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Realização do Amor ou Busca da Verdade como Valores para Evolução - de: O Rosto de Jesus (31ª exp)

ExPoro

Enteogenista Apaixonado pela Vida
Cultivador confiável
14/04/2015
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Por que achas isso?

Me parece apenas uma pergunta de retórica para explicar que você pensa diferentemente. Mas vou responder por desencargo...

Não há uma "verdade-final" acessível sequer sob condição de consciência expandida - seja de enteógenos, seja por meditação. Há apenas certas "verdades-agora" que já podem ser acessíveis à mente humana, inclusive a ordinária do dia a dia, mas mais facilmente acessível sob consciência expandida - e algumas somente assim totalmente cognoscíveis, mas nem por isso não vislumbráveis e/ou realizáveis em suas consequências práticas para a consciência ordinária.

Por exemplo, tudo que Buda, Krishnamurti, ou qualquer outro mestre iluminado teria descoberto faz parte de verdades-agora, condicionadas pelo cérebro deles, ainda que sob consciência expandida.

O resultado final de qualquer verdade (entendida esta palavra sempre que dita por mim como verdade-agora, ou verdade-não-final) é a realização da ordem amorosa do Universo.

E de que adianta ser caridoso com os outros e viver na ignorância, sem saber quem é, de onde vem e para onde vai?

O mal é fruto de um estado de ignorância, sim, mas... Um trabalhador miserável que gasta 14 horas do seu dia entre deslocamento para trabalhar, trabalho e retorno à casa, sem qualquer tempo para reflexões mais profundas da sua vida e do Universo nas 2 horas que lhe restam antes de dormir, ainda assim pode ser uma pessoa boa e procurar fazer o bem com aqueles que estão à sua volta, sem pre-julgamentos, sem imposições moralistas, sem religião oficial, sem orgulho, com sacrifício de si mesmo até. Ser gentil, bom ou fazer o bem no dia a dia independe de reflexões mais profundas, em especial naquelas pessoas que parecem ter nascido com uma luz própria, mas também possível naqueles que se esforçam para melhorar.

Ninguém vai se libertar apenas porque ajudou o próximo, porque só a verdade liberta. E se você mesmo não é livre, como pode você ajudar outras pessoas?

O vislumbre da verdade sobre a ordem amorosa do Universo leva ao bem, o bem sem incoerências. Quem realiza o bem o melhor possível conforme as limitações de seu tempo e local, mesmo que sem saber, já atua conforme a verdade. Já a tem interiorizada sem o saber.

É livre quem faz o bem por vontade sem sentir dificuldade, quem segue seu caminho sem mágoas do passado, enfim, quem vivencia a Ordem Amorosa do Universo.

E quanto dessa caridade ao próximo não está impregnada de autointeresse? Quantas pessoas são incapazes de ajudar alguém sem que logo em seguida tenham que postar um texto no Facebook relatando seu ato de caridade para que todos saibam e para que elas ganhem curtidas e comentários e elogios? Quantas pessoas não ajudam o próximo apenas porque acham que isso vai lhes reservar um lugar no céu, ou vai lhes dar um bom carma, ou para terem uma boa imagem de si mesmas e se sentirem pessoas heroicas e do bem que lutam contra as forças do mal e as injustiças do mundo?

Daí é auto-interesse, orgulho, medo, arrogância, enfim, tudo mas não caridade. Estamos falando de caridade real, que busca considerar as suscetibilidades de quem é ajudado, não humilhar, não expor, não se vangloriar. Não falamos de ações externas que visam a valorizar o falso caridoso.

Ou é caridade, ou é outra ação ou sentimento. Se não é caridade, então por lógica não é caridade e não constitui argumento acerca da verdadeira caridade. Está-se então falando de outra coisa, que justamente indica a falta de caridade de quem assim o faz.

Edit: ainda assim, aqueles que buscam aprender a ser caridosos irão errar e muito, mas nem por isso devem desistir. Aprendam com os erros e sigam em frente. E também aqueles que fazem por razões de ganhar recompensas na vida eterna, pode ser que aprendam a valorizar fazer o bem pelo bem, com a prática no dia a dia. Enfim, há muitas variáveis a se observar.

Esses dias mesmo li um texto do Krishnamurti em que ele fala que nesse desejo de ajudar o outro está a vaidade e o orgulho, e que só é possível ajudar o outro conhecendo primeiro a si mesmo, porque, uma vez que você é o outro, só conhecendo a si mesmo você pode conhecer o outro e então saber o que é melhor para ele; caso contrário você estará agindo na ignorância e, portanto, criando sofrimento, por mais que você tenha boas intenções e ache que está ajudando. (A propósito, conhecer a si mesmo e conhecer a verdade última de todas as coisas são o mesmo. É impossível conhecer a si mesmo sem conhecer também a verdade última de tudo o que há, já que não há separação entre você e qualquer outra coisas que seja. É como estava escrito no templo de Delfos, "Conhece-te a ti mesmo e conhecerá os deuses e o universo".

Há também uma palestra do Eckhart Tolle em que ele cita essa passagem bíblica que você citou: "Amar o próximo como a si mesmo" e segundo ele essa é uma passagem que é mal interpretada e mal compreendida, já que ninguém é capaz de amar o próximo como a si mesmo. Ele diz que nesse amar o próximo como a si mesmo Jesus na verdade não queria dizer que devemos amar o ego dos outros como nós amamos nosso próprio ego, que é como comumente se entende, mas sim não se ver mais como alguém separado e reconhecer a si mesmo nos outros, porque só assim é de fato possível amar os outros como a si mesmo. Enquanto você se identificar com o ego e se ver como um indivíduo separado, você pode até tentar, mas jamais vai conseguir amar os outros como a si mesmo, já que o ego vive se comparando com os outros, e você jamais vai conseguir amar alguém como a si mesmo se você se sente inferior ou superior a essa pessoa. E nem sequer seria uma boa ideia amar os outros como você ama a sua autoimagem, já que tanto a adoração quanto o ódio ao próprio ego levam ao sofrimento e, portanto, se você se relacionasse com os outros como se relaciona consigo mesmo sua relação com os outros só criaria mais problemas.

O restante de sua resposta são suas visões sendo expostas, às quais respeito as diferenças e busco as semelhanças, além de tirar delas o aprendizado da sabedoria que guardem. Não há porque eu debater. Obrigado por compartilhar. :)

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Sempre bom vê-lo tbm @ExPoro, não creio que fui tão doutrinador, apenas dei uma sugestão, mais se soou assim peço-lhe perdão!
Talvez possa pensar que estou com a mente totalmente bloqueada, porém não estou, eu só falo com tanta firmeza porque realmente ta influenciando e influenciou minha vida, ta tudo Real, minha vida mudou realmente, da água pro vinho, se algo mudasse minha vida assim dessa maneira e não fosse Jesus eu não pensaria duas vezes em mudar de ideia, mais isso não acontece e nunca aconteceu!
Sabe quando vc encontra uma coisa muito boa, e te da aquela sensação de mostrar isso pros outros para que tbm a tenha? Pois é ... é isso que sinto.

Forte abraço amigo vc é Dez!

Desculpe se soei rude, não foi minha intenção.

Acho que você também se refere à parte da resposta em que falo com o Morpheu, mas aqueles termos foram apenas focados na argumentação com ele. Em minha compreensão interna que tudo abarca, sua verdade é válida e consigo ter empatia com qualquer pensamento espiritual que fuja às minhas crenças, me colocando no lugar da pessoa que tem tal ideia. É de onde devemos ver as coisas. Não entenda então de forma pejorativa o que eu disse, eu buscava apenas aumentar a empatia.

Sim, eu sei como é achar uma coisa muito boa e querer mostrar pro mundo. Eu tenho isso com a enteogenia dos cogumelos e ninguém me escuta. :LOL:

Outro abraço! Você é 1000! :)
 
Última edição:
Não há uma "verdade-final" acessível sequer sob condição de consciência expandida - seja de enteógenos, seja por meditação. Há apenas certas "verdades-agora" que já podem ser acessíveis à mente humana, inclusive a ordinária do dia a dia, mas mais facilmente acessível sob consciência expandida - e algumas somente assim totalmente cognoscíveis, mas nem por isso não vislumbráveis e/ou realizáveis em suas consequências práticas para a consciência ordinária.

Isso de que não existe uma verdade absoluta acessível a nós é apenas uma crença sua. Aposto que você não consegue me dar uma prova de que não há uma verdade absoluta acessível a nós, exceto talvez o fato de que você nunca encontrou ela ou o fato de que a humanidade até hoje com suas religiões, crenças, filosofias e ciências nunca conseguiu chegar a um acordo sobre qual a verdade, mas isso não prova que não há uma verdade acessível a nós, prova apenas que você ainda não a encontrou. Você deve estar achando que a verdade última é uma informação que pode ser transmitida de uma pessoa para outra.

Por exemplo, tudo que Buda, Krishnamurti, ou qualquer outro mestre iluminado teria descoberto faz parte de verdades-agora, condicionadas pelo cérebro deles, ainda que sob consciência expandida.

Falar que Buda e outros mestres iluminados não tiveram acesso à verdade última, mas apenas a “verdades-agora”, também é apenas uma suposição sua, já que você nunca teve acesso à consciência deles para saber que tipo de experiência eles tiveram ou não tiveram.

