A sua visão de que existe uma verdade absoluta me parece ser tomado por você não como crença sua, mas como de fato verdade absoluta inquestionável.
E com razão, porque de fato não é uma mera crença minha, mas sim uma verdade absoluta inquestionável.
Se o critério é ter acesso à consciência alheia, então você também não pode afirmar que tiveram acesso à verdade última, a menos que tenha tido acesso à consciência deles.
Eu não afirmei que eles tiveram acesso à verdade última. Eu apenas afirmei que você não pode dizer que eles nunca tiveram acesso à verdade última, uma vez que você nunca teve acesso à consciência deles.
Você falou que eles nunca tiveram acesso à verdade última. Eu não falei que eles já tiveram acesso à verdade última em momento algum do meu post.
Minha conclusão vem da minha visão sobre a impossibilidade de se ter acesso à verdade última das coisas mediante um órgão físico, e por isso não preciso observar a consciência deles.
Que é impossível atingir a verdade mediante um órgão físico é apenas uma crença sua que você toma como sendo verdade. E também achar que de fato existe matéria e, portanto, órgãos físicos e cérebros também é apenas uma crença sua. E com base nessas crenças você acha que a consciência é condicionada pela “matéria”, como se a “matéria” tivesse vindo antes da consciência, quando é ao contrário, a consciência é que veio antes da “matéria” e, portanto, esta é que é condicionada por aquela.
Mas se você acredita que há uma verdade última, no entanto ainda não pode concluir que houve alguém que a tenha acessado com base em seus ensinamentos, pois não estava na consciência deles para saber, de vez que usou este critério para argumentar.
De fato eu não posso afirmar se outras pessoas já tiveram ou não acesso à verdade última, já que eu não tenho acesso à consciência das outras pessoas. No entanto, à minha consciência eu tenho acesso, e a “minha consciência” (coloco entre aspas porque na verdade não é a consciência individual que acessa a verdade, mas pelas limitações da linguagem vou usar esse termo mesmo) eu garanto que já teve acesso à verdade última, e por isso eu falo que existe sim uma verdade última, e não meramente para repetir o que Buda ou Krishnamurti (talvez eles fossem apenas charlatães muito eficientes e que acertavam bastante) ou qualquer outro mestre falou.
Imagine o primeiro cérebro humano na época dos homo anteriores aos homo sapiens que já tivesse funcionalidades suficientes pra meditar e possibilitar um "Buda" ou equivalente de um ou dois milhão de anos atrás. Essa verdade alcançada pelo iluminado e não exprimível nem ensinável seria condicionada em sua experiência direta pelas possibilidades do órgão físico da época e em especial pelas limitações da linguagem como função neurológica incipiente restringindo a capacidade de significação da experiência direta.
O cérebro dos homo sapiens sapiens (nós, humanos atuais) é um e no decorrer dos próximos milhões de anos, se sobrevivermos e evoluirmos como espécime, será outro. E a experiência direta da verdade última, se é que é possível num espírito (encarnado ou não), será diversa e quem sabe mais profunda, porque o equipamento que nos habilita a ter a experiência direta (o cérebro) será mais avançado.
A tal ponto que enquanto a vida na Terra não tiver um cérebro capaz de elaborar a "verdade última" de forma tão natural quanto respirar ou aprender a andar ou ainda aprender a falar, ou da mesma forma que subitamente alguém desenvolve certa capacidade cognitiva em dada idade, não será essa acessível, se é que ela exista.
Novamente você está tomando crenças como verdades. Achar que a experiência da verdade última pode ser condicionada pelo tempo, pela matéria, pelo nível de evolução de um órgão físico, pela linguagem, também são apenas crenças materialistas suas. A verdade é eterna e imutável, isso significa que ela vem antes e não está sujeita às limitações do espaço, tempo e matéria. São o espaço, tempo e matéria que estão sujeitos e condicionados pela verdade. Não importa se quem acessa à verdade é um homo sapiens de milênios atrás ou um extraterrestre infinitamente mais evoluído que nós daqui a milhões de anos numa galáxia distante, a verdade vai ser sempre a mesma, porque ela é anterior a tudo e é a única “coisa” que permanece sempre a mesma.
Enfim, a iluminação é um resultado de se encontrar alguma verdade, seja num estado de consciência ordinária (que seria expandida), seja expandida (que seria ordinária).
