- 27/11/2009
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Não consegui achar um título melhor pra essa experincia, mais isso é o menos importante. Nem sei também como (e se) consigo ver um raciocínio lógico no que estou postando. Puta que pariu, ainda to juntando os cacos que minha cabeça ficou (ou penso que ficou).
Juro que ontem tentei postar esse relato mais foi impossível. Tudo ainda estava muito confuso.
Bom.... Fui pro sítio com uma única intenção: fazer outra viagem. Tudo ao meu ver estava pró, muita chuva, sol e o mais importante, estaria sozinho, se encontrasse os cubs, beleza
Cheguei no sítio e dou de cara com dois cogumelos enormes. O mais curioso é que não estavão no pasto. Estavão bem no meio da estrada, bem perto da porteira que vai pra casa. Guardei o carro e a primeira coisa que fiz, foi lá dar uma olhada. Fiquei de cara. Eles estavão quase que só na terra, só tinha um ralo vestígio da bostona da vaca. Eles "suavam". Tinha muita sujeira de terra nele, alí corre enxurrada da estrada e até fiquei em dúvida se eram eles.
Resolvi sair dar uma olhada pelo pasto, vai que aqueles não eram aqueles. Fiquei uma meia hora na procura e nada. Pra não dizer nada, encontrei somente um, mas já estavão em decomposição e muitos ainda pinando. Voltei pra casa e pensei. Se for eles, não tem nem condição de comer in natura. Vou ter que fazer o chá.
Coloquei numa caneca dois copos de água pra ferver e fui lá ver se eram mesmo os cubensis. Peguei e tirei um quase que na base. Não demorou muito e o bitelo começou a azular na estirpe. Pronto, eram eles. Coletei o outro e mais um pequeno que tinha apontado alí perto. Dois grandes e um pequeno.
Fui até a pia e lavei os cubs. Estávão bem sujos de terra. Piquei os cogs com a mão e deixei ferver por mais ou menos uns quinze minutos. Apaguei o fogo e deixei mais uns dez minutos pra dar uma esfriada. Peguei uma peneira e coei o chá. Os cubs que ficaram no fundo da caneca, coloquei num pano e expremi, bem expremido. Saiu um caldo escuro. Um chá quase preto. Coloquei um tiquinho de açúcar e mandei goela abaixo. Eram onze horas da manhã. Pronto, tá feito.
Não demorou muito e já comecei a sentir os efeitos. A primeira impressão foram as cores das plantas. Tava tudo muito vivo. Cores realmente vibrantes. O céu de um azul que eu nunca tinha visto na vida. Tudo era cor. Minha audição também ficou mais apurada. Ouvia todos os sons do ambiente. Pássaros. O canto dos pássaros não estavão como eu conheço, percebia a diferença. O som dos insetos. Puta merda, eu ouvia tudo perfeitamente. Tinha mamangava voando em flores perto da casa. O zuuuum que elas faziam eu ouvia dez vezes melhor. Tava ouvindo tudo em estéreo.
O tempo mudou. O vento parou e o ar ficou pesado. Podia tocar o ar. Sentia meu corpo pulsar e tudo pulsava junto. A Terra, o Planeta, o Universo pulsa e eu pulso junto. Como se tudo fosse um só. TUDO era UNO. Fiquei envolvido por esse sentimento.
Comecei a sentir o momento do meu nascimento. Tudo o que se passou eu podia sentir, não visualizar. As emoções, a estranheza daquele corpo, o novo mundo que se apresentava e os sentidos do tato. Senti isso perfeitamente. Uma nescessidade de um novo nascer tomou conta de mim. Fui pro pasto e lancei no ar um grito gutural, esse grito saiu do fundo das minhas entranhas. Era como o aviso do nascimento de um novo ser.
