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Primeira Experiência com 3g P. Cubensis Albino, de alguém que já conhecia Ayahuasca.

Dido

Hifa
Membro Ativo
12/04/2022
94
6
41
Meu primeiro post aqui, (se quebrar alguma regra me avisem), e como acredito que pode ficar longo, de começo um índice indicando como o texto seguirá.

1- Set, Setting (com subtópico para playlist) e momento emocional no qual tive a experiência;
2- A experiência;
3- Os 20 minutos de ansiedade;
4-As alucinações na volta ao corpo;
5-As experiências prévias com Ayahuasca;
6-Conclusões

1- Antes de ter a primeira experiência li bastante sobre o assunto, inclusive aqui neste fórum, então, desde já meu agradecimento a todos.
-Me preparei para a experiência em casa, local confortável, que me remete segurança, minha esposa estava comigo e ficou sóbria para cuidar de mim, então, eu estava no local em que mais me sinto seguro e com a pessoa que mais confio no mundo. O sofá da sala foi o local escolhido para o repouso, 9 da noite o horário, fones de boa qualidade para a música, velas aromáticas também compunham o ambiente, antes de iniciar fiz uns 15 minutos de meditação, que me é uma prática comum.

1.1- Escolhi uma playlist com base nas cerimônias de Ayahuasca com povos originários que já participei, a ordem foi a seguinte:
1.1.1 cantos indigenas, dos Yawanawa, Noke Kuin, Nukini e Guaranis, pois sempre me remetem a coisas boas, aproximadamente 1h de duração.
1.1.2 Icaros Ayahuasca, com voz e chocalho, voz feminina bastante acolhedora, aproximadamente 1:30 h de duração.
1.1.3 - Binaural music, (tem no youtube), onde constava a anotação, Powerful Frequence, não conseguir ouvir inteiro, e pedi para minha esposa trocar de faixa, originalmente seria de 1:30h
1.1.4 - Música clássica, movimento n° 9 de Noturno de Chopin e na sequência Bolero de Ravel, que como eu imaginei, me tirou da introspecção e me jogou para a euforia.
1.1.5 - Após o retorno ao mundo real, como a ideia era de que a festa iria começar, Mestre Anderson, que foi muito bom e a seguir um erro, Luedji Luna com a música Cabô, conheço a cantora, mas não conhecia a música, com um pouco de pressa havia colocado na playlist por ter gostado do ritmo da música, mas nem notei que a letra falava de morte violenta do povo negro, mais a frente relato o resultado.
1.1.6 - Depois disso preparei o restante da viagem com Mushroon Jazz, em mixagem do Dj Mark Farina, mas já adianto que não consegui ouvir.
1.1.7- As músicas e os clipes não programados do Red Hot Chilli Peppers.
-Explicada qual foi a playlist, vamos para a experiência proporcionada.

2- Iniciei com pouco mais de 2 gramas, mas dentro de uma meia hora +/- acabei comendo 3g. Dentro de uns 15 minutos já comecei a sentir os efeitos, terminados os primeiros cantos, que eram Nukini, iniciaram as músicas do Yawanawa, que por estarem mais bem gravadas me trouxeram um pouco de alívio, logo entrei em uma viagem semelhante com as que tive em algumas experiências com ayahuasca, foi por isso que decidi comer as 3g, para aprofundar um pouco mais.
As músicas dos indigenas brasileiros me traziam bastante alegria e lembro de me levantar algumas vezes, as alucinações sonoras começaram na sequência, onde eu escutava a voz da avuelita peruana derreter, estava tudo muito lindo e engraçado, conversava com minha esposa, coisas que pareciam não ter sentido em alguns momentos, e em outros, coisas bastante profundas e significativas para nós dois, ou mesmo coisas particulares minhas, bastante enraizadas em minha personalidade mas que eu gostaria de mudar.

