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Segunda Experiência 1,5g - Cubensis

felipeleox

Esporo
Cadastrado
20/12/2021
41
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Boa tarde a todos.

Depois da primeira experiência bastante positiva, havia sobrado 1,5g de cubensis desidratados.
Minha esposa ainda estava com receio de experimentar, então aproveitamos um dia em que ela sairia a noite com algumas amigas para eu comer e ficar em casa.


Neste dia cuidei com a alimentação (para não comer nada muito pesado, ou muita quantidade), e separei alguns vídeos e músicas que eventualmente tivesse vontade de assistir durante a experiência.

Comi os cogumelos com mel por volta das 17:30 e fui para o banho.
Em certo momento comecei a sentir os primeiros efeitos, um prazer em sentir a água caindo no corpo, o som da água...
Quando terminei o banho minha esposa estava terminando de se arrumar e logo saiu.

Como já havia escurecido, não quis ficar fora de casa. Então coloquei um álbum pra tocar e sentei no sofá. Nessa etapa comecei a bocejar muito, e conseguia enxergar as coisas com um pouco mais de cor do que o normal, mas longe da primeira experiência com 3g.

Inclusive, esse foi um ponto em que pensei bastante. Inevitavelmente fiquei comparando as sensações de 3g da experiência anterior com a de 1,5g que estava tendo. Interessante que algumas “sintomas” ocorreram de maneira muito similar, como por exemplo os bocejos excessivos e prazerosos depois de um tempo, mas outros que foram muito fracos, como por exemplo o aumento de percepção de cores.

Enquanto escutava música na sala, senti que não era isso que queria estar fazendo e me lembrei de um vídeo que havia salvo durante a semana, mais especificamente um mini doc sobre a "passagem" do Jimmy Page (guitarrista do Led Zeppelin) pelo Brasil.
Foi interessante assistir sob o efeito dos cogumelos. Sentia que me foquei mais do que o normal (e já me considero bastante focado pra esse tipo de conteúdo normalmente), e me senti bem aprendendo sobre aquela história.

Vale aqui uma contextualização: Led Zeppelin foi uma das bandas que mais ouvi na vida. Lá pelos 15 anos de idade, estava aprendendo a tocar guitarra e quando conheci a banda, escutei todos os discos (muitas vezes), assisti todos os shows disponíveis em DVD, li vários livros sobre a banda... Enfim, é algo que fez parte da minha vida de maneira bem intensa por muitos anos. Agora voltando à experiência...

Eu já conhecia essa história que foi contata no vídeo, mas eu só a tinha lido, e não visto filmagens ou depoimentos nesse formato. E inevitavelmente senti uma vontade grande de escutar Led Zeppelin. Já tinha um bom tempo que eu não "parava pra escutar" os discos.
Junto disso, comecei a ficar incomodado de estar dentro de casa (inclusive isso é algo que sempre acontece nas minhas experiências com LSD - ficar muito tempo "fechado" em algum lugar me deixa inquieto), então coloquei um agasalho de moletom, peguei os fones de ouvido e celular, e saí para caminhar escutando Led Zeppelin.

Naquela noite o clima estava um pouco frio e com garoa. Comecei a caminhada escutando The Houses of the Holy (1973).

Moro num bairro bastante tranquilo, pouco movimento de carros e pessoas, então não temos muita insegurança ou medo em andar por aqui, independe do horário. Certamente isso fez muita diferença na experiência.
Acho que o ponto mais marcante foi a percepção de conseguir prestar atenção a muitas coisas ao mesmo tempo. Sentia a movimentação do corpo de uma forma bastante intensa, ao mesmo tempo em que prestava atenção à rua e também escutava a música.

