- 16/01/2017
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Então gurizada, esse domingo passado estava na praia e ingeri 52,83g frescas de psilocybe cubensis da cepa Ecuador.
Fui mastigando eles bem tranquilo e tomando uma latinha de monster pra ajudar descer. Não estava em jejum e tinha comido muito no dia anterior, comi um hambúrguer gigantesco e um crepe duplo de chocolate, ai pensei que talvez não bateria, ia comer um pouco mais da metade mas como tinha comido pra caramba eu decidi que iria comer tudo.
Logo que comi já percebi que eu estava estranho, pensei "segura que a trip vai ficar pesada demais", vi que meu pai tinha sugerido uma massa de arroz com carne e pensei, "show, se eu não comer não vou dar muito vexame" e fui dar uma volta na praia com minha namorada.
Daí na praia, praticamente nenhum efeito apareceu, só uma tontura e uma leve náusea mas nada demais.
Quando eu chego na casa da praia, minha mãe me diz o que? "Teu pai iria fazer só uma massa mas ai como você está aqui, decidimos fazer um churrasco", aí meu eu pensei "ah não, eu acho que não vou conseguir comer, espero que consiga comer alguma coisa".
Daí comecei a ver vários símbolos maias brilhando em várias cores nos rostos dos meus familiares, volta e meia a realidade mudava de "gráfico" e ficava como se fosse um 3D de playstation 1, ou um desenho tipo o clipe do "take on me" do A-ha, fiquei brincando com meus cachorros que estavam a recém banhados, pareciam umas bolinhas de pelo, só alegria.
Percebi que minha namorada estava bem hostil comigo, contei pra ela o que que eu tinha feito e ela ficou indignada, daí pra frente os efeitos se potencializaram, quando comecei a perder a consciência ficando com a boca aberta e os olhos virados, minha namorada simplesmente fugiu de mim, recobrava a consciência por alguns segundos, chamei o nome da minha namorada e nada, conseguia ouvir ela conversando com meu pai, sabia que o cocô havia sido jogado no ventilador, ai fiquei ali num loop infinito perdendo e voltando a consciência, vomitei, aí fiz o que? Chamei minha mãe, claro... ela me ajudou a me erguer, comecei a ouvir a lição de moral e só concordei, até porque eu fui muito irresponsável mesmo fazendo o que eu fiz.
Ela me levou para o lado de fora, me ofereceu água com gengibre e limão que bebi até sentir que eu era água e me deixou do lado de fora sentado debaixo do guarda-sol, meu pai estava próximo fazendo o churrasco na churrasqueira e eventualmente eu percebi que ele me olhou com uma cara de decepção e começou a chorar, eu sem equilíbrio nenhum nessa hora consegui me locomover tranquilamente, estava indo dar um abraço nele e dizer que eu estava bem, mas ele quis que eu mantivesse a distância.
Fiquei ali travado, ouvindo as músicas do rádio, e eventualmente botaram a mesa, minha mãe me chamou e já avisei que não iria conseguir comer, minha namorada insistiu e eu fui.
Aí cheguei lá, a comida estava bem estranha, as sensação de comer era estranha, os talheres pareciam dois tacos de sinuca nas minhas mãos, insistiram até eu por a comida na boca, mas aí quem disse que eu conseguia engolir.
A sensação era que o bife tava um pedaço de pau duro e seco, ai a irritação se instalou, comecei a reclamar, meu pai que já estava desgostoso, fiquei além de decepcionado ficou irritado, minha mãe fez uma salda de batata que eu gosto muito, também não consegui engolir.
Fiquei na mesa ainda, fingindo que estava muito louco pra entender o que estava acontecendo e fiquei ouvindo as conversas, minha mãe estava falando que iria ter uma conversa muito séria comigo por causa disso, que isso aí não podia fazer nenhum bem e que eu iria ter que jogar tudo fora e tal.
Como sou um cara que entende como a bad se instala, eu fiquei ali ouvindo as músicas do rádio, tendo algumas conversas eventuais com minha namorada e minha mãe, estava muito feliz que estava bem sentimental, consegui me expressar muito bem, e passei um bom tempo com meus cachorros, pois o amor incondicional deles não se abalou em nada.
Quando me senti sozinho e abandonado começou a tocar uma música no rádio You Get What You Give do New Radicals, e quando ouvi:
You've got the music in you
Don't let go
You've got the music in you
One dance left
This world is gonna pull through
Don't give up
You've got a reason to live
Can't forget
We only get what we give
Chorei, um choro de alívio, apesar de toda a hostilidade da minha namorada, inclusive debochando da minha capacidade cognitiva afetada e meu pai de cara fechada querendo me deserdar, naquele momento eu percebi, se eu perdesse tudo, eu ainda teria eu mesmo e isso me bastava.