Estava entrando num tipo de transe. Comecei a ficar cansado. Meu corpo foi ficando pesado e tava perdendo o controle dos movimentos. Fui pra dentro de casa e sentei numa poltrona velha que tem na sala. Nesse momento entrei numa viagem estranha. Me veio a mente um índio velho, muito velho e alí onde eu estava sentado era o exato lugar que num tempo muito distante ele vinha buscar o conhecimento. Aquele lugar era uma mata fechada e ele estava alí, em estado de transe. Puta que pariu, aquele índio SOU EU. O cogumelo era a ponte pra esse encontro. Tinha novamente dado VIDA aquele índio. Não tenho conhecimento sobre cultura indigena e nem sobre espiritismo. Aquilo não foi incorporação, foi uma VISÃO. Pirei total. Aquilo me baquiô, entrei em parafuso.
Não sabia mais que EU era. Tinha perdido minha identidade. Eu não sou mais quem eu penso que sou. Entrei numa bad filha da puta. Toda beleza do inicio da trip evaporou. Fiquei numas que eu nunca mais sairia daquela viagem. Tava condenado a vagar tantan pelas ruas da cidade. Minha família não me reconheceria mais. Tudo estava perdido. Mergulhei num mundo paralelo e não sairei nunca mais. Surtei. Tive uma gripe forte ano passado e fiquei com um zumbido agudo no ouvido;iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii. Isso nunca me incomodou, só que pirei que aquilo era uma mensagem de um outro mundo. Ouvia outros sons dentro da minha cabeça; TUM TUM, TUM TUM TUM. TU, TUTUTUTU. Fodeu. Minha mente é receptora de sinais e mensagens do universo paralelo. Minha missão aqui na Terra é de observador. Puta que pariu, fiquei louco.
Andava pela casa, pelo quintal como um animal aprisionado. De um lado pro outro. Ficava falando: preciso sair dessa bad, preciso sair dessa bad, se situa cara, se situa cara. Bad filha da puta, deixa minha cabeça em paz, pelo amor de deus. O mundo, as horas, o tempo tudo em camera lenta e eu maluco. Enfiei na cabeça que tinha que vomitar o chá, mais não conseguia de jeito nenhum. Colocava o dedo na garganta e nada. Tomava água, café, suco, fuma cigarro e não conseguia por pra fora o chá. Comecei a comer grama, como um cachorro faz pra vomitar e nada. Puta que pariu, esse chá tá preso aqui DENTRO. Tudo que saía era o arroto. Me desesperei. Suava pra caramba. Achava que ia morrer. Não conseguia me situar de jeito nenhum. Olho pro relógio e percebo que o tempo ta passando. Logo teria que ir embora. Merda, merda, merda. Porra o que é que eu faço agora?
A pira cada vez pior. Molhava a cabeça, batia no rosto, rangia os dentes pra ver se eu voltava daquela bad. Não conseguia nada. Música indiana vinha na minha cabeça vinda não sei de onde. Tudo fora de controle, não sabia mais nada. No começo da trip deixei o celular desligado. Falei bem alto ME ESQUEÇAM. Peguei e liguei ele novamente, precisava desesperadamente falar com alguém. Não conseguia completar ligação nenhuma. Ninguem atendia aquela merda. Precisava de contato com o mundo real pra sair daquela doidera. Consegui ouvir a voz do meu filho e falar com minha mulher. A ligação tava uma porcaria, não entendia quase nada do que eles falavam. To condenado.
Olhei pro relógio e já eram umas tres horas. Andava pra todo lado, deitava no sofá, levantava de novo. Fui molhar a cabeça navamente. Lavei o rosto. Parecia que devagar, bem lentamente tava saindo daquela bad. Tomei um café, fumei um cigarro. Foi parando a suadeira. Minha boca não tava mais tão seca como antes. Tomei água. Começava a me situar. Percebi que o pico da viagem tava passando. Bati no peito e disse: Bad filha da puta eu passei por voce e continuo vivo. Mas não foi um grito de vitória. Não foi um jogo ou uma disputa. Foi uma passagem, como um rito de iniciação.
O tempo começou a mudar. Céu escuro e muitos raios. Esse foi o sinal pra eu ir embora. Juntei as tralhas e me fui. Parei o carro pra abrir a porteira e uns trinta metros bem na minha frente, um cachorro do mato. Olhei pra ele e senti ali que ele me observava. Pensei. Agora já era. O mundo enteógeno tá dentro de mim e eu dentro dele. Espero somente que numa próxima trip, encarar tudo com mais calma e poder absorver tudo que estiver pra ser aprendido.
