- 16/08/2020
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Bom, vamos começar do começo. Sábado, mais um dia de trabalho, tudo ok. Acabou meu horário e fui preparar uma limonada com mel para colocar os cogumelos, que deve ter sido aproximadamente 3g (foi no olhômetro, não tenho balança de precisão). Não contei para minha mãe porque seria mais provável ela não aceitar. Meu irmão ignora minha existência, então tanto faz. Tomei e fui para uma sala aqui e fiquei numa poltrona, sentado, conversando com alguns amigos e ouvindo música.
Depois de aproximadamente meia hora comecei a sentir alguns efeitos, nada de absurdo. As coisas pareciam ir levemente mais para frente e para trás. Senti alguns calafrios de leve, que passaram rapidamente. Me senti fraco, quase como se estivesse começando a perder o controle do meu corpo. Também comecei a ouvir um som, um padrão. Eu não sei descrever, mas era um som grave e não passou durante praticamente a viagem inteira, parecia que eu estava dentro de alguma coisa, uma bolha, não sei. O pensamento sobre o corpo já estava mais "avançado", divagando em como a carne é uma carcaça limitante para uma consciência tão foda e pensando em como algum dia poderíamos, e se conseguiríamos extraí-la.
Os sentimentos de que estamos em algum tipo de simulação começaram a ficar fortes. Me sentia num replay interminável, como se tudo fosse predestinado e não houvesse escapatória, o tempo orquestrado por um alguém. Quem? Esse sentimento foi reforçado MUITO quando coloquei uma música que estou viciado já há algum tempo. Se chama "your master is calling" (), então entrei numa pira de "quem é o mestre?", "quem manda nessa porra toda, quem me fez estar aqui seguindo sempre a mesma coisa, eu sempre agindo da mesma maneira durante a minha vida TODA parecendo ter sido programado para tal? Parece que eu não consigo mudar". Ao mesmo tempo estava tão maravilhoso ouvi-la. Nunca tinha a ouvido tão bem. As guitarras conversavam entre si, parecia que estavam dentro de mim. A voz do vocalista também, melancólica, dando aquele toque de crise existencial. Combinando com o que eu já estava pensando, foi maravilhoso. (brisei até demais né, fazer o que). Talvez tenha sido uma parte "ruim", mas eu gostei demais.
Ah, e eu estava esse tempo todo conversando com um amigo que já usou. Estava mandando alguns áudios tentando explicar tudo mas não dava, eu não conseguia não rir kkkkkkk.
Estava com minha gata nesse quarto. Numa hora a vi pulando atrás de um mosquito. Depois, de reflexos de carros passando na rua. Ela não consegue distinguir o que é tangível de um reflexo cara. Antes mesmo de usar cogumelos já ficava numa brisa do tipo: será que de algum jeito somos limitados como ela? Ou melhor, metaforicamente, correndo atrás de coisas sem sentido, superficialidades da vida que nos mantém entretidos e sempre agindo da mesma maneira, sempre o mesmo padrão. Como fugir?
Bom, logo após isso, abri a porta e saí do quarto. Na hora em que abri a porta já senti algo diferente. Conseguia ouvir tudo com detalhes, parecia tudo mais alto. Bom, detalhe irrelevante.
Voltei, minha gata me mordendo. A peguei no colo e fiquei pensando: como pode existir vida numa bolinha preta tão pequena assim? Será que ela pensa? Se sim, o que ta achando de mim? Como disse meu amigo, devia estar com medo daquele louco no mesmo quarto. Em alguns momentos ela parecia não me conhecer, me mordeu, depois virou as costas e me ignorou. Acho que ela entendeu. Eu estava com sentimentos de amor e empatia enormes por ela, parecia que entendia o que ela pensava.
Houve um momento em que eu estava no chão e ela veio me lamber, como se eu fosse um corpo já sem vida. Pareceu surpresa quando me mexi.
Mudando de assunto, voltando à parte de estar preso aos mesmos padrões: vi que mandei uma mensagem para meu amigo como dizendo
"parece que estou afogando, tentando sair"
Não sei se era eu sendo afogado pelo meu ego, ou eu tentando mudar meu padrão de comportamento. Se puderem me ajudar, eu agradeço.