Domingo quando cheguei, não consegui dormir, pensando no que meu pai estava pensando naquela hora, o porque que minha namorada estava me tratando daquele jeito, deitei era 00:30 e não sei que horas que eu dormi.
Eu trabalho em uma cidade que fica a 3 horas de onde eu moro, eu não queria me atrasar e apesar de estar com sono eu não parei o carro, mesmo quando eu quase bati de frente a mais de 100 km/h eu não parei... eventualmente eu dormi por quase 1km numa decida, o caminhoneiro que estava na minha frente percebeu que eu estava dormindo e parou o caminhão pra mim bater nele e sair da pista antes que eu fosse parar na rótula. Voltei pra caxias, meu irmão mais velho foi o único que se preocupou comigo, todos estavam dizendo que a culpa era dos cogumelos.
Todos que eu encontrei durante o dia, os bombeiros que eu pedi ajuda, os rapazes do guincho, a galera da oficina... todos me trataram muito bem... tinha um professor que dizia que não tinha almoço de graça, mas os bombeiros me ofereceram almoço de graça e no guincho também me ofereceram... Churrasco, com maionese... Com a reação da minha família, principalmente da minha mãe de insistir que era por causa dos cogumelos eu tive um ataque de ansiedade e minha depressão veio com tudo... O que segurava ela de boas era porque eu pensava que minha namorada me amava muito, mas com as ações dela, aquela hostilidade, não ter vindo nem ver como eu estava quando eu estava chamando ela...
Mas apesar de tudo isso, eu não me arrependo da trip, essas coisas só surgiram, mas sempre estiveram ali... botei o amor de todo mundo a prova e o destino me mostra que quem não me conhece me trata melhor do que eles por pura ignorância.
Vou continuar a cultivar e consumir, mas sempre sozinho, ou com alguém que entenda isso, estou bem fragilizado ainda, mas melhorei bastante ao me lembrar que eu sempre dizia pra minha mãe que não é porque tu faz algo bom pra alguém que essa pessoa vai fazer coisas boas pra ti.
Termino aqui o relato gigante de uma trip boa e de aprendizado. Abraços
Fui mastigando eles bem tranquilo e tomando uma latinha de monster pra ajudar descer. Não estava em jejum e tinha comido muito no dia anterior, comi um hambúrguer gigantesco e um crepe duplo de chocolate, ai pensei que talvez não bateria, ia comer um pouco mais da metade mas como tinha comido pra caramba eu decidi que iria comer tudo.
Logo que comi já percebi que eu estava estranho, pensei "segura que a trip vai ficar pesada demais", vi que meu pai tinha sugerido uma massa de arroz com carne e pensei, "show, se eu não comer não vou dar muito vexame" e fui dar uma volta na praia com minha namorada.
Daí na praia, praticamente nenhum efeito apareceu, só uma tontura e uma leve náusea mas nada demais.
Quando eu chego na casa da praia, minha mãe me diz o que? "Teu pai iria fazer só uma massa mas ai como você está aqui, decidimos fazer um churrasco", aí meu eu pensei "ah não, eu acho que não vou conseguir comer, espero que consiga comer alguma coisa".
Daí comecei a ver vários símbolos maias brilhando em várias cores nos rostos dos meus familiares, volta e meia a realidade mudava de "gráfico" e ficava como se fosse um 3D de playstation 1, ou um desenho tipo o clipe do "take on me" do A-ha, fiquei brincando com meus cachorros que estavam a recém banhados, pareciam umas bolinhas de pelo, só alegria.
Percebi que minha namorada estava bem hostil comigo, contei pra ela o que que eu tinha feito e ela ficou indignada, daí pra frente os efeitos se potencializaram, quando comecei a perder a consciência ficando com a boca aberta e os olhos virados, minha namorada simplesmente fugiu de mim, recobrava a consciência por alguns segundos, chamei o nome da minha namorada e nada, conseguia ouvir ela conversando com meu pai, sabia que o cocô havia sido jogado no ventilador, ai fiquei ali num loop infinito perdendo e voltando a consciência, vomitei, aí fiz o que? Chamei minha mãe, claro... ela me ajudou a me erguer, comecei a ouvir a lição de moral e só concordei, até porque eu fui muito irresponsável mesmo fazendo o que eu fiz.