Lembro que o ritmo dos passos acabava seguindo o ritmo da música, e em certo momento eu comecei a lembrar profundamente de outras vezes em que eu havia escutado aquele disco. É o tipo de experiência que considero difícil transcrever em texto, mas foi como se através da música eu pudesse “me ver” em diferentes fases da vida. Me lembrei claramente de como foi o dia em que comprei o CD e escutei pela primeira vez, e todo o contexto da minha vida naquele momento me veio à tona. Então eu pude fazer uma espécie de “comparativo” entre minha vida naquele período e hoje.
Conforme ia escutando e caminhando, me vinham outras lembranças de outros momentos da vida em que eu escutei o disco, e esse processo de relembrar o contexto da vida naquele outro momento vinha, e um novo “comparativo” acontecia. Tudo isso enquanto estava curtindo realmente o som, a caminhada, a garoa...

Depois ainda escutei o primeiro disco da banda (1969), mas já tendo menos dessas lembranças e focando mais no som.
Nisso já haviam se passado 1h30min caminhando, e estava a uns 3 km de casa.

Senti que os efeitos estavam começando a diminuir, voltei pra casa , tomei outro banho, comi alguma coisa e sentei pra assistir alguns vídeos.

Passado mais 1 hora, novamente fiquei um tanto inquieto e saí para mais uma caminhada, dessa vez bem mais curta e sem ir muito longe. Me senti praticamente sóbrio quando voltei pra casa, e fiquei esperando minha esposa chegar.
Quando chegou conversamos um pouco, ela contou como foi com as amigas, contei o que tinha feito e fomos dormir.




Depois refletindo sobre a experiência, achei realmente interessante essa “comparação” entre o “Eu de hoje” e os “Eus de outras épocas”. Foi bem significativo e positivo.


Em questão de dosagem, acho que preferi as sensações proporcionadas pela primeira dose de 3g, mas achei muito importante a experiência com a dose menor de 1,5g para entender melhor como meu corpo reage. Certamente esses testes com dosagens diferentes e controladas vão nos auxiliando a entender qual dosagem é melhor para cada situação.
 
A experiência pode ser mais branda e reflexiva quando a mente está preparada e a trip é feita com um planejamento ^^
O que sua esposa tem achado das suas viagens? Ela mostrou interesse?

Concordo, o ambiente e mente "em ordem" é muito positivo.

Minha esposa tem interesse sim. Na realidade, já vínhamos tendo algumas experiências psicodélicas juntos desde 2020 com LSD.

O receio maior dela com os cogumelos é de sentir desconforto no estômago, ou algo assim.

Mas no momento já tivemos experiências juntos onde ela comeu cogumelos também. Assim que possível devo escrever um texto sobre e crio um novo tópico.
 
Que legal... queria muito experimentar com marido pela primeira vez, minha e dele.... Será q é muito furada?
 
Que legal... queria muito experimentar com marido pela primeira vez, minha e dele.... Será q é muito furada?
Complicado responder... Depende de bastante coisa.

Minha primeira experiência com psicodélicos foi tomando LSD (meio papel de 200ug), junto com minha esposa em casa.

Pra nós foi muito bom. O relacionamento na época já tinha 8 anos, e morando junto a cerca de 1.
Nosso sentimento foi de entender melhor o outro, nos abrimos mais durante a experiência, repensamos e lembramos de várias coisas do relacionamento.

Mas eu já estava pesquisando sobre o assunto a bastante tempo, e ela também queria ter a experiência.


Acho que se for uma coisa bem conversada antes, preparando o "set and setting" adequado e sentirem que é o dia pra isso (o mais importante é estarem bem individualmente e como casal), pode ser legal.
 
Complicado responder... Depende de bastante coisa.

Minha primeira experiência com psicodélicos foi tomando LSD (meio papel de 200ug), junto com minha esposa em casa.

Pra nós foi muito bom. O relacionamento na época já tinha 8 anos, e morando junto a cerca de 1.
Nosso sentimento foi de entender melhor o outro, nos abrimos mais durante a experiência, repensamos e lembramos de várias coisas do relacionamento.

Mas eu já estava pesquisando sobre o assunto a bastante tempo, e ela também queria ter a experiência.


