- 20/12/2021
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Bom dia a todos,
Comi cogumelos pela primeira vez em Fevereiro de 2021, num acampamento no Vale Utopia -SC. Mas nem considero como uma experiência pois uns colegas de um amigo compraram de um desconhecido em Florianópolis, não sabia a dosagem e menos ainda a procedência. Eu e minha esposa só ficamos com enjoo, sem nenhum percepção de estado alterado de consciência.
Então, em Setembro iniciei o primeiro cultivo em casa e em Outubro fiz a colheita.
Pelo receio do enjoo, decidimos que só eu comeria, pra depois contar pra minha esposa os efeitos.
Moro com minha esposa e dois cachorros, e decidi que comeria 3g em casa mesmo.
Gosto de escutar músicas por álbuns completos, então já baixei alguns no celular para o caso de sentir vontade de escutar durante a experiência.
Me preparei em relação a alimentação do dia anterior (evitando comer muito), e no dia da experiência almocei 12h um prato bem leve (arroz, alface, palmito e filé de frango grelhado).
As 13:30 comi as 3g de cogumelo misturado com mel, e fui para o banho na intenção de sair do banho antes do início dos efeitos.
Comecei a me sentir "estranho" ainda durante o banho, principalmente quando percebi o padrão em que a água escorre pelo box de vidro. A água caindo no corpo também começou a trazer um prazer acima no "normal" (eu já gosto de banho naturalmente, só aumentou essa percepção).
Saí do banho, minha esposa estava fumando maconha e perguntou como estava me sentindo. Conversamos um pouco e decidi que ira para o quarto.
Levei o celular, a caixa de som e coloquei pra tocar o álbum Abraxas (Santana, 1970). Abri a cortina e me apoiei na janela, olhando para o quintal e a rua.
Nesse momento fiquei realmente impressionado com a qualidade com que estava enxergando as cores de tudo. Essa tarde estava meio nublada, com pouco sol, e mesmo assim eu via cada detalhe de tudo. A música também ficou realmente prazerosa de ouvir, o disco tem ritmos bastante dançantes, e me deixou bastante eufórico (especialmente nos solos de guitarra e órgão).
No meio do disco senti vontade de fumar um charuto. Fui até a sala, peguei o charuto, cortador e maçarico e voltei para a janela do quarto.
Lembro que fiquei um pouco preocupado de passar alguém na rua e achar estranho eu estar ali, mas os dois vizinhos da frente não estavam em casa, e moro numa rua bem pouco movimentada, logo já não me preocupei mais com isso.
Comecei a fumar, e o gosto do tabaco também estava muito agradável.
Temos um quadro em cima da cama que ganhamos de uma amiga, olhei pra ele em um momento, e quando percebi eu já estava em pé em cima da cama, olhando muito de perto o quadro. Mais uma vez fiquei impressionado com a pintura. Conseguia ver as camadas de tinta depositadas na tela, percebia o sentido das pinceladas, quais cores estavam por cima e por baixo... Muito interessante, percebi que mesmo vendo o quadro todos os dias, nunca tinha REALMENTE visto ele.
De relance vi meu reflexo num espelho facial com lente de aumento, peguei o espelho e fiquei me olhando. Foi estranho por alguns instantes, mas depois se tornou interessante.
O álbum terminou e quis ir ao ao livre. O fundo da nossa casa é aberto (sem telhado), e o terreno atrás é uma plantação de arroz, então temos uma boa vista para o céu e montanhas que cercam o bairro. Lá fora escutei Pet Sounds (Beach Boys, 1966), My Magical Mystery Tour (The Beatles, 1967), e Terra (Sá, Rodrix & Guarabyra, 1973).
Especialmente escutando Pet Sounds, eu sentia que estava sentindo as músicas muito intensamente, as músicas tem uma produção fantástica, instrumentais e vozes extremamente bem feitos. Fiquei realmente feliz em poder ter acesso a essas músicas, pensei como era bom essas coisas existirem, como foi bom o caminho que minha vida tomou, as pessoas com que troquei experiências para que eu pudesse estar ali sentindo e percebendo aquilo.
Outra coisa bem marcante foi o fato do que eu fiquei em pé, apoiado no muro e olhando a paisagem, e eu "não conseguia" ficar parado. O corpo sempre estava meio "balançando" suavemente, esticava os as pernas e braços, fiquei descalço esfregando os pés na grama. Eu estava sentindo meu corpo todo de uma forma bem diferente do normal, e sentia realmente prazer ao alongar o corpo.
Vale mencionar que do início dos efeitos (pelas 14h) até umas 18h, eu bocejei muito. Foi bem estranho porque eu bocejava "de sono", sem ter sono, sem sentir cansaço. Mas logo me acostumei com isso e o movimento da boca e do rosto durante os bocejos se tornou prazeroso também.
