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O Cultivo e a Enteogenia: um manifesto

NeuroFX

Viajante
Membro da Staff
Cultivador confiável
23/01/2005
904
83
Comodidade, segurança, praticidade? Qual a razão que leva o indivíduo a praticar a arte do cultivo de cogumelos psicotrópicos?

O cultivo basicamente destina-se a um fim: produzir frutos que serão utilizados em experiências fantásticas, alucinatórias, enteógenas. Mas no meio desse fluxo com início e fim acabamos nos desviando do aspecto objetivo e passamos a nos dedicar de forma mais enfática às etapas do cultivo. É aí que há um aumento considerável nos esforços de alcançarmos produções cada vez maiores. Cada vez mais desenvolvemos e discutimos formas que supram nossa necessidade de aumentarmos o nosso estoque fúngico.

Em contrapartida, o aspecto enteogênico do cultivo de cogumelos psicotrópicos perde o seu status de fim e passa a ser apenas uma consequência do que fora iniciado desde a aquisição dos esporos. O fim se pluraliza e surgem vários fins: aprofundamento da arte do cultivo, vaidade pessoal e a própria experiência enteógena.

Eis que nos deparamos com uma questão: o que fazer com a quantidade produzida em excesso por nossos terrários e técnicas superfantásticas quando percebemos que provavelmente os cogumelos não serão utilizados para o fim enteogênico? Uma voz ecoa nas consciências atentas e diz: migre, migre!

Mas essa não é a questão pela qual abri o tópico.

Ao iniciarmos a arte do cultivo micológico parecemos cheios de vigor, esperançosos, sob uma aura mística, surreal. A dedicação e a persistência extremadas parecem derrubar quaisquer barreiras e vamos em busca do sucesso do nosso cultivo como se isso fosse uma meta de vida. Eis que vem o sucesso, vem o erro e adquirimos experiência, mas não só: passamos a amar a arte de cultivar, sendo quase um vício. Aquela aura mística que permeava nossa ação do início começa a se dissociar até que os caminhos se separam.

Um dos caminhos é o amor por cultivar e o outro é o que de fato nos leva a produzir os cogumelos, é o lado sombra do cultivo, o seu lado oculto que age sobre nós, uma força que fortalece valores presentes e revela outros que não conhecíamos.

Ainda que desejamos usar a produção para fins enteogênicos, chega um momento em que automatizamos a nossa arte, que continua com o seu brilho perfeito, mas que progressivamente perde sua aura mística. Passamos então a produzir sem critério, como escravos alienados, desenvolvendo nossas técnicas sem descanso, produzindo e produzindo - até o cultivo passa a obedecer às leis que regem a sociedade capitalista!

O fim primordial da arte do cultivo então se altera. A enteogenia agora é segundo plano e o cultivo visa, em primeiro plano, a produção ilimitada e constante.

E caímos numa pergunta de inúmeras respostas: para quê estamos cultivando? É uma pergunta que pode mudar de resposta. Já se perguntou hoje o porquê? E amanhã, será que vai ser pelo mesmo motivo?

Seja como for, o cultivo de cogumelos psicotrópicos envolve não só a prática do mundo palpável, mas também o outro lado que não conhecemos. O cultivo é o início do nosso vôo, a construção dos nossos foguetes rumo ao universo.

O mero lado prático do cultivo pode ser aplicado em outras espécies. Aprendida a técnica, podemos desenvolvê-la com afinco em outras espécies: comestíveis e medicinais, por exemplo. O fim dos comestíveis exige boa técnica e boa produção: um prato cheio para as nossas aspirações micológicas. Migrar é uma boa opção. :pos:

[]'s
 
Uma indagação constante: o porque do cultivo?

Particularmente cultivo pra fins de loucura mesmo:D
Mas pretendo nao migrar, mas aperfeiçoar cultivando medicinais ate mesmo pra dichavar meu cultivo ilegal:cool:.

Belo tópico Neuro:pos:

Peace
 
Fala NeuroFX

As questões apresentadas no thread são altamente relevantes, devem ser analisadas, pois envolvem circunstâncias até mesmo perigosas.

Quem está cultivando sem está consumindo, apenas guardando todos os cogumelos em casa está correndo risco desnecessário.

Eu penso que o cultivo é antes de tudo uma terapia.

O cultivo ensina-nos muitas atitudes a serem aplicadas no dia a dia, é também uma expressão criativa.

Mas eu não comecei a cultivar por esses motivos e sim para ter cogumelos para consumo.

Depois vendo o interesse de muitos em cultivar também, vi a necessidade de ter carimbos.

No momento o que tenho seria suficiente para passar um bom tempo sem cultivar, mas continuo cultivando.

Tenho uma atração quase que irresistível por todo o processo.

Desde que obtive a 1ª strain me vi como um garoto que recebe um selo exótico do pai e inicia uma coleção.

Poderiam ser cogumelos comestíveis ou medicinais, mas os cubensis tem a substancia que altera a consciência, que o homem manipula para aproximar-se de Deus.

Mas a questão tão relevante quanto a segurança e o consumo.

Quem nunca colheu um cogumelo no pasto e comeu no pasto, não sabe como o cogumelo deve ser consumido.

Lá no pasto, debaixo do céu, a interação com a psilocibina é diferente.

Nunca foram desconfortantes todas as vezes que estive no pasto.

Cultivar e consumir em casa, ou em local onde todos os transtornos estão presentes, ou em local onde não há espaço para a mente estar livre, geralmente, é desastroso.

Sendo possível nunca mais querer uma experiência com cogumelos.

