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Primeira Experiência com 3G de Cubensis - Razão e Emoção

Simpatia

Esporo
Cadastrado
09/03/2023
3
2
30
Dedico cada palavra desse texto a qualquer pessoa que estiver disposta a ler até o final.


Antes de comentar como foi a experiência, gostaria de explicar o Set&Setting que eu utilizei.
Minha idéia desde o começo era utilizar a sala. Então peguei algumas coisas do quarto e levei para lá. Foram elas um quadro (anexo), colchão, cobertor, travesseiros (muitos), garrafa de água, a televisão e montei uma Playlist (Bethoven 9 Sinfonia, Sia e Bruno Mars), foram +- 4 horas de músicas. E claro, a alimentação foi bem balanceada, e pelo fato de eu fazer dieta, me ajudou muito. De certa forma, evitei alimentos processados, frituras, refrigerante. Optei pelo típico prato comercial: arroz, feijão, frango e salada.

Também gostaria de pontuar que estava um pouco receoso de ter a experiência sozinho, então chamei uma amiga para me acompanhar, chamaremos ela de bláblá (pediu para que não mencionasse o nome dela). E foi a melhor decisão que eu tive na minha vida, ter essa grande amiga ao meu lado. De certa forma, ela me guiou para uma experiência fantástica.

Agora, gostaria de pontuar um pouco sobre quem é as duas pessoas que vivem dentro da minha cabeça, pode não fazer sentido agora, mas certamente fará mais ao final. E, claro, tornará a leitura muito mais prazerosa, divertida e cheia de verdades.

Dentro da minha mente existem duas personalidades. O Razão e A Emoção.

Pode se imaginar que O Razão seja um homem muito forte, indestrutível, musculoso e extremamente robusto. E A emoção seja uma loira de olhos azuis (imagine uma Giselle Bunchen). Imaginou? Pois é assim que é para mim.

Eles sempre estão juntos e O Razão sempre leva em consideração cada palavra que A Emoção fala. As vezes penso que nessas brigas, A Emoção sempre leva. Sempre. De certa forma eu gosto das discussões dos dois. Aprendo sempre.

Por que digo tudo isso? Porque nossa jornada começa aqui.

Havia tomado a decisão de tomar 3 gramas de cogumelos Psilocibina Cubensis e o universo entendeu a mensagem. E quando digo universo, eu digo Deus.

Cheguei em casa por volta das 13 horas e ao tentar abrir o portão de casa, a chave do cadeado que trancava a garagem simplesmente quebrou (Anexo). Dei risada, peguei a chave reserva e guardei o carro na garagem. Subi as escadas e abri a porta (será importante esse detalhe mais a frente).

Tomei um banho e coloquei uma roupa branca e, por incrível que pareça, eu tinha cismado com a roupa branca. Até tive que tirar do fundo do guarda roupa a camisa. Sei lá, por um segundo eu pensei que seria legal.

Almocei e busquei a blabla no serviço e viemos para casa, chegamos por volta das 16 horas. Pedi para a blabla ir subindo na frente que eu pegaria algumas coisas no carro. Entreguei a chave para ela. No meio da escada a blabla me grita perguntando aonde estava a cabeça da chave.

Lembra da porta? Pois é, a chave estava quebrada dentro da fechadura com a porta aberta (anexo). Ou seja, na hora em que eu abri a porta de casa, a chave ficou presa dentro dela.


Deus fez uma pegadinha comigo e, olhando agora, eu penso que ele me preparou para o que estava por vir.

Uma porta travada aberta sem a possibilidade de trancar.

Ironia do universo? Não sei, mas certamente essa foi só a primeira, ainda tinha a chave do cadeado que tinha quebrado. Acho que Deus me disse: Olha, as portas vão ficar abertas hoje. Nada de trancas.

Aceitei o desafio.

Separei as 3 gramas de cogumelo e virei todas com 6 goles de água (optei por capsulas).

Detalhe interessante foi que optei por digerir uma por uma e somar na minha mente enquanto O Razão tomava a atitude de engolir as cápsulas de 500mg, e A Emoção só observando.

