- 06/06/2011
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Estou postanto na verdade três experiências, pois foi somente na terceira vez que pude sentir verdadeiramente os efeitos da psilocibina.
P.C. Cambodians
1° Ingestão - 29/09/2011
Por volta de meia noite ingeri cerca de 40 gramas de cubensis frescos. Depois de 1 hora começaram alguns efeitos: um desconforto estomacal que não se prolongou e uma vertigem, sentia-me embriagado e lúcido ao mesmo tempo.
Parado, fixava o olhar em varias coisas por um longo período: A cama de um amigo se apresentava como uma espiral e seu corpo acompanhava a torção; ao urinar tinha a impressão de que a distancia entre o vaso e o meu corpo era de mais de três metros de altura. Tive também outras alucinações menos relevantes.
Estou certo de que a ansiedade, grande expectativa e um preparo insuficiente, unidos com uma baixa dosagem tenham sido os inibidores de uma experiência mais profunda e construtiva.
2° Ingestão - 03/10/2011
Ingestão de 110 g de cubensis frescos batidos no liquidificador.
Curiosamente os efeitos foram muito menores do que no primeiro uso.
3°Ingestão - 05/10/2011
70 gramas...
Após a ingestão fiquei deitado tentando me concentrar nos meus pensamentos. Estava bem ansioso e pensei que as músicas iriam me acalmar, comecei a ouvir Tchaikovsky. Depois de algum tempo começaram os efeitos e a ansiedade aumentava cada vez mais e, acho que pela música, me vi na era medieval em meio a batalhas onde o risco que eu corria era imenso, como uma bola de neve, os pensamentos ficavam cada vez mais aterrorizantes. Via nitidamente como esses pensamentos negativos influenciavam toda a experiência: bastava pensar em uma queda de temperatura corpórea e eu logo sentia isso acontecendo em meu organismo, desencadeando uma série de pensamentos ruins. Percebi com muita clareza como o ego luta com toda a sua força para permanecer no domínio quando ameaçado. Começa a criar mecanismos de manter você “ligado” como, por exemplo, ansiedades intensas. Eu sou muito ansioso, quero manter tudo sob o meu controle sempre e, de uma hora pra outra, perder essa capacidade foi como estar morrendo! Sentia-me como um pequeno ponto de circulação livre no meu cérebro, podia ir a qualquer lugar que quisesse do meu passado e realmente tive lembranças de coisas bem remotas na minha vida (não consegui me concentrar nessas lembranças pois o medo que eu tinha delas era muito grande, apesar de ter a certeza de que isso era possível). Um minuto que se passava no relógio parecia durar uma eternidade, uma quantidade infinita de pensamentos vinham à minha cabeça em um único segundo. Uma questão marcou bastante a minha agonia: Era horrível a consciência que tive de que tudo se repete inexoravelmente, tudo acontece da mesma forma desde tempos muito remotos e será sempre assim, um ciclo interminável que nos faz escravos dele, enquanto estivermos nesse mundo. Nessa hora não me contive e me levantei rapidamente, fui para o quarto ao lado pedindo socorro aos meus amigos e eles tentaram me acalmar (já sabiam do que se tratava) e sinceramente não sei o que teria me acontecido se não fosse a ajuda deles, eu estava péssimo e muito nervoso. A presença e a conversa com eles me deixaram totalmente livre do terror que eu havia sentido. Tentei “acordá-los” falando de como tudo se repete, todos os dias nós fazemos as mesmas coisas e de forma automática sem nem perceber o quanto isso é “seco” e sem significado. Nessa fase eu havia perdido completamente a noção de tempo, mas sem nenhum pensamento ruim, deitado no chão, nada mais me preocupava. Estava disposto a apostar com eles que o sol não nasceria dali a algumas horas e convicto de que iria ganhar a aposta, pois a quantidade infinita de coisas que aconteciam a cada segundo faziam-me pensar que o tempo estava realmente parado. Repetia várias vezes para mim mesmo que eu sou muito feliz e que eu não precisava de mais nada. Também perguntava a cada um se eram realmente felizes. Era muito importante pra mim que todos estivessem bem e que tudo ficasse bem. Sentia uma forte e carinhosa saudade de muitas pessoas que fazem ou fizeram parte de minha vida. Dentre elas, a mais imponente: Minha Mãe. Sua lembrança era constante, uma saudade sufocante seguida de choro (moro distante dela). Era incrível a percepção única que tive do amor imenso que ela sente por mim, do tanto que lutou e das coisas que abdicou em sua vida por minha causa. Era forte também a sensação de plena liberdade, tudo depende da minha atitude e o meu estado é conseqüência somente do que eu tenho feito. Sempre fui bastante fechado, simplesmente não consigo chegar para uma pessoa e dizer o quanto ela é importante ou o quanto gosto dela. Mas foi incrível a forma com que fiz isso para com os meus amigos. Cumprimentava a todos eles e, olhando em seus olhos, dizia que eles eram pessoas muito boas para mim, que a companhia de cada um era o que me fazia feliz no momento e agradecia a cada um por tê-los conhecido, de forma muito grata. Até agora não sei como tive essa coragem. Essa atitude culminou em uma mudança sutil no meu relacionamento com esses amigos. No final da noite só fazia agradecer a Quem quer que esteja sobre nós por tanta riqueza (tudo para mim apresentava uma forma esplêndida, por mais simples que fosse). Nada pode ser delimitado, o meu cérebro é um universo à parte tamanha a sua extensão e o mesmo eu avistava em qualquer forma de vida ou matéria. Tudo realmente é infinito e complexo. Chorei me sentindo culpado por encarar a vida de forma tão monótona e covarde, fazendo sempre pouco caso da beleza intrínseca a cada milagre; e todo acontecimento é um milagre.