- Quando os powerfull banaurais iniciaram eu me recordo de ter alucinações, ao abrir e fechar os olhos eu conseguia ver os códigos digitais de todos os objetos, consegui enchergar a matrix, se é que me entendem. Mas aquilo era bastante desgastante.
-Nesses intervalos, eu me diverti muito comendo maçã, que estava extremamente saborosa, segundo minha esposa por uma meia hora eu me tornei uma criança pidona, que pedia tudo para ela, maçã, laranja, banana, chocolate, água, era a todo momento, me dá isso, me dá aquilo. Acredito que quando cansei de pedir as coisas, com a música estava muito desgastante pedi para ela trocar de faixa, avançando para a música clássica.
-O piano da música do Chopin foi extremamente aliviante, calmo, suave e gostoso de ouvir, exatamente o que eu precisava para começar a escutar o Bolero de Ravel, que foi o momento mais eufórico de toda a viagem, cada vez que a música crescia eu crescia junto, aquele som era perfeito, eu conseguia destinguir cada nota, cada tensão, cada intervalo, foi realmente maravilhoso.
Quando iniciou a música cirandeiro do Mestre Anderson, os metais soavam limpidos e claros, uma simbiose me fazia perceber as qualidades visuais daquele som, a letra era bonita e me entregou significados interessantes, quase ao final da música lembro de ter sentido vontade de ir ao banheiro, quando iniciou a próxima música dei uma travada no tempo, e iniciaram os eventos dos 20 minutos de agonia.

3- Os 20 minutos de ansiedade -
A ansiedade iniciou quando em uma travada eu fiz algumas gotas de xixi nas calças, isso aconteceu por um erro na escolha da música, como comentei, escolhi uma música com uma letra triste e pesada, eu não me recordo de ter entendido a letra, mas acredito que foi esse o momento que travei e não consegui segurar a bexiga, mas corri ao banheiro e me aliviei, fui imediatamente para o banho, minha esposa me falou que nesse instante eu estava bastante agitado, com carácteristicas de uma crise de ansiedade, no banho eu interpretei aquilo como uma crise de mania, porém, depois, realmente concordei que era ansiedade mesmo. o banho foi rápido, corri no quarto pegar umas roupas, e voltei para a sala, ali foi quando a coisa começou a aprofundar de uma forma ruím, começou a ficar profundo demais, e parecia que lá dentro de mim eu iria descobrir que eu era um criminoso perigoso, que tinha esqueletos de pessoas guardados no armário, que eu era um psicopata sem coração, e isso foi me deixando cada vez mais nervoso, e ansioso. Nesse momento que a agonia só crescia utilizei o conhecimento do que li em um tópico aqui e pedi um rivotril, que desmanchou em baixo da minha língua como se fosse açúcar, causando um alívio quase imediato, eu consegui entender que eu não era nenhum criminoso, e que não havia com o que me preocupar.
-Parenteses para o rivotril - Pode ter tido até um pouco de efeito placebo, mas para reduzir a rotação do cérebro e me deixar raciocinar que nada daquilo que me afligia era real, ele foi primordial, então, em uma proxima oportunidade, se eu perceber que estou com medo de entrar em bad trip, separarei um rivotril novamente.
Essa crise foi rápida, foram aproximadamente 20 minutos, entre iniciar, com alguma agitação, ter o apíce, e ainda permanecer um pouco agitado após, mas dentro da mina cabeça foi longa a luta.
-Após o ocorrido minha esposa insistiu que dentro do que ela já viu, ela conseguiria me acalmar mesmo sem o rivotril, mas um minuto a mais dentro daquele redemoinho seria muito ruim, pois eu poderia afundar ainda mais, então, ponto para o rivotril.
-Advertência, não tome nenhum medicamento sem que seu médico lhe de o sinal verde.
Após o final dessa situação, precisei de um pouco de silêncio, a onda baixou, e resolvi ir deitar.

