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Relatos das Ciências Ocultas da Alma

thoth

Esporo
Cadastrado
30/09/2024
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Esses relatos provêm da ideia de utilizar como parâmetro para minha evolução espiritual e compartilhar com adeptos à essa experiência psicodélica. Expressarei a ideia ocultista por trás do uso religioso dos psicodélicos e a “brisa” acontecendo em si.

Sob a ótica do esoterismo, obtive essa visão do conhecimento milenar há aproximadamente um ano e alguns meses, que começou após indagar-me sobre quem era “eu”. Durante bons anos, estive em sofrimento psicológico como: depressão, crises existenciais, dissociação (despersonalização e desrealização). “Dissociação” é um fracionamento da psique que provoca uma neurose. Certas tribos acreditam que o homem tem várias almas. Esta crença traduz o sentimento de alguns povos primitivos de que cada ser humano é constituído de várias unidades interligadas, apesar de distintas. Isso significa que a psique do indivíduo está longe de ser seguramente unificada. Ao contrário, ameaça fragmentar-se muito facilmente sob o assalto de emoções incontidas. Também nós podemos sofrer uma dissociação e perder nossa identidade. Podemos ser dominados e perturbados por nossos humores, ou tornarmo-nos insensatos e incapazes de recordar fatos importantes que nos dizem respeito e a outras pessoas, e o sentimento constante de que a realidade é um sonho, se desconectando da matéria. Pretendemos ser capazes de “nos controlarmos”, mas o controle de si mesmo é uma virtude das mais raras e extraordinárias. Podemos ter a ilusão de que nos controlamos, mas um amigo facilmente poderá nos dizer coisas a nosso respeito de que não tínhamos a menor consciência.

Iniciei o uso de psicodélicos desde a juventude, não recomendo o uso sem a orientação de um profissional, mas também serve como um registro para prevenir tal irresponsabilidade. Após três anos utilizando como meio recreativo, apenas para diversão entre amigos, os cogumelos mágicos me apresentaram uma perspectiva mais aprofundada da vida, contribuindo de maneira terapêutica para amenizar o meu sofrimento psicológico.

Atingi o puro êxtase de estar vivo em meados de março de 2023. Todos os aspectos da minha vida estavam em equilíbrio, ou pelo menos era o que eu achava... Corpo e mente, relações, vida financeira, estavam em harmonia. Contudo, mesmo estando contente com a vida, persistia um vazio incompreensível. De acordo com as doenças psicológicas mencionadas, várias partes de mim estavam "em branco" ou "apagadas". Depois de toda essa confusão mental, o que restou de "mim"? Era o que eu indagava. Com base nesse questionamento, decidi praticar o autoconhecimento e desfazer conceitos equivocados sobre quem eu realmente era.

Comecei inocentemente sobre minha fé, era cético e seguia a teoria científica do Big Bang, porém, era uma ideia sem fundamento. O que me levaria a acreditar nessa história sem ter pesquisado e estudado profundamente? Bem, apesar de ser cético, experimentei experiências transcendentais com psicodélicos, e não pude negar que existia algo enigmático por trás da natureza e do ser humano. Em algumas pesquisas acerca da filosofia mística, deparei-me com a alquimia, que utiliza os processos alquímicos como metáforas para transmutações internas da alma.

Depois de um mês encantado com tal sabedoria, decidi envolver meus amigos nesta viagem, que irei nomeá-los como: Rafael, Uriel e Kali, propondo a ideia de realizarmos um ritual para o autoconhecimento, conhecido na alquimia como meditação da "Grande Obra". No dia 28 de julho de 2023, combinamos de ir à Ilha do Mel, no Paraná, para consagrar 3 gramas dos cogumelos mágicos. Além dos cogumelos, também levamos bebidas e cannabis. Chegamos ao nosso destino à noite, comemos e descansamos para recuperar as energias para o dia seguinte, quando iríamos consumir os cogumelos. Kali foi quem nos sugeriu a ideia de irmos para a ilha, ela era bastante conhecida por lá. Concluímos que haveria comentários e julgamentos sobre realizar um ritual na praia. Para evitar problemas, abandonamos essa noção ritualística para realizarmos em um local mais remoto na próxima vez.