Ficou exatamente assim dentro da cabeça:
500... olha só...
1000... dou conta...
1500... da para parar por aqui ....
2000... até aqui eu fui antes ein....
2500.... O Razão, tu tem certeza disso? -já tomei 2500, o que é mais 500?....
3000... Emoção: Agora não tem volta. Tu é um idiota.

Percebe a conversa? O Razão Levou essa.

3 Gramas para dentro e fé.

Blabla olhou e deu risada. Sentamos e resolvemos jogar uno, super trunfo e truco escutando Bethoven.

De certa forma, eu não queria ficar esperando bater o efeito, simplesmente queria agir normalmente até a hora que eu não agiria mais normalmente. Acho que eu consegui sentir eu indo embora e sobrando só eu. Percebe a loucura?

Aos poucos comecei a sentir as mudanças, extrema atenção em tudo e muita vontade de rir. Eu nunca joguei truco com tanta emoção na minha vida. A propósito, perdi. Apostei meu espadas num grito de 12 e ela me jogou o zap. Eu nunca vibrei tanto, foi mágico.

Depois que acabamos a partida, resolvi andar pela casa e tentar me olhar no espelho...

Eu confesso que estava com muito medo de me olhar no espelho. Mas, no momento que o fiz, a única coisa que eu sentia era: Paz.

Sem ruido. Sem incertezas. Sem medo. Sem amanhã ou o hoje. Sem dia ou noite. Sem roupa confortável. Não tinha nada.

E lá estava eu, de frente para o espelho com um pé no tapete e um no chão.

Era o que era. O chão era maravilhosamente liso e a textura do tapete era uma mágica.

Ali, me olhando no espelho, eu senti que O Razão e A Emoção sentaram em um banquinho juntos e ficaram olhando para aquele globo gigante (Eu acredito que era minha mente) ficando totalmente sem as placas de contenção. E Acredite, eram placas de um bunker nuclear. Eu me recordo de fechar os olhos e me ver pelos olhos deles vendo a cena da mente simplesmente se desfazendo. Cheio de luz e prismas, curvas e mais curvas de cores, era pulsante e vivo. Eu estava vivo.

Sempre acreditei que seria arrancado a força, que me jogaria em um turbilhão infinito e que doeria. Mas não, foi devagar, sútil, educado e cordial. Foi progressivo e contínuo. Foi como um trem muito robusto vindo dentro de um túnel iluminando o caminho. Mas aonde ele passava mantinha tudo aceso.

E eu peguei carona naquele trem.

Depois de me olhar no espelho, resolvi que queria jogar uma água no corpo. E essa foi uma decisão que eu recomendo a todos. Tome um banho com água quente e água gelada em seguida.
Ao entrar no chuveiro eu senti que a água e eu éramos um só. Não existia a água ou eu, éramos os dois juntos. Eu fechei os olhos e podia ver claramente as gotículas de água caindo. Parecia a água escorrendo de um para-brisa de um carro.
E sem pensar duas vezes, desliguei a energia da água e começou a vir água gelada, 1...2....3.... respiro fundo e deu um choque térmico imenso... Foi um arrepio explosivo por todo o corpo. Foi o maior estado de presença da minha vida, lá estava eu, controlando meus impulsos para não sair da água gelada (fará mais sentido mais a frente).

Sai do chuveiro muito revigorado e super agitado, ria como se não houvesse amanhã, corri para a sala e comentei com a blabla do que eu tinha sentido. Trocamos mais algumas informações, ela sempre me perguntava se eu estava bem e sempre abria um sorriso.

Sentei na poltrona e peguei meu quadro e comecei a observar (um desenho feito a mão de uma máscara do V de Vingança com uns traços bem coloridos), senti que aquela máscara escondia uma pessoa e eu senti muita dó, viver uma vida inteira com uma máscara. Quem era aquela pessoa?

Lembra sobre controlar impulsos? Pois é, eu abri um bis e coloquei no meu lado da poltrona e fiquei olhando ele e tentando sentir o impulso de querer comer. Devo ter ficado com ele do lado por uns 30 minutos sem comer. Foi uma experiência muito boa, monitorar o meu sentimento de querer comer e conte-lo. Recomendo a todos para que façam esse teste, mesmo sóbrio. Monitore seus impulsos.