Aliás, o que você quer dizer com consciência expandida? Pelo que eu deduzo, você tá chamando de consciência expandida um estado de consciência igual ou pelo menos bastante similar ao estado induzido por psicodélicos, e achar que a iluminação é um estado de consciência “expandida” ou psicodélico também é apenas uma crença sua baseada na sua ideia do que seja iluminação. Consciência expandida dá a impressão de que eles atingiram um nível de consciência alterado, já que algo, ao expandir-se, muda; e isso me lembra algo que o Adyashanti fala, de que as pessoas têm uma crença de que a iluminação é um estado alterado de consciência, e que isso é um engano, porque a iluminação na verdade é o estado natural e inalterado de consciência, e que nós já estamos num estado alterado de consciência, já que muito esforço e energia são gastos para manter a ilusão de individualidade e separação. Portanto, “consciência expandida” não me parece um termo muito adequado para descrever o que os mestres chamam de iluminação.

O resultado final de qualquer verdade (entendida esta palavra sempre que dita por mim como verdade-agora, ou verdade-não-final) é a realização da ordem amorosa do Universo.

Isso de que toda verdade tem que realizar a “ordem amorosa do Universo” também é apenas uma crença sua, baseada na sua concepção de que algo só é válido se tiver a utilidade prática de fazer o bem ao próximo e tornar a vida mais fácil.

O mal é fruto de um estado de ignorância, sim, mas... Um trabalhador miserável que gasta 14 horas do seu dia entre deslocamento para trabalhar, trabalho e retorno à casa, sem qualquer tempo para reflexões mais profundas da sua vida e do Universo nas 2 horas que lhe restam antes de dormir, ainda assim pode ser uma pessoa boa e procurar fazer o bem com aqueles que estão à sua volta, sem pre-julgamentos, sem imposições moralistas, sem religião oficial, sem orgulho, com sacrifício de si mesmo até. Ser gentil, bom ou fazer o bem no dia a dia independe de reflexões mais profundas, em especial naquelas pessoas que parecem ter nascido com uma luz própria, mas também possível naqueles que se esforçam para melhorar.

Eu não falei que é preciso ter reflexões profundas para ajudar o próximo, o que eu disse foi que ajudar o próximo não resolverá o problema nem de quem ajuda e nem de quem é ajudado. A gente acha que simplesmente fazer o bem e ajudar o próximo já é o suficiente para fazer com que alguém consiga a felicidade permanente. A gente acha que só bastava todo mundo se ajudar para o mundo se tornar um lugar harmônico e pacífico, mas o fato é que isso não levaria ninguém à felicidade, no máximo tiraria os problemas cotidianos das pessoas, o que inclusive pode ser um empecilho, já que uma vida na zona de conforto, sem desafios, sem problemas, sem contratempos, produz indivíduos acomodados e que, justamente por terem uma vida sem turbulências e do jeito que querem, se tornam incapazes de aprender a lidar com os obstáculos da vida e se satisfazem perfeitamente com a prisão em que vivem, inclusive desejam a permanência dela.

Edit: ainda assim, aqueles que buscam aprender a ser caridosos irão errar e muito, mas nem por isso devem desistir. Aprendam com os erros e sigam em frente. E também aqueles que fazem por razões de ganhar recompensas na vida eterna, pode ser que aprendam a valorizar fazer o bem pelo bem, com a prática no dia a dia. Enfim, há muitas variáveis a se observar.

Você acha que fazer o bem é um dever de todo mundo, que existe uma lei universal que determina que todo mundo tem que ajudar todo mundo, e que todos nós devemos nos esforçar para isso. Mas esse simples ato de tentar ser o que não é já é causa de problemas e sofrimento. Toda ideologia, seja para mudar o mundo, as pessoas, a política, a sociedade, as circunstâncias da vida, ou a nós mesmos, sempre só criará mais problemas. Por mais que você ache que é o certo, você está achando isso apenas do seu fragmentado e limitado ponto de vista pessoal, sem perceber a totalidade da vida.

Ninguém se torna uma boa pessoa como resultado de esforço, de tentativa, de tentar tornar-se o que não se é, de repressão, de obrigação. Prova disso é que a gente até criou várias formas de tentar reprimir o mal no homem e tentar torná-lo uma boa pessoa, como as religiões e o sistema judicial, mas isso não chega nem perto de resolver o problema, e, se alguma vez resolve, é meramente devido ao medo e à adequação, o que na verdade não é resolver o problema, já que você apenas o reprimiu.

Você parece achar que o sentido da vida, o propósito da existência é fazer o bem ao próximo, achando que um dia isso vai levar a humanidade à sua salvação, à paz. Mas não vai.

O que vc falou sobre a criação do mundo não tem nada a ver com que o realmente esta escrito na bíblia

Em momento algum eu falei sobre a criação do mundo. Eu falei sobre a história de Adão e Eva, o Jardim do Éden, o pecado original, isso sim. Se a sua interpretação de texto não sabe distinguir entre a criação do mundo e a história de Adão e Eva, como diabos vai poder entender a Bíblia?

Se realmente vc tivesse lido a Bíblia todas essas suas questões já estariam respondidas!

Eu não tomo algo como verdade meramente porque alguém falou ou escreveu num papel. Para saber se algo é verdade, não basta ir ler um livro em busca de informação e conhecimento intelectual, é preciso sentir na carne, ter a experiência direto daquilo. Ler a Bíblia não responde nenhuma questão. O máximo que pode acontecer é você formar ideias daquilo que está escrito lá, mas a ideia nunca é a coisa de fato. Você pode formar uma ideia do que seja a vida eterna (por exemplo, você pode achar que quando morre um fantasminha camarada, um "corpo imaterial" que é a sua alma sai do seu corpo físico e vai voando em direção ao céu encontrar Deus e vários outros espíritos que vão estar te esperando lá para viver na eternidade, que é um tempo cronológico que vai indo pra frente e pra frente e pra frente e fica nisso pra sempre, e nunca mais acaba; mas isso é apenas um conceito que a sua mente formou do que é imortalidade e eternidade, as verdadeiras imortalidade e eternidade são coisas completamente distintas dessa ideia que você tem do que elas são, e portanto seus conceitos que você adquire da Bíblia não têm valor nenhum, são tão falsos quanto uma nota de 3 dólares).

BEM-AVENTURADOS OS QUE NÃO VIRAM, MAS CRERAM

Sou mais essa:

Bem-aventurados os que não creram, mas viram.
 
Isso de que não existe uma verdade absoluta acessível a nós é apenas uma crença sua.

A sua visão de que existe uma verdade absoluta me parece ser tomado por você não como crença sua, mas como de fato verdade absoluta inquestionável. Desculpe ofendê-lo se pareci questioná-la.

Falar que Buda e outros mestres iluminados não tiveram acesso à verdade última, mas apenas a “verdades-agora”, também é apenas uma suposição sua, já que você nunca teve acesso à consciência deles para saber que tipo de experiência eles tiveram ou não tiveram.

Se o critério é ter acesso à consciência alheia, então você também não pode afirmar que tiveram acesso à verdade última, a menos que tenha tido acesso à consciência deles. Minha conclusão vem da minha visão sobre a impossibilidade de se ter acesso à verdade última das coisas mediante um órgão físico, e por isso não preciso observar a consciência deles. Mas se você acredita que há uma verdade última, no entanto ainda não pode concluir que houve alguém que a tenha acessado com base em seus ensinamentos, pois não estava na consciência deles para saber, de vez que usou este critério para argumentar.

Aposto que você não consegue me dar uma prova de que não há uma verdade absoluta acessível a nós, exceto talvez o fato de que você nunca encontrou ela ou o fato de que a humanidade até hoje com suas religiões, crenças, filosofias e ciências nunca conseguiu chegar a um acordo sobre qual a verdade, mas isso não prova que não há uma verdade acessível a nós, prova apenas que você ainda não a encontrou.

O que direi abaixo apenas destrincha um aspecto de como penso.

Imagine o primeiro cérebro humano na época dos homo anteriores aos homo sapiens que já tivesse funcionalidades suficientes pra meditar e possibilitar um "Buda" ou equivalente de um ou dois milhão de anos atrás. Essa verdade alcançada pelo iluminado e não exprimível nem ensinável seria condicionada em sua experiência direta pelas possibilidades do órgão físico da época e em especial pelas limitações da linguagem como função neurológica incipiente restringindo a capacidade de significação da experiência direta.

O cérebro dos homo sapiens sapiens (nós, humanos atuais) é um e no decorrer dos próximos milhões de anos, se sobrevivermos e evoluirmos como espécime, será outro. E a experiência direta da verdade última, se é que é possível num espírito (encarnado ou não), será diversa e quem sabe mais profunda, porque o equipamento que nos habilita a ter a experiência direta (o cérebro) será mais avançado.

A tal ponto que enquanto a vida na Terra não tiver um cérebro capaz de elaborar a "verdade última" de forma tão natural quanto respirar ou aprender a andar ou ainda aprender a falar, ou da mesma forma que subitamente alguém desenvolve certa capacidade cognitiva em dada idade, não será essa acessível, se é que ela exista.

Você deve estar achando que a verdade última é uma informação que pode ser transmitida de uma pessoa para outra.

Não, porque não há verdade última. E se houver, só se pode ir até o máximo de verdade que os ditos iluminados supostamente alcançaram, devido às restrições do que o cérebro humano pode alcançar no momento atual do estágio orgânico evolutivo da Humanidade.

Aliás, o que você quer dizer com consciência expandida?
achar que a iluminação é um estado de consciência “expandida” ou psicodélico também é apenas uma crença sua baseada na sua ideia do que seja iluminação

Quero dizer também o que você disse neste parágrafo. E incluo também principalmente os estados alcançados através de meditação ou qualquer outro método que os iluminados da Terra tenham usado. Mas como não excluo o uso de enteógenos, não especifiquei na resposta anterior.