Concordei, contudo, segui minha visão espiritual e decidi experimentar essa experiência sozinho em minhas reflexões. Cerca de 2 horas se passaram desde a ingestão e a brisa era suave, até pensamos que não iria "bater". No entanto, ao conversar com o Rafael, percebi que as coisas estavam fluindo. As plantas pareciam respirar, a pele de Rafael parecia de um reptiliano, mas ainda assim, era uma brisa habitual de acontecer. Depois de algumas voltas na praia, retornamos ao ponto de partida onde guardamos nossos pertences, embaixo de um posto guarda-vidas abandonado.

Quando retornamos, a brisa "bateu" forte e, de repente, a dimensão de tudo se alterou. Senti-me como se tivesse feito uma viagem interdimensional, como se minha alma tivesse vindo de um lugar distante e entrado neste corpo, que era o "meu". O mundo que conhecíamos já não era o mesmo para mim. Era fascinante observar nosso planeta com um brilho nos olhos como nunca antes visto. Olhava para o meu corpo com admiração, como se nunca tivesse experimentado isso antes. Uriel surgiu como um NPC que fornece instruções de um jogo, explicando-me o "básico" da vida. O que me lembro dele dizer foi: neste universo, nós "fritamos" (estava tocando Darkpsy), dançamos, exploramos, estabelecemos amizades e nos "conectamos". Naquele momento, não havia compreendido a parte de nos “conectarmos”. No entanto, todas as palavras ditas não passavam de alucinações da minha mente.

Depois dessa jornada cósmica, em um determinado instante, me coloquei em posição de meditação de maneira inconsciente, vivenciando o pouco que havia aprendido sobre alquimia, permanecendo por cerca de 3 horas na mesma postura. Durante esse período, experimentei um estado de consciência nunca antes experimentado, o nirvana. Desprendi-me completamente do meu corpo e me conectei à consciência cósmica, tornando-me tudo e simplesmente nada. Foi uma experiência inesquecível. Todos os meus amigos deixaram de ser eles mesmos e se tornaram anjos que me auxiliaram a despertar deste mundo ilusório. Todos estávamos interligados, éramos um só. Estava preenchido de: amor, completude, gratidão, harmonia, pureza, serenidade, altruísmo, silêncio, unicidade, etc.

Tive percepções de todos os acontecimentos e indivíduos que fizeram parte da minha vida e as razões, todas voltadas para o crescimento da consciência e o aprendizado de como ser humano. Os sentimentos predominantes eram: amor, completude, gratidão, harmonia, pureza, serenidade, altruísmo, silêncio, unicidade e outros que se desvaneceram com o passar do tempo. Era a representação simbólica do Jardim do Éden, onde compreendi que "céu" e "inferno" são estados de consciência.

Ainda em posição de meditação, já estava próximo ao anoitecer. No estado "uno", entrei numa "onda" de criar uma nova galáxia. Estava projetando duas esferas luminosas que, na minha perspectiva, representavam duas galáxias. Ao movimentar minhas mãos, tentava colidir essas duas esferas, para provocar uma explosão e surgir vida, semelhante à teoria do Big Bang. Uma das esferas continha a energia do gênero masculino e a outra do feminino. Para alcançar tal proeza, seria necessário equilíbrio e amor, e, dentro da minha mente confusa, eu estava inundado de amor. No entanto, existia um único obstáculo, o ego. Devido ao ego que começou a se manifestar no anoitecer, não consegui realizar esta criação mental. A partir de um determinado momento, a situação começou a se tornar mais intensa.

