- 20/06/2015
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Começando do começo, fiz chá com os cogus, 15 minutos em fogo médio, coloquei um pacotinho de chá de erva doce com adoçante e deixei o copo uns 5 minutos no freezer. A ingestão dos cogus é tããão mais tranquila do que da ayahuasca hahaha... Tomei às 16h e fiz a maior parte da viagem de olhos abertos, com um caderno de anotações e sem música em nenhum momento.
Como sempre, com 17 minutos ou pouco mais comecei a ter os primeiros efeitos visuais, pressão na cabeça, fiquei com vontade de deitar e com 22 minutos comecei a sentir os tremores que me avisam que estou decolando. Uma das primeiras coisas que me acontecem é que é feito um rápido relatório do meu estado atual: tédio e não colaborar com a vida, contra a vida, como se ela estivesse errada.
Com quase 30 minutos da ingestão anotei que não estava sentindo tédio mais e a minha noção do tempo havia mudado, como se o momento presente fosse passado, eu estava olhando pra mim mesmo no passado quando havia um eu no futuro que já tinha resolvido tudo e estava se lembrando do passado. Isso obviamente era só uma desregulagem na percepção do tempo e da memória. A janela do quarto tomava um ar atemporal, é bem estranho, e costuma acontecer sempre. As grades da janela estavam respirando, tudo estava mais claro.
Com quase 40 minutos aconteceu algo que nunca tinha acontecido comigo (e olha que já tive uma experiência com 5g), eu comecei a ver uma mulher indiana na frente da janela dentro do quarto, ela era linda demais, transparente, 3D e eu só via mais ou menos da altura do peito pra cima. Ela tinha a aparência típica dos desenhos da Mãe Divina hindu, emanava felicidade e amor sorrindo e me olhando, complementada pelos arcos íris que apareciam em todos os lugares e na aura dela. A visão dela durou pouco tempo, uns 10 segundos sei lá e eu fiquei aliviado de ter visto algo tão bom e não algo ruim. Fiquei pensando se era clarividência ou alucinação, porém de qualquer forma eu já vinha refletindo sobre a ideia da mãe divina e da mãe terrena e este foi um tema importante durante a viagem.
Com menos de 50 minutos aconteceu outra coisa inédita, eu me senti e me vi como um neném numa sala pequena com duas mulheres gordas hispânicas. Havia um ar maternal gostoso ali. Eu era o bebê da cena. Somado a isso minha mente em vários momentos da viagem falou em espanhol, então pra mim se isso não são memórias de vidas passadas eu não sei o que são!
Depois disso começou a parte ruim da viagem que sempre acontece também, imagens estranhas e sensação ruim, uma vastidão interior absoluta e sem sentido, essa vida que eu não sei explicar, um amontado de energias diferentes, a sensação que eu sou um conjunto de muitas consciências que precisam de ajuda e não uma só, que eu existo há tanto tempo que quando eu comecei a existir nem tempo ou memória existiam ainda, que a organização disso tudo foi demorada, difícil, infinita e chata... Vejo cidades vazias dentro de mim. Vejo como se o mundo todo fosse um faixo de luz só, tudo uma coisa só, uma corda que vai fazendo curvas, mas está tudo unido.
E que mundo chato é esse cara! Depois de ter que ver o assombroso universo infinito da consciência comecei a sentir gratidão por não estar pior do que eu poderia estar. A realidade é ruim, não é como eu gostaria, mas ela poderia ser pior, muuuuuuuuito pior. A gratidão por não ser tão ruim me embalou. A gratidão é o paraíso das minhas viagens, desde a minha primeira viagem... Você entra num lugar tão maravilhoso que você sente vontade de agradecer cada instante que você está lá, é uma benção enorme... Gratidão é o céu.
Outro tema foi discernir melhor a realidade, organizar como você percebe e recebe a realidade. O problema da consciência/cérebro é o problema de como entender e lidar com a realidade. Entendi como eu não estava lidando bem com a realidade, procurando fugas, buscando teorias espirituais para não ter que enxergar essa realidade física e real que não me agrada.
Não entender a realidade gera muito sofrimento (“trevas da ignorância”), já discernir bem é gratificante (sabedoria/céu). A nossa realidade é ruim porque não enxergamos e não queremos enxergar as várias coisas boas que existem aqui e agora, mas que não percebemos.
Então me dando conta que eu escolhia como perceber as coisas, que a história da minha vida estava sendo contada por mim mesmo e não pela realidade, me senti novamente como um bebe e me perguntei: o que escolher e o que rejeitar? Onde estão as ameaças? Se eu me sentia seguro meus chakras se abriam e eu sentia amor, se eu sentia medo eles se fechavam e havia raiva e frustração.