Uma das coisas que mais queria, que é a dissolução do ego, aparentemente não aconteceu. Não tive maturidade para sequer identificá-lo, quanto mais para lugar contra de alguma maneira.
Meu amigo me sugeriu a meditação, mas eu estava pensando tão rápido, que não cheguei nem a tentar, infelizmente.
Outra coisa é que minha gata só parecia existir quando eu olhava para ela, eu só notava a existência dela quando eu ia mandar algum áudio pro meu amigo. Ela parecia se mexer somente quando eu olhava para ela. Muito doido, sei lá, eu não tava bem kkkkkk
Chegou um momento em que eu já definitivamente não estava bem. Aquele sentimento de tudo serem padrões estava mais forte do que nunca. Tudo igual, tudo premeditado, todos agindo como foram programados. Meu amigo que já usou cogumelo também, não me entendendo. Depois, as pessoas já não pareciam mais ser elas mesmas, mas sim um reflexo de mim mesmo, um espelho vendo meus defeitos e de certa forma me julgando. Só queria me libertar disso, não ser julgado e não julgar mais.
Detalhe que esqueci de falar: minha mãe havia colocado um antigo CD daquela banda Era. Parecia quase que um mantra do universo, não sei nem descrever.
Saí do quarto de novo e fui ver meu cachorro. Ele estava tão calmo, tão compreensivo, parecia que me entendia. Aproximei minha cara da dele, ele ficou me olhando de um jeito empático, foi tão bom.
Depois, fui tomar banho para tentar me limpar, não fisicamente. Passei um bom tempo lá. De pé, depois sentado e olhando tudo indo para o ralo, talvez partes de mim. Passado um tempo nesse estado, resolvi levantar e começar a passar o shampoo. O passei, depois foi o sabonete no corpo. Fiquei encostado na parede pensando em como me libertar de mim mesmo.
Depois, me encostei na parede do lado oposto, já que é um box pequeno.
Fiquei surpreso ao olhar no que eu estava encostado. Vi, desenhado pelos (ironicamente ou não) fungos e também um relevo na parede, um rosto, uma figura de mim mesmo, na mesma altura que eu estava encostado meio abaixado. A espuma do shampoo estava no lugar do cérebro. A vi escorrendo, se esvaindo pela parede, talvez meu antigo eu indo embora. Tentei limpar, tirar os fungos escuros do meu rosto projetado na parede. Não consegui. Depois, fiz isso diante do espelho. Aí já comecei a rir de mim mesmo, mas talvez tenha funcionado de alguma maneira.
Cheguei a pedir perdão para o eu que estava ali, tanto na parede quanto no espelho. Não sei se ele aceitou.
Depois, fui ajudar minha mãe a dar banho no meu cachorro, na pia (kkkkkkk, é grande ta)
Me vi nele também. Fragilizado e com medo, tentando a todo momento escapar. Senti uma profunda empatia.
Eu, no corpo do Vinícius habitual, mudo, sem emitir uma palavra sequer. Normalmente eu estaria reclamando pra cacete, sou chato demais. Minha mãe pareceu não notar que eu estava diferente, fiquei um pouco decepcionado. Mas também querer que ela note algo é meu ego querendo atenção e querendo algum tipo de reconhecimento por agir do jeito que eu sempre deveria ter agido, é foda.
Também falei com um desconhecido que eu adicionei há pouco tempo no whatsapp, falei que eu já não existia mais, e que eram sempre os mesmos padrões. Ele logicamente ficou meio perdido e eu falando que não fugia do esperado. Questionei a existência dele. Fiquei pensando que eu era um todo e ele uma parte de mim, lá, perdido, sem saber o que fazer.
Basicamente é isso. Nesse ponto, já tinham dado umas 5 horas e meia desde que ingeri os cogumelos.
Mas uma coisa que me incomodou é eu sair tão perdido quanto quando entrei. Não consegui parar de julgar aos meus próprios pensamentos durante todo o processo. Como conseguir progresso nessa questão? Meditação? Autoconhecimento? Como me conhecer melhor? Talvez eu consiga me aceitar melhor depois dessa experiência, só o tempo dirá.