Quando finalmente a lua surgiu, estava ouvindo Vacuum Vacation do Baphomet Engine, momento em que o que antes era "céu" se transformou em "inferno". Nesse momento, entrei em pensamentos egocêntricos, sujos, densos, maléficos, uma completa aversão ao que havia experimentado anteriormente. Ao cair no "inferno", perdi a consciência e fiquei louco, realmente pensei que tinha perdido os "parafusos" após essa experiência. Lembram-se do meu amigo NPC dando pistas sobre o jogo da existência? A expressão "nos conectamos" tomou um sentido sexual, e o que antes eram "anjinhos" me ajudando a despertar a consciência, se transformaram em "diabinhos" me lançando diretamente no "colo do diabo", o puro ego. As alucinações estavam intensas, assim como na trilogia "O Inferno de Dante", o que considero ego são os sete pecados capitais: Orgulho, Inveja, Ira, Preguiça, Avareza, Gula e Luxúria. Este inferno espiritual era como um ciclo infinito de experiências negativas vividas. Neste limbo, deixei-me levar pelos sentimentos negativos e perdi a noção do que era ilusão e o que era "verdadeiro". "Vamos nos conectar", era o que todos os meus amigos diziam , o que, obviamente, não era "real". No fundo, meu "eu" consciente lutava arduamente contra essas solicitações, mas estava tão chapado que não conseguia assumir o controle da situação.

Já não atendia aos chamados dos meus amigos, apenas respondia quando falavam comigo mentalmente. Até que, num instante de esgotamento psicológico, ao negar o que "me era solicitado", expressei verbalmente: "- Não vou transar com vocês". Inicialmente, todos gargalharam, ignorando o caos que habitava em mim. Chegou o momento em que cedi ao chamado perverso que todos estavam fazendo, uma orgia profana de energias intensas. No instante em que cedi, acariciei Kali com intenções indecentes. Não me recordo desse acontecimento, comento o ocorrido de acordo com o que me disseram, talvez seja a mecânica do meu cérebro para evitar o sofrimento que essa lembrança poderia provocar.

Ela era minha melhor amiga, a via como uma irmã, nossa amizade já durava alguns anos e já tivemos um breve envolvimento amoroso durante a adolescência. Apesar do que aconteceu, eu ainda não sabia o que havia cometido. O inferno persistiu e prosseguiu com o sofrimento eterno. Eles ainda falavam em minhas alucinações, "vamos nos conectar", além dos eventos negativos que se repetiam, o externo continuava a me aterrorizar. Tudo havia se tornado diabólico, todos os meus sentidos estavam atados a prazeres fugazes e faces negativas. O meu "eu" mais profundo insistia que, se eu me sentasse novamente e meditasse, poderia me libertar do ego e vencer essa luta metafórica entre o céu e o inferno. Recordo-me de que, em determinado momento, novamente estava cedendo aos pedidos imaginários. Nesta ocasião, levantei-me da posição de "Buda" e andei em direção ao mar, estava me despindo para nos "conectarmos", para enfim as vozes cessarem.

Os meus amigos aguardaram essa "trip" terminar para retornarmos à casa que alugamos. Enquanto estávamos voltando, eu não compreendi o motivo de estarmos indo embora. Kali disse: "- Hermes, você já passou dos limites", eu estava com a mente muito sobrecarregada e com a memória falha. Ainda sem compreender, questionei Rafael sobre o ocorrido. Eu tinha consciência de que estava muito chapado e inclinado para o lado sombrio, portanto, já estava preparado para o pior. Ele me relatou rapidamente o que aconteceu, fiquei em estado de choque, sem saber como explicar uma situação sobre a qual não tinha controle e quase zero consciência naquele momento.

Não consegui explicar a situação e não quis atribuir a culpa ao uso de drogas, achei que fosse o correto. Tudo acabou ali mesmo, nossa amizade de anos sempre unida, seja para academia, estudos, trabalho, pequenos detalhes do dia a dia, passeios ou planos futuros. Essa amizade teria sido a mais intensa que já vivenciei. Depois do término da nossa amizade, apenas assumi a responsabilidade e não procurei me justificar. O que ocorreu já estava consumado, era algo desonroso e sujo, vesti a máscara de assediador, mesmo consciente de que não tinha a intenção de agir daquela forma.

Passei alguns meses no limbo, novamente sem me reconhecer. Sentia falta de tudo, de quem eu era, dos meus amigos que se distanciaram, da paz que me reinava. Simplesmente aceitei e continuei a vida, pois, se fosse outra pessoa no meu lugar, provavelmente também agiria assim. Abandonei os estudos sobre alquimia e interrompi o uso de substâncias psicoativas após esse trauma. Afundei-me em uma rotina monótona que se repetia dia após dia, retornei ao ponto inicial, sofria ataques de pânico ao ficar sozinho, minha própria presença não era mais motivo de conforto, tudo isso me fazia recordar daquele dia trágico. Abandonei o espírito e me entreguei à melancolia.

