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Numa tarde ensolarada de sábado.

cacto

Cogumelo maduro
Membro Ativo
05/01/2009
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Peço, desde já, desculpas pelo relato ser um pouco longo, também se não estiver bem escrito, mas foi o que eu consegui fazer no intuito de relatar a minha primeira experiência com P. cubensis.

Em 1988, realizando estudos com as plantas Datura estramônio e Canabis e com alguns produtos industrializados tais como: Benflogim, Bentil, Revenil, Thinner, Gasolina, Cola de sapateiro, etc... Comecei a procurar literatura sobre alteradores de consciência e encontrei alguns livros em bibliotecas públicas, além de alguns poucos artigos em revistas. Nestas buscas por material bibliográfico, me deparei com livros que falavam de cogumelos, pronto, foi paixão, foi identidade revelada, foi sonho, foi desejo. Não conseguia mais dormir, não conseguia mais parar de pensar nos cogumelos e comecei a procurá-los nos pastos.

Em 1989, encontramos o livro “Cogumelos Psicodélicos”, da coleção “Tudo sobre drogas” da editora Nova Cultural (pesquisei a referência correta pq lembrava do nome do livro diferente, mas taí, foi este)

http://www.estantevirtual.com.br/li...do_Sobre_Drogas___Cogumelos_Psicodelicos.html

Saiamos para os campos, eu e um irmão meu, na época eu tinha todo tempo do mundo, saia todo fim de semana, às vezes no meio da semana também, procurava cogumelos por formatos parecidos, nascendo em substratos diversos, tipo madeiras, capim, esterco, colhia os cogumelos, levava para casa, pensava que o risco de serem venenosos era alto, mas no fim do dia, comia, em uma vez era eu e na outra era meu irmão. A gente memorizava o tipo que comia e pensava, agora é só esperar, se eu amanhecer vivo, já está ótimo, se for o cogu certo, dentro em poucos minutos eu estarei naquele mundo que eu li nos livros. Assim faziamos. Comemos muitos tipos de cogus, nunca quantidades exageradas, sempre uns 4 ou 5...

Mas nada, não achava os dito cujos... Até que um dia, depois de uns dias de chuva, numa tarde ensolarada de sábado, fomos para um banho de rio eu e o mano. Próximo ao rio, tinha muitos pastos, a gente andou bastante até que desistiu e chegávamos à conclusão então que deveria ser praticamente impossível conseguir cogumelos. Na volta para casa, na beira da pista, de longe avistamos umas colônias de cogumelos “gigantes”, nós não imaginávamos ainda o que era aquilo, visto que todos os cogus que eu já havia coletado eram muito menores. Conforme nos aproximamos mais e se definiu bem na visão que eram cogumelos, começamos a correr, passamos pela cerca e nos ajoelhamos diante daquela visão explendorosa. Diante dos nossos olhos estavam 5 cogus gigantescos e muito diferentes de tudo que já havíamos observado, olhamos mais adiante e tinha uma outra colônia com mais 4 enormes. Por incrível que pareça, aquele foi o dia mais marcante de toda a minha vida de caçadas, nunca vi cogus tão impressionantes até hoje.

Como caçadores amadores, esquecemos que deveríamos levar sacos para trazer os cogus que achássemos, daí eu tirei minha camisa pólo e amarrei as mangas e o colarinho, virei o fundo dela para cima e pronto, tava aí o saco para transporte, que ficou cheio só com estes 9 mesmo. Muito satisfeitos, ou melhor, hipnotizados, não pensamos nem em procurar mais pelo pasto, até pq, quando olhamos para o tecido da camisa pela parte de fora, um cor azulada do liquido do cogu começava a se formar, como manchas, isso nos encheu de confiança e abrimos aquele sorriso de cumplicidade, como quem se diz, achamos... Corremos para casa.