Outra coisa é que quando eu fechava os olhos (pra piscar mesmo, ou quando bocejava), as imagens que eu via de olhos abertos girava, rodavam, mudavam de cor... Mas quando abria os olhos, tudo estava "normal", mas com aquela riqueza de cores fantástica.
Em certo momento começou a chover, mas não senti desejo de entrar pra dentro de casa. Entrei pra pegar uma blusa, vesti a blusa, voltei pro muro do fundo da casa e fiquei escutando música na chuva mesmo.
Vale lembrar que uma das músicas do álbum Terra é a "Mestre Jonas", que conta sobre um cara que mora dentro de uma baleia por vontade própria. Pensei bastante sobre a letra dessa música, até repeti ela 2 ou 3 vezes. Fiquei pensando quais eram "minhas baleias", que coisas eu assumi como certas e que tenho que fazer "por que sim"... Foi bom para refletir sobre os caminhos que tenho levado minha vida, rever o que eu realmente estou fazendo por ser eu, e o que fiz e faço por alguma determinação externa.
Começou a escurecer, senti que os efeitos já estavam diminuindo, decidi ir tomar outro banho.
Pareceu que depois do banho a sensação forte era sobre o corpo (a mente já estava mais próxima de sóbrio).
Naquelas semanas antes da experiência eu tinha pesquisado bastante sobre Ram Dass, então deitei da cama e coloquei pra tocar o álbum Cosmix (Ram Dass & Kriece,2008). Lembro que eram músicas bem diferentes do que estou acostumado a ouvir, acabei escutando deitado no escuro, me alongando conforme sentia vontade. Mais pro final já queria sair do quarto mas preferi terminar o álbum primeiro.
Quando terminei e fui pra sala, conversei um pouco com minha esposa e ela queria sair pra jantar. Acho que era por volta de 21h. Sentia que estava praticamente sem efeitos, e fomos para uma pizzaria no centro da cidade.
Chegando lá foi interessante sentir os sabores da pizza, mesmo conversando com minha esposa, estava bastante atento às pessoas que estavam em volta.
Voltamos pra casa, assistimos algo juntos e depois fomos dormir.
Gostei bastante da experiência, não tive nenhum tipo de enjoo, me senti realmente feliz pelo simples fato de poder sentir as coisas, me fez valorizar coisas que me fazem ser eu, repensar coisas que posso estar fazendo por alguma imposição externa e continuar minha busca por me tornar uma pessoa melhor com os outros e comigo mesmo.
Comi cogumelos pela primeira vez em Fevereiro de 2021, num acampamento no Vale Utopia -SC. Mas nem considero como uma experiência pois uns colegas de um amigo compraram de um desconhecido em Florianópolis, não sabia a dosagem e menos ainda a procedência. Eu e minha esposa só ficamos com enjoo, sem nenhum percepção de estado alterado de consciência.
Então, em Setembro iniciei o primeiro cultivo em casa e em Outubro fiz a colheita.
Pelo receio do enjoo, decidimos que só eu comeria, pra depois contar pra minha esposa os efeitos.
Moro com minha esposa e dois cachorros, e decidi que comeria 3g em casa mesmo.
Gosto de escutar músicas por álbuns completos, então já baixei alguns no celular para o caso de sentir vontade de escutar durante a experiência.
Me preparei em relação a alimentação do dia anterior (evitando comer muito), e no dia da experiência almocei 12h um prato bem leve (arroz, alface, palmito e filé de frango grelhado).
As 13:30 comi as 3g de cogumelo misturado com mel, e fui para o banho na intenção de sair do banho antes do início dos efeitos.
Comecei a me sentir "estranho" ainda durante o banho, principalmente quando percebi o padrão em que a água escorre pelo box de vidro. A água caindo no corpo também começou a trazer um prazer acima no "normal" (eu já gosto de banho naturalmente, só aumentou essa percepção).
Saí do banho, minha esposa estava fumando maconha e perguntou como estava me sentindo. Conversamos um pouco e decidi que ira para o quarto.
Levei o celular, a caixa de som e coloquei pra tocar o álbum Abraxas (Santana, 1970). Abri a cortina e me apoiei na janela, olhando para o quintal e a rua.
Nesse momento fiquei realmente impressionado com a qualidade com que estava enxergando as cores de tudo. Essa tarde estava meio nublada, com pouco sol, e mesmo assim eu via cada detalhe de tudo. A música também ficou realmente prazerosa de ouvir, o disco tem ritmos bastante dançantes, e me deixou bastante eufórico (especialmente nos solos de guitarra e órgão).
No meio do disco senti vontade de fumar um charuto. Fui até a sala, peguei o charuto, cortador e maçarico e voltei para a janela do quarto.
Lembro que fiquei um pouco preocupado de passar alguém na rua e achar estranho eu estar ali, mas os dois vizinhos da frente não estavam em casa, e moro numa rua bem pouco movimentada, logo já não me preocupei mais com isso.