Em um determinado momento, exausto desse estado psíquico, lentamente retomei os estudos sobre alquimia. Coincidentemente, surgiu em minha rede social um curso chamado "Gnosis", uma palavra grega que significa "conhecimento", um conhecimento não dogmático que vem de dentro de nós. Inscrevi-me e, a partir deste momento, minha vida começou a mudar. Tudo o que eu assimilava de maneira didática, transformava em ciência e aplicava na rotina diária e no ocorrido na Ilha do Mel. Embora aterrorizante, foi um dia extremamente simbólico e significativo para mim. Não podia simplesmente apagar o que foi positivo, devemos sempre extrair o bem do mal. Ao participar deste curso, adquiri uma compreensão mais abrangente do ocultismo.

A Gnosis atua como uma "raiz" para o conhecimento milenar. Seus alicerces incluem: ciência, arte, religião e filosofia, onde se compreende a conexão de todas essas vias para um único objetivo, Deus. Neste ponto, meu preconceito contra a religião caiu por terra, pois a via como algo que aprisionava em uma bolha, que aliena. Finalmente, tudo estava se ajustando. Ao concluir este curso, fui convidado a integrar a segunda câmara, que seria a participação na ordem como um Gnóstico. Estive presente na iniciação, mas percebi que aquele já não era o meu destino. Gnosis representa a vida em movimento. Como um autodidata, senti-me preso ali. Mantive minha rotina de estudos e leituras, agora com o apoio de um amigo que é entusiasta do ocultismo.


Domingo, 24 de setembro de 2024.
Lua cheia em Gêmeos, Sol em Virgem.


Nesta tarde de domingo, optei por consagrar novamente 1,5 gramas dos cogumelos místicos de caráter espiritual. Fazia bastante tempo desde aquele dia. Atualmente, com maior preparo didático, psicológico e espiritual, fui explorar estados alterados de consciência para purificar as faces egoicas e compreender mais profundamente as ciências ocultas da alma.


Em torno das 15h, enquanto aguardava o cogumelo "bater", comecei a organizar a casa, tomei um banho e preparei alguns elementos simbólicos para conexão maior, tais como: vela preta, cristais (Ametista, Olho de Tigre, Sodalita, Água Marinha, Calcita Laranja, Quartzo Verde e Ágata Cornalina), pentagrama (Tetragrammaton), cachimbo, um caldeirão e duas conchas para simbolizar a sequência de Fibonacci. Com tudo preparado, fumei um baseado e me entreguei à música, demorou um bom tempo até que o efeito surgisse.

Enquanto ainda estava leve a brisa, me posicionei em meditação diante da caixa de som, acendi a vela e me conectei com cada item simbólico desse processo ritualístico. As músicas de fundo eram do gênero Dungeon Synth, Dark Medieval e Dark Experimental.

A música desempenha um papel crucial em toda a experiência psicodélica devido à sua vibração. De acordo com a lei da vibração, "Nada está imóvel; tudo se movimenta; tudo vibra." Este preceito sustenta que tudo no cosmos está sempre em movimento e vibração, desde as partículas subatômicas até as galáxias. No instante de aceleração sonora, levantei-me e iniciei uma dança simbólica. A dança pagã, por exemplo, passa a ter um objetivo específico: ela é a ligação com o Divino, praticada em rituais religiosos. A função da dança era, sobretudo, comunicar, homenagear, agradecer, pedir favores e pedir proteção através de movimentos carregados de simbolismo e energia.Entreguei-me à dança e, em seguida, voltei-me para o interior do meu ser em posição de meditação. Estava em paz e sereno, equilibrado, digamos assim.

Fumei um pouco mais e me deitei. Ao deitar, experimentei a mesma viagem cósmica que experimentei na Ilha do Mel. A diferença era que eu não me identificava com os pensamentos e acontecimentos que o cogumelo projetava, tornando assim a experiência mais suave e, consequentemente, mais controlável. Ao atingir o estado de recordação de mim mesmo, pude perceber a lei da correspondência (Leis herméticas), que afirma que "o que está acima é como o que está abaixo, e o que está abaixo é como o que está acima." Este princípio indica que há padrões que se alinham entre os diversos níveis da realidade, do microcosmo ao macrocosmo, conforme observado na passagem bíblica Gênesis 1:26-28. Então Deus declarou: "Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”.