E me parece que você interpretou que confundo "consciência expandida" com "iluminação". Mas não confundo.

Tenho a mesma visão que você parece ter, mas ficou confuso entender a sua oposição, pois sobre a sua explicação:

Consciência expandida dá a impressão de que eles atingiram um nível de consciência alterado, já que algo, ao expandir-se, muda; e isso me lembra algo que o Adyashanti fala, de que as pessoas têm uma crença de que a iluminação é um estado alterado de consciência, e que isso é um engano, porque a iluminação na verdade é o estado natural e inalterado de consciência, e que nós já estamos num estado alterado de consciência, já que muito esforço e energia são gastos para manter a ilusão de individualidade e separação. Portanto, “consciência expandida” não me parece um termo muito adequado para descrever o que os mestres chamam de iluminação.

... apesar de que funciona como um jogo de termos adequado para a explicação do mestre e sua finalidade ao ensinar naquele dado contexto de sua fala, por outro lado não traz avanço para este debate tendo em vista o significado aplicado na minha postagem anterior. Se vamos inverter "estado alterado de consciência" por "estado natural e inalterado de consciência" dentro da significação de "consciência expandida", basta então reler minha resposta anterior invertendo os termos dentro da definição para permanecer o significado do contexto no mesmo sentido que você escreveu.

Vou citar aqui algo que eu disse na resposta anterior que se coaduna com o que você disse:

que já podem ser acessíveis à mente humana, inclusive a ordinária do dia a dia

Enfim, a iluminação é um resultado de se encontrar alguma verdade, seja num estado de consciência ordinária (que seria expandida), seja expandida (que seria ordinária).

Isso de que toda verdade tem que realizar a “ordem amorosa do Universo” também é apenas uma crença sua, baseada na sua concepção de que algo só é válido se tiver a utilidade prática de fazer o bem ao próximo e tornar a vida mais fácil.

Até onde sei dos ditos iluminados, as palavras resultantes de seus ensinamentos são todas voltadas ao crescimento do mundo como um lugar de proliferação do bem e da concórdia como consequência da prática daqueles ensinamentos e libertação das amarras do ego.

Logo, e aqui unicamente baseado naqueles que você mesmo acredita terem encontrado uma "verdade última", esta verdade leva à prática do bem na vida cotidiana por consequência pragmática. Dado que o mal é fruto da ignorância sobre a verdade, e o bem fruto do conhecimento ou vivência direta da verdade, a consequência então é justamente a escolha pelas decisões que tornem do mundo um lugar menos violento, cruel e egocêntrico.

Em outras palavras, apesar do que você sugere neste parágrafo que citei, as crenças que você defende seguem no mesmo sentido que eu, que nem sequer acredito em "verdade última". De forma pragmática e com o uso da boa razão, estou lado a lado com os iluminados nisto.

Ademais, os iluminados que vêm explicar que é preciso ser primeiro iluminado para poder ajudar, estão com isto justamente ajudando os não iluminados a não prejudicar, que por oposição significa também ajudar a não piorar. E também não acredito que preguem a total falta de caridade para os meros humanos não-iluminados, conforme a resposta que darei à próxima citação de sua última postagem.

Agora, de fato, por ser capaz de ver as coisas de um ponto mais alto, alguém que alcançou certa iluminação poderá ter uma conduta na construção do bem muito menos suscetível a erros dos mais diversos, os quais as pessoas comuns são mais suscetíveis de recair.

A gente acha que só bastava todo mundo se ajudar para o mundo se tornar um lugar harmônico e pacífico, mas o fato é que isso não levaria ninguém à felicidade, no máximo tiraria os problemas cotidianos das pessoas, o que inclusive pode ser um empecilho, já que uma vida na zona de conforto, sem desafios, sem problemas, sem contratempos, produz indivíduos acomodados e que, justamente por terem uma vida sem turbulências e do jeito que querem, se tornam incapazes de aprender a lidar com os obstáculos da vida e se satisfazem perfeitamente com a prisão em que vivem, inclusive desejam a permanência dela.

O fato de que as dificuldades da vida existem e servem de aprendizado não é razão para que deixemos de ajudar no que pudermos. Aquele que salva a vida de quem se afoga não deve ser condenado por não ter permitido que a pessoa morresse, o que aconteceria sem sua intervenção. Nem é preciso ir muito longe pra fundamentar o dever de mútua assistência como caminho de luz.

Uma coisa são as dificuldades da vida causarem evolução pessoal e coletiva pela dor. Outra coisa é acreditar que ajuda ao próximo é uma forma de obstar a evolução alheia e por isso se negar a ajudar. Se temos a chance de fazer o bem e não fazemos, nos tornamos também responsáveis pelo mal que recai sobre o outro e que podíamos fazer cessar.

Ninguém é tão perfeito que se possa arrogar juiz supremo a decidir que alguém não merece ter seu sofrimento por ele aliviado quando a vida assim o permite ajudar com base de que o sofrimento traz evolução, pois se a vida permite que alguém ajude o sofredor, então quem se nega a ajudar por esta única razão arroga-se mais sábio que a própria vida. Só mesmo uma desconexão emocional com o próximo e um egocentrismo absoluto pode fundamentar que alguém deixe de ajudar outra pessoa com base neste pensamento, pois em certo nível todos somos ligados e tudo é um só - como você mesmo parece defender - o que apenas reforça o dever de caridade.

Você acha que fazer o bem é um dever de todo mundo, que existe uma lei universal que determina que todo mundo tem que ajudar todo mundo, e que todos nós devemos nos esforçar para isso.

Não determina, pois há livre arbítrio. Mas como concordamos, a ignorância é a fonte de todo mal. Daí andar contra a lei de amor resulta em mais sofrimento a si e ao próximo.

Eu enxergo uma Ordem Amorosa Universal, que se expressa de forma pragmática como decorrência da unicidade de todas as coisas. A questão que "tudo é um" não exclui o fato de que você, em outro nível, não é uma parede; enquanto em outro nível seja. A menos que você não coma, não respire, não tenha coração batendo nem veia pulsando, então você pode existir puramente na não-existência e se abster das consequências práticas da "verdade".

Se desejamos um mundo melhor para nós e para quem amamos, assim como para todos que estão no mundo, devemos sim nos esforçar para evitar todo mal e fazer todo bem que nos seja possível, diante de nossas limitações mais diversas, culturais, econômicas, de índole, do que for.

Mas esse simples ato de tentar ser o que não é já é causa de problemas e sofrimento. Toda ideologia, seja para mudar o mundo, as pessoas, a política, a sociedade, as circunstâncias da vida, ou a nós mesmos, sempre só criará mais problemas. Por mais que você ache que é o certo, você está achando isso apenas do seu fragmentado e limitado ponto de vista pessoal, sem perceber a totalidade da vida.

Três pontos:

1) Ideologia é algo que esconde uma finalidade oculta para interesses de alguns sob o manto de uma finalidade legítima como se fosse o interesse de todos. Novamente, não se está falando de caridade, mas de outra coisa qualquer.

2) Aquele que busca a iluminação tenta passar de um estágio atual (que é) para outro futuro (que não é). Se o que disse é verdade, não haveria iluminado feliz.

3) Você mesmo veio até este tópico e respondeu ao @Odercnat tentando fazer o bem a ele criticando a forma como pensa. Isso por si só já contraria tudo que disse sobre não ajudar o próximo - a menos que você seja um mestre iluminado, mas pelo que entendi você não se vê assim.

Fora isso, o que eu fiz foi tentar te indicar a ver as coisas através da ótica de quem você se dirige, pois ajuda não vem de imposições, e que só precisa vir quando não requerida se o sofredor for se sentir humilhado ao pedir ajuda - e daí é necessário ainda maior cuidado para não ferir quem é ajudado.

Caridade não é impor o seu caminho. Devemos ter em mente uma história:

O macaco ajudava todos os bichos na floresta, até que viu um peixe no rio e achou que estava se afogando, e então o retirou do rio e o deixou na beira, indo embora feliz por ter ajudado enquanto o peixe morria sem poder respirar.​

E por isso falei do tal oxigênio na primeira resposta a você. Pode parecer pra você um afogamento, mas "você está achando isso apenas do seu fragmentado e limitado ponto de vista pessoal, sem perceber a totalidade da vida", citando suas próprias palavras, caso você pense que elas possam se aplicar também a você.

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E pra fechar...

Nada é mais orientador para fazer o bem pelos outros do que o desejo de escolher sempre pelo bem - e se iluminar como Buda e seguidores é apenas uma escolha deste tipo, dos muitos caminhos possíveis para realização do bem. Um homem bom não é apenas aquele que superou o mal em seu coração, mas também aquele que luta pela escolha do bem dentro de seu contexto nas pequenas decisões do dia a dia consigo e com seus próximos.

Por exemplo, um homem simples que realmente escolhe o bem, mesmo que esteja por criação numa igreja extremista que prega contra o homossexualismo com a danação eterna, apesar das teorias de seu pastor, irá em algum momento dar prevalência ao sentimento de compreensão e amor caso um de seus filhos seja gay e o aceitará, aquecendo o coração de seu ente querido. Isso porque a bondade transcende o conhecimento humano contingencial e é um conteúdo que supera formas, e por isso eu também defendo a experiência direta da verdade (que pra mim não será a verdade última), dada a consequência prática desta como a realização do amor na Terra.

Enfim, nobre @morpheu, a menos que você defenda que devemos deixar se afogar alguém que poderíamos salvar, então em essência estamos concordando. Caso você ache que você deve ver alguém se afogando e deixar morrer, então você de fato discorda de mim. Esta a essência de tudo que eu disse.