4-As alucinações na volta ao corpo;
Deitado eu já estava consciente, tinha noção de quem eu era, de onde eu estava, mas não era hora de dormir, liguei a TV e fui ver alguma coisa familiar que me acalmasse, eu ainda estava um pouco agitado, mas nada ruim, não me recordo a órdem, mas iniciei com música, no caso, Red Hot Chilli Peppers, que foi bastante divertido, no clip de Can't Stop a mente começou a criar coisas que não existiam dentro do clip, pois, o vídeo estava acelerado enquanto a música estava em uma marcha normal, então, nasciam intervalos onde a mente tinha que colocar algumas imagens, depois começou o clip de californication e os bonecos estavam totalmente bugados, cabeçudos, ou com texturas esquisitas, estava no youtube, e entre uma música e outra entrava uma propaganda que quebrava totalmente a vibe, lembro de querer ver poster child e bracking the girl, os clipes são enormes viagens de ácido, mas não foi nada de mais, a seguir coloquei the big bang theory para dormir, vi mais algumas diferenças de profundidade, e logo dormi.

5-As experiências prévias com Ayahuasca;
Minha experiência com Ayahuasca não é longa, iniciou em setembro do ano passado (2021, esse post é de abril de 2022), período em que participei de 5 cerimônias, com povos originários Yawanawa e Noke Kuin, nessas 5 oportunidades aprendi muito e tive grandes experiências de auto conhecimento.

Não quero aqui fazer uma comparação entre os cogumelos e a Ayahuasca, acredito que isso nem é cabível, mas são plantas de poder com características diferentes, acredito que compartilhar as diferenças e sensações de cada uma será algo interessante, curioso para quem não conhece, e talvez, acolhedor para quem passou pelas mesmas coisas. E claro, tudo baseado em minha experiência pessoal.

Independente de crença, mas conferindo qualidades que possam ser interpretadas pelo nosso consciente, preciso descrever como senti cada uma das substâncias, precisarei usar símbolos e adjetivos comuns ao dia a dia, vou começar pela Ayahuasca pois é o que conheço mais (mas pouco ainda) e depois dou minhas impressões sobre os cogumelos.

A Ayahuasca é feminina, ela é acolhedora e mais compreensiva, não te dá nenhum fardo que você não pode carregar. Nas cerimônias o que observei é que em caso de grande desconforto físico, ou mesmo vendo pessoas que estão lá sem saber o que querem, ao invés dela puxar a pessoa para a trip e lá dentro confrontar dores e agonias individuais, ela não pega, a trip não bate, preocupações, nervosismo, ansiedade, não são tão frequentemente experimentados pela pessoa dentro da trip (pode acontecer, claro), mas geralmente quando o estado de espirito não está propício simplesmente a viagem não "bate" você fica do lado de fora fazendo a chamada limpeza, a Ayahuasca te pede intenção para te fornecer a força.

Do lado de dentro ela te guia, ela te mostra o que você precisa saber e não te faz sentir algo que você não está preparado para sentir, nesse ponto a Ayahuasca é mais esclarecedora e te da o caminho, enquanto o cogumelo é mais transformador, pois te faz sentir e viver, o processo da ayahuasca é mais longo e mais suave.
Para mim a ayahuasca entregou uma experiência mais coletiva, de mais empatia e amor, de mais inserção com a vida no planeta.

Os cogumelos foram uma indicação da ayahuasca, pois diversas vezes durante pontos altos da força eu me senti desmanchando, penetrando na terra e renascendo como cogumelos.

Sobre os cogumelos, as alucinações visuais, sonoras, tateis, são bem mais presentes com os cogumelos do que com a Ayahuasca, as distorções de tempo então nem se fala, pois por mais que a ayahuasca tenha me mostrado a plenitude de uma vida eterna que durou o instante de uma nota cantada pelo indigena que conduzia a cerimônia, ela não fazia indas e vindas no tempo como os cogumelos, que também me faziam parar no tempo junto com o tempo, a ayahuasca parava o tempo para mim, e me deixava ficar lá fazendo o que quizesse, no caso, só contemplei.
A ayahuasca sempre da um pouco de sono, enquanto com os cogumelos me mantive ativo quase todo o tempo.
O cogumelo é masculino e provocador, a pimenta dele está além do sabor, enquanto a ayahuasca te guia segurando pela mão, o cogumelo te empurra pra onde ele acha que tem que te empurrar. Ele não te dá muitas respostas, mas te mostra o que você precisa ver, sem medo de que isso vá te causar algum sofrimento, se precisa é por que precisa, não tem esse lance de caminho longo e lento, é preto no branco tudo junto e com força, o que pode ser bem mais transformador, ele tira o curativo de uma única vez, mesmo que doa.

