou a ver, as mães amamentando os futuros fazedores de casas pros cogus.
De longe avistou outro cogumelo, até maior que o primeiro. Correu para ele como um filho que corre para abraçar a mãe. Seu mundo desmoronou ao ver que não era um dos raros que caçava, mas um outro cogumelo qualquer que ele não poderia tomar. O cogumelo era branco, muito grande e forte, um verdadeiro exemplo de frutificação. Mas isso não importava para MushiMushi, não era um cogumelo mágico, não lhe servia pra nada. Deu um chute com força e raiva no pobre cogumelo branco que voou e caiu na cabeça do bezerro que mamava. A mãe vaca enfurecida se levantou e começou a procurar o agressor, viu Mushi de costas chutando um outro cogumelo, não precisava de mais evidencias. Com um mugido ultra e subsônico reuniu todas as suas amigas vacas, e o mais forte de todos os zebus, que aprontava seus chifres para vingar o filho ofendido.
Ao virar para traz para ver por que tanto barulho as vacas estavam fazendo MushiMushi percebeu que o problema era ele. Mais do que depressa começou a correr para salvar sua vida, corria com todas as forças que suas pernas permitiam. Uma cerca! Como estava olhando para trás não viu a cerca de arame farpado na sua frente e capotou como morto para o outro lado. As vacas pararam na cerca e observaram.
O cogumelo que estava na mochila se materializou na frente de nosso amigo. Agora maior e todo cheio de luz e poder.
- O que quer no pasto jovem caçador? – Indagou o cogumelo.
- Queria achar cogumelos como você para evoluir.
- Humm, um bom propósito. – O cogu pai viu nos olhos do garoto que suas intenções e seu coração eram puros.
- Mas não achei nada nessa caçada, ela foi inútil.
- Inútil? Você não achou nada? Tem certeza MushiMushi?
O menino respondeu novamente que não havia encontrado nada. Como num flash tudo ficou branco cegando o caçador. Ele estava de repente voando por cima do pasto do qual havia fugido. Mas algo estava errado, esta escuro como antes. Ao longe ele se viu correndo pela estrada de terra, e viu também as abelhas e flores q não tinha visto antes. MushiMushi foi vendo tudo que tinha perdido e não tinha visto, e seus olhos foram se enchendo de lagrimas de tanta vergonha. As formigas que havia matado sem ver, o bezerro que ofendera, o cogumelo branco, tão igual ao cogumelo pai que falava com ele, os raios de sol invadindo a manha. Mushi ficou triste com ele mesmo.
- Você ganhou experiência, você ganhou belas visões, você ganhou uma bela caminhada sentindo o frescor da manha de um novo dia, você ganhou tanta coisa e ainda acha que não ganhou nada. Tem certeza que foi inútil?
- Eu sou o elemental do pasto, logo nos reencontraremos, eu te acharei.
Então tudo ficou preto. E de repente branco outra vez. Abriu os olhos, era sua mãe, estava no hospital acordando das sedações, todo cortado de arame farpado.
Sentia-se mais maduro para futuras caçadas, viu que o mundo não pode ser visto por um único ângulo e como um lugar cheio de coisas largadas. Tudo está ligado, o segredo é ter uma visão holística de tudo.
Agora era só sarar e se preparar para um reencontro com o elemental dos pastos.
Psilo
Paz, amor e muita poesia!