Senhores, infelizmente nem tudo são flores. Aqui entramos em um caminho aonde filho chora e mãe não vê.

Resolvi colocar o clipe do Imagine Dragons – Birds. Erro fatal.


Escrever sobre isso vai ser difícil, mas farei o meu melhor.
Quando tinha uns 5 ou 6 anos eu estudava em uma escola perto de casa. E criança, infelizmente, as vezes podem ser maldosas. Fizeram uma lista dentro da sala com o nome de todas as pessoas feias, e uma menina chegou em mim e me mostrou e fez questão de enfatizar que eu era o último, porque eu era horrível. Todo mundo riu. Foi dolorido para um cacete. E toda a minha vida a partir daquele momento foi um inferno de bullying. Não tinha apoio em casa e na escola era pior ainda. Demorei muito para amadurecer. Foi muito, muito difícil.
Eu tinha costume de chorar escondido no chuveiro, porque ali ninguém ia saber. Me recordo de uma vez que uma menina ruiva abaixou as minhas calças no mezanino da quadra de futebol, estava muito cheio. Ela só riu e ninguém falou nada. As vezes as pessoas olham e falam: há, mas pensando bem, nem foi tão horrível. Mas pega uma criança de 5 anos que não sabe nada da vida e vive uma cena dessa, certamente imagina que o corpo dele é vergonhoso. Pois é, eu cresci e vivi 28 anos da minha vida achando que eu era horroroso.
Comecei a fazer terapia porque queria entender isso, e hoje, 24 anos depois, eu consigo me olhar no espelho e falar: Caralho muleke, você ta monstro porra!! Vamos ir mais longe, não se preocupa!



Enfim, porque dei todo esse contexto?



A blabla resolveu colocar o vídeo do Pabllo Vittar – Indestrutível. E aquilo foi como uma onda gigante. Crescendo, crescendo e crescendo e quando vi eu já estava dentro dela. Não tinha muito o que fazer. Não tinha controle do que pensava.



Eu só Aceitei.



Peguei minhas coisas e pedi para a blabla um minuto. E passei os próximos 20 minutos dentro do quarto debaixo da estante agarrado a um travesseiro chorando tudo o que eu não chorei. Eu havia transbordado. Estava exausto. Eu sentia a imensa solidão daquele menino. Eu sentia o quão triste ele ficou. O quanto ele se achava incapaz. Eu não era ele, eu estava com ele. Eu vi ele no fundo do poço, sozinho e triste. E escrevendo isso nesse exato momento me da vontade de chorar. Ali estava o meu melhor amigo, e o que doía mais era o fato de que era eu mesmo que o havia colocado naquele poço. Todas as vezes que eu me olhava no espelho e chamava aquele menino de idiota, perguntava para ele porque ele não fez ou disse nada? Mas o que um menino de 5 anos poderia dizer ou fazer? Eu fiz o melhor que eu pude.
A Emoção pediu para eu ajudar ele.

Eu parei de chorar com ele, o chamei e falei em voz alta: Ei, vem ver o que você construiu. E eu fiz uma revisão da minha vida toda para ele. Eu nunca me senti tão aliviado e feliz na minha vida. Eu estava orgulhoso da escolha que aquele menino fez. Eu sou o homem que aquele menino queria ser. Nós conseguimos, ele conseguiu. Ele me deu a melhor personalidade que eu poderia ter. Ele me deu coragem e orgulho de mim. Me deu alegria e uma mente que eu acho tão linda e confortável. Ele venceu... Eu venci.

Sai debaixo da estante e peguei a mão daquele menino e nós conversamos. Contei tudo e o levei para sentar com O Razão e A Emoção. Ele estava tão encantado com tudo o que tínhamos construído. A parte mais dolorida foi o momento em que ele perguntou: e o nosso irmão? Como ele está?
Eu respondi, não esta bem, eu acho.
Ele falou: Já cuidou de mim, acho que deveríamos cuidar dele não?

(E pensar nisso agora me fez chorar).

