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Um velho egípcio

Cygnus X 1

Cogumelo maduro
Cultivador confiável
21/01/2005
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Um rápido relato de uma das alucinações bizarras q tive:


Era dia, me encontrei sendo um escriba careca de toga dentro de um templo egípcio (no caso, escribas quero dizer aqueles profissionais liberais da época q mantiam textos e escreviam/desenhavam nos murais dos atuais monumentos), de dentro do templo um pouco escuro e com iluminação indireta, bamboleei para a "varanda" q era basicamente uma frente do templo, com pilares de 5-6 metros de altura e uns toldos a partir do topo. Olhei para o landscape e podia ver a então parte da sociedade egipcia em sua vida aos pés das construções de uma grande pirâmide a minha direita, e à esquerda dava para ver o Nilo, uns 200-300 metros, talvez mais. Eu estava bêbado, não sei de q, possivelmente de cogumelos, e não conseguia ficar em pé direito, tinha q apoiar na parede. Estava deprimido, não conseguia entender o pq de todas as ações humanas ao meu redor, o pq da máquina social, das cidades e civilização... o pq de injustiças e confusão intrínsecas a relação social humana. Olhava para a pirâmide e compreendia toda simbologia associada, a intenção do Faraó em construi-la, a tentativa de acessar o sutil e espiritual através do encontro dos pontos no céu e toda a baboseira, coisa q eu deveria mesmo entender pois era meu ganha-pão propagar aquilo, como escriba e tal. Mas a depressão tava forte, por causa da observação do custo. De onde estava dava pra ver a imensa força de trabalho manipulando a terra para construir aquela montanha artificial q por mais nobre q seja, custa mais do q provêm aos q participam dela (mesmo como observadores). Por fim, me perguntei se os seres humanos vão agir assim para todo o sempre, e veio toda aquela empatia por todos seres humanos q já viveram e viverão, tendo q passar pelos dramas da existência humana. Será q um dia vai fazer sentido? Qual evento ou explicação tornaria possível isso tudo fazer sentido?


Quando me encontrei de "volta", tava deitado no chão do quarto totalmente passado... heh.
 
Ressuscitou em? Tanto na trip quanto no fórum. Sou fã de carteirinha dos teus posts e tutoriais.

Parabéns e seja bem vindo de volta. :D
 
Haha, que legal!

Na minha terceira experiência passei por algo bem parecido, só que em outro lugar e outra situação, lógico.
 
Parece que a vida não pode ter um sentido default, pois seria muito arbitrário.

O sentido nós mesmos damos. Fora isso, é só liberdade!

Se um dia as injustiças vão parar aqui nesse floquinho de terra e água da periferia galáctica??

Hmmm, a história mostra que parece ser uma tarefa impossível.

Se nossa raça sobreviver a si mesma e aos cataclismas naturais, tem grandes chances de chegar lá.

Para isso, não podemos parar de nos tornarmos e de propagarmos:

Amor, Compaixão, Igualdade, Contentamento, Paz....

Realmente os monumentos antigos foram feitos com o suor e o sangue de muitos. Parece injusto e no momento específico era. Mas sem isso, não teríamos 5 mil anos de história ali de pé para nos lembrarmos que podermos ser magníficos!
 
O relato parece algo onírico. Deve ter sido uma boa cacetada pois até a sua projeção estava doidassa! =)

Mas sem isso, não teríamos 5 mil anos de história ali de pé para nos lembrarmos que podermos ser magníficos!

É magnífico quem se torna livre (do tempo também).
 
O relato parece algo onírico. Deve ter sido uma boa cacetada pois até a sua projeção estava doidassa! =)
É magnífico quem se torna livre (do tempo também).

Ele estava sonhando com seu eu Escriba ou era o seu eu Escriba sonhando com seu eu atual??? ehehehehe

Sim, livre do espaço-tempo que localiza nossas identidades corpóreas, densas ou sutis...

