- 16/02/2007
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Olá amigos...
Aconteceu... tive minhas 2 primeiras experiências com cogumelos de meu primeiro cultivo...
Antes de mais nada, preciso esclarecer que meu objetivo com os cogus é espiritual e não para "curtir um barato" ou por diversão, embora decidi aproveitar esses "brindes" de forma secundária, mas o principal é o encontro espiritual e o aprimoramento do meu ser.
... em ambas as experiências não senti ALGUNS dos efeitos que todos contam mas senti outros. Em momento algum senti as coisas respirando, o chão ondulando ou o som tomando formas. Ao fechar os olhos também não ví nenhuma imagem em fractal. Acredito que eu tenha começado com uma dose fraca para meu corpo, talvez em doses maiores isso ocorra...
Primeira experiência:
- Domingo - 16:30hs
- Comi/masquei 2 cogumelos, talo e chapéu, crús com água mineral. O gosto é extremamente ácido/enjoativo e tive que engolir rápido para não vomitar. Não foi tão difícil, apenas incômodo como tomar xarope. Estava em jejum proposital de 6 horas.
- O setting foi um parque perto de casa com pouco movimento.
- Minha esposa me acompanhou, lúcida, durante todo o tempo.
- Por volta das 22:00hs ainda me sentia diferente quando fui dormir por isso não deu para saber exatamente quando acabou.
... quando me dei conta após uns 40 minutos comecei a ficar muito falante... porém só quando minha esposa me dava algum assunto para pensar. Foi incrível como eu ficava inspirado para divagar sobre qualquer coisa. Tinha respostas para tudo! poderia contar uma história épica sobre um assunto insignificante como uma folha por exemplo. Ás vezes o pensamento ficava mais rápido que as palavras e eu atropelava as palavras...
... a percepção das coisas ficou muito clara... tudo fazia muito sentido, absolutamente qualquer coisa fazia sentido... é como se tudo estivesse explicado, tudo no seu devido lugar e cumprindo seu papel... quando digo tudo é tudo mesmo... tudo aquilo que se conhece...
... também senti uma paz muito grande durante toda a experiência e também uma sensação de "conexão" com o universo da mesma forma que um computador se conecta á Internet. Quando minha esposa me perguntou se eu poderia falar com a árvore ao nosso lado eu respondi com uma pergunta: "você fala com a sua própria mão? não precisa porque você a sente, ela faz parte de você e por isso sabe tudo sobre ela". Foi isso que senti com a árvore, era como se eu e ela estivéssemos ligados pela mesma energia cósmica e por isso eu sabia tudo sobre ela...
... rapidamente escureceu... e eu pude notar como a visão muda! aliás, isso foi uma das coisas que mais me surpreendeu... no meu caso a visão de perto estava normalissima. O que mudou foi a visão ao longe... parecia que eu tinha uma luneta em cada olho. Eu conseguia ver as coisas muito longe e com muita nitidez. A percepção visual de tudo fica apuradíssima e ao mesmo tempo é estranha, meio embaçada... é difícil de explicar, o mais próximo que consigo comparar é com a visão que você tem quando está sonhando mas mesmo assim é diferente...
... achava estranho que não via as cores diferentes... mas quando prestei muita atenção ás folhas da árvore, muita atenção mesmo, pude ver as cores das folhas cintilando, oscilando de tonalidades...
... as formas também ficaram interessantes. Ao longe as árvores pareciam quadradas. Um avião que passou piscando parecia quadrado apesar de estar bem nítido... é incrível o efeito das sombras! Agora entendo o que os pintores vêem... as sombras que para nós normalmente passam despercebidas fazem muita diferença sob o efeito de cogumelos... elas ficam mais aparentes. Outra coisa interessante foi a "sombra da luz que saia do poste", eu via a sombra da luz no próprio ar, comparável á luz dentro de um nevoeiro...
... outra coisa que me surpreendeu muito foi a noção de tempo! Até agora não sei dizer se o tempo passava devagar ou rápido para mim. Cada vez que olhava o relógio tomava um susto: "mas já são tal horas??? passaram 40 minutos mas parece que se passaram apenas 5 minutos". Acho que de tudo isso foi o que mais me impressionou... a noção de tempo...