No caminho para casa, começamos a tecer os planos de como entrar sem que nossa mãe percebesse o nosso carregamento, daí, ele entrou primeiro e puxou assunto, enquanto eu fui pelo lado da casa e deixei os cogus no beiral da janela do nosso quarto, então voltei e entrei em casa e saí cumprimentando todo mundo e sorrindo e falando para mãe que o passeio foi mágico, que o rio tava lindo e talz, corri para o quarto, peguei os cogus pela janela e meu irmão entrou logo em seguida. Daí nós pegamos aqueles cogus e ficamos maravilhados com eles em nossas mãos, discutimos que terímos que esconde-los em cima do guarda-roupa e que a noite a gente comeria, resolvemos manter o jejum, visto que só havíamos tomado café da manhã, então não comeríamos até a noite. Discutimos ainda que se tinha escrito no livro que os xamãs do méxico comiam aos pares e que comiam 6, 8, 10, ou até mais pares, que provavelmente tínhamos achado poucos, o que meu irmão rebateu logo dizendo, agente come tudo para ver. Assim acertados, escondemos os cogumelos e ficamos o resto da tarde envoltos em coisas comuns que tínhamos que fazer pela rua, passando tempo.

Ao anoitecer, nós morávamos numa casa de andar e nossos pais costumavam subir cedo e ficarem lá em cima o tempo todo, com a gente só ficava um irmão mais novo que concluímos não ser problema, visto que pensávamos que ia ser uma experiência controlável, em função de não termos tantos pares de cogus, é, era isso que achávamos. Então, chegada a hora de todos tomarem seus destinos, algo em torno de 20:00 horas, nós fomos para o quarto e dividimos cada cogu ao meio, dividimos cada talo longitudinalmente, pensávamos que um cogu poderia ser mais potente do que o outro daí dividimos tudo meio-a-meio para que se garantisse a cada uma a mesma parte da mágica. Como não sabíamos de modos de preparo, de como fazer chá e como havíamos lido que os xamãs comiam, pegamos cada qual sua parte e começamos a comer, mastigávamos extremamente bem cada pedaço e saboreávamos com se fossem guloseimas, realmente gostei do gosto desde a primeira vez, só que, como os cogus eram muito grandes, da metade para o final eu já não tava querendo comer, apesar de ter feito jejum eu já estava sentindo a barriga cheia e já tava enjoado do gosto, mas meu irmão olhava e dizia, vamos comer todos, temos que garantir... Continuamos comendo até o último pedaço...

Ao sairmos do quarto, nosso irmão mais novo estava assistindo um filme era de rambo, nós nos sentamos perto dele e ficamos assistindo, lembro que o stalone tava escalando uma cachoeira e daí já comecei a sentir um troço esquisito, como que a água da cachoeira estava saindo da televisão e tava respingando nos meus pés. Eu olhei para o meu irmão que também já estava sentindo modificações e começamos a rir, isto era complicado, pq não tinha nem 10 minutos que tínhamos comido, hoje penso que quando comemos uma porção muito grande e em jejum, o efeito começa quase que imediatamente devido a uma absorção de uma quantidade grande pelo maior volume em contato com as paredes mucosas do trato digestivo. Bem, mas o que importa é que ao sorrirmos um pro outro, já não estávamos mais em nosso mundo cotidiano, não conseguíamos parar de rir e nos levantamos, eu comecei a ver tudo diferente, olhei para os objetos que enfeitavam os móveis e eles começaram a se mexer e botavam “uma mãzinha” na barriga e se dobravam de rir, apontando com a outra para a minha cara. Olhei para o relógio na parede, incríveis mãozinhas de um relógio que tinha cara e se acabava de rir apontando para mim, também. Eu falei então para meu mano, cara, vamos para o quarto e vamos botar uns discos para rolar.