Eu chorei mais ainda. A Emoção Falou para mim que era hora de ele ir para casa. O Razão queria que ele ficasse mais um pouco. Me recordo de ela colocar a mão no ombro e falar: Deixa ele ir para casa, vocês vão conversar pro resto da vida.

O Razão falou: Vai lá e vê o que construímos. Você vai gostar.
E ele me abraçou e foi para casa. Ele estava tão feliz. Ele estava tão orgulhoso. Ele era tão lindo. Eu sinto muito, mais muito pelo o que fizeram com ele. Eu sinto muito o que eu fiz contigo. Me desculpa. Agora você está comigo. Estamos juntos. Te amo.

Ele está em casa.

Sai do quarto e fui para a cozinha, virei um copo gigante de água e comecei a fazer um misto quente para a blabla. Ela veio até a cozinha e perguntou como eu estava.
Nesse momento comecei a entrar em desespero porque eu não queria mais que a blabla estivesse ali. Ofereci para levar ela embora e eu ficar sozinho.
Ela comeu o misto e fui levar ela até a casa dela.
Deixei o celular em casa e fui dirigir. Ainda estava com o efeito do cogumelo, mas estava mais tranquilo. Até porque eu já tinha passado por algo tão pesado, tudo o que viesse depois seria mamão com açúcar.

E foi, deixei a blabla na casa dela e voltando para casa, mais uma vez Deus agiu, a única entrada para o bairro mais fácil estava com um ônibus travado na diagonal e fechou a rotatória e o acesso na via local e, adivinha, fui obrigado a dar uma volta maior e pegar outra entrada e fui obrigado a passar na frente da escola em que todo aquele tormento começou. Eu passei, olhei e acenei. Deus me deu uma oportunidade de me mostrar que estava tudo bem, eu tinha aceitado.

Dirigir o carro com o efeito do cogumelo me deu uma sensação indiscritivel de segurança. Eu podia sentir cada movimento da roda e aceleração. De certa forma, eu senti controle total da situação. Eu ria e ria e ria dirigindo aquele carro. Eu estava lá. A sensação que eu tinha era que eu não estava dirigindo, eu estava assistindo eu dirigir e isso tornou a experiência muito mais emocionante.
E eu chorei.

Chorei por estar no controle, chorei por até que enfim poder escolher qual rua eu iria seguir, chorei por poder escolher a velocidade do carro, chorei por correr com o carro, chorei por ir devagar e chorei por conseguir.

Chegando em casa, coloquei o carro na garagem e agradeci o carro por ter me trazido em segurança. Eu falei com o carro, foi muito divertido haha.

Então subi, deitei no colchão, cobri os olhos e resolvi focar só na respiração e o barulho calmante do ventilador (que aproposito era continuo).

E aqui senhores, foi a reconstrução de tudo.

Imagine comigo um galho de rosa cheio de espinhos e agora imagine um monte desses galhos entrelaçados e conforme eles se movimentavam iam cobrindo todos com uma manta. Depois imagine um enorme campo de trigo e você é uma mosca voando no meio do campo e cada galho que você passa ganha mais dessas mantas e vão se fechando. Foi mais ou menos isso, eu podia sentir tudo voltando a se fechar e, confesso, foi muito gostoso ver tudo voltando aos poucos.

E fica melhor, ao tentar colocar uma estrutura de ferro dentro de um quarto eu senti que não estava encaixando em um dos cantos porque algo atrapalhava e, quando fui ver, tinha um rolo de durex preso no canto, tirei o durex e a estrutura encaixou perfeitamente e eu lembro de pensar: há... está explicado, era isso que atrapalhava o encaixe da estrutura.

Depois eu estava sentado em uma poltrona e um cômodo começou a rodar em cima de mim e eu pensando: cacete, isso vai cair em cima da minha cabeça. E do nada parou, quando olhei para cima, eu percebi que o cômodo era feito de ponta cabeça. GENIAL.

Por fim, voltei para o mesmo banco e encontrei O Razão e A Emoção sentados juntos olhando para aquele enorme globo na frente deles pulsando um monte de prismas coloridos e ondas gigantes de cores. O Razão olhou e falou: É... acho que acabou.