Tudo deve estar de acordo para uma experiência, corpo físico, mente e local.

Não importa o número de vezes que já usou, porque nunca será igual.

Então não se ganha milha de consumo.

O cogumelo não promove ninguém a um nível ou status de expert.

Mas com o tempo é possível saber quando e onde para tirar boas lições.

Eu falei sobre eu, nada do que disse é aplicado a outrem, nem serve de guia para experiências com cogumelos.
 
Fala NeuroFX

As questões apresentadas no thread são altamente relevantes, devem ser analisadas, pois envolvem circunstâncias até mesmo perigosas.

Quem está cultivando sem está consumindo, apenas guardando todos os cogumelos em casa está correndo risco desnecessário.

Eu penso que o cultivo é antes de tudo uma terapia.

O cultivo ensina-nos muitas atitudes a serem aplicadas no dia a dia, é também uma expressão criativa.

Mas eu não comecei a cultivar por esses motivos e sim para ter cogumelos para consumo.

Depois vendo o interesse de muitos em cultivar também, vi a necessidade de ter carimbos.

No momento o que tenho seria suficiente para passar um bom tempo sem cultivar, mas continuo cultivando.

Tenho uma atração quase que irresistível por todo o processo.

Desde que obtive a 1ª strain me vi como um garoto que recebe um selo exótico do pai e inicia uma coleção.

Poderiam ser cogumelos comestíveis ou medicinais, mas os cubensis tem a substancia que altera a consciência, que o homem manipula para aproximar-se de Deus.

Mas a questão tão relevante quanto a segurança e o consumo.

Quem nunca colheu um cogumelo no pasto e comeu no pasto, não sabe como o cogumelo deve ser consumido.

Lá no pasto, debaixo do céu, a interação com a psilocibina é diferente.

Nunca foram desconfortantes todas as vezes que estive no pasto.

Cultivar e consumir em casa, ou em local onde todos os transtornos estão presentes, ou em local onde não há espaço para a mente estar livre, geralmente, é desastroso.

Sendo possível nunca mais querer uma experiência com cogumelos.

Tudo deve estar de acordo para uma experiência, corpo físico, mente e local.

Não importa o número de vezes que já usou, porque nunca será igual.

Então não se ganha milha de consumo.

O cogumelo não promove ninguém a um nível ou status de expert.

Mas com o tempo é possível saber quando e onde para tirar boas lições.

Eu falei sobre eu, nada do que disse é aplicado a outrem, nem serve de guia para experiências com cogumelos.

Belo sinal de experiência Mauricio. :pos:

Essa idéia de existência de um fórum (o fórum em si) é maravilhosa!

Um espaço virtual onde a troca de experiências se concretiza.

Excelente tudo isso!

Um grande abraço a todos do fórum!

:seta: O fórum antes de tudo, é um sinal de integração.

Inté...




 
Não estou aqui para puxar o saco de ninguém, não ganho nada com isso, mesmo se ganhasse não mudaria em nada.
Mas um texto como esse me senti fortemente impulsionado a comentar.

Primeiramente Neuro, parabéns pelo texto, você escreve muito bem :pos:

Depois, Maurício, faço de suas palavras ali descritas as minhas, fantástico!

Tive a mesma impressão quando recebi os primeiros esporos da PróFungos e depois de um brother aqui do Forum um print de Mexican Dutch King (não vou citar nomes, pois você sabe de quem estou falando) :D
Obrigado pela confiança, logo de início.

O cultivo e a Enteogenia: um manifesto
Ótimo tópico.

Parabéns a todos do FÓRUM, nossa caminhada diária é linda!!
 
Tema interessante para debater, eu já havia pensado nisso muitas vezes e mas como nunca cultivei acho que não tenho legitimidade pra debater essas nuanças do cultivo, no entanto tendo a não simpatizar muito com a ideía de cultivar cogus :

Fala NeuroFX

Lá no pasto, debaixo do céu, a interação com a psilocibina é diferente.

Nunca foram desconfortantes todas as vezes que estive no pasto.

Eu sempre pensei dessa maneira, por isso nunca cultivei cogumelos seriamente. Tentei cultivar uma única vez, impulsionado pela badalação do cultivo quando era mais jovem e também pela veia de cientista louco que sempre tive , mas não obtive sucesso e desisti na primeira.

O que me impediu de continuar basicamente foi minha “filosofia” naturalista de que a busca pelos cogumelos faz parte da experiência, além da idéia de que e uma experiência que nos coloca em contato com um universo que é negligenciado por nossa sociedade pra mim merece uma jornada fora dos padrões e paradigmas impostos por ela para se tornar mais completa e profunda.

Com isso não quero tirar o mérito da experiência de quem cultiva os cogumelos seguindo a lógica cartesiana, essa é apenas uma interpretação muito subjetiva e talvez até ilusória de minha parte. Talvez minhas primeiras experiências tenham me influenciado a ter esse tipo de pensamento.

Pra deixar mais claro, idealizo a experiência com cogumelos como um processo muito mais amplo do que o ato de ingerir a substância ativa. Acredito que a experiência comece quando começamos a analisar as condições climáticas e a escolher os pastos antes de partir à procura. A atenção voltada para o clima, o ato de sair da cidade, encontrar animais e insetos, o contato com a vegetação e até a invasão de propriedade alheia, uma quebra com o código social, são fatores que me “sintonizam” com a linguagem do mundo enteógeno.

Além disso também me agrada muito a noção estética de que um cogumelo ocorrendo naturalmente, sem a influência humana e processos laboratoriais está mais sincronizado com as esferas da natureza.
 
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