P.C. Cambodians
1° Ingestão - 29/09/2011
Por volta de meia noite ingeri cerca de 40 gramas de cubensis frescos. Depois de 1 hora começaram alguns efeitos: um desconforto estomacal que não se prolongou e uma vertigem, sentia-me embriagado e lúcido ao mesmo tempo.
Parado, fixava o olhar em varias coisas por um longo período: A cama de um amigo se apresentava como uma espiral e seu corpo acompanhava a torção; ao urinar tinha a impressão de que a distancia entre o vaso e o meu corpo era de mais de três metros de altura. Tive também outras alucinações menos relevantes.
Estou certo de que a ansiedade, grande expectativa e um preparo insuficiente, unidos com uma baixa dosagem tenham sido os inibidores de uma experiência mais profunda e construtiva.
2° Ingestão - 03/10/2011
Ingestão de 110 g de cubensis frescos batidos no liquidificador.
Curiosamente os efeitos foram muito menores do que no primeiro uso.
3°Ingestão - 05/10/2011
70 gramas...
Após a ingestão fiquei deitado tentando me concentrar nos meus pensamentos. Estava bem ansioso e pensei que as músicas iriam me acalmar, comecei a ouvir Tchaikovsky. Depois de algum tempo começaram os efeitos e a ansiedade aumentava cada vez mais e, acho que pela música, me vi na era medieval em meio a batalhas onde o risco que eu corria era imenso, como uma bola de neve, os pensamentos ficavam cada vez mais aterrorizantes. Via nitidamente como esses pensamentos negativos influenciavam toda a experiência: bastava pensar em uma queda de temperatura corpórea e eu logo sentia isso acontecendo em meu organismo, desencadeando uma série de pensamentos ruins. Percebi com muita clareza como o ego luta com toda a sua força para permanecer no domínio quando ameaçado. Começa a criar mecanismos de manter você “ligado” como, por exemplo, ansiedades intensas. Eu sou muito ansioso, quero manter tudo sob o meu controle sempre e, de uma hora pra outra, perder essa capacidade foi como estar morrendo! Sentia-me como um pequeno ponto de circulação livre no meu cérebro, podia ir a qualquer lugar que quisesse do meu passado e realmente tive lembranças de coisas bem remotas na minha vida (não consegui me concentrar nessas lembranças pois o medo que eu tinha delas era muito grande, apesar de ter a certeza de que isso era possível). Um minuto que se passava no relógio parecia durar uma eternidade, uma quantidade infinita de pensamentos vinham à minha cabeça em um único segundo. Uma questão marcou bastante a minha agonia: Era horrível a consciência que tive de que tudo se repete inexoravelmente, tudo acontece da mesma forma desde tempos muito remotos e será sempre assim, um ciclo interminável que nos faz escravos dele, enquanto estivermos nesse mundo. Nessa hora não me contive e me levantei rapidamente, fui para o quarto ao lado pedindo socorro aos meus amigos e eles tentaram me acalmar (já sabiam do que se tratava) e sinceramente não sei o que teria me acontecido se não fosse a ajuda deles, eu estava péssimo e muito nervoso. A presença e a conversa com eles me deixaram totalmente livre do terror que eu havia sentido. Tentei “acordá-los” falando de como tudo se repete, todos os dias nós fazemos as mesmas coisas e de forma automática sem nem perceber o quanto isso é “seco” e sem significado. Nessa fase eu havia perdido completamente a noção de tempo, mas sem nenhum pensamento ruim, deitado no chão, nada mais me preocupava. Estava disposto a apostar com eles que o sol não nasceria dali a algumas horas e convicto de que iria ganhar a aposta, pois a quantidade infinita de coisas que aconteciam a cada segundo faziam-me pensar que o tempo estava realmente parado. Repetia várias vezes para mim mesmo que eu sou muito feliz e que eu não precisava de mais nada. Também perguntava a cada um se eram realmente felizes. Era muito importante pra mim que todos estivessem bem e que tudo ficasse bem. Sentia uma forte e carinhosa saudade de muitas pessoas que fazem ou fizeram parte de minha vida. Dentre elas, a mais imponente: Minha Mãe. Sua lembrança era constante, uma saudade sufocante seguida de choro (moro distante dela). Era incrível a percepção única que tive do amor imenso que ela sente por mim, do tanto que lutou e das coisas que abdicou em sua vida por minha causa. Era forte também a sensação de plena liberdade, tudo depende da minha atitude e o meu estado é conseqüência somente do que eu tenho feito. Sempre fui bastante fechado, simplesmente não consigo chegar para uma pessoa e dizer o quanto ela é importante ou o quanto gosto dela. Mas foi incrível a forma com que fiz isso para com os meus amigos. Cumprimentava a todos eles e, olhando em seus olhos, dizia que eles eram pessoas muito boas para mim, que a companhia de cada um era o que me fazia feliz no momento e agradecia a cada um por tê-los conhecido, de forma muito grata. Até agora não sei como tive essa coragem. Essa atitude culminou em uma mudança sutil no meu relacionamento com esses amigos. No final da noite só fazia agradecer a Quem quer que esteja sobre nós por tanta riqueza (tudo para mim apresentava uma forma esplêndida, por mais simples que fosse). Nada pode ser delimitado, o meu cérebro é um universo à parte tamanha a sua extensão e o mesmo eu avistava em qualquer forma de vida ou matéria. Tudo realmente é infinito e complexo. Chorei me sentindo culpado por encarar a vida de forma tão monótona e covarde, fazendo sempre pouco caso da beleza intrínseca a cada milagre; e todo acontecimento é um milagre.