Falar em “alguma verdade” já é um erro, porque isso dá a impressão de que existe mais de uma verdade, quando só existe uma. Verdades relativas não são, em última instância, verdades, mas apenas tomadas como tais por engano ou mero uso prático.
Até onde sei dos ditos iluminados, as palavras resultantes de seus ensinamentos são todas voltadas ao crescimento do mundo como um lugar de proliferação do bem e da concórdia como consequência da prática daqueles ensinamentos e libertação das amarras do ego.
Logo, e aqui unicamente baseado naqueles que você mesmo acredita terem encontrado uma "verdade última", esta verdade leva à prática do bem na vida cotidiana por consequência pragmática. Dado que o mal é fruto da ignorância sobre a verdade, e o bem fruto do conhecimento ou vivência direta da verdade, a consequência então é justamente a escolha pelas decisões que tornem do mundo um lugar menos violento, cruel e egocêntrico.
Em outras palavras, apesar do que você sugere neste parágrafo que citei, as crenças que você defende seguem no mesmo sentido que eu, que nem sequer acredito em "verdade última". De forma pragmática e com o uso da boa razão, estou lado a lado com os iluminados nisto.
Citando Adyashanti novamente, diz ele que um problema comum é as pessoas buscarem a iluminação não tendo em vista a verdade, mas sim a felicidade, a paz, o amor.
Não que a verdade não traga também paz, felicidade e amor, mas estes são meros subprodutos do despertar, e não o fim em si. Se o seu desejo por felicidade e paz é maior que o seu desejo pela verdade, então você está apenas desviando o foco do que realmente importa.
O problema é que nós queremos ter certeza de alguma recompensa, não queremos ganhar algo em troca da iluminação. Nós buscamos a iluminação com interesses egóicos, a gente quer a verdade mas só com a condição de que ela nos torne uma pessoa melhor, uma pessoa boazinha e especial, cheia de paz, amor e felicidade.
Para se encontrar a verdade é preciso estar disposto a perder tudo, é preciso abandonar todas as certezas, é preciso querê-la por si mesma, mesmo que ela seja extremamente desconfortável e não nos dê nada em troca.
Não que ela não nos faça feliz, mas a felicidade não é o fim em si. A verdade é mais importante do que tornar o mundo um lugar melhor. Se o mundo se torna melhor quando mais pessoas se iluminam, isso é uma mera consequência natural dos acontecimentos, e não resultado de esforço e disciplina, da perseguição de um objetivo a ser alcançado.
Ficar falando em bem e mal ainda é sinal de que você está preso na dualidade. Bem e mal são conceitos meramente humanos, não existem por si mesmos. Chamamos bem aquilo que nos agrada e mal aquilo que nos desagrada. A verdade está além de dualismos, além de bem e mal, certo e errado. Algo só é considerado ruim do ponto de vista de alguém, se a verdade, o Ser, não é ninguém, não é coisa alguma, nada pode desagradar e ferir ele. É como disse Buda, “o conflito não é entre o bem e o mal, mas entre o conhecimento e a ignorância”. Do ponto de vista da verdade, do ponto de vista do Um, não há diferença alguma entre Buda e Hitler, Jesus e Stalin, Jack Estripador e eu e você, por mais chocante que isso parecer para alguns.
Ademais, os iluminados que vêm explicar que é preciso ser primeiro iluminado para poder ajudar, estão com isto justamente ajudando os não iluminados a não prejudicar, que por oposição significa também ajudar a não piorar. E também não acredito que preguem a total falta de caridade para os meros humanos não-iluminados, conforme a resposta que darei à próxima citação de sua última postagem.
Se você estava se referindo ao meu comentário sobre o Krishnamurti, ele não disse que não devemos ajudar ninguém. Na verdade ele estava respondendo a um interrogante que tinha o desejo de ajudar e servir os outros e queria saber qual a melhor forma de fazer isso.
