- 23/01/2005
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Comodidade, segurança, praticidade? Qual a razão que leva o indivíduo a praticar a arte do cultivo de cogumelos psicotrópicos?
O cultivo basicamente destina-se a um fim: produzir frutos que serão utilizados em experiências fantásticas, alucinatórias, enteógenas. Mas no meio desse fluxo com início e fim acabamos nos desviando do aspecto objetivo e passamos a nos dedicar de forma mais enfática às etapas do cultivo. É aí que há um aumento considerável nos esforços de alcançarmos produções cada vez maiores. Cada vez mais desenvolvemos e discutimos formas que supram nossa necessidade de aumentarmos o nosso estoque fúngico.
Em contrapartida, o aspecto enteogênico do cultivo de cogumelos psicotrópicos perde o seu status de fim e passa a ser apenas uma consequência do que fora iniciado desde a aquisição dos esporos. O fim se pluraliza e surgem vários fins: aprofundamento da arte do cultivo, vaidade pessoal e a própria experiência enteógena.
Eis que nos deparamos com uma questão: o que fazer com a quantidade produzida em excesso por nossos terrários e técnicas superfantásticas quando percebemos que provavelmente os cogumelos não serão utilizados para o fim enteogênico? Uma voz ecoa nas consciências atentas e diz: migre, migre!
Mas essa não é a questão pela qual abri o tópico.
Ao iniciarmos a arte do cultivo micológico parecemos cheios de vigor, esperançosos, sob uma aura mística, surreal. A dedicação e a persistência extremadas parecem derrubar quaisquer barreiras e vamos em busca do sucesso do nosso cultivo como se isso fosse uma meta de vida. Eis que vem o sucesso, vem o erro e adquirimos experiência, mas não só: passamos a amar a arte de cultivar, sendo quase um vício. Aquela aura mística que permeava nossa ação do início começa a se dissociar até que os caminhos se separam.
Um dos caminhos é o amor por cultivar e o outro é o que de fato nos leva a produzir os cogumelos, é o lado sombra do cultivo, o seu lado oculto que age sobre nós, uma força que fortalece valores presentes e revela outros que não conhecíamos.
Ainda que desejamos usar a produção para fins enteogênicos, chega um momento em que automatizamos a nossa arte, que continua com o seu brilho perfeito, mas que progressivamente perde sua aura mística. Passamos então a produzir sem critério, como escravos alienados, desenvolvendo nossas técnicas sem descanso, produzindo e produzindo - até o cultivo passa a obedecer às leis que regem a sociedade capitalista!
O fim primordial da arte do cultivo então se altera. A enteogenia agora é segundo plano e o cultivo visa, em primeiro plano, a produção ilimitada e constante.
E caímos numa pergunta de inúmeras respostas: para quê estamos cultivando? É uma pergunta que pode mudar de resposta. Já se perguntou hoje o porquê? E amanhã, será que vai ser pelo mesmo motivo?
Seja como for, o cultivo de cogumelos psicotrópicos envolve não só a prática do mundo palpável, mas também o outro lado que não conhecemos. O cultivo é o início do nosso vôo, a construção dos nossos foguetes rumo ao universo.
O mero lado prático do cultivo pode ser aplicado em outras espécies. Aprendida a técnica, podemos desenvolvê-la com afinco em outras espécies: comestíveis e medicinais, por exemplo. O fim dos comestíveis exige boa técnica e boa produção: um prato cheio para as nossas aspirações micológicas. Migrar é uma boa opção. os:
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O cultivo basicamente destina-se a um fim: produzir frutos que serão utilizados em experiências fantásticas, alucinatórias, enteógenas. Mas no meio desse fluxo com início e fim acabamos nos desviando do aspecto objetivo e passamos a nos dedicar de forma mais enfática às etapas do cultivo. É aí que há um aumento considerável nos esforços de alcançarmos produções cada vez maiores. Cada vez mais desenvolvemos e discutimos formas que supram nossa necessidade de aumentarmos o nosso estoque fúngico.
Em contrapartida, o aspecto enteogênico do cultivo de cogumelos psicotrópicos perde o seu status de fim e passa a ser apenas uma consequência do que fora iniciado desde a aquisição dos esporos. O fim se pluraliza e surgem vários fins: aprofundamento da arte do cultivo, vaidade pessoal e a própria experiência enteógena.
Eis que nos deparamos com uma questão: o que fazer com a quantidade produzida em excesso por nossos terrários e técnicas superfantásticas quando percebemos que provavelmente os cogumelos não serão utilizados para o fim enteogênico? Uma voz ecoa nas consciências atentas e diz: migre, migre!
Mas essa não é a questão pela qual abri o tópico.
Ao iniciarmos a arte do cultivo micológico parecemos cheios de vigor, esperançosos, sob uma aura mística, surreal. A dedicação e a persistência extremadas parecem derrubar quaisquer barreiras e vamos em busca do sucesso do nosso cultivo como se isso fosse uma meta de vida. Eis que vem o sucesso, vem o erro e adquirimos experiência, mas não só: passamos a amar a arte de cultivar, sendo quase um vício. Aquela aura mística que permeava nossa ação do início começa a se dissociar até que os caminhos se separam.
Um dos caminhos é o amor por cultivar e o outro é o que de fato nos leva a produzir os cogumelos, é o lado sombra do cultivo, o seu lado oculto que age sobre nós, uma força que fortalece valores presentes e revela outros que não conhecíamos.
Ainda que desejamos usar a produção para fins enteogênicos, chega um momento em que automatizamos a nossa arte, que continua com o seu brilho perfeito, mas que progressivamente perde sua aura mística. Passamos então a produzir sem critério, como escravos alienados, desenvolvendo nossas técnicas sem descanso, produzindo e produzindo - até o cultivo passa a obedecer às leis que regem a sociedade capitalista!
O fim primordial da arte do cultivo então se altera. A enteogenia agora é segundo plano e o cultivo visa, em primeiro plano, a produção ilimitada e constante.
E caímos numa pergunta de inúmeras respostas: para quê estamos cultivando? É uma pergunta que pode mudar de resposta. Já se perguntou hoje o porquê? E amanhã, será que vai ser pelo mesmo motivo?
Seja como for, o cultivo de cogumelos psicotrópicos envolve não só a prática do mundo palpável, mas também o outro lado que não conhecemos. O cultivo é o início do nosso vôo, a construção dos nossos foguetes rumo ao universo.
O mero lado prático do cultivo pode ser aplicado em outras espécies. Aprendida a técnica, podemos desenvolvê-la com afinco em outras espécies: comestíveis e medicinais, por exemplo. O fim dos comestíveis exige boa técnica e boa produção: um prato cheio para as nossas aspirações micológicas. Migrar é uma boa opção. os:
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