Meu irmão botou o depeche mode “violator” eu peguei o meu colchão e botei no chão, pq dormia na parte de cima do beliche, daí meu irmão resolveu botar o colchão dele do outro lado da cama, também no chão, a gente poderia se ver e conversar, olhando por baixo da cama, de um lado para o outro. Daí relachamos e, obviamente, não tinha muito mais de 15minutos que havíamos comido os cogus. Deitado, começaram a aparecer factrais, pedras preciosas de todos os tipos, flores girando, raios de luz, carruagens de ouro puxadas por seres mitológicos, enfim, tudo que eu lera começava a se descortinar em minhas visões, só que a coisa foi tomando uma direção muito organizada e sincronizada com a música, daí comecei a ver tropas de cogumelos que marchava perfilados ao estilo militar em direção ao horizonte e que, em dada altura viravam-se e olhavam para mim, só quando chegavam naquele ponto e depois voltavam a olhar para frente e continuavam a passara, milhares de cogus marchando em direção a um por do sol magnífico, as coisas continuaram a criar sincronia com a música e eu comecei a voltar no tempo, me vi na escócia, em uma vida passada, eu estava numa taverna, meio bêbado e vestindo saia xadrez, fiquei um tanto puto com a minha condição, mas entendi que era uma vida passada. Resolvi abrir os olhos para ver o quarto, para ver se mudava aquelas visões, também pq estava sentindo um sufocamento muito forte. Olhei de lado e tentei falar com meu irmão, só que a minha voz saiu como uma imagem de palavra, eu via as letras saindo da minha boca e a palavra toda se deslocando da direção do meu irmão, o quarto já não existia, o local não tinha piso, nem teto, nem paredes, era negro, como se eu flutuasse, mas ainda me sentia na horizontal, ainda percebia o contato do colchão no meu corpo. Assim as palavras saiam e se deslocavam e ao baterem em meu irmão elas se fragmentavam em silabas e voltavam em minha direção, só que ao baterem em mim, o meu corpo se fragmentava e elas ricocheteavam e voltavam para o meu irmão, onde se fragmentavam em letras e voltavam para mim e eu ia me despedaçando a cada açoite que recebia das palavras que a esta altura tinham tomado todo o espaço negro por onde o meu corpo ia se despedaçando ao bel prazer do som, quer dizer, destas palavras escritas que eram som, entendem? Então a sonoridade da voz de meu irmão veio e bateu no meu corpo também e eu percebi nitidamente que era Freud falando, daí tudo assumiu um caráter psicanalítico, num ambiente de palavras que podiam ser vistas voando, o meu corpo completamente desintegrado e cada parte ao colidir com alguma palavra que passava se dividia e girava, enquanto sonoramente timbres de Heins? Huns? Como? Então? e Freud explica... ficavam soando em minha cabeça, que na verdade já era todo este espaço.

Fiz um esforço enorme e pulei, me levantei, queria parar aquele troço, eu não estava me sentindo bem, já não ouvia a música e não tava sentindo o meu corpo, sentia contrações musculares, o biceps por exemplo ficava com quem queria contrair e doia, era muito forte os espasmos por todo corpo, tava tonto e não tinha muito equilíbrio, caminhei em direção ao interruptor da lâmpada, mas quando fui acendê-lo a minha mão atravessou a parede eu fiquei terrificado e fascinado ao mesmo tempo, tentei ligar novamente o interruptor, desta vez a noção de distância estava diferente e bati com toda força os dedos na parede, sólida como aço. Fiquei impressionado com a habilidade de atravessar paredes e fiquei tentando fazer isso, horas conseguia, horas me batia, muito divertido. Meu irmão me perguntou se eu estava bem daí eu disse que não e que achava que tinhamos comigo os cogus errados, achava que iriamos morrer e que estávamos envenenados, daí resolvi ir até a sala para ver como estava tudo.