Abs
Juro que ontem tentei postar esse relato mais foi impossível. Tudo ainda estava muito confuso.
Bom.... Fui pro sítio com uma única intenção: fazer outra viagem. Tudo ao meu ver estava pró, muita chuva, sol e o mais importante, estaria sozinho, se encontrasse os cubs, beleza
Cheguei no sítio e dou de cara com dois cogumelos enormes. O mais curioso é que não estavão no pasto. Estavão bem no meio da estrada, bem perto da porteira que vai pra casa. Guardei o carro e a primeira coisa que fiz, foi lá dar uma olhada. Fiquei de cara. Eles estavão quase que só na terra, só tinha um ralo vestígio da bostona da vaca. Eles "suavam". Tinha muita sujeira de terra nele, alí corre enxurrada da estrada e até fiquei em dúvida se eram eles.
Resolvi sair dar uma olhada pelo pasto, vai que aqueles não eram aqueles. Fiquei uma meia hora na procura e nada. Pra não dizer nada, encontrei somente um, mas já estavão em decomposição e muitos ainda pinando. Voltei pra casa e pensei. Se for eles, não tem nem condição de comer in natura. Vou ter que fazer o chá.
Coloquei numa caneca dois copos de água pra ferver e fui lá ver se eram mesmo os cubensis. Peguei e tirei um quase que na base. Não demorou muito e o bitelo começou a azular na estirpe. Pronto, eram eles. Coletei o outro e mais um pequeno que tinha apontado alí perto. Dois grandes e um pequeno.
Fui até a pia e lavei os cubs. Estávão bem sujos de terra. Piquei os cogs com a mão e deixei ferver por mais ou menos uns quinze minutos. Apaguei o fogo e deixei mais uns dez minutos pra dar uma esfriada. Peguei uma peneira e coei o chá. Os cubs que ficaram no fundo da caneca, coloquei num pano e expremi, bem expremido. Saiu um caldo escuro. Um chá quase preto. Coloquei um tiquinho de açúcar e mandei goela abaixo. Eram onze horas da manhã. Pronto, tá feito.
Não demorou muito e já comecei a sentir os efeitos. A primeira impressão foram as cores das plantas. Tava tudo muito vivo. Cores realmente vibrantes. O céu de um azul que eu nunca tinha visto na vida. Tudo era cor. Minha audição também ficou mais apurada. Ouvia todos os sons do ambiente. Pássaros. O canto dos pássaros não estavão como eu conheço, percebia a diferença. O som dos insetos. Puta merda, eu ouvia tudo perfeitamente. Tinha mamangava voando em flores perto da casa. O zuuuum que elas faziam eu ouvia dez vezes melhor. Tava ouvindo tudo em estéreo.
O tempo mudou. O vento parou e o ar ficou pesado. Podia tocar o ar. Sentia meu corpo pulsar e tudo pulsava junto. A Terra, o Planeta, o Universo pulsa e eu pulso junto. Como se tudo fosse um só. TUDO era UNO. Fiquei envolvido por esse sentimento.
Comecei a sentir o momento do meu nascimento. Tudo o que se passou eu podia sentir, não visualizar. As emoções, a estranheza daquele corpo, o novo mundo que se apresentava e os sentidos do tato. Senti isso perfeitamente. Uma nescessidade de um novo nascer tomou conta de mim. Fui pro pasto e lancei no ar um grito gutural, esse grito saiu do fundo das minhas entranhas. Era como o aviso do nascimento de um novo ser.
Estava entrando num tipo de transe. Comecei a ficar cansado. Meu corpo foi ficando pesado e tava perdendo o controle dos movimentos. Fui pra dentro de casa e sentei numa poltrona velha que tem na sala. Nesse momento entrei numa viagem estranha. Me veio a mente um índio velho, muito velho e alí onde eu estava sentado era o exato lugar que num tempo muito distante ele vinha buscar o conhecimento. Aquele lugar era uma mata fechada e ele estava alí, em estado de transe. Puta que pariu, aquele índio SOU EU. O cogumelo era a ponte pra esse encontro. Tinha novamente dado VIDA aquele índio. Não tenho conhecimento sobre cultura indigena e nem sobre espiritismo. Aquilo não foi incorporação, foi uma VISÃO. Pirei total. Aquilo me baquiô, entrei em parafuso.