... justamente por ter essa noção de tempo bem desconexa comecei a sentir receio... o receio passou a ser medo... medo de não conseguir mais acompanhar o tempo... o medo quis se transformar em pânico de estar ficando louco e não conseguir voltar mais ao meu estado normal... era o início de um BadTrip... senti o desespero de querer parar a brincadeira e não poder! ou pior de não passar nunca mais! Queria tirar isso do meu corpo para poder voltar ao normal e não podia, não tinha como, não há antídoto. Fiquei desesperado e abracei minha esposa com medo de nunca mais voltar a ser como eu era... como iria voltar ao trabalho, como iria cumprir minhas responsabilidades... foi nesse ponto que o preparo que fiz ao longo de meses, lendo muito e aprendendo com os outros psiconautas me ajudou... disse para mim mesmo: "estou sob o efeito de cogumelos. Uma hora isso vai passar. Todos dizem isso então é porque vai passar mesmo. Não sou diferente deles." Me acalmei um pouco... e foi assim que aconteceu algo interessante: comecei a curtir aquele estado! Disse para mim mesmo: "se não passar terei que aprender a viver assim deste jeito... vai ter que ser legal viver assim, até que é"... e daí a badtrip passou e fiquei em paz... aprendi que não é você quem conduz o que acontece durante trip mas sim que a sua única liberdade é como vai encará-la... é você quem escolhe se a trip fica boa ou ruim, basta desejar como quer encará-la na hora... ter auto-controle é o segredo!
... com o anoitecer no parque começou a fazer muito frio... era minha esposa quem dizia isso. Eu via minhas pernas tremendo e sabia que era frio apesar de não sentí-lo... quando decidimos ir para o carro fui caminhando normalmente e ao fechar a porta do carro me senti muito mais confortável... aí é que notei como deveria estar frio lá fora... novamente as sombras dentro do carro eram muito interessantes...
... ficamos conversando dentro do carro estacionado no parque... minha esposa me parecia muito mais "mística"... não ví nada deformar nela, era ela mesma só que com um ar místico como se fosse um sábia... afinal em 7 anos de casado eu nunca concordei tanto com o que ela dizia.. tudo o que ela dizia fazia muito sentido... acho que ela estava adorando eu estar tão bonzinho! (rsrsrs) ela disse: "mas eu sempre te falei tudo isso, mas parece que só agora você está me entendendo"... e estava, tudo fazia sentido!
... decidimos ir embora para casa. Ela achou que eu parecia bem normal e disse que eu poderia dirigir até casa, eram só 7 quadras e ela confiava em mim. E realmente eu me sentia normal, meus 5 sentidos estavam funcionando muito bem, a visão e a audição principalmente! Por desencargo fiz o teste de alcolismo, andei em linha reta e fiquei sentado numa perna só e estava normal. Não achei que seria irresponsável em dirigir sendo que me sentia muito bem para tal, afinal sentia perfeitamente o equilibrio e distiguia normalmente a profundidade das coisas, meus reflexos pareciam normais. No caminho achei as ruas que me eram familiares muito diferentes. Sabia onde estava mas era como se nunca tivesse passado alí antes. A iluminação das ruas estava muito mais clara e era tudo bem nítido. Num momento aconteceu algo muito interessante: quando passei por uma rua "percebi" a rua inteira, de cada tijolo dos muros das casas até os grafites nas paredes, era como se eu tivesse ido lá antes e analisado cada centímetro daquela rua...
... chegando em casa meu cachorro e minha gata me olhavam diferente... parecia que eu podia me comunicar com eles... eles realmente olhavam para mim como nunca olharam antes... parecia que podiam perceber nitidamente alguma coisa diferente em mim... talvez a energia, sei lá. Foi engraçado... meu cachorro nunca me pareceu tão simpático até então, até troquei uma idéia com ele mas ele não respondeu nada. Minha gata estava um carinho só, só queria colo...
...daí fiquei em casa o resto da noite, assisti a televisão normalmente, jantei e fui dormir. No dia seguinte acordei para trabalhar me sentindo normal.
Segunda experiência:
- Segunda-feira (dia seguinte á primeira experiência) - 14:00hs
- Comi/masquei 1 cogumelo, só o talo com água mineral. Estava em jejum proposital de 4 horas.
- Setting: andando pelas ruas da cidade.
- Não tive ninguém comigo, fiquei sempre sozinho.
- Os efeitos passaram completamente por volta das 20:00hs, durou 6 horas.
... estava de folga no dia seguinte á minha primeira experiência. Á tarde resolvi comer apenas 1 cogumelo e passear pelo centro da cidade. O objetivo era vivenciar a experiência num local movimentado e durante o dia... achei com apenas 1 cogumelo não correria o risco de me perder ou de ser atropelado.