Ali estava aparentemente o problema fundamental da minha vida... O relacionamento com a minha mãe. Rejeitei-a, não confiei nela, não me senti seguro com ela, considerei-a uma inimiga, fui teimoso e brigão. Escolhi meu ego, não quis negociar com ela, não quis nada com ela e com isso perdi a oportunidade de ter um relacionamento de amor. Não me sentia à vontade de brincar com ela, de pedir amor, não esperava receber nada de bom. O certo teria sido reconhecer que ela não estava me atacando e que o errado era eu, eu é quem deveria ter buscado me harmonizar com ela...
Então senti o perdão... Ahhhh deus, que coisa maravilhosa! Perdão, harmonia! Foi um dos sentimentos mais maravilhosos que já experimentei na vida. Eu não conhecia o perdão, não o reconhecia, ou pelo menos não me lembrava dele. Minha vida deveria ter se baseado no perdão, tudo estaria bem se eu sempre estivesse perdoando todo mundo e buscando a harmonia do que trilhando esse caminho do ego brigão e solitário. Que energia roxa gostosa que vinha, era maravilhoso. "O perdão é lindo demais bicho", escrevi no meu caderno. Mais hippie impossível hahaha. Paz e amor, é só o que importa nessa vida.
A gratidão nasce do bom relacionamento com su madre? Fica a reflexão.
O amor já existe, é uma questão de percebê-lo, de ter olhos de amor para perceber o amor. Afinal, como você escolhe contar a sua história? É uma história que você vai se arrepender de ler, ou você cria um romance inesquecível? Somos nós mesmos que vamos contar nossa história, a questão é como escolhemos fazer isso.
Finalizando, a experiência foi muito forte, foi - como sempre é - um reset no meu cérebro, foi nascer de novo neste mundo aqui, foi rever ideias desde o berço até o momento atual. Vi como o cérebro não é mais do que uma maquina de criar e lidar com a realidade, que precisa entender, discernir e organizar a realidade. Identificar a realidade é essencial. A realidade é que eu não sou importante nem poderoso. A verdade é que nasci subordinado aos meus pais, ao meu corpo, a natureza, a tudo. Não sou o chefe, não sou eu quem mando aqui. Saber obedecer, me colocar no meu lugar, procurar me harmonizar, pedir, agradecer, parar de me defender, receber agressões com amor, perdoar, escolher o lado do bem, viver em paz com todos... Isso é o que eu deveria fazer.
Como sempre, com 17 minutos ou pouco mais comecei a ter os primeiros efeitos visuais, pressão na cabeça, fiquei com vontade de deitar e com 22 minutos comecei a sentir os tremores que me avisam que estou decolando. Uma das primeiras coisas que me acontecem é que é feito um rápido relatório do meu estado atual: tédio e não colaborar com a vida, contra a vida, como se ela estivesse errada.
Com quase 30 minutos da ingestão anotei que não estava sentindo tédio mais e a minha noção do tempo havia mudado, como se o momento presente fosse passado, eu estava olhando pra mim mesmo no passado quando havia um eu no futuro que já tinha resolvido tudo e estava se lembrando do passado. Isso obviamente era só uma desregulagem na percepção do tempo e da memória. A janela do quarto tomava um ar atemporal, é bem estranho, e costuma acontecer sempre. As grades da janela estavam respirando, tudo estava mais claro.
Com quase 40 minutos aconteceu algo que nunca tinha acontecido comigo (e olha que já tive uma experiência com 5g), eu comecei a ver uma mulher indiana na frente da janela dentro do quarto, ela era linda demais, transparente, 3D e eu só via mais ou menos da altura do peito pra cima. Ela tinha a aparência típica dos desenhos da Mãe Divina hindu, emanava felicidade e amor sorrindo e me olhando, complementada pelos arcos íris que apareciam em todos os lugares e na aura dela. A visão dela durou pouco tempo, uns 10 segundos sei lá e eu fiquei aliviado de ter visto algo tão bom e não algo ruim. Fiquei pensando se era clarividência ou alucinação, porém de qualquer forma eu já vinha refletindo sobre a ideia da mãe divina e da mãe terrena e este foi um tema importante durante a viagem.
Com menos de 50 minutos aconteceu outra coisa inédita, eu me senti e me vi como um neném numa sala pequena com duas mulheres gordas hispânicas. Havia um ar maternal gostoso ali. Eu era o bebê da cena. Somado a isso minha mente em vários momentos da viagem falou em espanhol, então pra mim se isso não são memórias de vidas passadas eu não sei o que são!