E pra deixar mais claro ainda num exemplo mais extremo para evitar respostas que vão longe demais...

:!: Atenção! A leitura abaixo não é recomendada para quem tem estômago fraco. Pare de ler aqui se você for muito suscetível a cenas de desumanidade e crueldade extremas com crianças. :!:

Suponha que um dia você sai num passeio mata adentro para interagir com a natureza e, num local supostamente bem isolado de qualquer humanidade, se depara com uma criança de 6 anos sendo amarrada aos prantos e colocada de bruços sobre a terra empoçada com seu sangue por torturas prévias - e outros detalhamentos que não darei, mas que deixam clara a intenção de um violento estupro seguido de assassinato à beira de ser cometido. Ou você intercede acertando o estuprador na cabeça pelas costas, ou a criança será violentamente estuprada e deixada pra sangrar até a morte. Neste caso, se você acha certo deter o estuprador e salvar a criança, você concorda comigo. Se você acha que o certo é deixar o estuprador estuprar a criança, então você discorda de mim.

Mais claro impossível. O importante é de fato a conduta ética de fazer o mundo um lugar melhor, de buscar fazer o bem. Seja qual seja o caminho escolhido.
 
Última edição:
A sua visão de que existe uma verdade absoluta me parece ser tomado por você não como crença sua, mas como de fato verdade absoluta inquestionável.

E com razão, porque de fato não é uma mera crença minha, mas sim uma verdade absoluta inquestionável.

Se o critério é ter acesso à consciência alheia, então você também não pode afirmar que tiveram acesso à verdade última, a menos que tenha tido acesso à consciência deles.

Eu não afirmei que eles tiveram acesso à verdade última. Eu apenas afirmei que você não pode dizer que eles nunca tiveram acesso à verdade última, uma vez que você nunca teve acesso à consciência deles.

Você falou que eles nunca tiveram acesso à verdade última. Eu não falei que eles já tiveram acesso à verdade última em momento algum do meu post.

Minha conclusão vem da minha visão sobre a impossibilidade de se ter acesso à verdade última das coisas mediante um órgão físico, e por isso não preciso observar a consciência deles.

Que é impossível atingir a verdade mediante um órgão físico é apenas uma crença sua que você toma como sendo verdade. E também achar que de fato existe matéria e, portanto, órgãos físicos e cérebros também é apenas uma crença sua. E com base nessas crenças você acha que a consciência é condicionada pela “matéria”, como se a “matéria” tivesse vindo antes da consciência, quando é ao contrário, a consciência é que veio antes da “matéria” e, portanto, esta é que é condicionada por aquela.

Mas se você acredita que há uma verdade última, no entanto ainda não pode concluir que houve alguém que a tenha acessado com base em seus ensinamentos, pois não estava na consciência deles para saber, de vez que usou este critério para argumentar.

De fato eu não posso afirmar se outras pessoas já tiveram ou não acesso à verdade última, já que eu não tenho acesso à consciência das outras pessoas. No entanto, à minha consciência eu tenho acesso, e a “minha consciência” (coloco entre aspas porque na verdade não é a consciência individual que acessa a verdade, mas pelas limitações da linguagem vou usar esse termo mesmo) eu garanto que já teve acesso à verdade última, e por isso eu falo que existe sim uma verdade última, e não meramente para repetir o que Buda ou Krishnamurti (talvez eles fossem apenas charlatães muito eficientes e que acertavam bastante) ou qualquer outro mestre falou.

Imagine o primeiro cérebro humano na época dos homo anteriores aos homo sapiens que já tivesse funcionalidades suficientes pra meditar e possibilitar um "Buda" ou equivalente de um ou dois milhão de anos atrás. Essa verdade alcançada pelo iluminado e não exprimível nem ensinável seria condicionada em sua experiência direta pelas possibilidades do órgão físico da época e em especial pelas limitações da linguagem como função neurológica incipiente restringindo a capacidade de significação da experiência direta.

O cérebro dos homo sapiens sapiens (nós, humanos atuais) é um e no decorrer dos próximos milhões de anos, se sobrevivermos e evoluirmos como espécime, será outro. E a experiência direta da verdade última, se é que é possível num espírito (encarnado ou não), será diversa e quem sabe mais profunda, porque o equipamento que nos habilita a ter a experiência direta (o cérebro) será mais avançado.

A tal ponto que enquanto a vida na Terra não tiver um cérebro capaz de elaborar a "verdade última" de forma tão natural quanto respirar ou aprender a andar ou ainda aprender a falar, ou da mesma forma que subitamente alguém desenvolve certa capacidade cognitiva em dada idade, não será essa acessível, se é que ela exista.

Novamente você está tomando crenças como verdades. Achar que a experiência da verdade última pode ser condicionada pelo tempo, pela matéria, pelo nível de evolução de um órgão físico, pela linguagem, também são apenas crenças materialistas suas. A verdade é eterna e imutável, isso significa que ela vem antes e não está sujeita às limitações do espaço, tempo e matéria. São o espaço, tempo e matéria que estão sujeitos e condicionados pela verdade. Não importa se quem acessa à verdade é um homo sapiens de milênios atrás ou um extraterrestre infinitamente mais evoluído que nós daqui a milhões de anos numa galáxia distante, a verdade vai ser sempre a mesma, porque ela é anterior a tudo e é a única “coisa” que permanece sempre a mesma.

Enfim, a iluminação é um resultado de se encontrar alguma verdade, seja num estado de consciência ordinária (que seria expandida), seja expandida (que seria ordinária).

Falar em “alguma verdade” já é um erro, porque isso dá a impressão de que existe mais de uma verdade, quando só existe uma. Verdades relativas não são, em última instância, verdades, mas apenas tomadas como tais por engano ou mero uso prático.

Até onde sei dos ditos iluminados, as palavras resultantes de seus ensinamentos são todas voltadas ao crescimento do mundo como um lugar de proliferação do bem e da concórdia como consequência da prática daqueles ensinamentos e libertação das amarras do ego.

Logo, e aqui unicamente baseado naqueles que você mesmo acredita terem encontrado uma "verdade última", esta verdade leva à prática do bem na vida cotidiana por consequência pragmática. Dado que o mal é fruto da ignorância sobre a verdade, e o bem fruto do conhecimento ou vivência direta da verdade, a consequência então é justamente a escolha pelas decisões que tornem do mundo um lugar menos violento, cruel e egocêntrico.

Em outras palavras, apesar do que você sugere neste parágrafo que citei, as crenças que você defende seguem no mesmo sentido que eu, que nem sequer acredito em "verdade última". De forma pragmática e com o uso da boa razão, estou lado a lado com os iluminados nisto.

Citando Adyashanti novamente, diz ele que um problema comum é as pessoas buscarem a iluminação não tendo em vista a verdade, mas sim a felicidade, a paz, o amor.

Não que a verdade não traga também paz, felicidade e amor, mas estes são meros subprodutos do despertar, e não o fim em si. Se o seu desejo por felicidade e paz é maior que o seu desejo pela verdade, então você está apenas desviando o foco do que realmente importa.

O problema é que nós queremos ter certeza de alguma recompensa, não queremos ganhar algo em troca da iluminação. Nós buscamos a iluminação com interesses egóicos, a gente quer a verdade mas só com a condição de que ela nos torne uma pessoa melhor, uma pessoa boazinha e especial, cheia de paz, amor e felicidade.

Para se encontrar a verdade é preciso estar disposto a perder tudo, é preciso abandonar todas as certezas, é preciso querê-la por si mesma, mesmo que ela seja extremamente desconfortável e não nos dê nada em troca.

Não que ela não nos faça feliz, mas a felicidade não é o fim em si. A verdade é mais importante do que tornar o mundo um lugar melhor. Se o mundo se torna melhor quando mais pessoas se iluminam, isso é uma mera consequência natural dos acontecimentos, e não resultado de esforço e disciplina, da perseguição de um objetivo a ser alcançado.

Ficar falando em bem e mal ainda é sinal de que você está preso na dualidade. Bem e mal são conceitos meramente humanos, não existem por si mesmos. Chamamos bem aquilo que nos agrada e mal aquilo que nos desagrada. A verdade está além de dualismos, além de bem e mal, certo e errado. Algo só é considerado ruim do ponto de vista de alguém, se a verdade, o Ser, não é ninguém, não é coisa alguma, nada pode desagradar e ferir ele. É como disse Buda, “o conflito não é entre o bem e o mal, mas entre o conhecimento e a ignorância”. Do ponto de vista da verdade, do ponto de vista do Um, não há diferença alguma entre Buda e Hitler, Jesus e Stalin, Jack Estripador e eu e você, por mais chocante que isso parecer para alguns.

Ademais, os iluminados que vêm explicar que é preciso ser primeiro iluminado para poder ajudar, estão com isto justamente ajudando os não iluminados a não prejudicar, que por oposição significa também ajudar a não piorar. E também não acredito que preguem a total falta de caridade para os meros humanos não-iluminados, conforme a resposta que darei à próxima citação de sua última postagem.

Se você estava se referindo ao meu comentário sobre o Krishnamurti, ele não disse que não devemos ajudar ninguém. Na verdade ele estava respondendo a um interrogante que tinha o desejo de ajudar e servir os outros e queria saber qual a melhor forma de fazer isso.