6-Conclusões
-É uma nova experiência bastante reveladora, espero repeti-la num futoro próximo, mas com uma dose um pouco menor, talvez 2g ou 2,5g, acredito que se tivesse comido essa quantidade eu não teria travado na hora de ir ao banheiro e a ansiedade não tivesse sido desencadeada.
-O rivotril foi fundamental para que eu não afundasse numa bad trip realmente ruim, não posso dizer que os 20 minutos foram agradáveis, mas não foram assim tão ruins.
-A escolha das músicas é muito importante, acredito que na próxima oportunidade estarei mais afinado com as necessidades de cada momentos, músicas tristes ou com temas pesados são ruins para a experiêncoa. Vou me dar mais liberdade para mudar faixas e escolher as músicas conforme o ritual for passando, nessa primeira experiência deixei a playlist bem engessada, pois, com base no que vivi com a ayahuasca, por vezes eu simplesmente não podia interromper a introspecção, o corpo nem era capaz disso.
-4 dias depois da experiência muitas coisas já se encaixaram melhor, e com certeza vou fazer uso de toda a experiência para minha vida.


Espero que com meu relato eu acrescente algo para a comunidade, desde já agradeço a acolhida, peço desculpas pela ausência de correção no texto.










 

Anexos

  • cogumelo.jpg
    cogumelo.jpg
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Olá, @Rafaknoll, seja bem-vindo ao fórum, já com esse excelente relato de uma experiência rica. :)

Gostei da preparação do setting musical bem detalhado.

Alguns comentários...

começou a ficar profundo demais, e parecia que lá dentro de mim eu iria descobrir que eu era um criminoso perigoso, que tinha esqueletos de pessoas guardados no armário, que eu era um psicopata sem coração, e isso foi me deixando cada vez mais nervoso, e ansioso

Parece que seus pensamentos foram influência direta da letra da música que você disse ter colocado sem ter notado antes que tratava de genocídios de negros.

se eu perceber que estou com medo de entrar em bad trip, separarei um rivotril novamente.

Isso é uma decisão que só cabe a você, e se faz parte do setting pra se sentir seguro, que seja. Mas vou falar um pouco das minhas reflexões a respeito no seu caso.

Você disse que pratica ayahuasca em centros de ayhuasca. Nestes centros, eles dão ansiolíticos em caso de "peya"? Não.

Rivotril, ao que me parece, não faz os efeitos irem embora, mas reduz a ansiedade e isso acalma a trip. Contudo, o melhor mesmo pra você poder aproveitar os benefícios das reflexões trazidas pela bad trip é vivê-la e aprender a ficar tranquilo ou aguentar tranco sozinho, com a certeza de que "vai passar, é apenas o efeito de alguma coisa que eu tomei", caso não lembre o que tomou. É muito importante ter esse treinamento. Até porque pode ser que, num efeito muito poderoso, você sequer lembre que há rivotril e tampouco consiga abrir a boca pra falar pra sua esposa que está numa bad - fique simplesmente catatônico para quem vê de fora. E aí só te restará seu treinamento e condicionamento mental para superar por si próprio o período árduo da experiência.

Isso, claro, é uma ressalva. Você quem sabe como levar suas experiências, e inclusive ter esse resguardo com você. Mas o que lhe digo é o que, na minha visão, será melhor para que o cogumelo tenha seu máximo poder.

