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Questões Ambientais

Clorofila

Cogumelo maduro
Membro Ativo
24/01/2007
844
76
Necessidade de uma abordagem Transdisciplinar nas Questões Ambientais


[FONT=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif]A questão ambiental tem sido um tema em destaque em todos os meios. É inegável a importância, a evidência, a preocupação e a urgência desse assunto. Afinal, a existência e o significado do ser humano, da sociedade e da própria civilização estão profundamente associados às questões ambientais no seu sentido mais amplo, profundo e complexo. Segundo CAPRA (2003)(1), "à medida que nosso século se desdobra, um dos nossos maiores desafios é o de construir e manter comunidades sustentáveis", embora precisamos de uma definição operacional de sustentabilidade ecológica, que reconheça a necessidade de se planejar uma comunidade humana sustentável de modo que os estilos de vida, negócios, atividade econômica, estruturas físicas e tecnologias não interfiram na capacidade da natureza em manter a vida.[/FONT]

[FONT=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif]Ao longo do tempo, nos sucessivos períodos históricos, a humanidade sempre se relacionou e se serviu, para todos os fins, do ambiente no qual estava inserida. E esse processo foi se tornando cada vez mais intenso, à medida que a humanidade foi alcançando um progresso social, científico e tecnológico, e porque não dizer, imprevisível. A visão do meio ambiente como fonte inesgotável de recursos a serem explorados de forma cada vez mais crescente levou a uma espoliação e degradação dos recursos naturais e a alterações profundas do equilíbrio ambiental em várias partes do planeta, com conseqüências incalculáveis, desde os tempos passados até a atualidade, e com perspectivas nada animadoras. Uma série de pesquisadores vem alertando para este problema, como David Hutchison, que descreve essa mesma perspectiva: [/FONT]

A noção de que a natureza é um recurso explorável e consumível está tão profundamente enraizada na cultura industrial moderna que talvez seja difícil imaginar uma reIação alternativa entre os seres humanos e o equilíbrio da comunidade da Terra (HUTCHISON, 2000, P. 32).

(1) CAPRA, Fritjof. Alfabetização Ecológica: O Desafio para a Educação do Século XXI (p. 19). In: TRIGUEIRO, André. Meio Ambiente no Século XXI. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.

Hoje, mais do que nunca, percebe-se com muita facilidade a insustentabilidade desse modelo de sociedade diante da complexidade ambiental do planeta, que corre o risco de chegar a um ponto de não retorno, face aos profundos estragos ocorridos historicamente devido a todo esse processo acima descrito. De acordo com as palavras de Leonardo Boff, "[...] nas últimas décadas o homem tem construído o princípio da autodestruição".(2)

A importância de se desenvolver uma consciência a respeito da crise da modernidade, que apresenta reflexos extremamente notáveis, principalmente relacionados às questões ambientais, é eminente:

O planeja Terra vive um período de intensas transformações técnico-científicas, em contrapartida das quais engendram-se fenômenos de desequilíbrios ecológicos que, se não forem remediados, no limite, ameaçam a implantação da vida em sua superficie (GUATTARI, 2000, p.7).

A ciência, por sua vez, foi sofrendo um processo crescente de fragmentação, o que gerou o desenvolvimento de posturas isoladas, a tal ponto de criar modelos que passaram a normatizar estudos e aplicações, teóricas e práticas, sem considerar a complexidade do todo, mas sim as partes isoladas, descontextualizadas e reducionistas, que por si só, não permitem uma visão real das mais diversas abordagens. Segundo SOUZA (2000, p.19), "um dos problemas mais graves relacionado às questões ambientais é a ação desviacionista das múltiplas especialidades envolvidas no processo". Essa postura, que é multifacetada, tem sido o fio condutor de diversas crises da atual modernidade, nos seus mais variados sentidos. Ainda segundo SOUZA (2000, p. 20), "não se percebe o valor da complementaridade de conhecimentos", O que se percebe são crises conjunturais, estruturais e éticas nas mais diversas áreas, como a política, a educação, a economia, as relações internacionais, as ciências sociais, humanas e exatas, a filosofia, etc., com prejuízos incalculáveis para o desenvolvimento da humanidade, gerando novas crises, que se desfazem e refazem continuamente, num ciclo vicioso, preciso, rígido e interminável. Assim, a ciência que deveria prover a humanidade com avanços e soluções para os mais diversos problemas e desafios, tornou-se refém de si mesma, fechada, petrificada, encastelada, elitista, dogmática, inflexível e incapaz de perceber a necessidade de mudanças, e o diferente e inovador como possibilidade de algo complementar.

(2) BOFF, Leonardo. Ecologia e Espiritualidade (p.35). In: TRIGUEIRO, André. Meio Ambiente no Século XXI. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.