A resposta do Krishnamurti na verdade foi em relação àquelas pessoas que sentem uma grande necessidade de ajudarem os outros porque assim terão a sensação de que estão sendo pessoas boas e ajudando a criar um mundo melhor, o que é uma forma de o ego tentar mascarar seus defeitos e se sentir bonzinho. Ele não fala em momento algum que não devemos dar uma esmola para um mendigo, fazer um favor para um amigo, passar uma informação para um desconhecido, salvar alguém que está se afogando etc. Ele fala apenas que nessa ânsia e desejo de sair por aí procurando alguém para oferecer ajuda está um desejo de autossatisfação. Quando ele diz que sem conhecer a si mesmo é inútil tentar melhorar o mundo, ele está correto. Basta ver, para citar só um exemplo, o comunismo. Por mais que os comunistas tenham ideais nobres de querer uma sociedade igualitária e sem injustiças e explorações, as suas tentativas de melhorar o mundo foram um completo desastre e só criaram novos problemas.
Mas confesso que eu me expressei mal quando citei o Krishnamurti no meu post anterior, eu devia ter explicado melhor.
O fato de que as dificuldades da vida existem e servem de aprendizado não é razão para que deixemos de ajudar no que pudermos. Aquele que salva a vida de quem se afoga não deve ser condenado por não ter permitido que a pessoa morresse, o que aconteceria sem sua intervenção. Nem é preciso ir muito longe pra fundamentar o dever de mútua assistência como caminho de luz.
Uma coisa são as dificuldades da vida causarem evolução pessoal e coletiva pela dor. Outra coisa é acreditar que ajuda ao próximo é uma forma de obstar a evolução alheia e por isso se negar a ajudar. Se temos a chance de fazer o bem e não fazemos, nos tornamos também responsáveis pelo mal que recai sobre o outro e que podíamos fazer cessar.
Ninguém é tão perfeito que se possa arrogar juiz supremo a decidir que alguém não merece ter seu sofrimento por ele aliviado quando a vida assim o permite ajudar com base de que o sofrimento traz evolução, pois se a vida permite que alguém ajude o sofredor, então quem se nega a ajudar por esta única razão arroga-se mais sábio que a própria vida. Só mesmo uma desconexão emocional com o próximo e um egocentrismo absoluto pode fundamentar que alguém deixe de ajudar outra pessoa com base neste pensamento, pois em certo nível todos somos ligados e tudo é um só - como você mesmo parece defender - o que apenas reforça o dever de caridade.
Eu não disse que é errado ou que nós não devemos ajudar os outros, o que eu queria dizer é que mesmo que todo mundo se ajudasse (o que jamais vai acontecer) o problema humano fundamental, que é a absoluta ausência de felicidade e a constante sensação de que tem algo faltando e um profundo sentimento de mal-estar que nunca passa (embora nós tenhamos ficado experts em nos distrairmos dele), não estaria resolvido.
Nesse desejo de querer ajudar todo mundo e de querer que todo mundo se ajude está a vontade do ser humano de permanecer aquilo que é. O fato é que por mais que a gente brade aos quatro ventos que devemos nos libertar das amarras do ego, ninguém no fundo tem a mínima vontade de abandonar a sua individualidade, a sua subjetividade – pelo contrário, nós fazemos de tudo para mantê-la. E é justamente esse desejo de conservar o próprio ego que está na raiz da utopia de um mundo onde todo mundo se ajude, já que assim ninguém mais ficaria no nosso caminho, ninguém mais se oporia a nós, ninguém mais criaria problemas pra gente. O que nós queremos no fundo não é o fim da subjetividade, mas sim queremos nos tornar um ego bonzinho, humilde, aperfeiçoado, melhorado, espiritualizado, evoluído, mistificado, feliz etc.
A gente pensa que se todo mundo ajudar todo mundo, assim todo mundo vai poder seguir sua vida sem ter sua individualidade e a realização de seus desejos ameaçados, e é exatamente isso que o ego quer. Mas isso nunca vai acontecer. Enquanto nós nos identificarmos com esse indivíduo que nós pensamos ser, sempre haverá alguém barrando o nosso caminho e querendo se opor a nós, porque essa é a essência do ser humano. O eu nada mais é do que um mero ponto de vista, e não uma entidade que possui pontos de vista, como nós pensamos que é. Um ponto de vista nunca consegue entrar em equilíbrio com o ponto de vista oposto, um está sempre lutando para se sobrepor ao outro. A humanidade está há milênios tentando chegar a um acordo, chegar à paz e à ordem, mas até agora a gente não chegou nem perto disso. A gente pode até conseguir substituir um sistema político por outro, conseguir alguns direitos a mais, conseguir um aumentozinho de nada no salário, mas sempre que um desses probleminhas é resolvido a gente descobre que tem uma fila de outros milhares de problemas esperando para serem resolvidos também.
