- 26/04/2020
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Pessoal, queria compartilhar a minha primeira experiência com uma dose heroica.
Já consagro Ayahuasca há uns 4 anos, tive toda uma variedade de experiências entre rituais e retiros, e o cogumelo sempre me interessou. Já havia tomado de 1 a 3g em outros momentos mais recreativos, mas comecei a sentir que precisava levar o cogumelo com a mesma seriedade que o chá.
Fica aqui o meu relato imediato dessa experiência, tão logo eu me senti capaz de processar o que havia ocorrido.
Peço perdão de antemão se a coisa parecer muito doida ou bagunçada, eu não alterei nada de forma a manter essa percepção imediata do choque da coisa toda, que eu acredito ser importante, uma vez que quanto mais vc pensa em algo, mais vc tenta trazer e quebrar os conceitos pra encaixar nas caixas do que a gente entende por realidade.
========
Acordei cedo no Domingo, e ainda em jejum logo tomei as 5g. Voltei para meu quarto, tudo apagado, sem música, no conforto da minha cama. De imediato, os efeitos físicos começaram a se manifestar, as percepções periféricas do corpo começaram a se alterar. Eu, acostumado a ter essas sensações de forma mais brusca em sessões de Ayahuasca - em grupo em volta de uma fogueira -, as percebia agora no conforto da minha cama com mais clareza e 'tranquilidade'.
Na sequência, foi como sentir se minha mente fosse um trem saindo da estação, ou uma montanha russa, aos poucos ganhando velocidade. Era como se minha mente fosse uma fogueira e o cogumelo estivesse aos poucos jogando mais lenha, as chamas subindo além do meu controle. Os meus pensamentos tentando 'decifrar' ou interpretar o que estava acontecendo em tempo real, iam ficando cada vez mais intensos, as ideias se desmembrando, se rearranjando, como se por trás de cada ideia houvessem várias outras e eu as conseguisse ver com uma clareza transparente.
Dessa clareza de entender a origem dos pensamentos antes mesmo que eles pudessem se formar, eu passei a ouvir uma 'voz' na minha mente. Não de uma forma auditiva, mas como se houvessem pensamentos dentro da minha cabeça que não era eu que estava criando, era como se fosse outra inteligência.
E ai que a coisa começa a ficar complexa.
Ao aproximar desses pensamentos, eu reconheci que eram meus sim, mas de um outro eu. Um eu uns degraus mais acima, mais consciente de tudo, alguém que entendia melhor toda aquela experiência do que o eu naquele momento. Eu passo a me referir a essa inteligência como 'eu-futuro' por não querer (nesse primeiro momento) atribuir a ela qualquer rótulo de 'guia' ou 'mentor'. Mas claramente era alguém que estava lá pra responder as questões que eu tinha e me conduzir na viagem, ao mesmo tempo que me fazia ter essa percepção de estar nas duas posições ao mesmo tempo. Era eu quem perguntava e era eu quem respondia, mas como se em momentos diferentes no tempo e espaço.
Rolou um lance absurdo, de eu questionar essa inteligência sobre quando os machine elves iriam aparecer kkkk e receber a informação de que não ia rolar, não tinha o porque, uma vez que eu já havia concordado, em outro momento, em ter essa experiência dessa forma, obtendo uma percepção mais conceitual e menos visual. Como se tudo isso, desde a viagem e até mesmo o meu interesse no cogumelo, já tivesse seguindo um plano pré-determinado
E era como se a cada pensamento que surgia na minha mente fosse banhado em cândida. Tudo ficava claro, todo apego se desfazia, todo problema ou nó da vida real que eu trazia era banhado por um holofote e eu conseguia ver a legenda: "esse aqui é um trauma de infância", "isso é culpa desmedida que você carrega". Coisas que eu tenho arrastado por anos, se desfazendo que nem um castelo de areia na minha frente. E tudo sem peso emocional, só uma sensação de gratidão pelo ritmo e flow das coisas. Não essa coisa de gratidão bicho grilo, mas sim uma satisfação de ver que é tudo uma máquina que tá funcionando do jeito que deve e que sempre funcionou.
E ai ficou essa coisa muito clara, que obviamente é difícil de explicar, mas sim, nesse momento ficou claro - EVIDENTEMENTE claro - de que tudo isso aqui é uma simulação. kkkk
Não uma simulação de um programa de computador, ou de uma raça alienígena, pelo menos não como a gente conceitualisa isso da forma humana que a gente faz.. mas esse entendimento da estrutura que engloba tudo, é algo desenvolvido e criado pra seguir esse flow mesmo, é uma maquina cósmica.
