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Aqui discutimos micologia amadora e enteogenia.

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O Único Momento

L'esprit libre

Cogumelo maduro
Membro Ativo
22/06/2005
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O Único Momento

28.11.2008


Todas as experiências que fiz na minha vida são um encadeamento perfeito. Nessas semanas venho me preparando ao soar do anúncio de um grande momento. Fiz em média duas meditações por semana com salvia ou dmt – experiências de 1 hora. Desde abril deste ano venho meditando à IMPLACÁVEL VONTADE DE SOL E LUA! Passei por céus de platina, aranhas vermelhas, besouros dourados-platina, morcegos e ventos que dizem SIM.

Ontem, meu amigo e eu fomos aos pastos – tudo é perfeição, não há um momento sequer que eu não tenha vivido senão Perfeição. Lá estavam quatro cubensis lindos nos chamando, a perfeita dádiva no único lugar do pasto que poderia ser. Dividimos os cogumelos, cada um seguiu seu caminho. Cheguei em casa, era tarde de Sol, sem dar voltas, lavei os cogumelos e preparei-os com uma polpa de cajá. Fui ao meu cômodo, encobri o Sol com as cortinas, sentei no colchão de olhos fechados em posição de lótus, como em todas as minhas meditações. Havia colocado o Deep Forest – Music Detected, tomando o suco erguendo e agradecendo. A música se mostrou truculenta, a lisergia crescia pela minha coluna e vibrava com força cada fio capilar nervoso, agitação intensa queimava meu corpo, abri os olhos o ambiente vibrava fortemente, crescia indefinidamente a energia, ultrapassei o tempo. Meus dois lados se destacaram como distantes e desconhecidos um do outro, eu inclinava a intuição para que se unissem e via o lado direito (sempre azul) escorregar por debaixo do esquerdo (sempre vermelho) e o contrário. Então me abracei procurando uma fusão, sentindo profundamente a necessidade dessa fusão que eliminasse essa divisão que há muito cresce e torna cada lado cada vez mais distinto. Nesse abraço os lados encontraram um estado duplo que agitava os dois lados, senti como se aquilo fosse uma falha, como numa situação anterior.

O estômago queimava, dificilmente eu vomito, mas optei por isto já banhado pela clareza de cada poro em seu lugar na malha primordial. Então a energia tornou-se cristalina e de força plena. Vi de imediato que tapar o Sol não estava certo, abri as cortinas e sentei-me numa cadeira junto à janela, agora assistia cada poro sendo penetrado pelo Sol, já não havia mais distinção de indivíduo, ambiente e universo. A freqüência da agitação chegou ao ápice, como dois elos que se puxam e se repelem, então num flash percebi que não era uma falha o estado duplo, mas sim que ambos são o mesmo estado, a mesma peça que mexe a si mesma e precisa da freqüência exata, que deve ser alcançada por hábitos de elevação! Em cada piscada de olhos, profundos triângulos vermelhos contornados de verde, se estendiam em outros triângulos menores em suas pontas, cada um com olho amarelo que lembra uma arroba, olhos que vêem tudo e simplesmente desconhecem véus, obscuridade ou ignorância, de firmeza e alcance totais - giravam infinitamente: tudo é Um. E assim todas as experiências com enteógenos, psicodélicos e estados superiores sem substâncias, se mostraram simplesmente a mesma experiência, todos os momentos que eu haviam passado eram exatamente o mesmo, a Unidade, a mesma porta que se atravessa ao mesmo lugar, que é a própria porta, tudo é absolutamente um ponto infinito.

A música seguia um tanto agressiva. Eu permanecia integral em todo o fundamental, eu: o começo-fim de toda a Existência. Apenas balbuciei: - Quantos olhos...

Olhos perfeitos que me levaram o foco ao horizonte. Tudo pulsava em sincronia com o disco que entrava Pink Floyd - Atom Heart Mother, senti-me surpreso, pois não sabia daquela ordem dos discos, o que acompanhou e foi propriamente o segundo momento da experiência. Atravessei o pulsar e via a formação das nuvens numa maravilhosa solidez, então a forma de uma mão-árvore tomou o centro do Céu, era o Portal, uma nuvem de pássaros atravessou em rastros vermelhos-cintilantes, o Sol se tornou mais claro e intenso, a sensação da total grandiosidade – a espera do nascimento de um deus – abri as mãos aos céus, a mais pura de todas as substâncias jorrou – momento de Eternidade ... ... ... ... eu, o mais feliz; eu, a própria Felicidade, a satisfação de todos os deuses e de toda a Existência realizada! Lágrimas em cristais... obrigado! Olhei meu peito e braços, parecia que transpirava, passei as mãos, não era transpiração: - Nossa! É meu brilho! - fui todo coberto porque pequeninas centelhas douradas que vinham de dentro, olhei em lágrimas pela janela: - Eu brilho! ÊXTASE...OBRIGADO!...