Então repetindo o que eu quis dizer, não há problema algum em ajudar os outros, o único problema é achar que isso vai conduzir a humanidade e a nós mesmos à redenção, porque não vai. É apenas mais uma utopia e ideologia como qualquer outra. Se nós tivéssemos interessados em conhecer a nós mesmos em vez de tentar mudar o mundo, quem sabe aí sim uma mudança poderia ocorrer. Se eu não me engano o Krishnamurti disse mais ou menos isso uma vez (não com essas palavras): “primeiro conheça a si mesmo, depois nós vemos o que fazemos com o mundo”. Se você não conhece a si mesmo, isso significa que você está tentando fazer o bem tomando como ponto de partida um completo desconhecido, e se você não conhece a ferramenta com que você trabalha, resultado bom é que não vai sair daí.
1) Ideologia é algo que esconde uma finalidade oculta para interesses de alguns sob o manto de uma finalidade legítima como se fosse o interesse de todos. Novamente, não se está falando de caridade, mas de outra coisa qualquer.
Não utilizei ideologia nesse sentido, tampouco com um sentido que tivesse qualquer relação com caridade. Usei ideologia num sentido bem mais amplo, simplesmente de tentar mudar o que é, querer que as coisas sejam diferentes do que são. É isso que quero dizer com ideologia.
2) Aquele que busca a iluminação tenta passar de um estágio atual (que é) para outro futuro (que não é). Se o que disse é verdade, não haveria iluminado feliz.
Esse é um mal-entendido que muitos mestres sempre buscam esclarecer. Iluminação não significa tornar-se algo, mas sim reconhecer aquilo que você sempre foi. Você não precisa mudar algo, tornar-se algo, conseguir algo, acumular algo para se iluminar. De certa forma, todo mundo já é iluminado, a gente tem que apenas perceber isso. Quando o reconhecimento acontece, há também a descoberta (ou melhor, a lembrança) de que aquilo sempre esteve acontecendo, nunca houve um único momento da nossa vida em que nós não fôssemos aquilo, nós apenas estávamos distraídos pelo mundo e não estávamos prestando atenção naquilo, mas aquilo sempre esteve ali, tanto é que era aquilo, a “iluminação”, que fazia o mundo aparecer.
Portanto, a iluminação não significa tornar-se algo que você não é, mas sim reconhecer aquilo que você já é. Mas realmente a maioria das pessoas que busca a iluminação acha que precisa se tornar algo que ainda não são, esse é um engano básico. O ego dá um jeito de transformar a busca pela iluminação num objetivo a ser alcançado, numa meta para ser feliz, porque o que ele busca nunca é a iluminação de fato (e nem seria possível, já que ela nunca foi perdida), mas sim a ideia que ele tem do que seja a iluminação, e a ideia que o ego tem da iluminação nunca vai ter nada a ver com a iluminação de fato.
3) Você mesmo veio até este tópico e respondeu ao
@Odercnat tentando fazer o bem a ele criticando a forma como pensa. Isso por si só já contraria tudo que disse sobre não ajudar o próximo - a menos que você seja um mestre iluminado, mas pelo que entendi você não se vê assim.
Como já disse antes, eu não falei que é errado ajudar o próximo, o único problema é se apegar a isso, sentir que precisa fazer algo para melhorar o mundo. Eu percebi logo de começo que ele não ia mudar de opinião, mas mesmo assim escrevi o que escrevi porque achei que eu poderia dizer algo que num futuro muito distante talvez faça sentido para ele, ou porque algo que eu escrevi possa ser interessante para algum outro membro do fórum que talvez venha a ler a discussão, já que tudo o que escrevemos aqui fica exposto para todos. Eu só escrevi aquilo porque eu passei pelo tópico, li o que ele escreveu e como tinha tempo livre resolvi escrever algo também. Mas eu não pretendo entrar numa igreja ou num grupo do facebook de cristãos, para citar um exemplo, e tentar convencê-los de que estão enganados. Como eu disse, uma coisa é trombar por acaso uma pessoa que precisa de ajuda e oferecer ajuda para ela, outra coisa bem diferente é sair por aí caçando e buscando gente que precisa de ajuda para ajudá-las o máximo possível. No segundo caso, existe uma grande ideologia aí: a gente acha que o mundo do jeito que tá não tá bom, tá muito bagunçado e ruim, mas se eu sair por aí ajudando todo mundo que vir pela frente eu vou estar ajudando a construir um mundo melhor e mais justo, e aí quando finalmente todo mundo fizer o mesmo que eu e se ajudar, todo mundo vai ser feliz e nossos problemas estarão resolvidos.