... quando saí nas ruas do centro logo notei que a visão estava muito mais nítida. Novamente muita nitidez para ver ao longe e enxergava normalmente de perto, mas de novo aquela sensação de conseguir ver tudo, comparavel á visão que temos nos sonhos, é nítido e embaçado ao mesmo tempo, difícil de explicar... A claridade do dia estava mais forte do que o normal, semelhante a quando o sol bate na areia da praia e ofusca os olhos. Por isso estava usando óculos escuros e me sentia confortável com eles.
... andando pelas ruas tumultuadas de pessoas fiquei convencido de que quase todos que cruzavam comigo estavam me olhando! olhava para as pessoas e todas elas olhavam para minha cara com um ar estranho. Fiquei achando que havia algo errado comigo e estava chamando a atenção por algum motivo. Ví meu reflexo num vidro de vitrine e parecia tudo normal, continuei normalmente...
... novamente a noção de tempo estava estranha. Toda hora olhava para o meu relógio e não sabia dizer se o tempo estava passando mais rápido ou mais devagar, só sabia que o tempo não corria normalmente. Um fato curioso é que, visualmente, as pessoas e carros pareciam se mover mais rápido do que o natural... as pessoas andavam como se o filme estivesse sendo avançado em 1.2X, ou seja, ligeiramente mais rápido do que o normal...
... fiquei pensando sobre as pessoas andando rápido e notei que eu estava andando um pouco mais devagar do que o meu normal... daí uma dúvida cruel surgiu: "será que eu estou muito lento nos meus movimentos e é por isso que todos olham para mim?"... não importa, era o meu momento e não estava fazendo mal a ninguém... continuei "normalmente" do meu jeito...
... andava e analisava tudo... o sentimento de "conexão" ao universo que tive na minha primeira experiência não veio desta vez... porém estava pensativo e filosófico... prestava atenção em coisas e detalhes que nos passam despercebidos diariamente...
... observei como as pessoas se apressam para cumprir seus compromissos cotidianos... para desempenhar seus papeis nesta grande peça de teatro, cada uma com sua roupa de encenação... será que elas estão realmente vivendo? ou será que estão tão absorvidas com sua atuação na peça de teatro que se esqueceram de que são todos atores e atrizes? Eu me sentia sozinho na platéia assistindo a toda aquela peça com pena daqueles atores e atrizes mal pagos... pena que não se dão conta que um dia essa peça de teatro acaba e poderiam atuar de outras formas para aproveitá-la melhor...
... parei no centro de uma praça e prestei atenção nos ruídos. Conseguia ouvir TUDO! Ouvia desde as conversas de todas as pessoas sentadas nos bancos da praça até as chaves penduradas batendo na perna de um homem que passou. Os carros atrapalhavam o entendimento das falas das pessoas...
... passando por uma rua movimentada um vendedor da Finamax me abordou querendo oferecer um empréstimo... não podia perder aquela oportunidade! Rapidamente mudei o foco da conversa para ELE. Perguntei se ele era feliz e se gostava de trabalhar ali, a quanto tempo estava ali, quantas horas passava naquele calçadão por dia etc... ele gostou da conversa e ficou feliz em mudar de diálogo uma vez no dia... por um momento ele pôde parar de pensar no trabalho e fazer uma reflexão sobre a vida dele. Eu fiquei feliz pois eu o estava ajudando a isso. Atuei como se eu fosse um espelho que refletia a vida dele... ao final ele ficou desconfiado se eu era algum tipo de psicólogo do RH da empresa dele que estava sondando os funcionários... fui embora...
... estava em jejum proposital de várias horas e a fome começou a bater. Queria testar se comendo os efeitos cessariam. Fui a um restaurante e sentei numa mesa. Como o tempo passava estranhamente decidi fazer um experimento, marquei a hora em que sentei na mesa, eram 15:45. O garçom veio me dar o cardápio e fiquei com a impressão de que ele me olhava estranho. Escolhi frango a parmegiana com arroz, salada e fritas. Bem pesado para testar se anularia os efeitos de 1 cogumelo. Pedi água para beber. Enquanto a comida não vinha prestei atenção ás pessoas das outras mesas, conseguia ouvir tudo aquilo que TODOS diziam, até o que os cozinheiros diziam dentro da coznha que estava longe, mas como todos estavam falando ao mesmo tempo não conseguia entender tudo, apenas ouvia. A comida veio e me assustei: "mas já???" parecia que haviam se passado apenas 2 minutos desde que eu havia feito o pedido, mas olhei no relógio e já eram 16:02, haviam se passado 17 minutos!!! eu fiquei 17 minutos prestando atenção ás outras pessoas e parecia que tinha sido apenas 2 minutos! Isso explicava porque todos olhavam para mim!