A resposta do Krishnamurti na verdade foi em relação àquelas pessoas que sentem uma grande necessidade de ajudarem os outros porque assim terão a sensação de que estão sendo pessoas boas e ajudando a criar um mundo melhor, o que é uma forma de o ego tentar mascarar seus defeitos e se sentir bonzinho. Ele não fala em momento algum que não devemos dar uma esmola para um mendigo, fazer um favor para um amigo, passar uma informação para um desconhecido, salvar alguém que está se afogando etc. Ele fala apenas que nessa ânsia e desejo de sair por aí procurando alguém para oferecer ajuda está um desejo de autossatisfação. Quando ele diz que sem conhecer a si mesmo é inútil tentar melhorar o mundo, ele está correto. Basta ver, para citar só um exemplo, o comunismo. Por mais que os comunistas tenham ideais nobres de querer uma sociedade igualitária e sem injustiças e explorações, as suas tentativas de melhorar o mundo foram um completo desastre e só criaram novos problemas.

Mas confesso que eu me expressei mal quando citei o Krishnamurti no meu post anterior, eu devia ter explicado melhor.

O fato de que as dificuldades da vida existem e servem de aprendizado não é razão para que deixemos de ajudar no que pudermos. Aquele que salva a vida de quem se afoga não deve ser condenado por não ter permitido que a pessoa morresse, o que aconteceria sem sua intervenção. Nem é preciso ir muito longe pra fundamentar o dever de mútua assistência como caminho de luz.

Uma coisa são as dificuldades da vida causarem evolução pessoal e coletiva pela dor. Outra coisa é acreditar que ajuda ao próximo é uma forma de obstar a evolução alheia e por isso se negar a ajudar. Se temos a chance de fazer o bem e não fazemos, nos tornamos também responsáveis pelo mal que recai sobre o outro e que podíamos fazer cessar.

Ninguém é tão perfeito que se possa arrogar juiz supremo a decidir que alguém não merece ter seu sofrimento por ele aliviado quando a vida assim o permite ajudar com base de que o sofrimento traz evolução, pois se a vida permite que alguém ajude o sofredor, então quem se nega a ajudar por esta única razão arroga-se mais sábio que a própria vida. Só mesmo uma desconexão emocional com o próximo e um egocentrismo absoluto pode fundamentar que alguém deixe de ajudar outra pessoa com base neste pensamento, pois em certo nível todos somos ligados e tudo é um só - como você mesmo parece defender - o que apenas reforça o dever de caridade.

Eu não disse que é errado ou que nós não devemos ajudar os outros, o que eu queria dizer é que mesmo que todo mundo se ajudasse (o que jamais vai acontecer) o problema humano fundamental, que é a absoluta ausência de felicidade e a constante sensação de que tem algo faltando e um profundo sentimento de mal-estar que nunca passa (embora nós tenhamos ficado experts em nos distrairmos dele), não estaria resolvido.

Nesse desejo de querer ajudar todo mundo e de querer que todo mundo se ajude está a vontade do ser humano de permanecer aquilo que é. O fato é que por mais que a gente brade aos quatro ventos que devemos nos libertar das amarras do ego, ninguém no fundo tem a mínima vontade de abandonar a sua individualidade, a sua subjetividade – pelo contrário, nós fazemos de tudo para mantê-la. E é justamente esse desejo de conservar o próprio ego que está na raiz da utopia de um mundo onde todo mundo se ajude, já que assim ninguém mais ficaria no nosso caminho, ninguém mais se oporia a nós, ninguém mais criaria problemas pra gente. O que nós queremos no fundo não é o fim da subjetividade, mas sim queremos nos tornar um ego bonzinho, humilde, aperfeiçoado, melhorado, espiritualizado, evoluído, mistificado, feliz etc.

A gente pensa que se todo mundo ajudar todo mundo, assim todo mundo vai poder seguir sua vida sem ter sua individualidade e a realização de seus desejos ameaçados, e é exatamente isso que o ego quer. Mas isso nunca vai acontecer. Enquanto nós nos identificarmos com esse indivíduo que nós pensamos ser, sempre haverá alguém barrando o nosso caminho e querendo se opor a nós, porque essa é a essência do ser humano. O eu nada mais é do que um mero ponto de vista, e não uma entidade que possui pontos de vista, como nós pensamos que é. Um ponto de vista nunca consegue entrar em equilíbrio com o ponto de vista oposto, um está sempre lutando para se sobrepor ao outro. A humanidade está há milênios tentando chegar a um acordo, chegar à paz e à ordem, mas até agora a gente não chegou nem perto disso. A gente pode até conseguir substituir um sistema político por outro, conseguir alguns direitos a mais, conseguir um aumentozinho de nada no salário, mas sempre que um desses probleminhas é resolvido a gente descobre que tem uma fila de outros milhares de problemas esperando para serem resolvidos também.

Então repetindo o que eu quis dizer, não há problema algum em ajudar os outros, o único problema é achar que isso vai conduzir a humanidade e a nós mesmos à redenção, porque não vai. É apenas mais uma utopia e ideologia como qualquer outra. Se nós tivéssemos interessados em conhecer a nós mesmos em vez de tentar mudar o mundo, quem sabe aí sim uma mudança poderia ocorrer. Se eu não me engano o Krishnamurti disse mais ou menos isso uma vez (não com essas palavras): “primeiro conheça a si mesmo, depois nós vemos o que fazemos com o mundo”. Se você não conhece a si mesmo, isso significa que você está tentando fazer o bem tomando como ponto de partida um completo desconhecido, e se você não conhece a ferramenta com que você trabalha, resultado bom é que não vai sair daí.

1) Ideologia é algo que esconde uma finalidade oculta para interesses de alguns sob o manto de uma finalidade legítima como se fosse o interesse de todos. Novamente, não se está falando de caridade, mas de outra coisa qualquer.

Não utilizei ideologia nesse sentido, tampouco com um sentido que tivesse qualquer relação com caridade. Usei ideologia num sentido bem mais amplo, simplesmente de tentar mudar o que é, querer que as coisas sejam diferentes do que são. É isso que quero dizer com ideologia.

2) Aquele que busca a iluminação tenta passar de um estágio atual (que é) para outro futuro (que não é). Se o que disse é verdade, não haveria iluminado feliz.

Esse é um mal-entendido que muitos mestres sempre buscam esclarecer. Iluminação não significa tornar-se algo, mas sim reconhecer aquilo que você sempre foi. Você não precisa mudar algo, tornar-se algo, conseguir algo, acumular algo para se iluminar. De certa forma, todo mundo já é iluminado, a gente tem que apenas perceber isso. Quando o reconhecimento acontece, há também a descoberta (ou melhor, a lembrança) de que aquilo sempre esteve acontecendo, nunca houve um único momento da nossa vida em que nós não fôssemos aquilo, nós apenas estávamos distraídos pelo mundo e não estávamos prestando atenção naquilo, mas aquilo sempre esteve ali, tanto é que era aquilo, a “iluminação”, que fazia o mundo aparecer.

Portanto, a iluminação não significa tornar-se algo que você não é, mas sim reconhecer aquilo que você já é. Mas realmente a maioria das pessoas que busca a iluminação acha que precisa se tornar algo que ainda não são, esse é um engano básico. O ego dá um jeito de transformar a busca pela iluminação num objetivo a ser alcançado, numa meta para ser feliz, porque o que ele busca nunca é a iluminação de fato (e nem seria possível, já que ela nunca foi perdida), mas sim a ideia que ele tem do que seja a iluminação, e a ideia que o ego tem da iluminação nunca vai ter nada a ver com a iluminação de fato.

3) Você mesmo veio até este tópico e respondeu ao @Odercnat tentando fazer o bem a ele criticando a forma como pensa. Isso por si só já contraria tudo que disse sobre não ajudar o próximo - a menos que você seja um mestre iluminado, mas pelo que entendi você não se vê assim.

Como já disse antes, eu não falei que é errado ajudar o próximo, o único problema é se apegar a isso, sentir que precisa fazer algo para melhorar o mundo. Eu percebi logo de começo que ele não ia mudar de opinião, mas mesmo assim escrevi o que escrevi porque achei que eu poderia dizer algo que num futuro muito distante talvez faça sentido para ele, ou porque algo que eu escrevi possa ser interessante para algum outro membro do fórum que talvez venha a ler a discussão, já que tudo o que escrevemos aqui fica exposto para todos. Eu só escrevi aquilo porque eu passei pelo tópico, li o que ele escreveu e como tinha tempo livre resolvi escrever algo também. Mas eu não pretendo entrar numa igreja ou num grupo do facebook de cristãos, para citar um exemplo, e tentar convencê-los de que estão enganados. Como eu disse, uma coisa é trombar por acaso uma pessoa que precisa de ajuda e oferecer ajuda para ela, outra coisa bem diferente é sair por aí caçando e buscando gente que precisa de ajuda para ajudá-las o máximo possível. No segundo caso, existe uma grande ideologia aí: a gente acha que o mundo do jeito que tá não tá bom, tá muito bagunçado e ruim, mas se eu sair por aí ajudando todo mundo que vir pela frente eu vou estar ajudando a construir um mundo melhor e mais justo, e aí quando finalmente todo mundo fizer o mesmo que eu e se ajudar, todo mundo vai ser feliz e nossos problemas estarão resolvidos.

Você deve pensar: se tentar mudar o que é não resolve nada, então por que eu estou aqui discutindo com vocês, e por que tantos mestres espirituais dizem que devemos aceitar tudo exatamente como é, quando nesse próprio ato de ensinar já há uma tentativa de tirar as pessoas da ignorância e, portanto, mudá-las.

Bom, no caso dos mestres, há uma diferença entre agir tendo em vista alcançar um objetivo futuro que vai tornar as coisas ruins em boas, e agir sem se apegar aos resultados. Imagino que os mestres iluminados não acham que do jeito que tá as coisas estão ruins e que se todo mundo que vai aprender com eles sair da ignorância as coisas vão ficar boas; creio eu que para eles tudo já é perfeito do jeito que é – se as pessoas conseguirem despertar, tudo vai continuar perfeito; se elas não despertarem, isso vai ser perfeito igualmente. Eles ensinam porque acham que isso é o melhor a fazer, mas não porque acham que o mundo está ruim e precisa se tornar algo bom.