Tive a oportunidade de observar de fora essa experiência humana que a alma aprecia, a alma recordou-se de que é um fractal de Deus e que está aprisionada na Matrix. Senti-me agradecido por estar vivendo essa experiência terrena e ter a chance de promover a revolução da consciência e romper esse ciclo de reencarnações. Neste estado, consegui manter o equilíbrio entre o mundo físico e o espiritual. Senti-me um alienígena na Terra, minha essência não era deste mundo, sentia falta de casa. Através da mente, viajei para outras dimensões, isso é o multiverso. Embora exista vida no mundo físico, existem variadas formas de vida em outras dimensões, como podemos comprovar através do mundo quântico.

Naquele instante, várias informações cósmicas foram descarregadas, incluindo a nossa ancestralidade, nossa família. A chave para começarmos essa libertação mental é prestar atenção à nossa interação com os familiares e à maneira como eles se comportam, pois isso revela muito sobre nosso comportamento. É onde o ego se expressa livremente, tendemos a mostrar nossa face negativa com quem amamos, por sentir a segurança de que não seremos abandonados, podemos até perceber que pessoas "de fora" tratamos de forma mais empática e simpática. Depois disso, é necessário resolver questões externas, como relações com amigos, no ambiente de trabalho, relações amorosas, etc. Após superar as dificuldades da estrutura familiar, devemos seguir nossa trajetória de responsabilidade sozinhos, assumindo responsabilidades e amadurecendo.

Essa é a “Jornada do Herói”. Segundo a psicologia junguiana, é um arquétipo composto por quatro estágios. O primeiro, conhecido como ciclo do Trickster, representa o primeiro estágio de vida, o mais primitivo. O Trickster é um personagem dominado por suas vontades, possuindo a mentalidade infantil. Sem outro objetivo além de atender às suas necessidades básicas, é impiedoso, cínico e insensível. Este personagem, que a princípio se apresenta como um animal, evolui de uma ação malévola para outra. Porém, simultaneamente, começa a se modificar e, ao término de sua trajetória de fraudes, começa a adquirir a aparência física de um homem adulto.

O segundo ciclo é Hare (a Lebre). Assim como Trickster, ele também surge inicialmente como um animal. Apesar de ainda não ter atingido a totalidade da estatura humana, emerge como o fundador da cultura - o agente de transformação. Acreditam os winnebagos que, graças ao seu famoso Rito Medicinal, ele se transformou em seu salvador e uma espécie de "herói da cultura". Este arquétipo simboliza um progresso significativo em relação a Trickster: trata-se de um personagem que se torna mais civilizado, retificando os impulsos infantis e instintivos presentes no ciclo de Trickster.

Red Horn, o terceiro ciclo, é um indivíduo ambíguo que cumpre os requisitos do herói mitológico, visto como um homem-Deus, superando desafios em competições e combates. O seu poder, além do humano, se manifesta na sua habilidade de vencer gigantes através da astúcia (no jogo de dados) ou da força (em um combate físico). Com Red Horn, adentramos o universo humano, mesmo sendo um universo arcaico, onde são necessários poderes além do humano ou deuses protetores para assegurar a vitória do indivíduo contra as forças do mal que o ameaçam. Os riscos que colocam em risco a felicidade e a segurança humana surgem agora do próprio ser humano.

O quarto e último estágio é o Twin. Esse tema básico suscita uma questão vital: por quanto tempo podem os seres humanos alcançar sucesso sem se tornarem vítimas de seu próprio orgulho ou, em termos mitológicos, da inveja dos deuses? Apesar de os Twins serem considerados filhos do Sol, eles são essencialmente humanos e, juntos, vêm a constituir-se numa só pessoa. Unidos originalmente no ventre materno, foram separados ao nascer. No entanto, são parte integrante um do outro e é necessário, apesar de extremamente difícil, reuni-los. Nessas duas crianças estão representados os dois lados da natureza humana. Um deles, Flesh, é conciliador, brando e sem iniciativas; o outro, Stump, é dinâmico e rebelde.