Tipo, eu ainda preciso processar essa parte direito, mas a estrutura das coisas, a estrutura das historias q a gente conta pra gente mesmo, esse padrão, é natural e ao mesmo tempo é coordenado, é intencional, tem um proposito. É tudo um jogo, e conforme eu ia observando, dava pra sentir essa máquina funcionando nas frestas de cada segundo, como se ao desacelerar cada momento, na percepção de cada momento, desse pra perceber essa máquina se movendo.
Tipo, é doido, é bem doido. mas é muito claro, é uma certeza muito profunda. é como se vc tivesse lembrando de uma verdade q vc esqueceu faz muito tempo, e por alguns momentos, vc lembrasse como era saber disso antes de esquecer.
É complicado de explicar pq é como se fosse um lance q transcende a nossa capacidade aqui de colocar em palavras, é como se a gente não tivesse desenvolvido linguagem ainda pra dominar essa ideia, e é o q essa experiencia permite.. por um tempo a tua capacidade de compreender isso expande e é como se vc tivesse acesso a essas informaçoes...
Tipo, é um deja vu, mas é um deja vu ao quadrado.. é uma lembrança de um nível superior de realidade.
E engloba TUDO, tudo funciona nesse ritmo, nessa vibração, mas a gente nao consegue ver normalmente pq a cabeça ta sempre se prendendo nas historias, nas ideias q a gente constroi sobre a vida. É como se vc acordasse pro q é real REAL mesmo, onde essas ideias q a gente constroi, apegos e reaçoes, nao tem real valor. É tudo uma historia q vc conta pra vc mesmo e como é só o q a gente aqui faz todo dia, vira a nossa realidade.
E é uma simulação no sentido de q esse é um ambiente controlado, orientado, onde tudo tem seu lugar, seu processo, tudo.. é tipo um oceano onde toda onda flui junto com o todo, e aqui a gente só consegue ver a onda.
Aos poucos eu fui sentindo que a lenha da fogueira estava diminuindo, essa percepção foi se guardando, e eu fui retornando ao normal.
Nao rolou nada estranho, só uma vez q eu abri o olho e vi estrelas no meu quarto kkkkkk e outra q eu fui no banheiro e me olhei no espelho e tipo.. eu era feito de CARNE.
É difícil de explicar, mas é como se eu tivesse vendo o 'bicho eu', o 'macaco evoluído eu', ao invés do q a gente acostumou a ver com a vida. Era tipo ver sem julgamento de nada, só o q realmente é, um animal que a gente pilota. Acompanhada de uma sensação profunda de agradecimento por esse veículo, essa roupa viva e pelo papel que ela permite que eu experiencie essa máquina cósmica que a gente chama aqui de realidade.
Já consagro Ayahuasca há uns 4 anos, tive toda uma variedade de experiências entre rituais e retiros, e o cogumelo sempre me interessou. Já havia tomado de 1 a 3g em outros momentos mais recreativos, mas comecei a sentir que precisava levar o cogumelo com a mesma seriedade que o chá.
Fica aqui o meu relato imediato dessa experiência, tão logo eu me senti capaz de processar o que havia ocorrido.
Peço perdão de antemão se a coisa parecer muito doida ou bagunçada, eu não alterei nada de forma a manter essa percepção imediata do choque da coisa toda, que eu acredito ser importante, uma vez que quanto mais vc pensa em algo, mais vc tenta trazer e quebrar os conceitos pra encaixar nas caixas do que a gente entende por realidade.
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Acordei cedo no Domingo, e ainda em jejum logo tomei as 5g. Voltei para meu quarto, tudo apagado, sem música, no conforto da minha cama. De imediato, os efeitos físicos começaram a se manifestar, as percepções periféricas do corpo começaram a se alterar. Eu, acostumado a ter essas sensações de forma mais brusca em sessões de Ayahuasca - em grupo em volta de uma fogueira -, as percebia agora no conforto da minha cama com mais clareza e 'tranquilidade'.
Na sequência, foi como sentir se minha mente fosse um trem saindo da estação, ou uma montanha russa, aos poucos ganhando velocidade. Era como se minha mente fosse uma fogueira e o cogumelo estivesse aos poucos jogando mais lenha, as chamas subindo além do meu controle. Os meus pensamentos tentando 'decifrar' ou interpretar o que estava acontecendo em tempo real, iam ficando cada vez mais intensos, as ideias se desmembrando, se rearranjando, como se por trás de cada ideia houvessem várias outras e eu as conseguisse ver com uma clareza transparente.
Dessa clareza de entender a origem dos pensamentos antes mesmo que eles pudessem se formar, eu passei a ouvir uma 'voz' na minha mente. Não de uma forma auditiva, mas como se houvessem pensamentos dentro da minha cabeça que não era eu que estava criando, era como se fosse outra inteligência.
E ai que a coisa começa a ficar complexa.