... comi a comida lentamente, saboreando o gosto que parecia muito mais gostoso. O paladar estava muito mais apurado. Terminei de comer ás 16:40 e parecia que tinha demorado 10 minutos... demorei bastante lá... paguei e fuí embora...
... depois de comer comecei a me sentir muito mole e cansado. Achei que estivesse com a pressão baixa e fuí embora para casa descansar... deitei e dormi tranquilamente por umas 1 hora...
...mais á noite, por volta das 18:30, tive que sair de carro para resolver um compromisso rápido. Ao sair de casa após ter escurecido senti as luzes muito fortes, ao ponto de me ofuscarem. Resolvi isso colocando os óculos escuros á noite! daí ficou confortável para dirigir. Não sentia mais nenhum efeito, apenas a fotosensibilidade, estava bem para dirigir desde que com óculos escuros. Peguei uma avenida longa e fui dirigindo na boa. Resolvi tirar os óculos para ver como estava e as placas de sinalização me ofuscavam, as luzes dos carros na outra mão me ofuscavam mais ainda, as luzes dos postes pareciam com o triplo da intensidade normal. Só estava bem de óculos escuros. Resolvi o que precisava e voltei para casa...
... os efeitos passaram completamente por volta das 20:00hs.
Aconteceu... tive minhas 2 primeiras experiências com cogumelos de meu primeiro cultivo...
Antes de mais nada, preciso esclarecer que meu objetivo com os cogus é espiritual e não para "curtir um barato" ou por diversão, embora decidi aproveitar esses "brindes" de forma secundária, mas o principal é o encontro espiritual e o aprimoramento do meu ser.
... em ambas as experiências não senti ALGUNS dos efeitos que todos contam mas senti outros. Em momento algum senti as coisas respirando, o chão ondulando ou o som tomando formas. Ao fechar os olhos também não ví nenhuma imagem em fractal. Acredito que eu tenha começado com uma dose fraca para meu corpo, talvez em doses maiores isso ocorra...
Primeira experiência:
- Domingo - 16:30hs
- Comi/masquei 2 cogumelos, talo e chapéu, crús com água mineral. O gosto é extremamente ácido/enjoativo e tive que engolir rápido para não vomitar. Não foi tão difícil, apenas incômodo como tomar xarope. Estava em jejum proposital de 6 horas.
- O setting foi um parque perto de casa com pouco movimento.
- Minha esposa me acompanhou, lúcida, durante todo o tempo.
- Por volta das 22:00hs ainda me sentia diferente quando fui dormir por isso não deu para saber exatamente quando acabou.
... quando me dei conta após uns 40 minutos comecei a ficar muito falante... porém só quando minha esposa me dava algum assunto para pensar. Foi incrível como eu ficava inspirado para divagar sobre qualquer coisa. Tinha respostas para tudo! poderia contar uma história épica sobre um assunto insignificante como uma folha por exemplo. Ás vezes o pensamento ficava mais rápido que as palavras e eu atropelava as palavras...
... a percepção das coisas ficou muito clara... tudo fazia muito sentido, absolutamente qualquer coisa fazia sentido... é como se tudo estivesse explicado, tudo no seu devido lugar e cumprindo seu papel... quando digo tudo é tudo mesmo... tudo aquilo que se conhece...
... também senti uma paz muito grande durante toda a experiência e também uma sensação de "conexão" com o universo da mesma forma que um computador se conecta á Internet. Quando minha esposa me perguntou se eu poderia falar com a árvore ao nosso lado eu respondi com uma pergunta: "você fala com a sua própria mão? não precisa porque você a sente, ela faz parte de você e por isso sabe tudo sobre ela". Foi isso que senti com a árvore, era como se eu e ela estivéssemos ligados pela mesma energia cósmica e por isso eu sabia tudo sobre ela...
... rapidamente escureceu... e eu pude notar como a visão muda! aliás, isso foi uma das coisas que mais me surpreendeu... no meu caso a visão de perto estava normalissima. O que mudou foi a visão ao longe... parecia que eu tinha uma luneta em cada olho. Eu conseguia ver as coisas muito longe e com muita nitidez. A percepção visual de tudo fica apuradíssima e ao mesmo tempo é estranha, meio embaçada... é difícil de explicar, o mais próximo que consigo comparar é com a visão que você tem quando está sonhando mas mesmo assim é diferente...