Você parece ser uma pessoa naturalmente apta à psicodelia e enteogenia, o problema foi o erro no setting. E, bem, aceitar-se plenamente ajuda muito a evitar que as bads se tornem em processos de desespero: "ok, então eu sou assassino, tá beleza", "que seja, então eu abuso das pessoas, faz parte - eu me aceito plenamente". Depois, quando os efeitos passam, você nota que aqueles pensamentos são psicoses, são coisas sem sentido, produzidos às vezes por um problema de setting, ou porque seu set tava inadequado, após passar semanas vendo coisas sobre violência. Tanta coisa que, numa experiência profunda, pode emergir, mas que não são você, são apenas seu ego diluído se confundindo com aquilo que lhe é externo e que aflui das profundezas da sua psiquê.

-Advertência, não tome nenhum medicamento sem que seu médico lhe de o sinal verde.

Show de bola. :)

estava no youtube, e entre uma música e outra entrava uma propaganda que quebrava totalmente a vibe

Nem me fala!!! A primeira vez que incluí "The Endless River" numa trip foi com os vídeos do zutube... Que pesadelo até hoje aquele monte de propaganda de dentistas!!! Kkkkkkkkkk

Mas massa sua experiência com os clipes em si do Red Hot.

Não quero aqui fazer uma comparação entre os cogumelos e a Ayahuasca, acredito que isso nem é cabível, mas são plantas de poder com características diferentes, acredito que compartilhar as diferenças e sensações de cada uma será algo interessante, curioso para quem não conhece, e talvez, acolhedor para quem passou pelas mesmas coisas. E claro, tudo baseado em minha experiência pessoal.

Apreciamos muito esse tipo de informação subjetiva.

Do lado de dentro ela te guia, ela te mostra o que você precisa saber e não te faz sentir algo que você não está preparado para sentir, nesse ponto a Ayahuasca é mais esclarecedora e te da o caminho, enquanto o cogumelo é mais transformador, pois te faz sentir e viver, o processo da ayahuasca é mais longo e mais suave.

O cogumelo é masculino e provocador, a pimenta dele está além do sabor, enquanto a ayahuasca te guia segurando pela mão, o cogumelo te empurra pra onde ele acha que tem que te empurrar. Ele não te dá muitas respostas, mas te mostra o que você precisa ver, sem medo de que isso vá te causar algum sofrimento, se precisa é por que precisa, não tem esse lance de caminho longo e lento, é preto no branco tudo junto e com força, o que pode ser bem mais transformador, ele tira o curativo de uma única vez, mesmo que doa.


Gostei do seu resumo. Não é como sinto o ayahuasca, mas é como sinto o cogumelo.

Mas assim, das poucas vezes que tomei ayahuasca, na segunda vez passei por uma peya cabulosa, então na minha expectativa o DMT também puxa pra onde a gente não quer ir. Fiquei numa salinha em separado, onde uma praticante antiga cuidava de quem tava em desespero. Eu tinha zero experiência com psicodelia, então tentava de toda forma sair daquilo, o que só piorava a situação. A sorte é que os efeitos duram pouco. Depois passei o resto da noite sem repetir dosagem. Só voltei a tomar depois de já navegar com cogumelos e ter o background sobre psicodelia e enteogenia, e aí sim tive uma experiência bem transformadora numa intensidade alta que, não fossem os cogumelos me treinarem, teria me levado a um novo desespero com a potência que tava o chá naquele dia.
 
@ExPoro Grato pela resposta, com certeza ajudou muito a respeito da esperiência, principalmente com relação a parte da peya. Vou me concentrar melhor para ter mais controle mental sobre os sentimentos ruins, encara-los de forma mais aberta.

Uma dúvida, acontece comigo com a Ayahuasca e está acontecendo com os cogumelos também.

O intervalo da segunda semana após o consumo é sempre bastante delicado, a primeira semana é ótima, mas depois fico muito sensibilizado com tudo, me magoo, fico impactado, entristeço fácil, minha produção baixa, enfim, um estágio que eu classificaria como simuilar a uma depressão moderada.
Depois tudo vai voltando ao normal, a resiliencia aumenta significativamente, a inspiração ressurge, fico como se estivesse um degrau acima de onde estava antes de ter a experiência, mas pra isso, fico alguns dias um bom número de degraus abaixo.