No caso de eu, que não sou nem me vejo como um mestre iluminado, vir aqui tentar ajudar os outros... bom, isso é sinal de que talvez eu ainda esteja preso na ideologia que eu tanto critico. Não vou ser hipócrita e falar que eu aceito tudo o que é e não tento mudar as coisas, porque eu ainda faço isso sim. Por mais que eu tenha sentido na pele (e não meramente esteja repetindo o que outros falaram) como a tentativa de querer controlar tudo e a não-aceitação só geram mais problemas e sofrimento, ainda assim eu não consigo me livrar totalmente da minha vontade de querer que as coisas sejam do jeito que eu quero que elas sejam. Entre reconhecer um fato e colocá-lo em prática, há um abismo de distância. Por mais que a gente saiba que algo vai gerar problemas pra gente, a gente vai lá e faz mesmo assim, de tão profundo e arraigado que é o nosso condicionamento. Embora eu consiga me desfazer de alguns hábitos destrutivos e aceitar melhor algumas coisas, velhos hábitos do passado sempre dão um jeito de encontrar uma brecha para se manifestarem de novo, sempre haverá deslizes e recaídas.

É provável que eu esteja mesmo me contradizendo ao falar que não devemos mudar as coisas e ao mesmo tempo tentar fazer outras pessoas mudarem de opinião através de um debate num fórum da internet, mas como ninguém é perfeito, só me resta aceitar essa contradição. Afinal de contas, tentar ser perfeito é uma das armadilhas preferidas que o ego prega em si mesmo, e é apenas mais uma tentativa de tornar-se algo diferente do que é, e que obviamente acabará frustrada, já que nem indivíduos iluminados são perfeitos.

O macaco ajudava todos os bichos na floresta, até que viu um peixe no rio e achou que estava se afogando, e então o retirou do rio e o deixou na beira, indo embora feliz por ter ajudado enquanto o peixe morria sem poder respirar.

Essa história ilustra bem o que eu quis dizer sobre a necessidade de ajudar os outros e como isso muitas vezes só causa mais problemas.

Enfim, nobre @morpheu, a menos que você defenda que devemos deixar se afogar alguém que poderíamos salvar, então em essência estamos concordando. Caso você ache que você deve ver alguém se afogando e deixar morrer, então você de fato discorda de mim. Esta a essência de tudo que eu disse.

Nisso concordamos. Eu acho que o melhor a fazer quando alguém está se afogando é tentar salvá-lo. Eu só discordo de você na medida em que você acha que ajudar o próximo e fazer o bem é o sentido da vida, o propósito da nossa existência. Se você não acha isso, perdão, eu interpretei errado, mas num primeiro momento foi isso o que me pareceu.
 
Última edição:
E com razão, porque de fato não é uma mera crença minha, mas sim uma verdade absoluta inquestionável.

Compreendo e não vou discutir suas certezas. Mas o que vou dizer abaixo leva em conta a forma como penso, que digo sem finalidade de convencimento.

Fico feliz com os pontos em comum, e fora o fato de que eu não acredito (e isto não é uma certeza) que exista uma "verdade última" mas apenas verdades-agora e de que a realização do bem é o valor a direcionar e qualificar a busca pela evolução pessoal, eu concordo com você em quase tudo que você disse. A diferença fundamental é que acredito que a iluminação seja fruto de se alcançar uma verdade-agora, não uma "verdade última". Mas a diferença pragmática - seja verdade última, seja verdade-agora - inexiste, e o iluminado tenderá a ajudar o mundo a se tornar um lugar melhor como consequência - e, sim, este é meu critério maior para a utilidade de tudo que diga respeito à evolução individual, de vez que toda evolução leva à melhora com o próximo, mesmo que a melhora com o próximo não seja o alvo inicial. Como você pode ver, eu adoto o que chamo de Pragmatismo do Amor. Acho até que não deprecia em nada a ideia de iluminação o fato de não se chegar a uma verdade última, pois acredito que sempre é possível uma expansão ao infinito da compreensão, tal qual o Universo não tem um limite.

Mas isso é como penso, apenas para que saiba.

Sua resposta foi bem mais esclarecedora sobre diversos aspectos e fiquei feliz com diversos pontos em comuns, mais do que você imagina. Vou suprimir desta resposta as discordâncias.

...

Uma sutileza dos meus pensamentos que explique como posso me diferenciar de você concordando em essência com grande parte do que é dito pode vir da minha resposta a esta sua afirmação, te fazendo melhor compreender minha valoração pragmática da conduta pelo bem:

Então repetindo o que eu quis dizer, não há problema algum em ajudar os outros, o único problema é achar que isso vai conduzir a humanidade e a nós mesmos à redenção, porque não vai. É apenas mais uma utopia e ideologia como qualquer outra. Se nós tivéssemos interessados em conhecer a nós mesmos em vez de tentar mudar o mundo, quem sabe aí sim uma mudança poderia ocorrer. Se eu não me engano o Krishnamurti disse mais ou menos isso uma vez (não com essas palavras): “primeiro conheça a si mesmo, depois nós vemos o que fazemos com o mundo”. Se você não conhece a si mesmo, isso significa que você está tentando fazer o bem tomando como ponto de partida um completo desconhecido, e se você não conhece a ferramenta com que você trabalha, resultado bom é que não vai sair daí.

Aí é que tá. Conforme narrado em uma de minhas experiências (O Diabo, Servo do Bem, e a Origem do Mal), não existe bem e mal no âmbito ontológico (não há bem e mal por si mesmos), mas existe bem e mal no âmbito ético (há bem e mal na conduta diária com as pessoas no estágio atual da Humanidade). Em outras palavras, bem e mal são conceitos que só fazem sentido na fase atual dual da Humanidade. Humanidade esta em que estou inserido, e em que ambos concordamos que devemos fazer o bem - você apenas discorda de usar o critério de fazer o bem como valor maior da busca pela evolução.

Inclusive, por não haver bem e mal ontologicamente, que destaquei diversas vezes nas respostas sobre estar no contexto social e histórico da pessoa.

Vou citar então primeiro o trecho do relato em si que falo sobre o tema. Está bem confuso porque foi a experiência que relatei oralmente, bem doido, para fazer o relato na forma transcrita:

"(...) me conectei à questão do bem e do mal que é o ser Humano vindo dessa energia que evolui com o passar dos bilhões de anos e digo até Big Bangs, se a teoria do Big Bang for verdade seriam então vários Big Bangs até virar um ser Humano, ele precisa... ele nasce, ele olha a luz e quando vê a sombra ele reconhece que a luz faz falta, kkk. E na verdade a dualidade é etapa atual do aprendizado da Humanidade.
Então, aí... o homem...

A divisão entre o bem e o mal realmente não existe assim [da forma como é normalmente entendida]... Como é que eu vou dizer? Existe [o] bem e o mal, claro, existe. Você vai, o quê?, picotar uma criança do nada na frente dos pais? P***! E, sei lá, ainda vai... P***, tu é ruim pra c******, né, cara?, a não ser que você faça isso num contexto ritualístico bizarro. Pra mim bizarro porque sou ocidental, curto Pink Floyd kkk, enfim... Fora isso, cara, é [um exemplo de se fazer um] mal [a alguém], né?

Então existe um mal, p****, na prática, né?

É a questão que Sócrates falava lá [atrás] e até hoje ninguém resolveu. Porque de Sócrates nego só pegou o seguinte: "olha que maneiro: conceito". [Mas] ele falou assim: "o que que é o amor?, o bem?, o que que é a paz?, o que que é não sei o quê?", ele inventou a ideia de conceito mas porque tava perguntando questões éticas!

Aí do conceito, realmente da ideia que ele criou de conceito, veio Platão, depois Aristóteles, veio o c***** a quatro , a História, veio a ciência. Mas o que ele propôs lá atrás ninguém resolveu ainda: a essência de você virar pra uma pessoa de qualquer credo, de qualquer lugar, de qualquer educação e você simplesmente falar pra ele o que que é bem viver, o que que não é, o que que é agir bem perante [outrem]. É ética, questão ética.

Enfim, então existe a p**** do mal e do bem nesse aspecto.

Mais interessante é o seguinte: que agir pelo bem é sempre melhor pro espírito e pra pessoa. Mas ele quer... [?] é... é sempre [?], é pro bem dele [?]. Aí o que que o Diabo faz: provoca o mal, só cria o mal; então a origem do mal na verdade é o amor, pra gerar o amor.

[Pigs (Three Different Ones) começa a tocar no fundo]

Por isso que "ah como é que surgiu o mal?". Não, não surgiu o mal: o primeiro movimento de maldade é o movimento de descoberta da vontade de ser alguém melhor no contexto evolutivo da Humanidade. O surgimento do mal, ah... o surgimento do mal vem do amor pra que o homem ande. É como um tapa num... imagina um daqueles brinquedos que ficam balançando sozinhos mas só que tá parado - você só precisa dar um tapinha na cabeça assim (pof!) pra ele balançar pra sempre. Esse tapinha é o homem vendo o mal pra ele dar início à próxima fase da evolução dele.