Entretanto, apenas NINGUÉM é totalmente livre. :D

Aí, mais do que magnífico, torna-se supremo.
 
Ele estava sonhando com seu eu Escriba ou era o seu eu Escriba sonhando com seu eu atual??? ehehehehe


É uma questão interessante ...

Eu não a levava a sério, até me ver jogado num dilema semelhante.
 
É uma questão interessante ...

Eu não a levava a sério, até me ver jogado num dilema semelhante.


Rola direto.

Se ficar imóvel olhando as plantinhas ou os cogus ou uma cachoeira e tudo mais, rola solto.

Acho que aqui está um ponto interessante quando se fala em incorporações (de entidades, não imobiliárias). O funcionamento psíquico dessa "bi-identidade" pode ser muito parecido ao que ocorre com esse fenômeno animista muito comum a nós brasileiros.

Acha que tem a ver com o trabalho de oniria do Castañeda (supostamente tolteca), seus passes mágicos e tals? O Yoga dos Sonhos...? Sonho é uma dimensão mágica demais!

Cara, não sei se eu estou na onda ou o que, mas esses tópicos todos parecem estar entrelaçados.... rrsrsrs

Você acabou de postar sobre o Gita e eu venho com uma frase de uma música de Raulzito antes mesmo de ler teu post. kkkkk Rola uma comunidade transcendental nessa parada aqui!

CogumelosMagicos.org definitivamente é meu lar! (e olha que andei tendo umas bad sessions.... rsrsrs)

Esse tópico me lembrou um pouco Powerslave do Iron Maiden.

A curiosidade dessas antigas figuras egípcias é que provavelmente estavam ligadas a um culto micófilo, dizem uns pesquisadores malucões. Não é mesmo?
 
Não sei.

Depois de tanto tempo é fácil confundir os indícios. É um terreno fértil para qualquer teoria pouco provável.
 
Ele estava sonhando com seu eu Escriba ou era o seu eu Escriba sonhando com seu eu atual??? ehehehehe

Sim, livre do espaço-tempo que localiza nossas identidades corpóreas, densas ou sutis...

Entretanto, apenas NINGUÉM é totalmente livre. :D

Aí, mais do que magnífico, torna-se supremo.

Sim, apenas NINGUÉM é livre - o ser jamais é alguém registrado em qualquer sociedade. Embora tenhamos conceitos diferentes do que é o ser acho que concordamos. Olha que bacana.

Eu também tive essa coisa de não saber se era o sábio chinês ou a borboleta, mas não foi sob efeito de substâncias, foi em sonho lúcido. Era outro eu mas era eu que era eu...
 
Será q um dia vai fazer sentido? Qual evento ou explicação tornaria possível isso tudo fazer sentido?


Quando me encontrei de "volta", tava deitado no chão do quarto totalmente passado... heh.
Faz sentido agora?
O evento eh a Expiacao em si.
O objeto da sua observacao nao se divide de voce mesmo, apenas mais uma das cascas de uma cebola enorme.
todas as cascas vivendo uma de cada vez o "lado de fora" que engrossa e amarela ao sol.
 
O sentido nós mesmos damos. Fora isso, é só liberdade!

O objeto da sua observacao nao se divide de voce mesmo, apenas mais uma das cascas de uma cebola enorme. todas as cascas vivendo uma de cada vez o "lado de fora" que engrossa e amarela ao sol.

Com certeza damos algum sentido. Mas isso só conta se vc assumir uma postura totalmente introspectiva e masoquista de q o mundo lá fora é uma criação sua. O sentido q eu dou para algo, para mim pelo menos, é só uma ferramenta temporária para desenhar um argumento na minha cabeça, imediatamente ao fim eu me lembro q eu poderia atribuir qualquer sentido a qualquer coisa, e logo após descarto a projeção de sentido. Isso é um ponto sério para mim, pq eu não vejo utilidade em projetar emoções, desejos ou sentido pro mundo, mas vejo muito mais utilidade nas ações movidas pela mente e a interação direta com o mundo através destas ações.