Tudo explodiu em azul profundo tornando a malha visível pulsando, contornada por azul claro, tudo num material que lembra cera. Iniciou-se Pink Floyd – Dark Side of the Moon. O tempo em eternidade, abriu uma dimensão entre tudo aquilo que se move. Com o novo disco que tocava, a sensação de familiaridade, própria dele mesmo. Fui dividido em três partes perfeitas que eram exatamente a mesma, pela primeira vez vi o Self (forma originária) acima e atrás da cabeça, o que constituía o centro, para cada lado e para o âmago dessa formação tripartida: - Sou um Deus, existo para acreditar...acreditar...acreditar! E ao mesmo tempo eu era aquele indivíduo que reconheço no espelho, aquele sujeito a quem me chamam a rir e acreditar, com seus gostos, destino, medos, passado e futuro. Havia sido tudo aberto e eu me via no Deus projetado na parede à frente, que em uma máscara azul, insinuava abrir-se como leque infinito, e então voltava o olhar para o corpo e via o sujeito ali pequeno e feliz em toda aquela manifestação total, superior, a qual passava por ele e assim atingia sua finalidade. Enfim, fui decifrado.

Caminhando envolvido por essa manifestação, fui ao banheiro, as cores dos meus olhos, estavam profundamente definidas, o branco em especial, um tipo de mineral. Voltei sentei-me novamente junto à janela e agora estava distraído de tudo aquilo e podia seguir adiante. A linguagem das músicas se abriu completamente, eu falava comigo mesmo toda a verdade daqueles sentimentos, nas primeiras notas. E era surpreendido em alegria com o decorrer do que havia visto em completude em um ou dois segundos. Estava muito feliz, vontade, entusiasmo. Cada linguagem, um código genético profundamente intrincado, olhava o céu por onde passavam os raios de luz, mostrando o que havia de mais essencial em cada um dos pontos que atingia.

Subi aos céus, e agora descia em renascimento. Cada cor, cada som, a clareza da visão, tudo era novo. Acabou o tempo da música ali, duas músicas felizes ainda acompanharam os primeiros passos dessa nova vida. Observava que o Sol se punha, andava levemente pela casa, voltei a ser criança e tinha a opção de encobrir “tudo” com o antigo “degrau” ou seguir neste que havia chegado. Liguei para minha amiga, queria somente ouvir o tom de sua voz e minha própria voz – pureza, apenas pureza. Falei-lhe o que estava em tudo ali: toda experiência é a mesma experiência, toda verdade é a mesma verdade, tudo é absolutamente o mesmo. Tudo que eu havia vivido era aquele momento, que se prepara eternamente para ele mesmo

L’esprit libre
 
De arrepiar!
muito obrigado pelo relato.:pos:
 
L'esprit libre disse:
Fui dividido em três partes perfeitas que eram exatamente a mesma, pela primeira vez vi o Self (forma originária) acima e atrás da cabeça, o que constituía o centro, para cada lado e para o âmago dessa formação tripartida: - Sou um Deus, existo para acreditar...acreditar...acreditar! E ao mesmo tempo eu era aquele indivíduo que reconheço no espelho, aquele sujeito a quem me chamam a rir e acreditar, com seus gostos, destino, medos, passado e futuro. Havia sido tudo aberto e eu me via no Deus projetado na parede à frente, que em uma máscara azul, insinuava abrir-se como leque infinito, e então voltava o olhar para o corpo e via o sujeito ali pequeno e feliz em toda aquela manifestação total, superior, a qual passava por ele e assim atingia sua finalidade. Enfim, fui decifrado.

Muito belo L'Esprit, tal como a natureza É!
:pos:
 
você escreve muito bem :pos:
 
Obrigado!

Não consegui aproveitar devidamente o processo, fiquei agitado demais nesses dias, mas sem dúvidas faz parte desse processo e que seguirá na próxima experiência.

Até mais!
 
Nossa, muito legal o relato.

A trilha sonora então, nem se fala. Deve ter sido muito inspiradora...

E esse lance do sol entrando pelos poros foi lindo. É um dos motivos pelos quais prefiro entrar neste 'estado de consciência' a luz do dia, para sentir bem o abraço morno do astro-rei. A noite tem lá suas vantagens - o silencio a maior delas - o que me deixa sinceramente dividido. Enfim, cada uma com seus prós e contras. Experiências distintas, porém, a mesma.
 
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