Não sabia mais que EU era. Tinha perdido minha identidade. Eu não sou mais quem eu penso que sou. Entrei numa bad filha da puta. Toda beleza do inicio da trip evaporou. Fiquei numas que eu nunca mais sairia daquela viagem. Tava condenado a vagar tantan pelas ruas da cidade. Minha família não me reconheceria mais. Tudo estava perdido. Mergulhei num mundo paralelo e não sairei nunca mais. Surtei. Tive uma gripe forte ano passado e fiquei com um zumbido agudo no ouvido;iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii. Isso nunca me incomodou, só que pirei que aquilo era uma mensagem de um outro mundo. Ouvia outros sons dentro da minha cabeça; TUM TUM, TUM TUM TUM. TU, TUTUTUTU. Fodeu. Minha mente é receptora de sinais e mensagens do universo paralelo. Minha missão aqui na Terra é de observador. Puta que pariu, fiquei louco.
Andava pela casa, pelo quintal como um animal aprisionado. De um lado pro outro. Ficava falando: preciso sair dessa bad, preciso sair dessa bad, se situa cara, se situa cara. Bad filha da puta, deixa minha cabeça em paz, pelo amor de deus. O mundo, as horas, o tempo tudo em camera lenta e eu maluco. Enfiei na cabeça que tinha que vomitar o chá, mais não conseguia de jeito nenhum. Colocava o dedo na garganta e nada. Tomava água, café, suco, fuma cigarro e não conseguia por pra fora o chá. Comecei a comer grama, como um cachorro faz pra vomitar e nada. Puta que pariu, esse chá tá preso aqui DENTRO. Tudo que saía era o arroto. Me desesperei. Suava pra caramba. Achava que ia morrer. Não conseguia me situar de jeito nenhum. Olho pro relógio e percebo que o tempo ta passando. Logo teria que ir embora. Merda, merda, merda. Porra o que é que eu faço agora?
A pira cada vez pior. Molhava a cabeça, batia no rosto, rangia os dentes pra ver se eu voltava daquela bad. Não conseguia nada. Música indiana vinha na minha cabeça vinda não sei de onde. Tudo fora de controle, não sabia mais nada. No começo da trip deixei o celular desligado. Falei bem alto ME ESQUEÇAM. Peguei e liguei ele novamente, precisava desesperadamente falar com alguém. Não conseguia completar ligação nenhuma. Ninguem atendia aquela merda. Precisava de contato com o mundo real pra sair daquela doidera. Consegui ouvir a voz do meu filho e falar com minha mulher. A ligação tava uma porcaria, não entendia quase nada do que eles falavam. To condenado.
Olhei pro relógio e já eram umas tres horas. Andava pra todo lado, deitava no sofá, levantava de novo. Fui molhar a cabeça navamente. Lavei o rosto. Parecia que devagar, bem lentamente tava saindo daquela bad. Tomei um café, fumei um cigarro. Foi parando a suadeira. Minha boca não tava mais tão seca como antes. Tomei água. Começava a me situar. Percebi que o pico da viagem tava passando. Bati no peito e disse: Bad filha da puta eu passei por voce e continuo vivo. Mas não foi um grito de vitória. Não foi um jogo ou uma disputa. Foi uma passagem, como um rito de iniciação.
O tempo começou a mudar. Céu escuro e muitos raios. Esse foi o sinal pra eu ir embora. Juntei as tralhas e me fui. Parei o carro pra abrir a porteira e uns trinta metros bem na minha frente, um cachorro do mato. Olhei pra ele e senti ali que ele me observava. Pensei. Agora já era. O mundo enteógeno tá dentro de mim e eu dentro dele. Espero somente que numa próxima trip, encarar tudo com mais calma e poder absorver tudo que estiver pra ser aprendido.
Abs