Alguém tem algum tipo de sugestão para me ajudar nesse quesito?
Penso em tomar o que restou aqui (aproximadamente 4g) no próximo fim de semana. É um espaçamento de tempo suficiente para ter o efeito completo?
Depois de aproximadamente meia hora comecei a sentir alguns efeitos, nada de absurdo. As coisas pareciam ir levemente mais para frente e para trás. Senti alguns calafrios de leve, que passaram rapidamente. Me senti fraco, quase como se estivesse começando a perder o controle do meu corpo. Também comecei a ouvir um som, um padrão. Eu não sei descrever, mas era um som grave e não passou durante praticamente a viagem inteira, parecia que eu estava dentro de alguma coisa, uma bolha, não sei. O pensamento sobre o corpo já estava mais "avançado", divagando em como a carne é uma carcaça limitante para uma consciência tão foda e pensando em como algum dia poderíamos, e se conseguiríamos extraí-la.
Os sentimentos de que estamos em algum tipo de simulação começaram a ficar fortes. Me sentia num replay interminável, como se tudo fosse predestinado e não houvesse escapatória, o tempo orquestrado por um alguém. Quem? Esse sentimento foi reforçado MUITO quando coloquei uma música que estou viciado já há algum tempo. Se chama "your master is calling" (), então entrei numa pira de "quem é o mestre?", "quem manda nessa porra toda, quem me fez estar aqui seguindo sempre a mesma coisa, eu sempre agindo da mesma maneira durante a minha vida TODA parecendo ter sido programado para tal? Parece que eu não consigo mudar". Ao mesmo tempo estava tão maravilhoso ouvi-la. Nunca tinha a ouvido tão bem. As guitarras conversavam entre si, parecia que estavam dentro de mim. A voz do vocalista também, melancólica, dando aquele toque de crise existencial. Combinando com o que eu já estava pensando, foi maravilhoso. (brisei até demais né, fazer o que). Talvez tenha sido uma parte "ruim", mas eu gostei demais.
Ah, e eu estava esse tempo todo conversando com um amigo que já usou. Estava mandando alguns áudios tentando explicar tudo mas não dava, eu não conseguia não rir kkkkkkk.
Estava com minha gata nesse quarto. Numa hora a vi pulando atrás de um mosquito. Depois, de reflexos de carros passando na rua. Ela não consegue distinguir o que é tangível de um reflexo cara. Antes mesmo de usar cogumelos já ficava numa brisa do tipo: será que de algum jeito somos limitados como ela? Ou melhor, metaforicamente, correndo atrás de coisas sem sentido, superficialidades da vida que nos mantém entretidos e sempre agindo da mesma maneira, sempre o mesmo padrão. Como fugir?
Bom, logo após isso, abri a porta e saí do quarto. Na hora em que abri a porta já senti algo diferente. Conseguia ouvir tudo com detalhes, parecia tudo mais alto. Bom, detalhe irrelevante.
Voltei, minha gata me mordendo. A peguei no colo e fiquei pensando: como pode existir vida numa bolinha preta tão pequena assim? Será que ela pensa? Se sim, o que ta achando de mim? Como disse meu amigo, devia estar com medo daquele louco no mesmo quarto. Em alguns momentos ela parecia não me conhecer, me mordeu, depois virou as costas e me ignorou. Acho que ela entendeu. Eu estava com sentimentos de amor e empatia enormes por ela, parecia que entendia o que ela pensava.
Houve um momento em que eu estava no chão e ela veio me lamber, como se eu fosse um corpo já sem vida. Pareceu surpresa quando me mexi.
Mudando de assunto, voltando à parte de estar preso aos mesmos padrões: vi que mandei uma mensagem para meu amigo como dizendo
"parece que estou afogando, tentando sair"
Não sei se era eu sendo afogado pelo meu ego, ou eu tentando mudar meu padrão de comportamento. Se puderem me ajudar, eu agradeço.
Uma das coisas que mais queria, que é a dissolução do ego, aparentemente não aconteceu. Não tive maturidade para sequer identificá-lo, quanto mais para lugar contra de alguma maneira.