Então o Diabo o interessante dele é que ele tá se f******, kk, né? É aquele negócio: tá se f****** pra todo mundo falando que ele é ruim, né? Dentro dessa metáfora, gente! Dentro dessa metáfora. Dentro da minha corrente espírita não uso essa linguagem. Você tem várias questões do que que são os diabos, blá blá blá, mas a simbologia é mais ou menos essa. Como um simbolismo, mesmo que os espíritos lá que incorporem o Diabo, que comandem os Infernos na Terra, eles também seguem esse padrão, eles tão ali só da mesma forma seguindo... er, vão... tão fazendo ali... tão... ai faz mal pra um monte de gente, graças a Deus um monte de gente perdoou, também, né? Que não vai ter que pagar mal de todo mundo não!, que as pessoas perdoam, né? Ahn, mas vai fazer, vai penar, mas vai progredir também como todo mundo.

Agora, então, nisso que ele [o ser Humano] faz o mal, quando ele vai pro bem é que ele sente então como é bom. Só que isso é questão de escolha. Tem espíritos com certeza que nunca tenham escolhido ou muito pouco o mal, ué! Que seja, mas... Não é mal mas enfim... dentro, então... [?]

Aí fui parar na Bíblia, eu fui avaliar a mitologia da Bíblia, e que eu nem sou apegado a isso, que eu sou kardecista-[umbandista-]cogumeleiro, eu sou. Mas, avaliando então porque enfim a Humanidade... não é um livro que está aí a toa há tantos milhares de anos mantido apesar de todas as controvérsias, enfim... Tudo tem sua razão, o Budismo também tá aí então eu fui avaliar esse simbolismo todo e realmente o Diabo é um anjo e ele não é decaído não. Ele precisa parecer decaído para que o ser Humano se sinta justificado, só isso. Mas dentro dessa simbologia ele só mais um anjo mesmo que ama todo mundo e que um dia vai todo mundo rir junto disso tudo - hahahaha ahhhh :LOL:"​
E, bem, pra finalizar, a postagem uns dias depois em que resumi a ideia acima, com uma linguagem mais clara:


"O Diabo como Instrumento do Amor


Pois é. Ainda pretendo elaborar melhor, mas é isso aí em essência: ontologicamente não há bem nem mal, eticamente há.

Daí, faça o bem, porque ninguém além do Diabo (que seja lá se/o que/m for não é você ser encarnado) já faz o mal verdadeiramente em nome do bem. Já você não, você não, você não, você faz o mal porque você é mau mesmo, sua criaturinha dos infernos :devil:. Você que é um demônio encarnado; já o capeta, coitado, esse sim é um anjo :anjo:!

Difícil entender o_O?

:LOL:"​


Enfim, não existe bem e mal em essência, mas já que no momento estamos vivendo na Humanidade dualista, existe eticamente e é uma das formas duais que serve de guia para o homem se dirigir à evolução pessoal. Como vivo neste mundo dual, eis minha visão de adotar a busca pelo bem e sua melhor realização como valor na realização da evolução individual e coletiva.

É interessante notar que mesmo sem ter o bem como objetivo, a iluminação leva à realização dele, mesmo que o iluminado veja que é apenas uma ilusão da dualidade a que estamos aparentemente presos. E penso que quem busca a iluminação também visa um bem para si (o que é também realização do bem) pois busca um estágio melhor de conhecimento da suposta verdade (que depois o fará superar a dualidade bem e mal), então o bem também vira um valor a direcionar a busca da luz. O que pode haver, na minha visão, é perda da utilidade ética (bem perante terceiros) se não houver um retorno à Humanidade após tornar-se iluminado.

Eu vejo mais pontos em comuns do que divergências nas nossas diferentes visões, com a diferença maior no valor a direcionar a busca pela evolução (fazer o bem / busca da verdade ), mas com o mesmo resultado prático na realização bem, que é pra mim o que importa.

...

Agora indo além de tudo que debatemos e sem mais responder à sua resposta, mas só falando algo que penso...

Eu realmente valoro a busca da evolução pessoal a partir de resultar ou não numa ação que realize o bem ou tenda a esta realização perante o nosso próximo. Assim, penso que um sujeito mau caráter mediano sem qualquer reflexão sobre a verdade ou o bem que coloca uma criança no mundo e pelo menos a cria aos tropeços foi mais útil para a Humanidade meramente ajudando em sua reprodução e sobrevivência do que alguém que vai meditar pra se iluminar e não faz o retorno à Humanidade para contribuir através de ensinamentos ou da prática do que aprendeu durante o isolamento, como Buda e tantos outros mestres bem fizeram.
 
Última edição:
Bom, eu realmente discordo de você no que diz respeito a considerar o fazer o bem como principal objetivo e critério da evolução. Na verdade, eu nem mesmo sou muito fã desses termos e categorias como estágios e níveis evolutivos, principalmente porque enquanto fulano pode ser mais "evoluído" que sicrano num determinado aspecto, sicrano pode ser mais "evoluído" do que fulano em outro. Você considera como principal critério para determinar o nível de evolução de alguém o tanto que essa pessoa é caridosa e faz o bem, eu já acharia que o modo como o indivíduo reage diante das situações e problemas da vida é muito mais importante nesse sentido, mas mesmo esse critério eu não considero absoluto e válido em todos os casos.

Muitas vezes uma pessoa que não faz o bem a ninguém, ou mesmo que é extremamente cruel, pode estar mais próxima do despertar do que um indivíduo caridoso e que faz o bem a todos, já que uma pessoa é cruel na medida em que ela própria está sofrendo (o que não quer dizer que todos que sofrem são cruéis), e sempre que ela comete alguma crueldade a outros ela está criando mais sofrimento para si mesma também, já que tudo que vai volta. E o excesso de sofrimento, embora por si só não seja o suficiente para isso, pode ser um grande catalisador do despertar, porque pode chegar um momento que, de tanto sofrer, o indivíduo percebe que não há mais nada que ele possa fazer para mudar a situação em que se encontra e a única coisa que lhe resta é desistir de tudo, se render, aceitar o que é, entregar os pontos. O que obviamente não quer dizer que todo mundo que sofre está próximo do despertar.

Muitas vezes uma pessoa caridosa e que ajuda a todos leva uma vida confortável, sem maiores problemas, e por isso mesmo ela acaba se satisfazendo com a situação em que se encontra, se apegando à vida que leva, e isso de certa forma acaba prendendo ela à sua zona de conforto, e ela não vê motivo para querer que a sua zona de conforto mude e acabe.

E assim como uma pessoa má pode estar mais próxima do despertar do que uma pessoa boa, também um indivíduo comum que nunca nem ouviu falar nesses assuntos de espiritualidade e iluminação pode estar mais próximo do despertar do que um monge, um eremita, um médium, um xamã, um professor de yoga, etc.

Portanto, na minha opinião, não existe em última instância um critério que determine quem é mais "evoluído" que quem.

Concordo com tudo.

Só a ressalva, a fim de lhe possibilitar entender porque concordo com você, que a realização do bem como valor a direcionar a busca pela evolução só faz sentido a quem busca conscientemente essa melhoria, entre os muitos caminhos possíveis para a luz - mas não é critério medidor da luz de cada um, apenas direcionador a ela a quem escolhe o Pragmatismo do Amor.

Se eu fosse budista, me aproximaria das correntes que pregam viver a vida cotidiana e carnal como meio de iluminação. Acho que já li algo assim no tópico principal sobre Budismo. Por isso...

E muitas pessoas não conseguem desassociar a imagem de uma pessoa iluminada com a de um monge isolado nas montanhas do Himalaia que passa o dia inteiro sem fazer nada sentado em posição de lótus. Não tô dizendo que você disse que todo iluminado é assim, mas essa ideia de que pessoas iluminadas vivem isoladas, ou que o isolamento facilita a iluminação, são apenas crenças do senso comum. Alguns que atingem o despertar podem até viver isolados, mas não são todos. Não existe um "modo de ser e de viver" característico de pessoa iluminadas.

... concordo. Vejo em qualquer caminho que busque o bem uma forma de chegar a iluminação por caminhos diversos do clássico meditador. Mas mesmo pra quem não tem o bem como valor central, mas a iluminação em si como valor central, pode fazer por outros meios.

O amor como valor direcionante leva à mesma verdade (seja a minha verdade-agora, seja a sua verdade última) que a iluminação como valor direcionante, mas apenas a forma como ela será apreendida deverá ser diversa. O resultado pragmático será no entanto o mesmo, apesar de que as doutrinas serão diversas, dadas formas diversas de apreensão da verdade. Seria como colocar Buda e Jesus lado a lado e ouvi-los falar sobre as coisas que concordam.

Se métodos parecidos de busca da iluminação geram tantas diferenças nas correntes advindas do budismo, que dirá se for usado outro valor direcionador.

Aliás, fazendo um corte, mais de uma vez entrei em êxtase espiritual no meio do povo, do nada. Só lembro da segunda e última vez, que foi de pé dentro de um ônibus lotado. Subitamente me senti em profundo êxtase espiritual, como que arrebatado dali, em profunda comunhão com tudo, uma alegria e júbilos além de palavras e compreensão, eu flutuava sem sair do chão. Intenso e inesperado, advindo de alguns pensamentos naquele momento...

Apenas ter e criar um filho não é uma forma de ajudar a humanidade, nem mesmo para sua sobrevivência, já que hoje em dia, com mais de 7 bilhões de pessoas no planeta, com certeza a falta de gente no mundo não é de modo algum uma ameaça à sobrevivência da espécie humana (na verdade, a superpopulação é que pode inclusive ser um perigo e ameaçar a humanidade de extinção, já que ela pode provocar uma grande escassez de recursos no futuro). Ademais, meramente conservar a espécie humana não é ajudá-la, e nessa vontade de perpetuação está o desejo que o ser humano tem da permanência e a aversão que ele tem à impermanência. E do modo como as pessoas criam seus filhos, introjetando desde cedo neles toda espécie de condicionamentos e ilusões, acho que elas estão mais fazendo um desfavor do que um favor à humanidade, já que estão apenas perpetuando a ignorância e tradições aprisionadoras.