Na sala de jantar, todos os móveis estavam com desenhos e esculpidos com temas astecas, as paredes estavam coloridas e tomadas por infinitos factrais, tudo estava a ponto de começar a derreter, meu corpo pesava e o controle dos movimentos estava cada vez pior. Voltei para o quarto e disse que ia forçar um vômito, ele achou que era besteira e olhava para mim com um sorrizo imenso na cara, mas mesmo assim se levantou e foi conferir a sala e eu aproveitei para passar pro banheiro, só que esqueci que a cama tava no meio do caminho, bati bem com o meio das canelas e cai do outro lado, realmente tava ficando complicado aquele troço e só tinha tocado um lado do vinil. Ao conseguir o triunfo de chegar ao banheiro, primeiro tentei urinar, só que meu pênis estava duro de tão encolhido, tava realmente difícil de conseguir até pegar o bicho, pensei que ele iria desaparecer pra dentro do corpo, mas fiz um esforço, dei-lhe uns esticões e tá, tudo bem, mas cadê o vaso sanitário, puta que pariu, eu tinha bem uns 10Km de altura e a porcaria do vazo tava lá em baixo, bem pequeininho, daí eu ficava tentando mirar para acertar o mijo, que por sinal, não saia, é, eu realmente cheguei a conclusão que eu estava morrendo. Me ajeitei, virei para a pia, liguei a torneira, molhei a mão e comecei a tentar forçar vômito, só que, descobri que eu poderia enfiar a mão até meu estômago, se eu quizesse, que não vomitaria, tava tudo anestesiado. Puta merda, não tem vômito, pensei, me lasquei, jurei que se saisse dessa jamais, nem em sonho, eu repetiria esta experiência. Então, já muito triste, me virei para sair do banheiro, mas não estava mais no banheiro e sim no meio de uma selva muito bonita, tinha árvores e muitas trepadeiras dependuradas, fiquei sem saber a direção para onde ir, sabia que estava no meu banheiro, sabia que por algum lado eu caia fora dali, só que a imagem era da floresta. Resolvi arriscar um passo, mas como o banheiro era pequeno, eu dava de cara com a quina da porta que estava entre-aberta, daí olhava e via a porta, voltava o passo e plim plim, tava lá a floresta, me bati com a porta mais umas duas vezes até que acertei a saida, só que novamente me bati na cama e cai do outro lado. Caracas, eu não tinha mais lado, não via mais casa, não sabia o que fazer. Então me esforcei para ir para a sala, eu queria ir para um lugar mais bonito da casa e procurar ar, no caminho me encontrei com meu mano que estava rastejando pelas paredes e fazendo caras muito sinistras para mim, cara de gargalhadas demoniacas e movimentos lentos como um réptil.

Ao conseguir chegar na sala de visitas, vi os móveis, o sofá e sentei. Ufa, vou respirar, vai passar, vai passar. Daí os meus braços começaram a se movimentar involuntáriamente, chegava a dar tapa na minha própria cara de tão esquisitos que eram os movimentos. Fui tentar ficar em pé e caí, já não tinha mais meu corpo, foi o meu último movimento, eu estava bem consiente, sentia espuma correndo da minha boca, lágrimas corriam dos olhos, mas eu não conseguia mais dar ordens ao meu corpo, que ainda rolou e fiquei de barriga para cima, com a cabeça virada de lado, sem mais nenhuma capacidade de me mexer, mas plenamente consciente da minha existência, do que tinha feito e do que estava passando. Neste momento, comecei a ter visões de todas as eras, consegui voltar no tempo, viagei pela eras. Vivi o momento da crucificação de cristo, andei pelo meio das pessoas como se fosse de verdade, cheiro, tato, luz, sensação real de estar acompanhando cristo andando no meio da multidão e de tê-lo visto morrer ao vivo, ali, pendurado na cruz, diante dos meus olhos. Eu ficava me beliscando, lá, para ver se acordava e voltava para meu corpo, que sabia que estava caido na sala, beliscava meu rosto, chorava, mas nada, eu estava lá. Eu voltei no tempo, vi a terra quando ela ainda era tomada por lavas, viagei pelas galáxias e voltei ao ponto em que deus pronunciava, faça-se a luz. Neste ponto, a sensação sobre o formato que eu estava era a de que eu era uma bola que podia ver em todas as direções, uma bola de consciência que podia se deslocar a velocidade da luz e ver em todas as direções, só que, neste lugar, eu só podia ouvir aquela voz, que vinha de todos os lados, só...