Meu amigo me sugeriu a meditação, mas eu estava pensando tão rápido, que não cheguei nem a tentar, infelizmente.
Outra coisa é que minha gata só parecia existir quando eu olhava para ela, eu só notava a existência dela quando eu ia mandar algum áudio pro meu amigo. Ela parecia se mexer somente quando eu olhava para ela. Muito doido, sei lá, eu não tava bem kkkkkk
Chegou um momento em que eu já definitivamente não estava bem. Aquele sentimento de tudo serem padrões estava mais forte do que nunca. Tudo igual, tudo premeditado, todos agindo como foram programados. Meu amigo que já usou cogumelo também, não me entendendo. Depois, as pessoas já não pareciam mais ser elas mesmas, mas sim um reflexo de mim mesmo, um espelho vendo meus defeitos e de certa forma me julgando. Só queria me libertar disso, não ser julgado e não julgar mais.
Detalhe que esqueci de falar: minha mãe havia colocado um antigo CD daquela banda Era. Parecia quase que um mantra do universo, não sei nem descrever.
Saí do quarto de novo e fui ver meu cachorro. Ele estava tão calmo, tão compreensivo, parecia que me entendia. Aproximei minha cara da dele, ele ficou me olhando de um jeito empático, foi tão bom.
Depois, fui tomar banho para tentar me limpar, não fisicamente. Passei um bom tempo lá. De pé, depois sentado e olhando tudo indo para o ralo, talvez partes de mim. Passado um tempo nesse estado, resolvi levantar e começar a passar o shampoo. O passei, depois foi o sabonete no corpo. Fiquei encostado na parede pensando em como me libertar de mim mesmo.
Depois, me encostei na parede do lado oposto, já que é um box pequeno.
Fiquei surpreso ao olhar no que eu estava encostado. Vi, desenhado pelos (ironicamente ou não) fungos e também um relevo na parede, um rosto, uma figura de mim mesmo, na mesma altura que eu estava encostado meio abaixado. A espuma do shampoo estava no lugar do cérebro. A vi escorrendo, se esvaindo pela parede, talvez meu antigo eu indo embora. Tentei limpar, tirar os fungos escuros do meu rosto projetado na parede. Não consegui. Depois, fiz isso diante do espelho. Aí já comecei a rir de mim mesmo, mas talvez tenha funcionado de alguma maneira.
Cheguei a pedir perdão para o eu que estava ali, tanto na parede quanto no espelho. Não sei se ele aceitou.
Depois, fui ajudar minha mãe a dar banho no meu cachorro, na pia (kkkkkkk, é grande ta)
Me vi nele também. Fragilizado e com medo, tentando a todo momento escapar. Senti uma profunda empatia.
Eu, no corpo do Vinícius habitual, mudo, sem emitir uma palavra sequer. Normalmente eu estaria reclamando pra cacete, sou chato demais. Minha mãe pareceu não notar que eu estava diferente, fiquei um pouco decepcionado. Mas também querer que ela note algo é meu ego querendo atenção e querendo algum tipo de reconhecimento por agir do jeito que eu sempre deveria ter agido, é foda.
Também falei com um desconhecido que eu adicionei há pouco tempo no whatsapp, falei que eu já não existia mais, e que eram sempre os mesmos padrões. Ele logicamente ficou meio perdido e eu falando que não fugia do esperado. Questionei a existência dele. Fiquei pensando que eu era um todo e ele uma parte de mim, lá, perdido, sem saber o que fazer.
Basicamente é isso. Nesse ponto, já tinham dado umas 5 horas e meia desde que ingeri os cogumelos.
Mas uma coisa que me incomodou é eu sair tão perdido quanto quando entrei. Não consegui parar de julgar aos meus próprios pensamentos durante todo o processo. Como conseguir progresso nessa questão? Meditação? Autoconhecimento? Como me conhecer melhor? Talvez eu consiga me aceitar melhor depois dessa experiência, só o tempo dirá.
Alguém tem algum tipo de sugestão para me ajudar nesse quesito?
Penso em tomar o que restou aqui (aproximadamente 4g) no próximo fim de semana. É um espaçamento de tempo suficiente para ter o efeito completo?
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