Discordo. E se você relembrar e aplicar o que disse na primeira parte de sua resposta (o aparente mal que gera o bem) ao que disse neste parágrafo, poderá mudar de visão sobre isto.

Mas no entanto você me fez repensar sobre seu ponto final, me fazendo então reavaliar se um iluminado que não retorna à Humanidade seria tão útil quanto um pai mau caráter mediano que cria o filho aos trancos e barrancos:

E mesmo falar que alguém que se ilumina mas não compartilha seus ensinamentos não está contribuindo em nada para a humanidade não é 100% correto. O simples ato de despertar já causa um impacto na consciência coletiva da humanidade. Nós pensamos que nossa mente é só nossa e não tem nenhuma relação com a mente das outras pessoas, mas na verdade os pensamentos que chegam até você são produzidos por toda a humanidade, assim como é você quem está criando os pensamentos de todas as outras pessoas do mundo (é por isso que nós passamos o dia todo tendo pensamentos tão aleatórios e inúteis e desejos tão contraditórios entre si [uma hora a gente quer uma coisa, na outra hora a gente já não quer mais]). Quando alguém para de pensar e portanto de alimentar e dar combustível a essa corrente circular de pensamentos que é a humanidade, isso facilita o caminho para que outras pessoas também consigam parar de pensar e sair dessa corrente, assim como quando uma pessoa permanece na ignorância, isso facilita que outras pessoas permaneçam na ignorância também. Todo mundo influencia todo mundo, mesmo pessoas que moram em lados opostos do globo e nunca travaram nenhum contato, nem mesmo indireto, influenciam-se umas às outras.

Portanto, embora alguém ajudasse muito mais se passasse adiante seus ensinamentos para os outros, mesmo aquele que não diz a ninguém o que sabe ainda assim continua de algum modo influenciando a humanidade.

É verdade que o campo vibratório terrestre vai ter menos aberturas para o embaraço da Ordem Amorosa com menos almas na escuridão. E também o que você disse sobre a conexão de todas as coisas e pessoas em certo nível existencial, que é parte do fundamento da Lei do Amor. Isso me fez repensar a inutilidade absoluta sobre o iluminado durante a vida que não retorna à Humanidade.

Ele é útil, sim, apesar de ser um nível bem sutil, tanto quanto o tal pai lá do exemplo. É preciso ir longe para verificar o bem realizado.

Mas perde ele grandes chances de, se já faz algum bem apenas se iluminando e elevando a vibração do planeta um pouco, fazer maior bem ainda atuando no mundo concreto onde há maiores chances de realizá-lo (o bem) de forma mais profunda.

Digamos, adotando o pensamento budista sobre reencarnações de forma superficial como o conheço, se alguém se iluminar e não retornar ao mundo na mesma encarnação, terá maiores chances de voltar à Terra noutra vida. Se retornar à Humanidade, poderá fazer cessar logo suas reencarnações na mesma vida em que se iluminou, acertando sua "carga kármika" (não sei a expressão certa) mais rapidamente pelas oportunidades mais diretas de realizar o bem como consequência da iluminação: matéria é energia densa, e atuar na matéria tem maior peso que apenas o bem realizado com a elevação da energia sem ação na matéria, que no fundo é energia bem mais densa.

Me desculpe a espiral argumentativa ao fim, que soou como mera repetição.
 
Portanto, na minha opinião, não existe em última instância um critério que determine quem é mais "evoluído" que quem.


Não, não tem. No fundo ninguém sabe em que estágio o outro se encontra.

Mas essa história de fazer mal a outros e por isso estar próximo de "despertar" não parece muito convincente. No máximo, são casos particulares. E quem faz mal a outros acaba tendo que se livrar de todo esse carma para despertar.



Digamos, adotando o pensamento budista sobre reencarnações de forma superficial como o conheço


Que confusão.
 
Se eu fosse budista, me aproximaria das correntes que pregam viver a vida cotidiana e carnal como meio de iluminação. Acho que já li algo assim no tópico principal sobre Budismo. Por isso...

Antigamente eu achava que o isolamento e a abstenção dos prazeres mundanos poderia ser um caminho que levasse à iluminação, mas hoje eu vejo que não tem nada a ver. Mesmo que o indivíduo fuja e se isole do mundo, ele irá levar consigo a sua mente e com ela toda a carga do passado, suas memórias, seus desejos (cuja mera repressão não levará de fato à eliminação) etc.

Discordo. E se você relembrar e aplicar o que disse na primeira parte de sua resposta (o aparente mal que gera o bem) ao que disse neste parágrafo, poderá mudar de visão sobre isto.

Só para deixar claro que eu disse que ter e criar um filho não é necessariamente ajudar a humanidade, mas também não disse que é necessariamente prejudicá-la. Ter e criar um filho por si só é algo neutro, nem bom nem ruim. O que determinará se será bom ou ruim será o modo como os pais criarão seus filhos, entre outras variáveis. Eu só achei estranho você falar que o pai estará sendo útil porque estará ajudando na sobrevivência da humanidade, como se ela estivesse ameaçada de extinção (pode até estar pelo risco de uma guerra nuclear, ou da destruição do meio ambiente e suas consequências como catástrofes ambientais e escassez de recursos, entre outros motivos, mas nunca pela falta de procriação humana). E como a sua comparação foi com um pai que criaria seu filho aos tropeços, eu logo pensei num pai que era mais inútil do que útil à humanidade, mas isso apenas de um ponto de vista imediatista, sem considerar o que eu já havia falado antes sobre o mal que gera o bem.

Isso me fez repensar a inutilidade absoluta sobre o iluminado durante a vida que não retorna à Humanidade.

Ele é útil, sim, apesar de ser um nível bem sutil, tanto quanto o tal pai lá do exemplo. É preciso ir longe para verificar o bem realizado.

Assim como você me pediu para aplicar o que eu havia dito sobre o mal que leva ao bem à minha visão sobre o pai que cria o filho aos trancos e barrancos, também é possível aplicar o que eu disse em postagens anteriores, sobre quem tenta ajudar e acaba criando problemas, ao iluminado que permanece isolado.

Às vezes pode acontecer de um mestre querer transmitir sua sabedoria aos outros mas isso criar problemas devido à má interpretação e a distorções nos ensinamentos do mestre. Não foi isso que aconteceu com Jesus e o cristianismo? O cristianismo de hoje em dia é um grande meio de alienação e dominação das massas e não tem absolutamente nada a ver com o que Jesus pregava. Mas aí você poderia dizer que mesmo esses inúmeros problemas que o cristianismo causa poderão num futuro levar ao bem, mas aí nós cairíamos numa espiral infinita se fôssemos ficar recorrendo a esse argumento.

No mais, acho que seu principal problema é que para você tudo tem que ter uma utilidade prática, tudo tem que ser um meio para atingir um fim, como se tudo que nós fizéssemos na vida tivesse que ter o objetivo de chegar num futuro que será melhor que o presente ou de chegar a um lugar que será melhor do que onde nós estamos agora. Por que as pessoas e as coisas têm que servir aos outros e não a si mesmas? É o idealismo de que a gente já falou antes: a gente quer chegar num ponto futuro que será melhor do que o agora, e por isso o iluminado não deve se contentar com a sua sabedoria mas também transmiti-la aos outros e o sujeito mau caráter mediano sem qualquer reflexão sobre a verdade ou o bem tem que dar um jeito de ser útil à humanidade de alguma forma, seja criando um filho ou de qualquer outro jeito.

Digamos, adotando o pensamento budista sobre reencarnações de forma superficial como o conheço, se alguém se iluminar e não retornar ao mundo na mesma encarnação, terá maiores chances de voltar à Terra noutra vida.

Quem atingiu a iluminação não precisa reencarnar apenas porque deixou de ajudar os outros. O que acho que pode acontecer é um desperto querer nascer novamente para ajudar os outros, mas por livre e espontânea vontade, e não por obrigação. Mesmo que ele não reencarne, isso significa um carma a menos no mundo, e isso já é uma forma de ajuda.

Se retornar à Humanidade, poderá fazer cessar logo suas reencarnações na mesma vida em que se iluminou, acertando sua "carga kármika" (não sei a expressão certa) mais rapidamente pelas oportunidades mais diretas de realizar o bem como consequência da iluminação

Quando a pessoa se ilumina, o carma pode até continuar agindo, mas ela não vai mais ser afetada e sofrer por causa dele. Uma vez iluminada, ela não precisa realizar o bem para parar de reencarnar. O despertar serve a si mesmo, é um fim em si, não um meio para atingir um outro fim (no caso, fazer o bem). E zerar a carga cármica também não liberta ninguém da reencarnação; você iria continuar reencarnando mas dessa vez não haveria mais "dívidas" a pagar, mas obviamente você iria contrair um novo carma conforme fosse vivendo.

Mas essa história de fazer mal a outros e por isso estar próximo de "despertar" não parece muito convincente. No máximo, são casos particulares. E quem faz mal a outros acaba tendo que se livrar de todo esse carma para despertar.

Sim, são casos particulares. Eu não disse que é a regra ou que é algo comum, eu disse que é possível que aconteça. E justamente porque a pessoa fica com um carma muito pesado que o despertar pode ser facilitado, já que carma pesado significa bastante sofrimento, e o sofrimento desempenha um papel fundamental no processo do despertar.
 
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