Então, a voz se dirigiu a mim e disse: " Você veio longe de mais, agora não tem mais volta..." e me mostrou um filamento de energia "invisível que saia do meu corpo bola que via para todo lado e atravessava o espaço-tempo até chegar no meu corpo material aqui na terra, lá pelo meio do caminho, umas bruxas (3) com uma tesoura, cortou este filamento, então eu vi meu corpo físico morrer... Num ato desesperado, voltei a toda velocidade até a sala da minha casa, agora eu era um fantasma, uma consciência fora do meu corpo, que estava ali caido, morto, diante de minha "visão", eu deseperadamente mergulhei no meu corpo, tentava entrar nele, só que atravessava-o, senti que ele já estava bem frio, que não havia mais respiração ou batimento cardiaco. Ouvi o som da porta do quarto dos meus pais se abrir, ouvi os passos deles dessendo os degraus e perguntando se estava acontecendo algo, vi quando eles acharam meu corpo, botaram no carro e correram para o hospital, eu tinha realmente morrido, esta atônito, podia ver as pessoas que iam para me ver chorarem e falarem que eu era muito jovem e que estes diabos de drogas me mataram. Me botaram no caixão e me levaram para velar em casa, eu ainda tentava mergulhar no meu corpo e me levantava do meio do meu peito e gritava para todo mundo, eu não morri, eu estou aqui, vocês não estão me vendo? E todos choravam, minha mãe passava muito mal.Daí eu pensei comigo mesmo, puts, acho que só aquele cara lá que eu vi, o que disse: "faça-se a luz", tenho que voltar lá.

Parti pelo espaço-tempo, desesperado, numa velocidade em que as galáxias se entertavam até que viraram linhas, até que desapareceram de tão rápido que é o deslocamento. E num instante, eu estava diante do "ser", que me dizia, não te disse? você foi longe demais... Eu, no meu formato esférico, não sei como, ficava de joelhos e chorava súplicante que me desse uma nova chance, mas a voz me dizia que ou eu ou meu irmão teria que morrer, que eu teria que escolher. Caracas, meu irmão, morrer, isso nunca falei. Daí a voz respondia, então, eu fiz tudo certo, você morreu, daí eu respondia, pô, aí também não tá certo, eu só queria te ver, não mereço morrer, suplicava entre lágrimas, até que tive a idéia de pedir ao ser que deixasse eu e meu irmão voltar dividindo a energia dá única vida que sobrou. Então vi, este ser que eu não conseguia ver, ou seja vi sem ver, que ele pareceu sorrir e ouvi, tá, então tente e me deu um puta tapa que me fez sair girando como um pião, na velocidade infinita. Eu fiquei bem confuso, pensando, tá, então vá, mas prá onde que tá tudo rodando??? Foi quando comecei a perceber que, no meio do giro, apareciam como que imagens aleatórias e que eu poderia, como que, me agarrar a elas, era como se fosse um tipo de furo na realidade, onde se poderia voltar no tempo, agarrando-se numa cena do passado e materializando-se nela. então comecei a ver a janela da sala de casa, como estava vendo na hora que eu tentei ficar em pé e cai, me agarrei naquela cena e puft, lá estava eu de pé de novo naquele momento, prestes a cair de novo, e cai. Caracas tudo de novo. Só que desta vez eu já sabia o que iria acontecer, então comecei a travar uma luta incomensurável para mexer meu corpo e percebi que o fruto do meu esforço se espressava através de movimentos involuntários diversos, eu estava literalmente me debatendo no chão, sem conseguir achar uma forma de controlar, até que parei e percebi que as lágrimas desciam do meu rosto como quem sabia que a qualquer momento meus pais desceriam e me achariam naquele estado de novo e eu morreria. Mas, de repente, consegui piscar o meu olho, tentei de novo e consegui, tentei mexer uma mão e mexeu um braço, mas já era bem próximo. Daí tive uma visão de uma combi descendo do céu, com um tio meu que eu gosto muito dirigindo e ele botava a cabeça pra fora e o braço, e passava a mão na cara e dizia com uma voz sinistra: " Tá muito doido né? Beba água..."