Em algumas narrativas dos heróis Twins, essas atitudes foram intensificadas até que um dos personagens representasse o introvertido, cuja principal habilidade reside na reflexão, e o outro, o extrovertido, um homem de ação com capacidade para realizar grandes feitos. Ao matar um dos quatro animais que sustentavam nosso planeta, os Twins excederam todos os limites imagináveis, e chegou a hora de encerrar sua trajetória. A pena capital era a morte. Portanto, tanto no ciclo Red Horn quanto no Twins, o tema do sacrifício ou morte do herói é apresentado como a cura necessária para a hybris, o orgulho cego.

Nas sociedades pré-históricas cujo estágio cultural corresponde ao ciclo Red Horn, parece que esse risco foi prevenido através da instituição do sacrifício humano expiatório - um assunto de grande significado simbólico, que se repete incessantemente na trajetória humana. Os winnebagos, assim como os iroqueses e algumas tribos algonquins, consumiam carne humana, possivelmente como um ritual totêmico para controlar seus impulsos egoístas e destrutivos. Nos casos de traição ou fracasso do herói na mitologia europeia, o tema do sacrifício ritual é mais especificamente empregado como castigo para a hybris.

Apesar de os Twins terem errado e merecerem, portanto, a pena de morte, eles próprios ficaram tão assustados com sua força incontrolável que concordaram em viver em estado de repouso permanente, permitindo aos dois aspectos contraditórios da natureza humana reencontrarem, assim, seu equilíbrio.

Após esta alusão ao livro "O Homem e seus Símbolos", escrito por Carl Jung, esta seria a noção de transição de um adolescente para um jovem adulto. Neste instante, escolhemos trilhar o caminho para uma compreensão mais profunda da vida, ou, se nos deixamos levar pelos 5 sentidos humanos, a morte pela "hybris", que seria sucumbir ao orgulho e ao mundo egoico.

Na filosofia de Platão, ele expõe a ideia de um “Demiurgo” (artesão divino), o Demiurgo é um princípio que organiza a matéria pré-existente e põe ordem no caos inicial. Entrei nessa concepção durante minha jornada, onde eu era o tempo (passado, presente e futuro) ao lado de Deus. De maneira profética, minha vida foi retratada como um filme projetado pela minha glândula pineal, novamente, com todas as pessoas e acontecimentos que ocorreram e ocorrerão na minha existência e suas respectivas razões. Todos estavam plenamente realizados e bem-sucedidos em todos os aspectos humanos. Isso quer dizer que consegui cumprir minha missão divina, que é o alívio do sofrimento psicológico dos seres humanos e o auxílio para equilibrarem seus chakras para alcançar o divino, o desprendimento da matéria para algo mais sutil e transcendental. Foi um momento emocionante em que o sentimento de gratidão me preencheu, a emoção veio à tona e as lágrimas vieram junto.


Demiurgo me apresentou a formação da minha realidade física desde o meu nascimento até a revolução da consciência e a libertação dessa roda de reencarnações, a roda do Samsara. A explicação não era expressa verbalmente, eu simplesmente entendia, todas as informações estavam contidas em mim. Após a "morte do ego", acessei o inconsciente coletivo. Em estado de iluminação espiritual, eu era tudo ao mesmo tempo que não era nada.

Interpretei como uma batalha metafórica entre “céu” e “inferno”, eu estava no caminho do meio, o equilíbrio. Estava ciente de que estava sob o efeito de psicodélicos e que logo voltaria à realidade tridimensional. Entendi que cada alma inserida em um corpo, inserida em ego, é uma forma de experimentação do Demiurgo, a experiência humana. A cada momento que evoluímos o microcosmo, o macrocosmo evolui também.

Questionei-me sobre as questões familiares pelas quais todos nós passamos, onde carregamos inicialmente nossos traumas emocionais. Pensei sobre qual seria a intenção do Demiurgo com isso. Nossa família revela muito sobre nossa personalidade, hábitos, atitudes, entre outros aspectos.

