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Na Miração do Cogu-Rei

Aldebaran

Cogumelo maduro
Cadastrado
26/11/2006
2
68
Há uma frase no meio esotérico, que diz: "Quando o Discípulo está pronto o Mestre aparece".

Acreditando nisso, passei parte da minha vida se preparando para o tão esperado encontro. Quando cruzava pelas esquinas, na escola, na internet, nas igrejas e nos bares com algum grande Mestre, me entregava completamente por dias, meses, ou anos. Mas terminava descobrindo que o Mestre não era o ser perfeito que imaginava. Eu via diante de mim uma pessoa com seus próprios defeitos, me sentia frustrado. Vinha o desespero e até mesmo o desejo de abandonar a busca espiritual, quando, na verdade, percebi que é assim que a coisa funciona, é justamente a mudança de Mestres que nos deixa livres para criarmos nosso próprio caminho. Foi esta liberdade de buscar o próprio caminho que me fez buscar os ensinamentos e conselhos do “Cogu-Rei”. Não fiquei esperando um Xamã vir em forma de lobo para me convidar para um ritual na América Central ou na Sibéria.
Certo dia, no ano de 2006, fui ao Estado vizinho, Tocantins, atravessei o rio e fui à busca do Cogu-Rei na natureza. Então, cheguei num local onde as vacas bebiam água, e o encontrei. Eu o lavei carinhosamente no córrego, agradeci a “Mãe Natureza” e o comi. Iniciei uma prece aos céus, mas em seguida fui surpreendido por um homem com uma arma na cintura e uma faca na mão, que me disse:
- Saia imediatamente da minha Terra!
Eu respondi:
- Ah, a Terra é sua?! Tudo bem, deixe-me somente terminar a minha prece aqui, por favor. (Naquela época, eu estava num péssimo período, estava desempregado, um escritor desconhecido, ainda vivendo à custa dos pais, sem muitos amigos, desmotivado, aflito...).
Ele esbravejou:
- Não! Suma daqui!
Eu me levantei e disse:
- Não há nenhuma possibilidade deu levar essa terra e essas suas vacas nas costas.
Contudo, evitei uma confusão, e disse a ele que não iria ficar mais nem um segundo e me retirei.
Comecei então a questionar porque o homem se acha dono da Terra, da natureza, se a Terra e a Mãe Natureza pertencem somente a Deus. A ganância humana sufoca até mesmo uma prece. Os questionamentos ardiam na minha mente, por que essa distância precisa ser tão grande para se conseguir receber os conselhos e o consolo do sagrado Cogu-Rei? De repente, lembrei do Maha Mantra, Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna, Krishna, Hare, Hare, Hare Rama, Hare Rama, Rama, Rama, Hare, Hare. Comecei a cantar o Maha Mantra (ainda não tinha contato com a Literatura Védica na época, comecei a cantar por acaso) e fui caminhando pela estrada na mata de volta para casa.
No caminho, cantando sem parar, fui cercado por belíssimas vacas brancas. Fiquei bem no meio de um círculo formado por elas. Elas me olhavam de uma forma que me chamava muita atenção. E de fora do círculo, uma vaca bem grande, que se destacava das outras pelo seu tamanho, aproximou-se de mim. Achei aquele momento sublime. Uma força astral invadiu a minha mente no momento em que olhei no fundo dos olhos daquele animal, ela parecia ter a forma de uma Grande Mãe. Sempre quando eu andava pelos pastos as vacas se afastavam e não se aproximavam. A vaca chegou bem pertinho, então, eu comecei acariciar a cabeça dela, e ela começou a se esfregar em mim. Eu senti o que ela quis me transmitir (a partir daquele dia comecei a ver a ingestão de carne como uma grande violência contra a Mãe Natureza). Logo em seguida, um homem, muito feio, de baixa estatura, ou era mesmo uma “miração”, até hoje não sei ao certo, apareceu com uma toalha no ombro, sem camisa vestido numa bermuda velha e com um sabonete na mão, e me perguntou:
- Por que você está indo embora, “fica mais um pouco com a gente”. Vamos banhar no córrego!
Olhei para os lados e não vi ninguém além de nós dois. Olhei bem nos olhos dele, não havia entendido porque ele havia dito “com a gente”, então, disse a ele:
- Eu fui expulso daqui.
Ele disse:
- Ninguém pode expulsar você dessa Terra. Existem pessoas ruins. Mas nada pode destruir o bem.
Concordei com ele e não prossegui a conversa, pois senti uma vontade enorme de voltar para casa. Ele me desejou muitas coisas boas, enquanto eu me afastava.
Pensei se não era possível encontrar, ou mesmo criar um atalho, para Iluminação.
Contudo, quando verdadeiramente tomamos essa atitude, descobrimos que o caminho mais rápido exige também maior esforço. Que, quando resolvemos cumprir em menor tempo, uma tarefa determinada, somos obrigados a um maior esforço para conseguir terminá-la em menor tempo. E por ironia, vivo no Brasil, onde os cogumelos nascem em abundância por toda parte, ou melhor, em terras demarcadas.
Cogu-Rei me lançou uma Luz para que ao invés de peregrino, Eu me tornasse um Psiconauta, consciente que todas as pessoas são Mestres em alguma coisa. Nossos pais, amigos, cônjuge, conhecidos, estranhos, crianças, idosos, jovens, adultos, negros, brancos, ricos e pobres, orientais, índios, enfim, todas as pessoas são importantes, sob o píleo sagrado.

Eis a história deste mantra:

Na Miração do Cogu-Rei
Cogu-Rei vem convidar
Rompe o véu
Abre as portas lá do céu
Estou com o Sol
Com a Lua
Com as Estrelas
Com a Terra
Com o Mar
Com o Rio
Com a Chuva
Com o Arco-íris
Com você eu quero estar
Com você vou sempre estar
Na miração do Cogu-Rei
Paz e amor para a minha irmã
Paz e amor para o meu irmão
Paz e amor ILUMINAÇÃO.

Letra e Música: F. Aldebaran – 05/2006.

Para ouvir o mantra:
http://recantodasletras.uol.com.br/audios/oracoes/28893
 
Otimo relato irmao.
sua mente parece ser muito criativa.
use-a assim sempre - vai e traz pra gente estas perolas.
Cada um traz sempre o melhor de si!
 
Gostei do relato amigo!!

Senti sua energia daqui... Da proxima so cuidar com os locais que vai adentrar, geralmente os fazendeiros não costumam perguntar quem você quando encontram entranhos nas suas propriedades.. Nada que um bom processo de pesquisa micologica não resolva kkk

Otima relação entre natureza/trancendencia espiritual, tambem sinto isso a maioria das vezes..

Aguardo mais relatos..
 
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