E acabou.
 

Anexos

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Salve @Simpatia ! Seja muito bem-vindo! Espero que você se sinta em casa.

Que experiência profunda cara! Adorei seu relato. Achei algumas partes curiosas... principalmente sobre o Razão e a Emoção. Você interage com essas partes de vocês mesmo que você sente que mora dentro da sua mente? Ou essa descrição que você deu foi algo mais metafórico, que fez sentido apenas na sua viagem?

Eu pergunto isso porque por muitos anos eu ocupei a minha mente com algo que eu descobri recentemente online e que dão o nome de "Maladaptive Daydreaming", ou "devaneio excessivo mal adaptado". Eu construia mundos e histórias super elaboradas com personagens e vivia fantasiando sobre esses cenários e pessoas. Parece coisa de doido né? Talvez eu seja. Hahaha... pois bem....

Pode se imaginar que O Razão seja um homem muito forte, indestrutível, musculoso e extremamente robusto. E A emoção seja uma loira de olhos azuis (imagine uma Giselle Bunchen). Imaginou? Pois é assim que é para mim.

Achei essa descrição do Razão e da Emoção muito legal. Acho que eu também imaginaria meu lado racional e o meu lado emocional de um jeito parecido.

por incrível que pareça, eu tinha cismado com a roupa branca.

Eu também tenho um "uniforme de trip". Normalmente uso um robe bem quentinho do Star Wars, cueca e meias. Hahaha. Faço questão de estar o mais confortável possível, sem sentir nem muito frio, nem muito calor. Nem curto me sentir apertado pelas roupas.

Blabla olhou e deu risada. Sentamos e resolvemos jogar uno, super trunfo e truco escutando Bethoven.

Truco e Beethoven são uma combinação inesperada hein? Haha. Adorei.

Aos poucos comecei a sentir as mudanças, extrema atenção em tudo e muita vontade de rir.

Sempre digo isso... a hora que começa a fazer efeito é um dos momentos favoritos da trip pra mim. Normalmente fico muito feliz. É muito engraçado né? Pouco a pouco as coisas vão distorcendo e a maneira de perceber o mundo muda.

Depois que acabamos a partida, resolvi andar pela casa e tentar me olhar no espelho...

Corajoso... olhar no espelho pode ser muito legal ou muito assustador. Que bom que deu certo aí contigo.

Depois de me olhar no espelho, resolvi que queria jogar uma água no corpo. E essa foi uma decisão que eu recomendo a todos. Tome um banho com água quente e água gelada em seguida.

Que demais o seu relato sobre o banho. O toque fica muito diferente né? Eu curto viajar na textura de cobertores felpudos. Na minha primeira trip eu tomei banho mas acho que foi um pouco confuso pra mim. Lembro que eu comecei a viajar que tava numa cachoeira numa floresta.

Escrever sobre isso vai ser difícil, mas farei o meu melhor.
Quando tinha uns 5 ou 6 anos eu estudava em uma escola perto de casa. E criança, infelizmente, as vezes podem ser maldosas. Fizeram uma lista dentro da sala com o nome de todas as pessoas feias, e uma menina chegou em mim e me mostrou e fez questão de enfatizar que eu era o último, porque eu era horrível. Todo mundo riu. Foi dolorido para um cacete. E toda a minha vida a partir daquele momento foi um inferno de bullying. Não tinha apoio em casa e na escola era pior ainda. Demorei muito para amadurecer. Foi muito, muito difícil.

Cara, eu sinto muito, muito mesmo por essa sua experiência. É impressionante como as vivências da infância nos afetam por muito, muito tempo. Por isso é muito importante proteger as crianças dessas crueldades quando é possível fazer isso.

