- 24/11/2005
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Postando um trecho interessante do Livro
“O Tempo e a Tecnosfera” de José Arguelles, Ph.D.
Colocarei o capítulo 3 do Livro em duas partes
Antes é necessário colocar aqui a definição do autor que a “Tecnosfera, é uma projeção da mecanização do tempo pelo homem, e seria o estágio intermediário de transição no contínuo biológico da evolução da Biosfera para a Noosfera
Capítulo 3 ———————————————————— 1ª parte
O Tempo e a Consciência Humana
Tendo definido a tecnosfera como o estágio intermediário no contínuo biológico da evolução da biosfera para a noosfera, podemos agora levar a nossa atenção para as questões não respondidas do tempo e da consciência na biosfera. Essas questões não devem somente ser vistas como problemas da humanidade. Uma vez que a humanidade é uma função da biosfera, as questões, portanto, se referem à biosfera se tornando mais consciente. É o aspecto consciente da matéria que direciona a biosfera em direção a sua transformação na noosfera. É a descoberta da Lei do Tempo que complementa e resolve as questões que ficaram sem resposta na definição de Vernadsky sobre a biosfera e sua transformação na noosfera. Então, surge a questão: o que é a Lei do Tempo e como ela define o tempo e a consciência como fatores mutuamente coordenados da mesma dimensão cósmica, cruzando com a biosfera?
Em poucas palavras, o tempo é um tópico tão vasto e importante na orientação da consciência humana, do âmbito da biosfera, que podemos declarar que ele é de suma importância em todos os relacionamentos humanos. De fato, a ordem cósmica, da qual a biosfera é um mecanismo dinâmico regulador do planeta Terra, é ela própria a expressão do tempo como agente da manifestação universal. Contudo, como Vernadsky observou em 1944, enquanto definimos o espaço pelos seus próprios sistemas métricos e geométricos, aplicando esses mesmos padrões ao tempo, não definimos nem conhecemos nada sobre o tempo. A causa para esse dilema parece estar no fato de que, enquanto o espaço é perceptível como um meio sensorial – nós podemos vê-lo, toca-lo, ouvir por intermédio dele – e por isso ele é evidentemente mensurável, o mesmo não acontece com o tempo. O tempo está na mente, e, portanto, é inseparável da questão da consciência. De fato, você não pode conhecer nem vivenciar o tempo sem estar consciente.
Ainda, como veremos, há uma grande confusão quando falamos sobre o tema, que na realidade está na raiz do problema da biosfera, a questão do relógio. Na consciência humana, o relógio tornou-se tão “segunda natureza” que pouquíssimas pessoas na sociedade industrial conseguem pensar no tempo sem imediatamente associá-lo de alguma forma ao relógio, seja como um instrumento ou como uma metáfora. Isso, como veremos, é um fator preponderante para que o estado geral da consciência se mantenha estático, especialmente com relação à máquina que está continuamente aumentando em velocidade e acelerando a sua própria propagação e multiplicação. Esse fator do relógio – em outras palavras, “tempo mecanizado” – também está na raiz da confusão concernente à natureza do tempo em muitos dos pensamentos científicos modernos. Como veremos, há uma tendência no pensamento russo, após Vernadsky, que representa uma notável exceção no ponto de vista estabelecido sobre o tempo no pensamento e ciência modernos. Basta dizer que a evolução do pensamento e da ciência modernos ocidentais têm sido programada e predispostas a limitar sua consciência em relação ao tempo a tal grau que nem mesmo pode distingui-lo fora de suas percepções inerentemente mecanizadas. Nisto, obviamente também está o problema da delimitação da consciência na tecnofera.
“A crise cada vez mais profunda da perspectiva mundial está baseada na permanência do paradigma científico dominate”, escreve a cientista russa Maria Maroushkina. “Subjacente a civilização materialista tecnocrática está o paradigma neutoniano-cartesiano formado na idade média, cujas leis da gravidade e do movimento são o ponto central, bem como os princípios lógicos da evidência colocados por Descates.” Esse estrato de crença “permanente”, um meta-programa cultural, bloqueia cada possível tentativa humana na conquista da mecanização. É este meta-programa, fundamentado no simples e não examinado aparelho do relógio e orquestrado pelos igualmente não examinados efeitos de um calendário irregular que mantém a consciência do Ser Humano imutável e sem verdadeiras soluções para os seus problemas. A medida que os problemas pioram, a confusão da consciência – que está realmente em estado de crise – só se aprofunda cada vez mais.
Seta do tempo
Quebra cabeças da física tem uma grande questão: o que é o tempo? Antes de tudo, a suposição de que o tempo é basicamente um tópico da física é em si mesma um problema, pois o tempo, como já demonstramos, na realidade é mental na sua natureza e visivelmente manifestado ao máximo no domínio da biologia ou da biogeologia. Mas essa manchete também é refletiva pelo papel de suma importância que a física tem na hierarquia intelectual ocidental: ‘se a física não pode resolver então o que poderá?’:
(…)
Deixando de lado esse exemplo da confusão mental sobre o tempo, é necessário entender, a partir de investigações sobre a biosfera e de acordo com o próprio julgamento de Vernadsky, que em todos os seus processos intricados e interligados, ela possui e é guiada por uma grande ordem e mesmo por uma dinâmica estrutural, as quais sendo manifestações das leis da natureza, pode ser dada formulação matemática exata. Porque não poderíamos esperar que a natureza do tempo na biosfera devesse também ser caracterizada pela mesma qualidade ordenada? De fato, como a biosfera é na realidade um processo de vida, como qualquer matéria vivente, ela também deve ser governada por ciclos de regulação do tempo. Assim a maior ordem do tempo que governa os ciclos da biosfera e da noosfera deve também apresentar um grande princípio de ordem. Por isso, se as três dimensões do espaço governam o domínio do mundo da física, então a quarta dimensão do tempo – deve consistir em simples e ordenada formulação totalmente à parte da percepção do tempo que governa a consciência atrofiada da tecnosfera. Tal é a Lei do Tempo.