Eu me esforçando através da minha nova capacidade de controle do corpo, saí rastejando pelo chão até a geladeira, como uma minhoca maluca. Consegui abrir a geladeira e pegar uma garrafa d´água, bebi bastante e continuei tentando controlar meus movimentos, a esta altura mijei nas calças e talz, não sei quanto tempo já havia se passado, rastejei até o banheiro e finalmente consegui me por de pé. Puxa vida, pensei, acho que vou me salvar... Tentei tomar um banho, liguei o chuveiro e entrei de baixo d´água, instantâneamente a água virou chumbo derretido e começou a arrancar os pedaços do meu corpo, arrancar a pele, pedaços de carne e vi meus ossos. Pulei fora da água, meu irmão estava perto de mim e me deu uma força, parecia estar bem melhor do que eu, parecia que não tinha passada por 1/10 do que eu estava passando. Voltei para a sala, o dia estava querendo amanhecer, tava bem violeta... Olhei para os pelos dos meus braços e vi como se fossem fios de ouro, uma luz emanava de todo meu corpo e eu comecei a sentir a energia de um deus fluindo dentro de mim, se epalhando, ao meu redor tudo brilhava de tanta luz que se irradiava do meu corpo. Finalmente, ufa, eu estava meio que de volta, um tanto estranho, meio deus, me sentindo cheio de uma energia extraordinária. Olhei para o mano e sorri muito, ele também sorria e começamos a falar somente a partir daí, era tipo 05:10 da madruga. Quando todos acordaram em casa, eu lembro que ninguém entendeu o que a gente já estava fazendo de pé e tão elétricos, beijava toda hora mãe e sorria com o mano mais novo, brincava com o cachorro, queria ajudar o pai... Enfim, muito doido, mas super feliz de estar voltando e tentando parecer normal.

Neste novo dia, não consegui fazer as coisas normais de rotina, passei o dia pela cidade, andando meio sem acreditar, pensando em tudo que aconteceu e olhando para tudo que ainda tava brilhando pacas, meu irmão fez a mesma coisa, ele me disse mais tarde, quando nos reencontramos à noite. Aproveitei para perguntar pq eu achei que ele não teve problemas, falei que estive com deus e sofri muito. Ele me respondeu que foi para o inferno e que achou muito bom, que se deu muito bem com o diabo e que o fogo, a decomposição da matéria através da inceneração, que ferver num caldeirão, fedor de enchofre e coisas assim, são muito legais??? Achei isto muito esquisito, eu vejo deus e fico chorando, o cara vê o coisa ruim e fica todo feliz... Vai entender???

Não sei bem o que significia isto tudo, mas posso garantir que quem mergulhar neste mundo de cabeça, certamente terá histórias como estas para contar e que estas, viram memórias tão reais quanto as da realidade que vivemos nos nossos dias comuns.

Desculpem a longa história, tentei sintetizar tudo que passei, mas ainda teria muita coisa para contar, já passei por muitas viagens que poderia dizer até mais incrível ou impossível do que esta, mas esta me marcou de mais, eu não estava preparado para tanto poder...

Paz e saúde amigos.
 
Muito boa.

Eu também já tive contatos com vidas passadas e outras realidades. É realmente muito estranho.
 
Grande experiência heim cacto!

E quem disse que tem que resumir a história? Mas que coisa, é tu e o figurinha com essa mania, quando a história tá legal vocês chegam ao fim! :D
Boas histórias prendem o leitor e o levam pelos mundos do autor, então esse prazer deve ser ampliado e não suprimido.