Acho que se for uma coisa bem conversada antes, preparando o "set and setting" adequado e sentirem que é o dia pra isso (o mais importante é estarem bem individualmente e como casal), pode ser legal.
É isso q estou fazendo... já nem quero comprar, quero cultivar pra já estar conectada com essa energia de criação. Acho q ele vai querer comer, pois ontem conversando disse a ele q inclusive vamos num Airbnb numa casinha perto da natureza, só nós dois e levar o telescópio pra dar uma olhada nas estrelas... ele já se interessou... moramos em apto e ganhamos um telescópio, o pobi nem saiu da caixa ainda...
 
É isso q estou fazendo... já nem quero comprar, quero cultivar pra já estar conectada com essa energia de criação. Acho q ele vai querer comer, pois ontem conversando disse a ele q inclusive vamos num Airbnb numa casinha perto da natureza, só nós dois e levar o telescópio pra dar uma olhada nas estrelas... ele já se interessou... moramos em apto e ganhamos um telescópio, o pobi nem saiu da caixa ainda...

Que bacana.

Acho legal estar próximo a uma área mais aberta e com natureza. Em todas as minhas experiências tem um momento que sinto necessidade de ficar ao ar livre.
 
Obrigado pelo relato. :)

foi como se através da música eu pudesse “me ver” em diferentes fases da vida.

Sei como é. Memórias que se fixam em trechos de músicas sempre e sempre retornarão quando você escutar aquele trecho.

Imagino vc então escutar um álbum que andou com sua vida desde adolescente.

E ser jogado no passado, criando 1 vínculo perceptivo com seu estado de vida presente, é bem poderoso, em termos de autoconhecimento, autocrítica e autoaceitação.

Led Zeppelin foi uma das bandas que mais ouvi na vida. Lá pelos 15 anos de idade, estava aprendendo a tocar guitarra e quando conheci a banda, escutei todos os discos (muitas vezes), assisti todos os shows disponíveis em DVD, li vários livros sobre a banda... Enfim, é algo que fez parte da minha vida de maneira bem intensa por muitos anos

Meu contato com Led em psicodelia se deu só ano passado, e foi muito legal. Não foram cogumelos, e planejo um dia sentir como seria ouvi-los sob os Santos. Mas como eles não tem uma sonoridade enteogênica, ou conceitual-reflexi=va, seria só numa experiência não-religiosa, pra diversão mesmo.

Em questão de dosagem, acho que preferi as sensações proporcionadas pela primeira dose de 3g, mas achei muito importante a experiência com a dose menor de 1,5g para entender melhor como meu corpo reage. Certamente esses testes com dosagens diferentes e controladas vão nos auxiliando a entender qual dosagem é melhor para cada situação.

Ahan, doses mais altas não significam experiências de melhor qualidade ou de maior transformação interna.
 
Sei como é. Memórias que se fixam em trechos de músicas sempre e sempre retornarão quando você escutar aquele trecho.

Imagino vc então escutar um álbum que andou com sua vida desde adolescente.

E ser jogado no passado, criando 1 vínculo perceptivo com seu estado de vida presente, é bem poderoso, em termos de autoconhecimento, autocrítica e autoaceitação.

A primeira vez em que algo desse tipo aconteceu, foi quando havia tomado LSD com minha esposa em casa, e acabamos colocando para tocar o disco Novo Aeon do Raul Seixas (também escutei muitas vezes ao longo de alguns anos).

Acho que foi minha segunda experiência com LSD, então ainda não "sabia" como o corpo e mente se comportam no estado alterado. Lembro que na sexta faixa, simplesmente me vieram tantas lembranças num intervalo tão curto de tempo que eu desabei em chorar pela mistura tão intensa de emoções que surgiram juntas.
Foi muito bom.
 

Já reparou que a sonoridade dele é como se tivesse ouro no ar? Pra mim é assim. E só ele, com aqueles "sinos" discretos em suas músicas junto à percussão. Uma sonoridade psicodélica peculiar.
 
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