Isso pq eu sou total adepto da racionalidade, para mim as elucubrações místico esotéricas não contam como explicação de qualquer coisa e não servem como razão para ter algum tipo de fé, então sobra o pensamento crítico, cético e metodológico da ciência.

Pois é, pode bem ser q não exista um sentido default, e no fundo boto fé q mesmo se tiver não é tão necessário quanto pode parecer... a questão é: a pergunta existe sentido na existência (de tudo, humana ou não) é algo abordável cientificamente? Algum dia poderia rolar uma evidência científica e resultado de metodologia de q existe sentido default?

Espero q não corte a onda da galera mas, para mim a experiência não foi mística, psicodélica definitivamente, mística não. Não foi projeção, não foi vida passada, não foi o cara sonhando comigo, não foi shamanismo... foi minha imaginação argumentando comigo vividamente sobre mais um desses pontos interessantes q sempre gosto de pensar quando doidão e na vida normal mesmo.
 
cygnus te admiro muito.
eu mesmo falei isso agora, nas suas palavras pra mim mesmo.
tudinho.
sentido default = sentido default.
 

ahahahahahaha

Não sei se é recomendável pra menores de 18 anos... kkkk Fiquei confuso com o ponto onde eles querem chegar... :confused: De todo jeito, deu vontade de ver!


Pois é, pode bem ser q não exista um sentido default, e no fundo boto fé q mesmo se tiver não é tão necessário quanto pode parecer... a questão é: a pergunta existe sentido na existência (de tudo, humana ou não) é algo abordável cientificamente? Algum dia poderia rolar uma evidência científica e resultado de metodologia de q existe sentido default?

Acho que justamente por sermos racionais não pode haver sentido default. Não há nada de místico nisso. Ao que parece, o Universo dá picas voadoras para nós (moderação, licença humorística para o palavrão descontraído). Então, qualquer sentido que possa haver deve estar ligado aos FATOS que nos fazem bem.

Uma das minhas poucas certezas racionais atualmente é a de que somos elos de uma espécie gregária sobre um planeta -- pense em como isso é raríssissississimo no universo, até provas em contrário.

Se há fatos sobre aquilo que é bom ou não para continuidade de minha existência (e, por conseguinte, dos meus congêneres e nossa sociedade), então deve haver respostas certas e erradas sobre o que é BOM ou MAL. Portanto, é possível, sim, uma espiritualidade dissociada do misticismo e afeita a experimentações e falseabilidade.

Por isso acho infrutífero desprezar nosso passado por uma rejeição genérica do que as linguagens arcaicas nos legaram a respeito da psique humana, a existência humana, etc. Basta contextualizar. Como você mesmo falou: sem fé. Se há um exercício de yoga que, se praticado diariamente, por pelo menos uns 10 anos, te garanta uma saúde de ferro, ora, você saberá os motivos fisiológicos e poderá transcender o jargão mitológico da benção do deus da longevidade. Isso não muda o fato do resultado do exercício. :)

Só chegamos a ser o que hoje somos (se é pouco ou muito, fica ao gosto do freguês) porque somos gregários e preservadores da nossa espécie, buscamos sobreviver o melhor possível e ponto. Não há sentido em bactérias que sobrevivem em locais inóspitos à vida, a não ser que o sentido é a própria Vida, um debater evolutivo.

Não temos sequer forma de saber se há algum ser pantagruélico que nos enxergue como bactérias sobre uma tábua de fatiar carnes.... a Vida não é plenamente racional. Isso equivale a não haver sentido algum, pois o que é incompreensível, não nos chega à percepção, só está fora do jogo de forças físicas da nossa cabeça.

Portanto, nessas fugazes vidas que levamos, a não completamente racional conformação da minha mente, seus pensamentos, complexos, comportamentos e hábitos também se desdobram em FATOS que afetam intimamente o bem estar meu e do meio onde me insiro.