E passei os próximos 20 minutos dentro do quarto debaixo da estante agarrado a um travesseiro chorando tudo o que eu não chorei. Eu havia transbordado. Estava exausto. Eu sentia a imensa solidão daquele menino. Eu sentia o quão triste ele ficou. O quanto ele se achava incapaz. Eu não era ele, eu estava com ele. Eu vi ele no fundo do poço, sozinho e triste. E escrevendo isso nesse exato momento me da vontade de chorar. Ali estava o meu melhor amigo, e o que doía mais era o fato de que era eu mesmo que o havia colocado naquele poço. Todas as vezes que eu me olhava no espelho e chamava aquele menino de idiota, perguntava para ele porque ele não fez ou disse nada? Mas o que um menino de 5 anos poderia dizer ou fazer? Eu fiz o melhor que eu pude.
A Emoção pediu para eu ajudar ele.

Muito lindo você ter acolhido esse menino machucado que mora dentro de você mesmo. Dê amor a você mesmo e a esse menino que se sentiu pouco amado quando ele mais precisava. Isso é muito importante pra curar feridas profundas. Você pode, sim, acolher sua criança interior e amá-la de todo coração. Isso aí não é papo de jovem místico não, é coisa séria. Te desejo muito sucesso na sua jornada de cura.

Sai debaixo da estante e peguei a mão daquele menino e nós conversamos. Contei tudo e o levei para sentar com O Razão e A Emoção. Ele estava tão encantado com tudo o que tínhamos construído. A parte mais dolorida foi o momento em que ele perguntou: e o nosso irmão? Como ele está?
Eu respondi, não esta bem, eu acho.
Ele falou: Já cuidou de mim, acho que deveríamos cuidar dele não?

Fique à vontade para não responder mas esse irmão... é algo não resolvido em família? Algumas trips que eu tive me fizeram rever a maneira como eu me relaciono com o meu pai. Hoje sinto que tenho muito mais carinho por ele.

Ofereci para levar ela embora e eu ficar sozinho.
Ela comeu o misto e fui levar ela até a casa dela.
Deixei o celular em casa e fui dirigir.

Mano do céu!!!! Minha mente simplesmente travou quando eu li a palavra "dirigir". COMO ASSIM CARA?! 😱 hahahaha

Por favor, não se ofenda nem me leve a mal, mas dirigir sob os efeitos dos cogumelos é muito arriscado, mesmo que esteja no fim da trip. Se alguma coisa é distorcida no seu campo de visão sem você esperar você pode acabar se envolvendo num acidente grave. O ideal é dirigir só depois de ter certeza que os efeitos se foram.

Por outro lado, eu entendo muito bem sua preocupação em ficar sozinho na sua primeira experiência. No começo eu pedia pra mãe do meu filho me acompanhar mas a partir da quarta experiência aprendemos que era melhor que eu fizesse as trips sozinho mesmo. Essa confiança vem com o tempo, é claro, mas hoje eu percebo que fico melhor sozinho, mesmo que a trip fique muito difícil. Acho mais fácil processar tudo quando estou só eu mesmo. O que eu faço é deixar uma playlist feliz de emergência pra caso dê ruim e eu precise sair da bad trip.

Meus parabéns pela coragem e pela experiência. Foi muito legal ler seu relato. Você já pensou em cultivar? Aqui tem muito material bacana sobre cultivo. A experiência de ver os meninos crescendo no terrário em si já é muito terapêutico.

Um grande abraço amigo!
 
Salve @Simpatia ! Seja muito bem-vindo! Espero que você se sinta em casa.

Que experiência profunda cara! Adorei seu relato. Achei algumas partes curiosas... principalmente sobre o Razão e a Emoção. Você interage com essas partes de vocês mesmo que você sente que mora dentro da sua mente? Ou essa descrição que você deu foi algo mais metafórico, que fez sentido apenas na sua viagem?

Eu pergunto isso porque por muitos anos eu ocupei a minha mente com algo que eu descobri recentemente online e que dão o nome de "Maladaptive Daydreaming", ou "devaneio excessivo mal adaptado". Eu construia mundos e histórias super elaboradas com personagens e vivia fantasiando sobre esses cenários e pessoas. Parece coisa de doido né? Talvez eu seja. Hahaha... pois bem....



Achei essa descrição do Razão e da Emoção muito legal. Acho que eu também imaginaria meu lado racional e o meu lado emocional de um jeito parecido.