(…)
Tempo como fator Universal de Sincronização
A natureza do tempo é percebida poeticamente na forma de ciclos: “para cada estação há um tempo…”. Biorritmos podem até ser mapeados e os ciclos da ordem biológica da realidade podem ser demonstrados como funções de uma cronobiologia. Mas os ciclos biológicos somente demonstram a manifestação do tempo no espaço da matéria vivente. Se a natureza for observada como um todo, então podemos começar a perceber a regulamentação magistral pela qual cada minúsculo detalhe ocorre em relação a todos os outros detalhes nos seus vários ciclos – sim, pode-se perceber nessa ordem fenomenal outro aspecto mais profundo do tempo: é o tempo como fator universal de sincronização. Essa é a ordem sincrônica do tempo, a ordem pela qual tudo no universo ocorre simultaneamente em uma sincronização magistral, de momento a momento em um caleidoscópio sempre mutável de infinitas variedades de ordem e harmonia.
Somente o homem da história se desvia dessa magistral sinfonia do tempo, a ordem sincrônica. Não obstante dizemos que está “na hora”, “em sincronia”, “afinado”, “em ressonância”, “em harmonia”, ou ser “sintonizado”. Todas essas expressões se referem a sintonia do tempo e à natureza da consciência como percepção do momento presente, no aqui e agora. Isto é possível porque a mesma lei governa ambos: o tempo e a relação da consciência com o momento. Para se responder à pergunta de Vernadsky: “como podem processos que parecem puramente físicos serem afetados pela consciência?” – o físico é afetado pela consciência porque a consciência é na realidade uma função do tempo. Quando alguém “descobre” a lei da natureza é porque a sua consciência está sintonizada com o processo natural no tempo e a lei, portanto, “revela-se” a si própria.
Mas essa consciência pode ser, e frequentemente é, de uma natureza profundamente inconsciente. O tempo é, na realidade o princípio governante de uma consciência auto-existente superior que regula a ordem do Universo no que se refere à sua matéria vivente e não-vivente. Porque o tempo sincroniza tudo continuamente; desde um todo singular coerente do micro, até os níveis do macro, é responsável pela harmonia do universo. Somente o homem se desvia da harmonia universal, e a tecnosfera, uma projeção da mecanização do tempo pelo homem, introduz-se na intrínseca harmonia até o ponto de sua própria desaparição; entretanto, o homem aparta-se por um propósito.
A harmonia manifestada pelo tempo como o Cosmos, que literalmente significa “ordem” – dá origem a grande e simples forma da Lei do Tempo: T(E) = Arte; A energia fatorada pelo tempo é igual à Arte. Isto significa que a energia, qualquer manifestação do mundo físico tridimensional, possui ordem e está em harmonia com o seu ambiente porque é decomposta em fatores pelo tempo. Na concepção da lei do tempo, contudo, o T maiúsculo se refere ao tempo como fator universal de sincronização. Sendo o fator universal de sincronização, o tempo é definido pela proporção matemática, auto-existente e intrinsecamente perfeita: 13:20. derivada da matemática dos antigos Maias, essa proporção é uma constante universal do tempo que organiza todo o universo como uma seqüência radial de momentos sincrônicos que refletem diferentes fases evolucionárias simultaneamente. Como tudo que é percebido é um aspecto de sincronização instantânea universal o tempo também é o agente da transmissão da informação instantânea por todo o universo.
Um notável astrofísico russo N.A.Kozyrev (1908-1983), cuja obra teve início há meio século com a teoria da estrutura interna das estrelas, posteriormente conduziu uma série de experimentos usando telescópios, espelhos e alumínio, com os quais ele foi capaz de confirmar o recebimento de informações de galáxias distantes antes do tempo que a informação levaria para chegar pela luz como fator transmissor físico. Nas próprias palavras de Kozyrev: “Os testes provaram a existência de efeitos através do tempo de um sistema material para o outro. Este efeito não transmite uma pulsação (momentum), significando que ele não se propaga, mas aparece simultaneamente em qualquer sistema material. Dessa forma, a princípio, prova-se que é possível ter-se um relacionamento momentâneo e uma transmissão momentânea de informação. O tempo realiza o relacionamento entre todos os fenômenos da natureza e participa ativamente neles… o tempo contém todo o universo dos fenômenos ainda inexplorados”. Os resultados desses experimentos levaram Kozyrev à várias conclusões, entre elas a de que o tempo e a duração não são a mesma coisa, e que a velocidade do tempo é instantaneamente infinita, na seguinte fórmula:
T v → ∞
Sendo assim, o tempo também deve ser o fator ou o agente responsável pelas experiências da telepatia ou de outros fenômenos paranormais. Uma segunda conclusão provocadora, derivada dos seus experimentos, é que o tempo é na realidade gerado como uma transmissão radial de informações instantâneas e também simultâneas do núcleo das estrelas, um fato confirmado na lei do tempo pela descrição da ordem sincrônica do tempo sendo radial em sua natureza.
fonte:
http://mundocogumelo.wordpress.com/2008/01/