Depois disso começou a parte ruim da viagem que sempre acontece também, imagens estranhas e sensação ruim, uma vastidão interior absoluta e sem sentido, essa vida que eu não sei explicar, um amontado de energias diferentes, a sensação que eu sou um conjunto de muitas consciências que precisam de ajuda e não uma só, que eu existo há tanto tempo que quando eu comecei a existir nem tempo ou memória existiam ainda, que a organização disso tudo foi demorada, difícil, infinita e chata... Vejo cidades vazias dentro de mim. Vejo como se o mundo todo fosse um faixo de luz só, tudo uma coisa só, uma corda que vai fazendo curvas, mas está tudo unido.
E que mundo chato é esse cara! Depois de ter que ver o assombroso universo infinito da consciência comecei a sentir gratidão por não estar pior do que eu poderia estar. A realidade é ruim, não é como eu gostaria, mas ela poderia ser pior, muuuuuuuuito pior. A gratidão por não ser tão ruim me embalou. A gratidão é o paraíso das minhas viagens, desde a minha primeira viagem... Você entra num lugar tão maravilhoso que você sente vontade de agradecer cada instante que você está lá, é uma benção enorme... Gratidão é o céu.
Outro tema foi discernir melhor a realidade, organizar como você percebe e recebe a realidade. O problema da consciência/cérebro é o problema de como entender e lidar com a realidade. Entendi como eu não estava lidando bem com a realidade, procurando fugas, buscando teorias espirituais para não ter que enxergar essa realidade física e real que não me agrada.
Não entender a realidade gera muito sofrimento (“trevas da ignorância”), já discernir bem é gratificante (sabedoria/céu). A nossa realidade é ruim porque não enxergamos e não queremos enxergar as várias coisas boas que existem aqui e agora, mas que não percebemos.
Então me dando conta que eu escolhia como perceber as coisas, que a história da minha vida estava sendo contada por mim mesmo e não pela realidade, me senti novamente como um bebe e me perguntei: o que escolher e o que rejeitar? Onde estão as ameaças? Se eu me sentia seguro meus chakras se abriam e eu sentia amor, se eu sentia medo eles se fechavam e havia raiva e frustração.
Ali estava aparentemente o problema fundamental da minha vida... O relacionamento com a minha mãe. Rejeitei-a, não confiei nela, não me senti seguro com ela, considerei-a uma inimiga, fui teimoso e brigão. Escolhi meu ego, não quis negociar com ela, não quis nada com ela e com isso perdi a oportunidade de ter um relacionamento de amor. Não me sentia à vontade de brincar com ela, de pedir amor, não esperava receber nada de bom. O certo teria sido reconhecer que ela não estava me atacando e que o errado era eu, eu é quem deveria ter buscado me harmonizar com ela...
Então senti o perdão... Ahhhh deus, que coisa maravilhosa! Perdão, harmonia! Foi um dos sentimentos mais maravilhosos que já experimentei na vida. Eu não conhecia o perdão, não o reconhecia, ou pelo menos não me lembrava dele. Minha vida deveria ter se baseado no perdão, tudo estaria bem se eu sempre estivesse perdoando todo mundo e buscando a harmonia do que trilhando esse caminho do ego brigão e solitário. Que energia roxa gostosa que vinha, era maravilhoso. "O perdão é lindo demais bicho", escrevi no meu caderno. Mais hippie impossível hahaha. Paz e amor, é só o que importa nessa vida.
A gratidão nasce do bom relacionamento com su madre? Fica a reflexão.
O amor já existe, é uma questão de percebê-lo, de ter olhos de amor para perceber o amor. Afinal, como você escolhe contar a sua história? É uma história que você vai se arrepender de ler, ou você cria um romance inesquecível? Somos nós mesmos que vamos contar nossa história, a questão é como escolhemos fazer isso.
Finalizando, a experiência foi muito forte, foi - como sempre é - um reset no meu cérebro, foi nascer de novo neste mundo aqui, foi rever ideias desde o berço até o momento atual. Vi como o cérebro não é mais do que uma maquina de criar e lidar com a realidade, que precisa entender, discernir e organizar a realidade. Identificar a realidade é essencial. A realidade é que eu não sou importante nem poderoso. A verdade é que nasci subordinado aos meus pais, ao meu corpo, a natureza, a tudo. Não sou o chefe, não sou eu quem mando aqui. Saber obedecer, me colocar no meu lugar, procurar me harmonizar, pedir, agradecer, parar de me defender, receber agressões com amor, perdoar, escolher o lado do bem, viver em paz com todos... Isso é o que eu deveria fazer.