Ao aproximar desses pensamentos, eu reconheci que eram meus sim, mas de um outro eu. Um eu uns degraus mais acima, mais consciente de tudo, alguém que entendia melhor toda aquela experiência do que o eu naquele momento. Eu passo a me referir a essa inteligência como 'eu-futuro' por não querer (nesse primeiro momento) atribuir a ela qualquer rótulo de 'guia' ou 'mentor'. Mas claramente era alguém que estava lá pra responder as questões que eu tinha e me conduzir na viagem, ao mesmo tempo que me fazia ter essa percepção de estar nas duas posições ao mesmo tempo. Era eu quem perguntava e era eu quem respondia, mas como se em momentos diferentes no tempo e espaço.
Rolou um lance absurdo, de eu questionar essa inteligência sobre quando os machine elves iriam aparecer kkkk e receber a informação de que não ia rolar, não tinha o porque, uma vez que eu já havia concordado, em outro momento, em ter essa experiência dessa forma, obtendo uma percepção mais conceitual e menos visual. Como se tudo isso, desde a viagem e até mesmo o meu interesse no cogumelo, já tivesse seguindo um plano pré-determinado
E era como se a cada pensamento que surgia na minha mente fosse banhado em cândida. Tudo ficava claro, todo apego se desfazia, todo problema ou nó da vida real que eu trazia era banhado por um holofote e eu conseguia ver a legenda: "esse aqui é um trauma de infância", "isso é culpa desmedida que você carrega". Coisas que eu tenho arrastado por anos, se desfazendo que nem um castelo de areia na minha frente. E tudo sem peso emocional, só uma sensação de gratidão pelo ritmo e flow das coisas. Não essa coisa de gratidão bicho grilo, mas sim uma satisfação de ver que é tudo uma máquina que tá funcionando do jeito que deve e que sempre funcionou.
E ai ficou essa coisa muito clara, que obviamente é difícil de explicar, mas sim, nesse momento ficou claro - EVIDENTEMENTE claro - de que tudo isso aqui é uma simulação. kkkk
Não uma simulação de um programa de computador, ou de uma raça alienígena, pelo menos não como a gente conceitualisa isso da forma humana que a gente faz.. mas esse entendimento da estrutura que engloba tudo, é algo desenvolvido e criado pra seguir esse flow mesmo, é uma maquina cósmica.
Tipo, eu ainda preciso processar essa parte direito, mas a estrutura das coisas, a estrutura das historias q a gente conta pra gente mesmo, esse padrão, é natural e ao mesmo tempo é coordenado, é intencional, tem um proposito. É tudo um jogo, e conforme eu ia observando, dava pra sentir essa máquina funcionando nas frestas de cada segundo, como se ao desacelerar cada momento, na percepção de cada momento, desse pra perceber essa máquina se movendo.
Tipo, é doido, é bem doido. mas é muito claro, é uma certeza muito profunda. é como se vc tivesse lembrando de uma verdade q vc esqueceu faz muito tempo, e por alguns momentos, vc lembrasse como era saber disso antes de esquecer.
É complicado de explicar pq é como se fosse um lance q transcende a nossa capacidade aqui de colocar em palavras, é como se a gente não tivesse desenvolvido linguagem ainda pra dominar essa ideia, e é o q essa experiencia permite.. por um tempo a tua capacidade de compreender isso expande e é como se vc tivesse acesso a essas informaçoes...
Tipo, é um deja vu, mas é um deja vu ao quadrado.. é uma lembrança de um nível superior de realidade.
E engloba TUDO, tudo funciona nesse ritmo, nessa vibração, mas a gente nao consegue ver normalmente pq a cabeça ta sempre se prendendo nas historias, nas ideias q a gente constroi sobre a vida. É como se vc acordasse pro q é real REAL mesmo, onde essas ideias q a gente constroi, apegos e reaçoes, nao tem real valor. É tudo uma historia q vc conta pra vc mesmo e como é só o q a gente aqui faz todo dia, vira a nossa realidade.
E é uma simulação no sentido de q esse é um ambiente controlado, orientado, onde tudo tem seu lugar, seu processo, tudo.. é tipo um oceano onde toda onda flui junto com o todo, e aqui a gente só consegue ver a onda.
Aos poucos eu fui sentindo que a lenha da fogueira estava diminuindo, essa percepção foi se guardando, e eu fui retornando ao normal.
Nao rolou nada estranho, só uma vez q eu abri o olho e vi estrelas no meu quarto kkkkkk e outra q eu fui no banheiro e me olhei no espelho e tipo.. eu era feito de CARNE.
É difícil de explicar, mas é como se eu tivesse vendo o 'bicho eu', o 'macaco evoluído eu', ao invés do q a gente acostumou a ver com a vida. Era tipo ver sem julgamento de nada, só o q realmente é, um animal que a gente pilota. Acompanhada de uma sensação profunda de agradecimento por esse veículo, essa roupa viva e pelo papel que ela permite que eu experiencie essa máquina cósmica que a gente chama aqui de realidade.