Eu também tenho um "uniforme de trip". Normalmente uso um robe bem quentinho do Star Wars, cueca e meias. Hahaha. Faço questão de estar o mais confortável possível, sem sentir nem muito frio, nem muito calor. Nem curto me sentir apertado pelas roupas.



Truco e Beethoven são uma combinação inesperada hein? Haha. Adorei.



Sempre digo isso... a hora que começa a fazer efeito é um dos momentos favoritos da trip pra mim. Normalmente fico muito feliz. É muito engraçado né? Pouco a pouco as coisas vão distorcendo e a maneira de perceber o mundo muda.



Corajoso... olhar no espelho pode ser muito legal ou muito assustador. Que bom que deu certo aí contigo.



Que demais o seu relato sobre o banho. O toque fica muito diferente né? Eu curto viajar na textura de cobertores felpudos. Na minha primeira trip eu tomei banho mas acho que foi um pouco confuso pra mim. Lembro que eu comecei a viajar que tava numa cachoeira numa floresta.



Cara, eu sinto muito, muito mesmo por essa sua experiência. É impressionante como as vivências da infância nos afetam por muito, muito tempo. Por isso é muito importante proteger as crianças dessas crueldades quando é possível fazer isso.



Muito lindo você ter acolhido esse menino machucado que mora dentro de você mesmo. Dê amor a você mesmo e a esse menino que se sentiu pouco amado quando ele mais precisava. Isso é muito importante pra curar feridas profundas. Você pode, sim, acolher sua criança interior e amá-la de todo coração. Isso aí não é papo de jovem místico não, é coisa séria. Te desejo muito sucesso na sua jornada de cura.



Fique à vontade para não responder mas esse irmão... é algo não resolvido em família? Algumas trips que eu tive me fizeram rever a maneira como eu me relaciono com o meu pai. Hoje sinto que tenho muito mais carinho por ele.



Mano do céu!!!! Minha mente simplesmente travou quando eu li a palavra "dirigir". COMO ASSIM CARA?! 😱 hahahaha

Por favor, não se ofenda nem me leve a mal, mas dirigir sob os efeitos dos cogumelos é muito arriscado, mesmo que esteja no fim da trip. Se alguma coisa é distorcida no seu campo de visão sem você esperar você pode acabar se envolvendo num acidente grave. O ideal é dirigir só depois de ter certeza que os efeitos se foram.

Por outro lado, eu entendo muito bem sua preocupação em ficar sozinho na sua primeira experiência. No começo eu pedia pra mãe do meu filho me acompanhar mas a partir da quarta experiência aprendemos que era melhor que eu fizesse as trips sozinho mesmo. Essa confiança vem com o tempo, é claro, mas hoje eu percebo que fico melhor sozinho, mesmo que a trip fique muito difícil. Acho mais fácil processar tudo quando estou só eu mesmo. O que eu faço é deixar uma playlist feliz de emergência pra caso dê ruim e eu precise sair da bad trip.

Meus parabéns pela coragem e pela experiência. Foi muito legal ler seu relato. Você já pensou em cultivar? Aqui tem muito material bacana sobre cultivo. A experiência de ver os meninos crescendo no terrário em si já é muito terapêutico.

Um grande abraço amigo!
@Experimentalist Obrigado por compartilhar seu entendimento. Me ajuda muito na busca do meu conhecimento.
Primeiramente, sobre dirigir, eu acredito que só resolvi ir dirigir porque no momento eu sabia que era capaz de faze-lo, não estava com muita diferença na visão, apenas as luzes dos carros estavam mais fortes. E foi uma experiência incrível kk

Sobre essa questão do devaneio eu nunca havia ouvido falar. Mas de certa forma sempre fui muito sonhador, minha vida toda. Isso me gerava muita ansiedade e hoje eu consigo lidar com isso, sou terapeutizado kk. Sobre a questão Do Razão e Da Emoção, eu sempre tive os dois. De algum jeito sempre que minha mente pondera uma questão ela passa pelos olhos dos dois antes de eu ponderar uma conduta. Normalmente eu crio cenários e dialogos na cabeça sobre determinada questão, com perguntas e respostas. Então tem vezes que algum assunto como, por exemplo, ciúmes, me fez refletir por horas até realmente processar a informação. Como se fosse uma espiral de bate e volta entre os dois até terminar a opinião.
Mas não é algo que me atrapalha muito, na real eu sinto que me ajuda sabe? Porque sempre que me encontro meio perdido ou desencorajado a fazer algo, um sempre motiva o outro. E me faz realizar coisas. Além do mais, eu penso só que eu crio cenários para processar meus pensamentos.