A ideia inicial é desvelar as faces do ego e seu aspecto negativo, e intensificar o que é benéfico, por meio do consciente e do inconsciente. No meio familiar, é onde nossa face negativa se expressa, onde se revela que somos seres duais, com o lado positivo e negativo. Temos a tendência de agir de maneira egocêntrica com quem amamos, pois sabemos que não importa o que façamos, eles nunca nos abandonarão.

Estamos sempre em transmutação e evolução. Durante a meditação com as conchas e a sequência de Fibonacci, mergulhei no universo das mandalas e da flor da vida. Estes são símbolos que representam nossa consciência e inconsciência, se ramificando de maneira matemática, sempre em constante progresso e regresso, com tendência ao infinito. A vida como um todo é cíclica, tudo se origina, se decompõe e se renova. Nossa psique, que representa o microcosmo, espelha o macrocosmo que também segue esse ciclo.

Como se diz na alquimia, nossa alma individual, a alma de Mercúrio, ultrapassou sua dimensão e percebeu o altruísmo e o egoísmo de toda a humanidade. Esta vivência é tanto individual quanto coletiva, a realidade em sua totalidade é interpretada por todas as mentes através dos 5 sentidos. De acordo com a Lei da Mentalidade (Lei Hermética), "o todo é mente; o universo é mental." Este princípio sustenta que o universo é uma criação da mente, e que todas as coisas presentes no universo são expressões de pensamentos e conceitos. Uma passagem no filme Matrix expõe esse princípio: “isto, isto não é real?”, “o que é real? Como se define 'real'? Se você se refere ao que você pode sentir, cheirar, provar e ver, então real são apenas sinais elétricos interpretados pelo seu cérebro”. A morte se tornou apenas algo simbólico, o desprendimento da matéria.

Recentemente, eu havia lido um livro sobre o umbral, sob a visão umbandista, “O Guardião da Meia-Noite”, que conta a história de um espírito que, em sua última encarnação, foi um rico barão, que viveu em Santos, possuía muitas terras e escravos.

Aos 40 anos, foi a Portugal procurar uma esposa, que tinha 14 anos; casou-se com ela. Em sua noite de núpcias, a moça não sangrou como ele esperava. Porém, ele sabia que ela era virgem. Contudo, ficou furioso com isso. Armou uma cilada para ela, dizendo que ela tinha o traído. Então ela fugiu com índios, sendo que ele, para procurá-la, dizimou uma tribo inteira. Quando a encontrou, ela tinha um filho de um dos indígenas. Voltou a ficar com ela, depois de um tempo, o filho que passou a considerar dele morreu. Não demorando muito tempo, tiveram outro filho, que teve o mesmo destino do outro, falecendo depois de alguns anos. Ele, com remorso, contou a história para sua esposa do que ele tinha armado; ela novamente o largou.

Ele, doente, foi morrendo aos poucos em cima de uma cama; não comia, não tinha força sequer para se levantar. Morreu aos poucos, foi enterrado, seu corpo padecia, mas sua alma estava viva e não entendendo o motivo de estar sendo enterrado, essa é a sensação de se estar no umbral. Após muito tempo lutando para sair do caixão, um ser cadavérico estendeu-lhe a mão com uma condição: virar seu escravo. Este se chamava “O Príncipe das Trevas”, puniu e torturou o barão até lhe ser conveniente.

Chegou um tempo em que conquistou o respeito e a fama do Príncipe, progredindo nas sombras até se transformar em um Guardião, tal como seu amo. O seu desempenho como Guardião da Meia-Noite foi notável, um ser de luz conhecido como Cavaleiro da Estrela da Guia reconheceu o seu notável trabalho e solicitou sua assistência em alguns serviços. Os resultados foram tão positivos que ele começou a seguir esse caminho intermediário, tornando-se um senhor das trevas, obedecendo às leis supremas, às leis dos deuses. Isso sugere que das trevas à luz, tudo colabora para o avanço da consciência em direção à unicidade.

Viver os extremos de bem e mal, amor e ódio, luz e sombra, consciência e inconsciência é inocência humana, tudo parte da mesma natureza, mas em polos diferentes, assim como a lei da polaridade (Lei hermética),“tudo é duplo; tudo tem dois polos; tudo tem seu oposto.” Esse princípio sugere que tudo no universo possui polaridades complementares, devemos seguir o caminho do meio para não pender em nenhum polo extremo.