Sabemos que matar é errado, não porque a lei assim nos grite ou porque o padre assim nos doutrine. Lá dentro de cada serzinho há um instinto que possivelmente tenha abrangência proporcional ao nível de inteligência (por exemplo, animais não possuem sistemas de tratamento de esgoto, abelhas não têm o mesmo nível de análise nossa que temos delas e por aí vai): autopreservação.

Quando mencionei a incorporação, não me tome como um crente nesse tipo de fenômeno. Uso o termo apenas como designação do contexto antropológico da experiência. ;)

Assim como você se permitiu (ainda que na brisa dos loucomelos) experimentar um outro personagem que não o seu cotidiano, há atores que fazem isso conscientemente e em graus maiores, bem como pessoas de religiões animistas. Isso pode dizer muito sobre o que a pessoa tem encerrado em seu inconsciente.

Não importa como ocorra: "incorporação", alucinógenos (já que faz questão de ser científico), método Grotowski, meditação, noite de estudos/pesquisas, noite de balada, sexo, acidente... o FATO é que há aí um fenômeno chamado TRANSE. E por aí vai. É possível, sim, uma abordagem científica.
 
O sentido q eu dou para algo, para mim pelo menos, é só uma ferramenta temporária para desenhar um argumento na minha cabeça, imediatamente ao fim eu me lembro q eu poderia atribuir qualquer sentido a qualquer coisa, e logo após descarto a projeção de sentido. Isso é um ponto sério para mim, pq eu não vejo utilidade em projetar emoções, desejos ou sentido pro mundo, mas vejo muito mais utilidade nas ações movidas pela mente e a interação direta com o mundo através destas ações.
Pra mim a viagem de cogumelos só termina quando eu vejo alguma ação saindo para o mundo (semanas, meses depois da ingestão), e algumas vezes a observação da ação me prova que o que foi mostrado não era um projeção emocional minha, outras não.

Se há fatos sobre aquilo que é bom ou não para continuidade de minha existência (e, por conseguinte, dos meus congêneres e nossa sociedade), então deve haver respostas certas e erradas sobre o que é BOM ou MAL. Portanto, é possível, sim, uma espiritualidade dissociada do misticismo e afeita a experimentações e falseabilidade.
Concordo. A espiritualidade como uma ferramenta humana, de experimentação e veículo de vontade. Tem esse nome apenas na falta de um melhor, por se alinhar a função arcaica mas é um fenômeno contextualizado quando é descoberto através de um empirismo autoguiado, sem amarras com instituições seculares. Pra mim é só a arte de ser.

Não importa como ocorra: "incorporação", alucinógenos (já que faz questão de ser científico), método Grotowski, meditação, noite de estudos/pesquisas, noite de balada, sexo, acidente... o FATO é que há aí um fenômeno chamado TRANSE. E por aí vai. É possível, sim, uma abordagem científica.
E nós bem sabemos que o transe é um mistério que a ciência convencional sequer arranha. Um campo fecundo para qualquer cientista que se preze.
 
Sim, todas a experiências extra-corporais nos parecem em um contexto previamente elaborado, esperamos que sejamos levados para determinados lugares, para vivenciar certas coisas que precisamos entender agora, mas o que me chama atenção, é que eu numca li nesses relatos alguem sendo hitita, indo-europeus, azandes... e por ai vai... sempre voltamos ao egito, roma, mundo medieval, não leio nimguem sendo um zulu, ou algo do tipo... por isso entendo que essas experiências extra-corporeas são apensas uma resposta pra uma pergunta que estamos nos fazendo, qual pergunta é essa ?
 
Essa interpretação é uma das possíveis. E nem precisa da justificativa que você escreveu.

Mesmo porque tem gente sim que nessas experiências se vê nos mais diferentes rincões e épocas do planeta. Ou de fora dele.
 
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