Nessa primeira experiência deu de ver que você teve diversas sensações e manifestações, muitas das quais a gente comentou em outro tópico, lembra? E hoje em dia, como é sua relação com elas? Acredito que bem mais salutares.

Não deu de puxar as barbas de Deus? rs.

E quanto a Escócia, como estavam as coisas por lá ... ?
Em novas experiências, tem revisitado antigos amigos também? ;)

Abraço.
 
Muito boa.

Eu também já tive contatos com vidas passadas e outras realidades. É realmente muito estranho.

É cara, hoje tive uma puta duma trip e revivi a mesma sensação de estar vivo em outra realidade, meu cheiro, minha aura de vivo, levei comigo, lá para aquele lugar e vivi lá... Cara, estranho... :pos:

Mescalitus disse:
Grande experiência heim cacto!

E quem disse que tem que resumir a história? Mas que coisa, é tu e o figurinha com essa mania, quando a história tá legal vocês chegam ao fim!
Boas histórias prendem o leitor e o levam pelos mundos do autor, então esse prazer deve ser ampliado e não suprimido.

Nessa primeira experiência deu de ver que você teve diversas sensações e manifestações, muitas das quais a gente comentou em outro tópico, lembra? E hoje em dia, como é sua relação com elas? Acredito que bem mais salutares.

Não deu de puxar as barbas de Deus? rs.

E quanto a Escócia, como estavam as coisas por lá ... ?
Em novas experiências, tem revisitado antigos amigos também?

Valeu mano, valeu, obrigado pela tua leitura... hoje estou num dia muito bom, revivi a trip numa outra trip.
Eu tenho o meu olhar constantemente voltado para esta trip. Os pontos chaves da trip, as grandes transformações de percepção, distorções espaço-temporais, a reação no meu corpo, o encontro com deus, a minha morte, me ver morto...
..
..
Mas tiveram muitas, muitas outras viagens, muitas, tantas e tantas aventuras e desventuras e continua, continua, só que mudou demais tudo.

Sei lá, não dá para explicar agora, mas tudo mudou demais e, acho, para melhor.

Grande abraço, muita sorte à vocês todos.
 
trip muito forte mano
deve ter te marcado profundamente
estou boquiaberto com as revelaçoes q vc teve
muito obrigado pelo relato:D
abrasss
 
caralho
eu nao tenhu nem oque dizer
mais fico feliz por vc ter
uma trip que de alguma forma te evoluiu
 
Olha a linguagem, rapaz.

;)
 
trip muito forte mano
deve ter te marcado profundamente
estou boquiaberto com as revelaçoes q vc teve
muito obrigado pelo relato:D
abrasss

E aí Druida, tudo legal...
Muito, muito forte mesmo mano... Para mim é fácil entrar em trips poderosas com doses modestas e esta no caso, foi com uma dose muito exagerada, então o resultado foi este. As outras vezes que tentei repitir doses elevadas, todas acontecem os problemas físicos severos que relatei (que acho a pior parte) e a perda do corpo, só que não necessáriamente luto tanto para voltar como nesta trip, pois depois de perder um pouco o medo de morrer, quando a consciência sai do corpo é o maior barato...

Loucumelos disse:
caralho
eu nao tenhu nem oque dizer
mais fico feliz por vc ter
uma trip que de alguma forma te evoluiu
É mano, aparentemente eu estou melhor do que nunca. Valeu por ter lido.
 
gostei de ler teu relato cacto, mando lembranças daqui :pos:
 
Cacto eu queria te perguntar
a criatura suprema q vc encontrou la do outro lado
ela falava com palavras ou vc apenas sabia a msg q ela estava te passando?
é importante pra mim saber isso pois ja senti algo parecido em ummas trips
abrass irmao muita força
 
gostei de ler teu relato cacto, mando lembranças daqui :pos:

Valeu tupy, muito obrigado por te lido e pelas lembranças, valeu mesmo...