... achava estranho que não via as cores diferentes... mas quando prestei muita atenção ás folhas da árvore, muita atenção mesmo, pude ver as cores das folhas cintilando, oscilando de tonalidades...
... as formas também ficaram interessantes. Ao longe as árvores pareciam quadradas. Um avião que passou piscando parecia quadrado apesar de estar bem nítido... é incrível o efeito das sombras! Agora entendo o que os pintores vêem... as sombras que para nós normalmente passam despercebidas fazem muita diferença sob o efeito de cogumelos... elas ficam mais aparentes. Outra coisa interessante foi a "sombra da luz que saia do poste", eu via a sombra da luz no próprio ar, comparável á luz dentro de um nevoeiro...
... outra coisa que me surpreendeu muito foi a noção de tempo! Até agora não sei dizer se o tempo passava devagar ou rápido para mim. Cada vez que olhava o relógio tomava um susto: "mas já são tal horas??? passaram 40 minutos mas parece que se passaram apenas 5 minutos". Acho que de tudo isso foi o que mais me impressionou... a noção de tempo...
... justamente por ter essa noção de tempo bem desconexa comecei a sentir receio... o receio passou a ser medo... medo de não conseguir mais acompanhar o tempo... o medo quis se transformar em pânico de estar ficando louco e não conseguir voltar mais ao meu estado normal... era o início de um BadTrip... senti o desespero de querer parar a brincadeira e não poder! ou pior de não passar nunca mais! Queria tirar isso do meu corpo para poder voltar ao normal e não podia, não tinha como, não há antídoto. Fiquei desesperado e abracei minha esposa com medo de nunca mais voltar a ser como eu era... como iria voltar ao trabalho, como iria cumprir minhas responsabilidades... foi nesse ponto que o preparo que fiz ao longo de meses, lendo muito e aprendendo com os outros psiconautas me ajudou... disse para mim mesmo: "estou sob o efeito de cogumelos. Uma hora isso vai passar. Todos dizem isso então é porque vai passar mesmo. Não sou diferente deles." Me acalmei um pouco... e foi assim que aconteceu algo interessante: comecei a curtir aquele estado! Disse para mim mesmo: "se não passar terei que aprender a viver assim deste jeito... vai ter que ser legal viver assim, até que é"... e daí a badtrip passou e fiquei em paz... aprendi que não é você quem conduz o que acontece durante trip mas sim que a sua única liberdade é como vai encará-la... é você quem escolhe se a trip fica boa ou ruim, basta desejar como quer encará-la na hora... ter auto-controle é o segredo!
... com o anoitecer no parque começou a fazer muito frio... era minha esposa quem dizia isso. Eu via minhas pernas tremendo e sabia que era frio apesar de não sentí-lo... quando decidimos ir para o carro fui caminhando normalmente e ao fechar a porta do carro me senti muito mais confortável... aí é que notei como deveria estar frio lá fora... novamente as sombras dentro do carro eram muito interessantes...
... ficamos conversando dentro do carro estacionado no parque... minha esposa me parecia muito mais "mística"... não ví nada deformar nela, era ela mesma só que com um ar místico como se fosse um sábia... afinal em 7 anos de casado eu nunca concordei tanto com o que ela dizia.. tudo o que ela dizia fazia muito sentido... acho que ela estava adorando eu estar tão bonzinho! (rsrsrs) ela disse: "mas eu sempre te falei tudo isso, mas parece que só agora você está me entendendo"... e estava, tudo fazia sentido!
... decidimos ir embora para casa. Ela achou que eu parecia bem normal e disse que eu poderia dirigir até casa, eram só 7 quadras e ela confiava em mim. E realmente eu me sentia normal, meus 5 sentidos estavam funcionando muito bem, a visão e a audição principalmente! Por desencargo fiz o teste de alcolismo, andei em linha reta e fiquei sentado numa perna só e estava normal. Não achei que seria irresponsável em dirigir sendo que me sentia muito bem para tal, afinal sentia perfeitamente o equilibrio e distiguia normalmente a profundidade das coisas, meus reflexos pareciam normais. No caminho achei as ruas que me eram familiares muito diferentes. Sabia onde estava mas era como se nunca tivesse passado alí antes. A iluminação das ruas estava muito mais clara e era tudo bem nítido. Num momento aconteceu algo muito interessante: quando passei por uma rua "percebi" a rua inteira, de cada tijolo dos muros das casas até os grafites nas paredes, era como se eu tivesse ido lá antes e analisado cada centímetro daquela rua...