[FONT=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif]Com essa postura, arrogante e conservadora, a ciência tornou-se um instrumento de forças retrogradas, capitalistas e neoliberais da modernidade para a reprodução desse sistema. Tendo em foco a objetividade, a distância construída entre sujeito e objeto, vê a própria natureza, a cultura e a humanidade como objetos de uso, consumo e descarte, criando necessidades desnecessárias, com uma concepção de autodestruição inovadora, tendo ai conseqüências desastrosas diretas e cada vez mais graves. Mas a falência desse modelo já é inquestionável e incontestável, ainda que existam resistências fortíssimas por parte de muitos segmentos da ciência, da política, da economia e da intelectualidade, que asseguram a ele uma sobrevida, que só tende a contribuir com o agravamento desse quadro. Como foi escrito sabiamente pela Ministra do Meio Ambiente Marina Silva, "necessitamos, em primeiro lugar, comunicar nossas idéias em linguagem mais simples e direta, capaz de envolver mais gente".(3) [/FONT]

[FONT=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif][FONT=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif](...) estamos tomados por uma espécie de consumismo ideológico, nos alimentando dos conceitos, das idéias, como fins em si. Um acúmulo de conhecimento que acaba circulando muito pouco pela sociedade. Parece faltar tempo ou paciência para processar conceitos ainda não realizados, internalizá-los na vida. Eles são substituídos velozmente, busca-se a mais recente teoria, que por sua vez será cousumida, e por aí vai (4)(SILVA, 2003).[/FONT]

[FONT=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif]Para superar este obstáculo, tem sido apresentado um conjunto de alternativas, tendo a transdisciplinaridade como um caminho e opção a serem desenvolvidos e aplicados em seu bojo, em muitas áreas, e, em um caso específico, na abordagem da questão ambiental. [/FONT]
[FONT=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif](3) O trecho citado foi retirado do prefácio da obra: TRIGUEIRO, André. Meio Ambiente no Século XXI. Rio de Janeiro: Sextante, 2003. p.9. [/FONT]

[FONT=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif](4) Idem. [/FONT]
[FONT=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif]A transdisciplinaridade implica a reconstrução do saber, que significa a reconstrução do próprio homem. Relaciona-se à atitude do sujeito do saber diante do mundo, diante daquilo que ele próprio busca conhecer, baseado na "reconsideração" de valores, princípio e normas de natureza ética. Está focada em uma reconstrução do pensamento, em parte fundamentada na idéia de que todos os fenômenos existem interligados uns com os outros e não podem ser completamente entendidos e compreendidos, exceto em relação uns com os outros. Tal atitude é projetada para os exercícios de ensino e pesquisa, assim como para todas as práticas relacionadas ao saber. A leitura transdisciplinar pressupõe a formação do sujeito em âmbito geral. De acordo com TRIGUEIRO (2003):[/FONT]

[FONT=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif]A expanso da consciência ambientai se dá na exata proporção em que percebemos meio ambiente como algo que começa dentro de cada um de nós, alcançando tudo que nos cerca e as relaç&s que estabelecemos com o universo.[/FONT]

[FONT=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif]Ter uma visão sistêmica, holística e complexa, que seja capaz de superar a fragmentação dos conhecimentos, sua hierarquização(5) e verticalização unidirecional, com as fronteiras artificiais das disciplinas, em função de paradigmas(6) já um tanto superados, porque não dão conta mais dos desafios que estão postos, tornou-se um desafio, mas acima de tudo, uma necessidade imperativa, muito particularmente para crise ecológica do mundo moderno. A professora Cleusa Peralta reflete sobre essa necessidade:[/FONT]

[FONT=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif]Um novo paradigma, fruto de uma investigação maior que transversalize todos os campos do conhecimento, faz-se necessário, para que uma nova ordem mundial, menos fragmentária, menos hierárquica, mais justa e mais integradora dos saberes, possa emergir. [...] Esse caminho abriria espaço para a autonomia, para o aprendizado autoconstruído, retornando, enfim, à teia da complexidade, na qual não há hierarquia entre sujeitos e objetos, entre observadores e observados, entre seres humanos e natureza (PERALTA, 2002, p.lO8).[/FONT]

[FONT=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif]Assim, sem correr o risco de conceber à transdisciplinaridade a missão redentora de solucionar os problemas relacionados ao meio ambiente, se faz necessário buscar novos consensos coletivos, vivos e ativos, considerando a complexidade dos contextos político, social, cultural, econômico, científico, histórico, ambiental, estético e ético, capazes de gerar outras visões de mundo, que sejam anunciadoras e integradoras de perspectivas transformadoras. Ela precisa ser construída, passo a passo, superando as resistências conservadoras, os limites duríssimos das disciplinas fechadas em si mesmas, o acomodamento e o despreparo dos agentes envolvidos. [/FONT]