Druida disse:
Cacto eu queria te perguntar
a criatura suprema q vc encontrou la do outro lado
ela falava com palavras ou vc apenas sabia a msg q ela estava te passando?
é importante pra mim saber isso pois ja senti algo parecido em ummas trips
abrass irmao muita força

Era uma voz trovejante, reverberava em mim, chega tinha tipo vento forte de trovão, quando ela passava, contudo ela vinha do todo, não vinha de lado algum, estava em toda parte, eu estava no centro do lugar, imerso na voz. A sensação que eu posso descrever é a de ouvir, a de uma voz, mas ela não tinha um emissor, então fica complicado.

Beleza
 
Queria conseguir engolir tanta mentira assim, e cuspir fantasia igual a você cacto.
Infelizmente a vida me endureceu.
A fantasia acabou e só sobrou REALIDADE.
Belo relato, você tem veia arrtística, deveria produzir filmes, seriados ou desenhos animados pois sua imaginação é bem ativa.
 
Queria conseguir engolir tanta mentira assim, e cuspir fantasia igual a você cacto.
Infelizmente a vida me endureceu.
A fantasia acabou e só sobrou REALIDADE.
Belo relato, você tem veia arrtística, deveria produzir filmes, seriados ou desenhos animados pois sua imaginação é bem ativa.

Muito obrigado BC, fico satisfeito em saber o seu ponto de vista. Mas esta foi realmente a minha primeira trip e isto é o que importa.

Grande abraço.
PS: a vida também me endureceu bastante e não tenho a menor vocação para artista.
 
Foi lendo relatos como esse do Cacto, já em tempos idos, que foi despertado meu interesse pela enteogenia.
Temos é que agradecer o Sr.Cacto por ter é tido paciência e disponibilizado seu tempo para escrever esse texto longo e detalhado.
Salve salve irmão.
 
Cara, muito bom isso, dei muita risada aqui!!!
 
Que viagem maravilhosa!
Fico absolutamente encantado com o poder dos cogumelos.
E o que você teve, meu caro, foi um desdobramento. Uma Viagem Astral.
''Uma viagem para outra dimensão.''
É algo bastante interessante da ciência mística, tanto é possível acessa-lo através dos enteógenos como também através da meditação, do sonho lúcido e de técnicas de desdobramento. Algo magnífico para nós que buscamos o conhecimento interior e exterior.
 
Que viagem maravilhosa!
Fico absolutamente encantado com o poder dos cogumelos.
E o que você teve, meu caro, foi um desdobramento. Uma Viagem Astral.
''Uma viagem para outra dimensão.''
É algo bastante interessante da ciência mística, tanto é possível acessa-lo através dos enteógenos como também através da meditação, do sonho lúcido e de técnicas de desdobramento. Algo magnífico para nós que buscamos o conhecimento interior e exterior.
nada do que tu alcances lucido chega a 1% da expansao cosmica fungica.
te garanto.
 
"nada do que tu alcances lucido chega a 1% da expansao cosmica fungica.
te garanto. "

Há controvérsias.
No entanto também não penso nos estados lucidez/transe como polaridades opostas. Estes nem mesmo existem como estados puros ou melhor, em puro estado. O que há são diversos graus entre esses dois. Independente de ter ingerido susbstâncias ou não.
 
Sim, é nisso que creio, que há diversos graus. E acredito também que uma VA através dos cogumelos é bem diferente do que uma através de técnicas, mas que podem ser equivalentes.
 
Nem vou dizer que não podem em alguns casos serem bem semelhantes, pois é difícil prever o que existe ou pode acontecer, envolvendo tantas variáveis como as que temos.

Mas essas viagens astrais que as pessoas relatam comumente por aí não são mesmo equivalentes a uma experiência com cogumelos. Inclusive quem nunca experimentou cogumelos não usa de modo algum para descrever essas viagens astrais certos termos comuns nos relatos de cogumelos. Nem mostra durante ou depois certas reações também típicas dos cogumelos. Se há casos de equivalência são raros.


E Sou contrário a usar o termo viagem astral para descrever o psiloespaço.
 
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