Sobre a questão da infância, só existe realmente um entendimento da importância de ter uma boa educação quando somos mais velhos. A terapia me ensinou a fazer paz com o passado. Mas sou grato por tudo o que aconteceu, até porque tudo o que eu passei me fez chegar aonde estoukk

Muito obrigado pelas palavras, fico muito feliz.
 
Muito interessante teu relato.
Essas visitas a infância são muito valiosas, pois podemos acalentar aqueles momentos de sofrimento, essa tua experiência valeu por 20 anos de terapia, refazer as conexões que vinham sustentado muitas coisas da tua vida, desde lá da raiz, é algo inestimável para tua vida.

Algumas dicas, que podem ou não ser úteis, sei que você conseguirá avaliar se o que comentarei é válido pra ti ou não.

Como aparentemente tua experiência é recente, agora só ter consciência de que a vida externa continua da mesma forma que era antes dos cogumelos, as pessoa mantém-se as mesmas, o que tem que doer doi, infelizmente o mundo não se transforma junto conosco. Falo isso para que você evite decepções, repasso minha experiência, de achar que tudo era novo, e acabar me entristecendo muito quando me deparava com situações desagradáveis que eu achava que não iriam mais existir. Isso com certeza ajuda a manter a experiência mais longeva.

Ouça as músicas que você ouviu durante a trip, elas recuperam memorias e sentimentos daqueles instantes.

Não entre em discussões, brigas nem deixe que lixo emocional se aproxime muito de você, principalmente nessas duas primeiras semanas pós primeira trip.

Um ponto que já foi comentado, carai mano, dirigir sob efeitos de cogumelos pode ser perigoso, sei que pode parecer que não, mas de verdade, as alterações da percepção de tempo e espaço não pedem autorização para aparecer. Nesse caso, não vamos pirar por ter ocorrido, pois tenho certeza que você tomou as precauções necessárias e não foi bater um racha, mas numa situação futura, se puder evitar evite.
 
@Dido Muito obrigado pela dica da música, CERTAMENTE farei isso. Não tinha cogitado desta forma.
Alias, concordo completamente contigo, ser uma terapia de 20 anos, eu fico imaginando quanto tempo deveria ter que cavar até encontrar está memória e, acima disso tudo, entender o que aquela memória significava e como aceita-la e tirar algum aprendizado positivo. Sou muito grato ao cogumelo por isso.

Bem agregador teu comentário sobre olhar o mundo externo. É outro ponto que me faz refletir muito sobre não é sobre mudar o mundo, é sobre entende-lo. Então em todas as minhas relações interpessoais eu sempre busco não me afetar pelo problema do outro, ou seja, somente ente,de-lo. Então obrigado pelo toque de tomar cuidado. Colocarei empenho nisso.

Eu sei que dirigir pode ter sido um problema, certamente tomarei mais cuidado para evitar dirigir. Mas eu realmente estava pronto para aquilo naquele momento.

Obrigado pelos pontos, testarei-os com certeza.
 
Essa foi, de longe, a experiência mais gostosa de ler que já vi por aqui. Muito obrigado por compartilhar!
 
Obrigado por compartilhar Simpatia, muito bonito teu relato , me fez sentir de novo o carinho pela minha criança que tb encontrei como vc fez. É muito boa esta experiência e fica um carinho legal por nós mesmo pra levarmos pro resto da vida.

Bem vindo!
 
Entre razões e emoções
A saída é fazer valer a pena🔊🔉:ROFLMAO::ROFLMAO::ROFLMAO:

Vc fez valer a pena :D
 
@Simpatia,
Adoro ler experiências e ver os lugares incríveis que os cogus nos levam... mas, por favor, nunca mais dirija na força da medicina. :) <3
 
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