Ela me levou para o lado de fora, me ofereceu água com gengibre e limão que bebi até sentir que eu era água e me deixou do lado de fora sentado debaixo do guarda-sol, meu pai estava próximo fazendo o churrasco na churrasqueira e eventualmente eu percebi que ele me olhou com uma cara de decepção e começou a chorar, eu sem equilíbrio nenhum nessa hora consegui me locomover tranquilamente, estava indo dar um abraço nele e dizer que eu estava bem, mas ele quis que eu mantivesse a distância.
Fiquei ali travado, ouvindo as músicas do rádio, e eventualmente botaram a mesa, minha mãe me chamou e já avisei que não iria conseguir comer, minha namorada insistiu e eu fui.
Aí cheguei lá, a comida estava bem estranha, as sensação de comer era estranha, os talheres pareciam dois tacos de sinuca nas minhas mãos, insistiram até eu por a comida na boca, mas aí quem disse que eu conseguia engolir.
A sensação era que o bife tava um pedaço de pau duro e seco, ai a irritação se instalou, comecei a reclamar, meu pai que já estava desgostoso, fiquei além de decepcionado ficou irritado, minha mãe fez uma salda de batata que eu gosto muito, também não consegui engolir.
Fiquei na mesa ainda, fingindo que estava muito louco pra entender o que estava acontecendo e fiquei ouvindo as conversas, minha mãe estava falando que iria ter uma conversa muito séria comigo por causa disso, que isso aí não podia fazer nenhum bem e que eu iria ter que jogar tudo fora e tal.
Como sou um cara que entende como a bad se instala, eu fiquei ali ouvindo as músicas do rádio, tendo algumas conversas eventuais com minha namorada e minha mãe, estava muito feliz que estava bem sentimental, consegui me expressar muito bem, e passei um bom tempo com meus cachorros, pois o amor incondicional deles não se abalou em nada.
Quando me senti sozinho e abandonado começou a tocar uma música no rádio You Get What You Give do New Radicals, e quando ouvi:
You've got the music in you
Don't let go
You've got the music in you
One dance left
This world is gonna pull through
Don't give up
You've got a reason to live
Can't forget
We only get what we give
Chorei, um choro de alívio, apesar de toda a hostilidade da minha namorada, inclusive debochando da minha capacidade cognitiva afetada e meu pai de cara fechada querendo me deserdar, naquele momento eu percebi, se eu perdesse tudo, eu ainda teria eu mesmo e isso me bastava.
Domingo quando cheguei, não consegui dormir, pensando no que meu pai estava pensando naquela hora, o porque que minha namorada estava me tratando daquele jeito, deitei era 00:30 e não sei que horas que eu dormi.
Eu trabalho em uma cidade que fica a 3 horas de onde eu moro, eu não queria me atrasar e apesar de estar com sono eu não parei o carro, mesmo quando eu quase bati de frente a mais de 100 km/h eu não parei... eventualmente eu dormi por quase 1km numa decida, o caminhoneiro que estava na minha frente percebeu que eu estava dormindo e parou o caminhão pra mim bater nele e sair da pista antes que eu fosse parar na rótula. Voltei pra caxias, meu irmão mais velho foi o único que se preocupou comigo, todos estavam dizendo que a culpa era dos cogumelos.
Todos que eu encontrei durante o dia, os bombeiros que eu pedi ajuda, os rapazes do guincho, a galera da oficina... todos me trataram muito bem... tinha um professor que dizia que não tinha almoço de graça, mas os bombeiros me ofereceram almoço de graça e no guincho também me ofereceram... Churrasco, com maionese... Com a reação da minha família, principalmente da minha mãe de insistir que era por causa dos cogumelos eu tive um ataque de ansiedade e minha depressão veio com tudo... O que segurava ela de boas era porque eu pensava que minha namorada me amava muito, mas com as ações dela, aquela hostilidade, não ter vindo nem ver como eu estava quando eu estava chamando ela...
Mas apesar de tudo isso, eu não me arrependo da trip, essas coisas só surgiram, mas sempre estiveram ali... botei o amor de todo mundo a prova e o destino me mostra que quem não me conhece me trata melhor do que eles por pura ignorância.
Vou continuar a cultivar e consumir, mas sempre sozinho, ou com alguém que entenda isso, estou bem fragilizado ainda, mas melhorei bastante ao me lembrar que eu sempre dizia pra minha mãe que não é porque tu faz algo bom pra alguém que essa pessoa vai fazer coisas boas pra ti.
Termino aqui o relato gigante de uma trip boa e de aprendizado. Abraços