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Terceira Experiência 0,8g - Cubensis

felipeleox

Esporo
Cadastrado
20/12/2021
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Boa tarde a todos.

No período da minha primeira e segunda experiência, a maior preocupação da minha esposa em também experimentar os cogumelos era passal mal do estômago. Mas como eu não tive nenhum tipo de problema nesse sentido, ela decidiu experimentar.

Não tínhamos planejado uma data, até que um casal de amigos nos convidou para irmos a uma cachoeira num domingo.
Somente nosso amigo havia experimentado cogumelos anteriormente. Minha esposa e a nossa amiga ainda não.

A ideia seria de fazer um churrasco, e curtirmos o lugar. Confesso que fiquei preocupado em relação a dirigir (fomos com meu carro), e pegaríamos bastante estradas não asfaltadas.
Para minha esposa separei 0,5g e pra mim 0,8g. Essa dose já seria interessante pra sentir os efeitos de uma dose mais baixa, e sem muito risco de afetar na condução do carro para voltar.
Carregamos as coisas (cadeiras, churrasqueira, carvão, utensílios, cooler com suco, água e comida), e partimos.

Não recomendo consumir psicodélicos e dirigir. No meu caso não houve nenhum problema quanto a isso, mas existem muitos riscos que precisam ser considerados.

Levamos por volta de uma hora pra chegar no local, mas só lá nosso amigo informou que precisaríamos cruzar o rio pra chegar na área mais bacana.
Confesso que fiquei meio preocupado, porque foi trabalhoso atravessar com as coisas e não sabia como seriam os efeitos do cogumelo naquela dosagem.

Mas enfim... Após a travessia, todos comeram suas respectivas doses com mel, e tomamos suco de laranja.
Logo após comer os cogumelos, acendemos a churrasqueira e ficamos conversando. A ideia seria conseguir comer antes dos efeitos ficarem mais perceptíveis.

Tive a impressão de que os efeitos começaram depois de uns 25 minutos. Senti que nós quatro ficamos mais relaxados, rindo com mais facilidade e frequência. Até a simples tarefa de cuidar do pão de alho, queijo coalho e linguiça ficou engraçada.

Estávamos um tanto perto da queda dágua, e as vezes vinha bastante “névoa” da cachoeira, então precisamos montar uma barreira pra manter o fogo acesso e conseguir assar tudo.

O pão e o queijo ficaram prontos primeiro, comemos, estavam com um sabor diferente do “normal”, mas estava gostoso. Depois nos sentamos próximo a água, nessa hora tive uma leve mudança na percepção visual (mas muito sutil mesmo), e os sons da floresta pareciam muito mais altos.

Depois as linguiças ficaram prontas, tirei do fogo, mas todos nós estávamos sem vontade alguma de comer mais. Ficamos mais um tempo conversando próximo a água, mas a temperatura pareceu diminuir, a ponto de começar a incomodar.

Mudamos nossas cadeiras para uma área de mata um pouco mais fechada. Foi até um alívio “parar” com aquele som forte de água da cachoeira. Ficamos um pouco sentados, um pouco deitados, teve um momento em que todos pareceram ficar bastante reflexivos, em outros voltávamos a conversar...

No total acho que ficamos 2h nessa área, e conversamos sobre guardar as coisas no carro para andar até a parte superior da cachoeira (a pé, pela estrada). Então organizamos as coisas e voltamos.

Interessante que a travessia do rio na volta foi muito mais tranquila do que na ida. A travessia pareceu mais fácil (não era fundo, mas tinha que tomar cuidado para não pisar errado nas pedras, e tinha um trecho em que precisávamos segurar num tronco de árvore que estava atravessado dentro da água. A água estava bem gelada, e a correnteza era um pouco forte em um trecho, mas foi uma experiência bacana o retorno. Minha percepção foi de que o equilíbrio estava melhor do que antes de comer os cogumelos.

Guardamos as coisas no carro, fomos a pé conversando até a parte superior. Havia um pessoal por lá, então só demos uma olhada e voltamos.

Nosso amigo disse que havia uma outra parte do rio, mais abaixo, onde a água não vinha em correnteza muito forte, e era bem raso. Fomos andando até lá. Acho que a água não passava do tornozelo, bem transparente, dava pra ver muito bem as pedrinhas em baixo, e haviam muitos peixinhos e girinos.

Acho que foi o momento mais relaxante do dia. Ficamos sentados nas pedras no meio do rio, e começou a bater um sol em nós que deixava a água e o fundo do rio com aspecto bem bonito. Começamos a conversar sobre o que estávamos achando dos efeitos e tudo mais. Bacana que nós todos sentimos um alívio grande por termos parado de ouvir o som forte da cachoeira. De alguma forma isso estava nos incomodando, mas não tínhamos conseguido perceber até chegarmos nessa outra área mais silenciosa.

Foi legal que minha esposa e nossa amiga estavam curtindo também. Acho que estavam um pouco receosas, mas o fato da dose bem baixa foi agradável para aquele contexto.

Ali tivemos a impressão de que o efeito já estava diminuindo, mas “estabilizado” a um tempo. Como se numa escala, ele tinha caído dos 100% para uns 60%, mas mantendo, sem cair mais.
Decidimos ir para um pesqueiro que nossos amigos conheciam, que ficava na metade do caminho entre onde estávamos e nossa casa.

Nessa hora eu já estava bastante tranquilo e seguro quanto a dirigir (mas fiquei bastante atento), e a volta foi legal porque todos estavam mais interessados nas paisagens do caminho, comentando sobre elas. E pra poder interagir com eles, voltei bem mais devagar do que na ida. Foi realmente um passeio mais de observação do lugar, bem bacana.

Chegamos ao pesqueiro, estava relativamente cheio de pessoas, mas conseguimos achar uma área bacana de gramado com sombra e passamos mais um tempo ali. Conversamos sobre bastante coisa, inclusive sobre o uso de psicodélicos, sobre as pesquisas e experiências que venho tendo, etc...
Ali os efeitos já estavam muito sutis. Difícil traduzir, mas sentíamos estar apenas “levemente chapados”, bem tranquilos.

Dali os deixamos em casa, fomos pra casa descansar um pouco, e voltamos até a casa deles pra tomar um “café da noite” e conversar mais um pouco.



Diferente das duas primeiras experiências (3g e 1,5g), nessa com 0,8g não tive pensamentos mais profundos, ou estado contemplativo muito intenso. O que me marcou em relação aos efeitos foi a “não vontade” de comer depois que os efeitos começaram, a mudança de percepção de equilíbrio e temperatura, e a conexão com as pessoas.


Acho que posso resumir que senti um bem estar agradável, exceto em alguns momentos em que o som da água/floresta aparentemente ficou muito alto, e a temperatura do ambiente acabou diminuindo.


Fiquei com a sensação de que essa dose pode funcionar pra mim como um tipo de “uso recreativo” bastante tranquilo. Apesar de ter efeitos diferentes, senti uma tranquilidade de consumir essa dosagem baixa para as mesmas situações em que saímos e fumamos maconha com os amigos, por exemplo.




Refletindo dias depois sobre a experiência, foi bastante tranquila e agradável.
 
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