[FONT=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif](5) O termo utilizado no sentido de dividir em categorias, (6) Segundo VASCONCELLOS (2003), "paradigma tem sido amplamente usado para se referir à forma como percebemos e atuamos no mundo, ou seja, às nossas regras de ver o mundo".[/FONT]

[FONT=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif]Recentemente, no Fórum Social Mundial, realizado em Porto Alegre, o sociólogo português Boaventura de Souza Santos afirmou, em seu discurso que "todos nós queremos a globalização, sim! Mas a globalização que queremos é a dos saberes: queremos direitos iguais para o acesso ao saber, democrático, não hierarquizado, livre da exclusão". Referiu- se ainda, à necessidade de o conhecimento ser redemocratizado a partir do exercício da unidade e da diversidade(7). [/FONT]

[FONT=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif]Mas essa não é uma missão fácil, simples e imediata. Não existem métodos e nem fórmulas prontas, acabadas e definitivas para a introdução da prática da transdisciplinaridade como um novo modelo. Ela ainda se encontra em gestação, estando em processo de formação e de construção por segmentos ainda isolados e minoritários.[/FONT]

[FONT=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif]Sendo assim, pensar a abordagem da questão ambiental sob outros olhares, tendo a transdisciplinaridade como base, instrumento, resistência e perspectiva de transformação, já é bastante significante, e sinaliza como um bom começo diante da obscuridade do momento atual.[/FONT]

[FONT=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif](7) Citado por: PERALTA, Cleusa H. G. Experimentos Educacionais: Eventos Humorísticos Transdisciplinares em Educação Ambiental. p.109. In: RUSCHEINSKY, Aloísio. Educação Ambiental: Abordagens Múltiplas. Porto Alegre: Artmed Editora, 2002,[/FONT]

[FONT=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif]REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [/FONT]

[FONT=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif]GUATTARI, Félix. As Três Ecologias. 10. ed. Campinas, SP: Papirus, 2000. p. 7. [/FONT]
[FONT=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif]HUTCHISON, David. Educação Ecológica: Idéias sobre Consciência Ambiental. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. [/FONT]
[FONT=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif]PERALTA, Cleusa H. G. Experimentos Educacionais: Eventos Humorísticos [/FONT]
[FONT=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif]Transdisciplinares em Educação Ambiental. P. 108. In: RUSCHEINSKY, Aloísio. [/FONT]
[FONT=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif]Educação Ambiental: Abordagens Múltiplas. Porto Alegre: Artmed Editora, 2002. [/FONT]
[FONT=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif]RUSCHEINSKY, Aloísio. Educação Ambiental: Abordagens Múltiplas. Porto Alegre: [/FONT]
[FONT=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif]Artes Médicas Sul, 2002. [/FONT]
[FONT=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif]SOUZA, Nelson Mello e. Educação Ambiental: Dilemas da Prática Contemporânea Rio de Janeiro: Thex, 2000. [/FONT]
[FONT=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif]TRIGUEIRO, André. Meio Ambiente no Século XXI. Rio de Janeiro: Sextante, 2003. [/FONT]
[FONT=Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif]VASCONCELLOS, Maria José Esteves de. Pensamento Sistêmico: O Novo Paradigma da Ciência Campinas, SP: Papirus, 2002. p. 29.[/FONT][/FONT]
 

Gostei muito da sua iniciativa nos três textos que postou aqui Becheleni.
Vejo o pessoal do fórum declamar seu amor pela natureza,
mas não vejo ninguém aproveitando o espaço para debater o assunto tão importante sobre degradação, recuparação, conscientização ou coisas do tipo.
Acho que até mesmo leis ambientais poderiam ser deiscutidas aqui.

Bom, fica aí o apelo para a galera do fórum,

pois sem a biodversidade não teremos os cogumelos mágicos! :neg:

 
basta ter na menta a seguinte parte do texto:

O planeja Terra vive um período de intensas transformações técnico-científicas, em contrapartida das quais engendram-se fenômenos de desequilíbrios ecológicos que, se não forem remediados, no limite, ameaçam a implantação da vida em sua superficie


o BICHO-homem corre risco de extinçao, MAS, nao o planeta.
pode ter certeza que o planeta vai durar muito mais quee a gente e se regenerar.
essa nave vai voltar (mais uma vez) a ser povoada e nao veremos o BICHO HOMEM melhorar.
somos uma PRAGA fadada ao fracasso desdo momento que nascemos.
 
somos uma PRAGA fadada ao fracasso desdo momento que nascemos.

Não acho que seja desde o momento em que nascemos,

acho que seja desde o dia que o primieo FDP inventou a cerca!

"Deus criou o mundo, o diabo criou o arame farpado!"
(Texto do filme: Deus e o Diabo na terra do Sol. - Glauber Rocha)

Inté...
 
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