Você deve pensar: se tentar mudar o que é não resolve nada, então por que eu estou aqui discutindo com vocês, e por que tantos mestres espirituais dizem que devemos aceitar tudo exatamente como é, quando nesse próprio ato de ensinar já há uma tentativa de tirar as pessoas da ignorância e, portanto, mudá-las.
Bom, no caso dos mestres, há uma diferença entre agir tendo em vista alcançar um objetivo futuro que vai tornar as coisas ruins em boas, e agir sem se apegar aos resultados. Imagino que os mestres iluminados não acham que do jeito que tá as coisas estão ruins e que se todo mundo que vai aprender com eles sair da ignorância as coisas vão ficar boas; creio eu que para eles tudo já é perfeito do jeito que é – se as pessoas conseguirem despertar, tudo vai continuar perfeito; se elas não despertarem, isso vai ser perfeito igualmente. Eles ensinam porque acham que isso é o melhor a fazer, mas não porque acham que o mundo está ruim e precisa se tornar algo bom.
No caso de eu, que não sou nem me vejo como um mestre iluminado, vir aqui tentar ajudar os outros... bom, isso é sinal de que talvez eu ainda esteja preso na ideologia que eu tanto critico. Não vou ser hipócrita e falar que eu aceito tudo o que é e não tento mudar as coisas, porque eu ainda faço isso sim. Por mais que eu tenha sentido na pele (e não meramente esteja repetindo o que outros falaram) como a tentativa de querer controlar tudo e a não-aceitação só geram mais problemas e sofrimento, ainda assim eu não consigo me livrar totalmente da minha vontade de querer que as coisas sejam do jeito que eu quero que elas sejam. Entre reconhecer um fato e colocá-lo em prática, há um abismo de distância. Por mais que a gente saiba que algo vai gerar problemas pra gente, a gente vai lá e faz mesmo assim, de tão profundo e arraigado que é o nosso condicionamento. Embora eu consiga me desfazer de alguns hábitos destrutivos e aceitar melhor algumas coisas, velhos hábitos do passado sempre dão um jeito de encontrar uma brecha para se manifestarem de novo, sempre haverá deslizes e recaídas.
É provável que eu esteja mesmo me contradizendo ao falar que não devemos mudar as coisas e ao mesmo tempo tentar fazer outras pessoas mudarem de opinião através de um debate num fórum da internet, mas como ninguém é perfeito, só me resta aceitar essa contradição. Afinal de contas, tentar ser perfeito é uma das armadilhas preferidas que o ego prega em si mesmo, e é apenas mais uma tentativa de tornar-se algo diferente do que é, e que obviamente acabará frustrada, já que nem indivíduos iluminados são perfeitos.
O macaco ajudava todos os bichos na floresta, até que viu um peixe no rio e achou que estava se afogando, e então o retirou do rio e o deixou na beira, indo embora feliz por ter ajudado enquanto o peixe morria sem poder respirar.
Essa história ilustra bem o que eu quis dizer sobre a necessidade de ajudar os outros e como isso muitas vezes só causa mais problemas.
Enfim, nobre
@morpheu, a menos que você defenda que devemos deixar se afogar alguém que poderíamos salvar, então em essência estamos concordando. Caso você ache que você deve ver alguém se afogando e deixar morrer, então você de fato discorda de mim. Esta a essência de tudo que eu disse.
Nisso concordamos. Eu acho que o melhor a fazer quando alguém está se afogando é tentar salvá-lo. Eu só discordo de você na medida em que você acha que ajudar o próximo e fazer o bem é o sentido da vida, o propósito da nossa existência. Se você não acha isso, perdão, eu interpretei errado, mas num primeiro momento foi isso o que me pareceu.