Isso é comum? mais alguém experimenta isso?

Vou acrescentar mais algumas coisas sobre o ambiente.
Você disse que pratica ayahuasca em centros de ayhuasca. Nestes centros, eles dão ansiolíticos em caso de "peya"? Não.

Com certeza não tem remédios ansiolíticos nas cerimônias não, eles comentam, que caso a força esteja muito grande, para acalmar, eles aplicam rapé.

Mas um pouco mais sobre o ambiente, e como eu sinto que ele influi na experiência com a Ayahuasca.
Bom, nas cerimônias que fui (exceto uma) quem conduzui a cerimônia foi um indigena, nascido e crescido na floresta.
Cada uma das doses de Ayahuasca é servida "abençoada" com um "rezo" na língua mãe do indigena. Antes de iniciar a cerimônia sempre tem uma fala, até longa, a respeito do que está prestes a acontecer, a importância daquela cerimônia para o povo dele, como o Uni (como eles chamam a Ayahuasca), faz parte do que o povo deles é como povo.

Como eles estão com suas pinturas tradicionais, cocar, e tudo mais, é normal que vizualizemos, nele e em quem o acompanha, uma figura de autoridade, ou alguém com poderes capaz de interagir com a força da substância. Por isso, sempre que vi alguém tendo alguma "peya" a simples interação com quem está conduzindo a cerimônia foi capaz de acalmar o indivíduo, acredito que essa âncora em uma figura que detém alguma espécie de capacidade de interação com a planta de poder deve gerar essa sensação.

Muito do que vivi com a Ayahuasca com certeza tem relação com esse ambiente e essa sensação de estar diante de alguém que tem um conhecimento ancestral ainda não explorado e entendido completamente.

Com os cogumelos, como estava em casa, com certeza me senti mais "dono do campinho" com mais liberdade para ser eu mesmo.
 
Ah, fico muito feliz com qualquer ajuda que lhe seja eficaz em progredir melhor. :)

Isso é comum? mais alguém experimenta isso?

É um pós-efeito comum, no sentido de que não é raro. Mas acredito que a maioria das pessoas sinta na maior parte das vezes no pós de cogumelos uma boa sensação de redução de ansiedade. Às vezes eu fico irritado no dia seguinte, mas não sei se é o cogumelo ou o cansaço da experiência quando não durmo bem de um dia pro outro.

simples interação com quem está conduzindo a cerimônia foi capaz de acalmar o indivíduo, acredito que essa âncora em uma figura que detém alguma espécie de capacidade de interação com a planta de poder deve gerar essa sensação.

Muito do que vivi com a Ayahuasca com certeza tem relação com esse ambiente e essa sensação de estar diante de alguém que tem um conhecimento ancestral ainda não explorado e entendido completamente.

Com os cogumelos, como estava em casa, com certeza me senti mais "dono do campinho" com mais liberdade para ser eu mesmo.


É um puto de um setting no meio da mata com um povo local isolado de tudo, que também leva a um set diferenciado por estar lá. Experiências com ayahuascas dependem muito do setting, ao contrário do cogumelo, segundo relato de um membro que pratica ambos.
 
Esse final de semana invertemos, minha esposa teve a primeira experiência com os cogumelos e eu fiquei cuidando.
Reduzimos a quantidade para 2g, pré escolhemos uma playlist, mas fiquei disponível para mudar as músicas conforme ela quisesse.
O resultado foi perfeito, tudo virou uma grande e divertida brincadeira de criança.

@ExPoro novamente gostaria de agradecer a atenção recebida e as dicas que encontrei aqui.
Pretendo em breve devo o cultivo.
 
Que legal pessoal!!

Tb sou um psiconauta novo, e olha, cada um interpreta diferente né? Achei interessante como vc compara o daime com o cogumelo, não vejo assim , mas achei interessante!