A partir de um ponto caótico de nossas vidas é que conseguimos encontrar o caminho para a harmonia, um necessita do outro para seu contraste na vida dual. Não se pergunte o porquê das coisas acontecerem, mas para que acontecem, nossas vidas se desdobram em padrões, como por exemplo no mundo quântico, com o princípio onda-partícula, na ideia de que normalmente quando “antecede” tal evento, costuma acontecer “isso” depois, a lei de causa e efeito (Lei hermética) na matemática, o que era exato se torna probabilidades, nada escapa das leis.

A conclusão que pude tirar de toda essa experiência é a comprovação interna do conhecimento milenar dessas filosofias místicas, o que parecia algo fantasioso, meio sem pé nem cabeça, hoje é a síntese da minha vida, tudo se baseia a partir disso, somos uma experiência da alma num corpo físico, temos de recordar que somos uma parte do divino. Pense que Deus é o mar, pegamos um frasco e colocamos um pouco dessa água do mar e fechamos o frasco. A água possui os mesmos princípios do mar, mas não é o mar, faz parte dele, essa é a nossa imagem e semelhança do Senhor, nosso objetivo é abrir o frasco que seria a representação do ego e despejar novamente na fonte criadora. Com o evento que aconteceu na Ilha do Mel, cheguei à conclusão da ideia de Nietzsche, “Amor fati”, a aceitação integral da vida e do destino humano, mesmo em seus aspectos mais cruéis e dolorosos – aceitação de que só um espírito superior é capaz. Todos esses eventos foram necessários para a formação de quem sou hoje, nada vai embora sem antes nos ensinar o que precisamos saber. A vida possui a lei do ritmo (Lei hermética). “Tudo tem fluxo e refluxo; tudo tem suas marés; tudo sobe e desce.” Esse princípio indica que tudo no universo segue um padrão rítmico, com ciclos de ascensão e descensão, fluxo e refluxo. O reencontro com meu interno não tem preço, a jornada árdua após cair novamente não tem preço, minha paz interior, como reina hoje, não tem preço. Mas, como utilizamos nosso tempo e energia, isso sim custa um valor alto, que não quero carregar por um fardo de uma vida não vivida. Somos feitos de erros e acertos, os erros não nos definem, apenas mostram que somos humanos, esse é o sentido da vida, aprender a ser humano.
 
Última edição:
Acabei de ler um livro, muito legal, bem escrito. Muita teoria, muito embasamento.

Sugiro uma conversa sincera com Kali. Sei lá como você se excedeu, justifique.

Corroborando com tudo o que você disse, esses dias assisti a uma palestra de Fernanda kayagang (acho que este mesmo o nome) no CFP (conselho federal de Psicologia) em que ela falava sobre os saberes ancestrais e a ciência, e a importância de darmos os devidos créditos à quem descobriu e sempre usou as medicinas. E é isso... há muita tecnologia envolvida na psicodelia, muitas coisas que a ciência jamais explicará.
A ciência até explica a cura, como o cérebro age, os neurotransmissores e afins... mas isso, o que a gente presencia e vive numa descarga de serotonina, ah, aí é outra história
 
Acabei de ler um livro, muito legal, bem escrito. Muita teoria, muito embasamento.

Sugiro uma conversa sincera com Kali. Sei lá como você se excedeu, justifique.

Corroborando com tudo o que você disse, esses dias assisti a uma palestra de Fernanda kayagang (acho que este mesmo o nome) no CFP (conselho federal de Psicologia) em que ela falava sobre os saberes ancestrais e a ciência, e a importância de darmos os devidos créditos à quem descobriu e sempre usou as medicinas. E é isso... há muita tecnologia envolvida na psicodelia, muitas coisas que a ciência jamais explicará.
A ciência até explica a cura, como o cérebro age, os neurotransmissores e afins... mas isso, o que a gente presencia e vive numa descarga de serotonina, ah, aí é outra história

A ciência explica "o que acontece" talvez tb "porque acontece" agora, "pra que acontece" ? Aí nós temos que dar significado, saber ler e entender os acontecimentos pra dar um sentido na vida. E aí creio que só com o coração aberto pra vida, podemos chegar onde talvez nem imaginassemos ser possível.
 
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