Comecei a fumar, e o gosto do tabaco também estava muito agradável.
Temos um quadro em cima da cama que ganhamos de uma amiga, olhei pra ele em um momento, e quando percebi eu já estava em pé em cima da cama, olhando muito de perto o quadro. Mais uma vez fiquei impressionado com a pintura. Conseguia ver as camadas de tinta depositadas na tela, percebia o sentido das pinceladas, quais cores estavam por cima e por baixo... Muito interessante, percebi que mesmo vendo o quadro todos os dias, nunca tinha REALMENTE visto ele.
De relance vi meu reflexo num espelho facial com lente de aumento, peguei o espelho e fiquei me olhando. Foi estranho por alguns instantes, mas depois se tornou interessante.
O álbum terminou e quis ir ao ao livre. O fundo da nossa casa é aberto (sem telhado), e o terreno atrás é uma plantação de arroz, então temos uma boa vista para o céu e montanhas que cercam o bairro. Lá fora escutei Pet Sounds (Beach Boys, 1966), My Magical Mystery Tour (The Beatles, 1967), e Terra (Sá, Rodrix & Guarabyra, 1973).
Especialmente escutando Pet Sounds, eu sentia que estava sentindo as músicas muito intensamente, as músicas tem uma produção fantástica, instrumentais e vozes extremamente bem feitos. Fiquei realmente feliz em poder ter acesso a essas músicas, pensei como era bom essas coisas existirem, como foi bom o caminho que minha vida tomou, as pessoas com que troquei experiências para que eu pudesse estar ali sentindo e percebendo aquilo.
Outra coisa bem marcante foi o fato do que eu fiquei em pé, apoiado no muro e olhando a paisagem, e eu "não conseguia" ficar parado. O corpo sempre estava meio "balançando" suavemente, esticava os as pernas e braços, fiquei descalço esfregando os pés na grama. Eu estava sentindo meu corpo todo de uma forma bem diferente do normal, e sentia realmente prazer ao alongar o corpo.
Vale mencionar que do início dos efeitos (pelas 14h) até umas 18h, eu bocejei muito. Foi bem estranho porque eu bocejava "de sono", sem ter sono, sem sentir cansaço. Mas logo me acostumei com isso e o movimento da boca e do rosto durante os bocejos se tornou prazeroso também.
Outra coisa é que quando eu fechava os olhos (pra piscar mesmo, ou quando bocejava), as imagens que eu via de olhos abertos girava, rodavam, mudavam de cor... Mas quando abria os olhos, tudo estava "normal", mas com aquela riqueza de cores fantástica.
Em certo momento começou a chover, mas não senti desejo de entrar pra dentro de casa. Entrei pra pegar uma blusa, vesti a blusa, voltei pro muro do fundo da casa e fiquei escutando música na chuva mesmo.
Vale lembrar que uma das músicas do álbum Terra é a "Mestre Jonas", que conta sobre um cara que mora dentro de uma baleia por vontade própria. Pensei bastante sobre a letra dessa música, até repeti ela 2 ou 3 vezes. Fiquei pensando quais eram "minhas baleias", que coisas eu assumi como certas e que tenho que fazer "por que sim"... Foi bom para refletir sobre os caminhos que tenho levado minha vida, rever o que eu realmente estou fazendo por ser eu, e o que fiz e faço por alguma determinação externa.
Começou a escurecer, senti que os efeitos já estavam diminuindo, decidi ir tomar outro banho.
Pareceu que depois do banho a sensação forte era sobre o corpo (a mente já estava mais próxima de sóbrio).
Naquelas semanas antes da experiência eu tinha pesquisado bastante sobre Ram Dass, então deitei da cama e coloquei pra tocar o álbum Cosmix (Ram Dass & Kriece,2008). Lembro que eram músicas bem diferentes do que estou acostumado a ouvir, acabei escutando deitado no escuro, me alongando conforme sentia vontade. Mais pro final já queria sair do quarto mas preferi terminar o álbum primeiro.
Quando terminei e fui pra sala, conversei um pouco com minha esposa e ela queria sair pra jantar. Acho que era por volta de 21h. Sentia que estava praticamente sem efeitos, e fomos para uma pizzaria no centro da cidade.
Chegando lá foi interessante sentir os sabores da pizza, mesmo conversando com minha esposa, estava bastante atento às pessoas que estavam em volta.
Voltamos pra casa, assistimos algo juntos e depois fomos dormir.
Gostei bastante da experiência, não tive nenhum tipo de enjoo, me senti realmente feliz pelo simples fato de poder sentir as coisas, me fez valorizar coisas que me fazem ser eu, repensar coisas que posso estar fazendo por alguma imposição externa e continuar minha busca por me tornar uma pessoa melhor com os outros e comigo mesmo.
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