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Primeira experiência (0.5g) de South American

jvliomelo

Hifa
Cadastrado
02/04/2019
26
12
Hoje fui em um pedaço de mata aqui perto de casa e levei 1g de cogumelos, dos que eu mesmo cultivei. Fui decidido a tomar 1g. Pensei até em levar 1.5, mas como era a primeira vez, preferi ir devagar. Subi o morro e tomei lá em cima, de frente pra um pedaço de floresta que tem lá. Acabei optando por tomar metade da dose que levei, por ser a primeira vez e tal. De lá de cima dava pra ver uma rodovia bem ao lado da floresta. A vista da rodovia e o som dos carros começou a me incomodar um pouco, eu achei que não ia me fazer muito bem. Nessa mesma hora começou a me dar uma vontade imensa de visitar um pinheiro que eu tinha encontrado no dia anterior, esse ficava mais abaixo do morro e mata adentro. Não tem outro jeito de explicar, pra mim era simplesmente isso, eu ia visitar um amigo. Quase como se ele tivesse me chamando mesmo. Esse pinheiro tem muitos metros de altura e também é bem largo, deve ter vários anos. Eu me sentei ao lado dele e fiquei lá por um tempo. Minha consciência tava meio alterada, era como se o tempo tivesse desacelerado. Eu deitei nas agulhas do pinheiro e tive alguns sonhos/visões, quando acordei achando que tinham se passado várias horas, passaram-se uns 20/30 minutos. Era como se minha atenção tivesse amplificada em milhares de vezes, minha percepção mesmo de tudo, o que incluía até a passagem do tempo e dos fenômenos que decorriam naquele tempo-espaco. Eu me levantei e comecei a descer o morro, mas reparei que na verdade naquele ponto ali que tinha batido FORTE, porque eu tava vendo o mundo de uma forma completamente diferente, acho que eu devo ter ficado uma hora sentindo o musgo de uma árvore. Era tão bonito e tinha uma textura tão estranha. Tudo lá era assim. Enquanto tava descendo pra ir embora, eu me dei conta de que não queria ir embora dali, eu queria continuar na floresta. Para mim aquilo era o que parecia certo, não tinha porque sair de lá. De onde eu tava já conseguia ouvir os carros, buzinas, pessoas conversando. Dei meia volta e fui mais pra fundo ainda na mata, pra um lugar que pra mim pareceu um santuário. É um lugar escondido, mas que foi em parte feito por pessoas, parece um santuário ou algo assim. Talvez seja de uns rastas, já vi algumas inscrições deles, mas não sei ao certo. Só sei que a energia lá é boa. Enquanto ia pra lá, encontrei uns pinheiros que estavam soltando seiva, peguei um pouco com os dedos e também passei embaixo do nariz, pra ficar sentindo o perfume. Quando cheguei lá no "santuário", me sentei no chão e fiquei lá. A impressão que tive é que a floresta toda respirava. Mesmo os objetos inanimados, tipo pedras e coisas assim, era como se eles se movessem e tivessem vida. Não foi algo muito forte a ponto das coisas "dançarem", foi sutil, mas suficiente, como se fosse uma energia pulsando em tudo. No vento então nem se fala. As vezes eu achava que era o vento, mas por vezes não tinha vento e ainda assim tudo pulsava. Passei um bom tempo olhando pra uma folha, que tinha o que eu achava ser um bichinho. Para mim esse bichinho estava se movendo, tipo um caracol, mas por mais que ele se movesse, ele não saia do lugar. Depois de um bom tempo conclui que poderia ser efeito do cogumelo. As coisas tinham um certo movimento, mesmo paradas. Tinham uma energia, prana e eu acredito nisso mesmo agora. Não foi algo exclusivo da experiência. Eu comecei a reparar nas árvores e vi que várias delas tinham alguns "machucados", uma delas eu passei a seiva de pinheiro, como se fosse um remédio. Na minha cabeça, aquelas feridas/machucados nas árvores eram por conta de desequilíbrios, dos microorganismos e tal. Por exemplo, uma árvore estava toda coberta de musgo, mas com um ponto exposto e com uma ferida nesse ponto, tipo um machucado. Aquele ponto tava desequilibrado. Daí fui indo, saindo já de lá, mas prestando atenção nas árvores e curando algumas delas. Na verdade era mais como se eu tivesse balanceando, não curando em si. Pra mim isso soava completamente natural. No começo eu aplicava a seiva do pinheiro, mas depois só olhava pra elas mesmo e fazia um símbolo de cura. Quando sai de lá, peguei meu celular e voltei a """civilização"""", tive um pouco de receio de estar dando pala, mas logo passou, porque reparei que na real as pessoas são tão absortas em si mesmas e nos seus próprios dramas, que não reparariam nem num elefante cor de rosa, quanto mais nisso. Além disso, reparei outra coisa, o celular serve como uma capa de invisibilidade, tipo a do Harry Potter, sabe? Acho que as pessoas usam muito os celulares pra esconder como estão de verdade ou o que tão sentindo. É uma válvula de escape. Não acho que minha percepção tenha voltado ao "normal" até agora (um bocado de horas depois) e não acho que vá voltar, num sentido de que não vejo nada de anormal nesse estado, para mim o estado anormal é o que consideramos e sancionamos coletivamente como normal. Eu sinto que ainda tô absorvendo e meio que integrando tudo isso, mas mesmo provavelmente não estando mais sob o efeito direto, eu ainda sinto plenamente tudo isso, principalmente essa percepção mais aguçada das coisas e essa conexão muito grande com tudo que é "natural". O que dê certo modo, na minha percepção, essa experiência só intensificou algo que já tava em mim, foi como se tivesse removido uma cortina, não criado algo novo, sabe? É uma mudança de foco, de percepção mesmo.
 
Eitaaaa. Que relato é esse. Adorei, muito bela a experiência e a escrita.
 
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