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Poesia Mística

Prisiconauta

Primórdia
Membro Ativo
29/03/2018
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Resolvi compartilhar aqui algumas poesias do Rumi, ou Maulana Jalaladim Maomé (1207-1273).Ele foi um grande poeta islâmico, que transmitiu muito do misticismo Sufista em seus versos.
Foi quem iniciou a “dança sufi”, das cerimonias “Sama”, onde os praticantes podem alterar seus estados de consciência através de uma dança que consiste em girar ao redor de seu próprio eixo durante bastaaante tempo, em uma espécie de meditação em movimento.

Depois posto mais alguns... ele tem vários muito bons!
se alguém conhecer outros poetas que abordam essa temática existencial/mística e quiser compartilhar nesse espaço seria muito bacana.

Esse primeiro me remete à minha primeira trip de cogu... quando visitei o mundo além das palavras.

[O mundo além das palavras]

Dentro deste mundo há outro mundo impermeável às palavras.
Nele, nem a vida teme a morte, nem a primavera dá lugar ao outono.
Histórias e lendas surgem dos tetos e paredes, até mesmo as rochas e árvores exalam poesia.

Aqui, a coruja transforma-se em pavão, o lobo, em belo pastor.
Para mudar a paisagem, basta mudar o sentimento;
E se quer passear por esses lugares, basta expressar o desejo.

Fixa o olhar no deserto de espinhos. – Já é agora um jardim florido!
Vê aquele bloco de pedra no chão? – Já se move e dele brota a mina de rubis!
Lava suas mãos e seu rosto nas águas deste lugar, que aqui te preparam um generoso banquete.
Aqui, todo o ser dá luz a um anjo; e quando me veem subindo aos céus os cadáveres retornam à vida.

Decerto você já viu as árvores crescendo da terra, mas quem há de ter visto o nascimento do Paraíso?
Viu também as águas dos mares e dos rios, mas quem há de ter visto nascer de uma única gota d’água uma centena de guerreiros?
Quem haveria de imaginar essa morada, esse céu, esse jardim do paraíso?

[A ferida]
Eu disse, “E os meus olhos?”
Deus respondeu, “Mantenha-os atentos a estrada.”
Eu disse, “E a minha paixão?”
Deus respondeu, “Mantenha ela ardendo neste fogo.”
Eu disse, “E o meu coração?”
Deus então perguntou, “Me diga, o que você carrega em seu interior?”
Eu lhe respondi, “Dor e tristeza...”
Ele disse, “Mantenha-se junto delas. Esta ferida é o local por onde a Luz lhe adentra.”

[A cesta de pão fresco]

[...] Há uma fonte em seu interior.
Não perambule com este balde vazio...
Dentro de você há um canal para o oceano,
e ainda assim você pede pela água de uma pequena poça.
Implore pela expansão do amor.
Medite somente sobre isto.
Diz o Corão, “E ele está contigo.”
Há um cesta de pão fresco equilibrada em sua cabeça,
e ainda assim você bate de porta em porta pedindo por sobras de pão.
Bata em sua porta interna, e nenhuma outra.
Caminhando com água até os joelhos em riacho de águas límpidas,
ainda assim você continua pedindo pela água dos cantis alheios.
A água o cerca por toda a parte, e ainda assim tudo o que vê são as barreiras que lhe afastam dela.
O garanhão está debaixo das coxas do cavaleiro,
e ainda assim você pergunta, “Onde está meu cavalo?”
Bem ali, debaixo de você! “Sim, isto é um cavalo, mas onde está o garanhão?”
Você não consegue vê-lo? “Sim eu consigo, mas quem em mim o enxergou?”
Enlouquecido pela sede, você não consegue beber do córrego que passa próximo a sua face.
Você é como uma pérola nas profundezas, se questionando dentro de sua casa-ostra, “Onde ficará o oceano?”
Estes questionamentos mentais formam as barreiras.
Continue assim, aturdido dentro de Deus, e apenas isto basta.
Uma vida sem amor é um desperdício.
“Eu devo buscar pelo amor espiritual, material ou físico?”
Não faça tal pergunta a si mesmo.
Descriminação leva a descriminação.
O amor não necessita de nomes, categorias nem definições.
O amor é um mundo em si mesmo.
Ou você está dentro, em seu centro; ou está fora, enternecido. [...]
 


 
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