Pelo que falam, acredito que já tive pelo menos umas duas bad's com o ayahuasca .. bateu o desespero, aquele pensamento de que diabos eu tô fazendo aqui.. até pq tem vezes que a ayahuasca te faz sentir muito mal...quando não te desliga , que foi meu caso em 3 vezes...
Com isso aprendo a segurar um pouco a onde, de firmar quando sinto mal , tde ter bem firme na cabeça de que vai passar , é meu corpo trabalhando a força....no caso da ayahuasca , passa relativamente rápido. Não tenho ideoa de como será no cogu, só tive uma experiência e e foi fantástica no geral...que ver se tomo de novo dia 21, mas quero estar com o set & setting afinado pro dia...


Iluminação pra todos!
 
Que legal pessoal!!

Tb sou um psiconauta novo, e olha, cada um interpreta diferente né? Achei interessante como vc compara o daime com o cogumelo, não vejo assim , mas achei interessante!

Pelo que falam, acredito que já tive pelo menos umas duas bad's com o ayahuasca .. bateu o desespero, aquele pensamento de que diabos eu tô fazendo aqui.. até pq tem vezes que a ayahuasca te faz sentir muito mal...quando não te desliga , que foi meu caso em 3 vezes...
Com isso aprendo a segurar um pouco a onde, de firmar quando sinto mal , tde ter bem firme na cabeça de que vai passar , é meu corpo trabalhando a força....no caso da ayahuasca , passa relativamente rápido. Não tenho ideoa de como será no cogu, só tive uma experiência e e foi fantástica no geral...que ver se tomo de novo dia 21, mas quero estar com o set & setting afinado pro dia...


Iluminação pra todos!
Hoje, já quase um ano depois desse post, e com mais algumas experiências nas costas, eu entendo algumas coisas de forma diferente, mas não muito, algo que eu acrescentaria, é que, hoje, me parece que as viagens de cogumelos ou ayahuasca seriam mais semelhantes se conduzidas da mesma forma. Especificamente, uma cerimônia conduzida por povos originários mas com cogumelos provavelmente me trariam a mesma tranquilidade que cerimônia de ayahuasca, o mais importante alí é a força do rezo do povo. Sei que os huni kuin também consagram cogumelos, um dia quero fazer uma cerimônia indígena com cogumelos para entender.
 
A ansiedade iniciou quando em uma travada eu fiz algumas gotas de xixi nas calças, isso aconteceu por um erro na escolha da música, como comentei, escolhi uma música com uma letra triste e pesada.

Boas, obrigado pelo relato.

Sobre a ansiedade, sempre me questiono a respeito da sua origem. Ela existe, pertence à todos. Somos a ansiedade, ela não é diferente de nós.
Ao invés de tentar fugir ou evitar, mergulhar no mar negro e profundo que essa experiência pode te dar. Afinal, não existe experiência boa ou ruim – todas são significativas, possuem resultado.

É necessário entender que prazer e dor não tem relação com certo e errado. Geralmente queremos obter experiências agradáveis e tomar decisões que tragam bons sentimentos. Mas se tratando de ressignificar, recomeçar, é fundamental abandonar a velha bagagem para olhar as coisas sob uma nova perspectiva. Nisso está incluso sentir e descobrir o medo; a ansiedade; e todos os tormentos que nos circundam.

Caso contrário você estará filtrando o próprio conhecimento do que se é, barrando à energia construtora.

Como dizem os velhos marinheiros, é necessário confiar, se entregar e deixar fluir.

Abracitos, hermanos. 🍄
 
Acho interessante essas comparações entre DMT e psilocibina.
Para mim a Ayahuasca sempre foi impiedosa, enjoada, densa, sem nexo... e no final me deixando leve na primeira, e me jogando na lata de lixo das emoções na segunda. O cogumelo sempre (com exceção de uma experiência) foi divertido e deixando leve no final. Acho uma vantagem do cogumelo eu conseguir tomar sozinho... inclusive quando fui a 6 gramas. Já ayahuasca, acho que seria praticamente impossível tomar sem ser com apoio especializado. Uma coisa engraçada da ayahuasca é que na hora que ela bate, a unica coisa que nos dá dignidade é ter um baldinho para vomitar perto da gente.
 
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