... chegando em casa meu cachorro e minha gata me olhavam diferente... parecia que eu podia me comunicar com eles... eles realmente olhavam para mim como nunca olharam antes... parecia que podiam perceber nitidamente alguma coisa diferente em mim... talvez a energia, sei lá. Foi engraçado... meu cachorro nunca me pareceu tão simpático até então, até troquei uma idéia com ele mas ele não respondeu nada. Minha gata estava um carinho só, só queria colo...
...daí fiquei em casa o resto da noite, assisti a televisão normalmente, jantei e fui dormir. No dia seguinte acordei para trabalhar me sentindo normal.
Segunda experiência:
- Segunda-feira (dia seguinte á primeira experiência) - 14:00hs
- Comi/masquei 1 cogumelo, só o talo com água mineral. Estava em jejum proposital de 4 horas.
- Setting: andando pelas ruas da cidade.
- Não tive ninguém comigo, fiquei sempre sozinho.
- Os efeitos passaram completamente por volta das 20:00hs, durou 6 horas.
... estava de folga no dia seguinte á minha primeira experiência. Á tarde resolvi comer apenas 1 cogumelo e passear pelo centro da cidade. O objetivo era vivenciar a experiência num local movimentado e durante o dia... achei com apenas 1 cogumelo não correria o risco de me perder ou de ser atropelado.
... quando saí nas ruas do centro logo notei que a visão estava muito mais nítida. Novamente muita nitidez para ver ao longe e enxergava normalmente de perto, mas de novo aquela sensação de conseguir ver tudo, comparavel á visão que temos nos sonhos, é nítido e embaçado ao mesmo tempo, difícil de explicar... A claridade do dia estava mais forte do que o normal, semelhante a quando o sol bate na areia da praia e ofusca os olhos. Por isso estava usando óculos escuros e me sentia confortável com eles.
... andando pelas ruas tumultuadas de pessoas fiquei convencido de que quase todos que cruzavam comigo estavam me olhando! olhava para as pessoas e todas elas olhavam para minha cara com um ar estranho. Fiquei achando que havia algo errado comigo e estava chamando a atenção por algum motivo. Ví meu reflexo num vidro de vitrine e parecia tudo normal, continuei normalmente...
... novamente a noção de tempo estava estranha. Toda hora olhava para o meu relógio e não sabia dizer se o tempo estava passando mais rápido ou mais devagar, só sabia que o tempo não corria normalmente. Um fato curioso é que, visualmente, as pessoas e carros pareciam se mover mais rápido do que o natural... as pessoas andavam como se o filme estivesse sendo avançado em 1.2X, ou seja, ligeiramente mais rápido do que o normal...
... fiquei pensando sobre as pessoas andando rápido e notei que eu estava andando um pouco mais devagar do que o meu normal... daí uma dúvida cruel surgiu: "será que eu estou muito lento nos meus movimentos e é por isso que todos olham para mim?"... não importa, era o meu momento e não estava fazendo mal a ninguém... continuei "normalmente" do meu jeito...
... andava e analisava tudo... o sentimento de "conexão" ao universo que tive na minha primeira experiência não veio desta vez... porém estava pensativo e filosófico... prestava atenção em coisas e detalhes que nos passam despercebidos diariamente...
... observei como as pessoas se apressam para cumprir seus compromissos cotidianos... para desempenhar seus papeis nesta grande peça de teatro, cada uma com sua roupa de encenação... será que elas estão realmente vivendo? ou será que estão tão absorvidas com sua atuação na peça de teatro que se esqueceram de que são todos atores e atrizes? Eu me sentia sozinho na platéia assistindo a toda aquela peça com pena daqueles atores e atrizes mal pagos... pena que não se dão conta que um dia essa peça de teatro acaba e poderiam atuar de outras formas para aproveitá-la melhor...
... parei no centro de uma praça e prestei atenção nos ruídos. Conseguia ouvir TUDO! Ouvia desde as conversas de todas as pessoas sentadas nos bancos da praça até as chaves penduradas batendo na perna de um homem que passou. Os carros atrapalhavam o entendimento das falas das pessoas...
... passando por uma rua movimentada um vendedor da Finamax me abordou querendo oferecer um empréstimo... não podia perder aquela oportunidade! Rapidamente mudei o foco da conversa para ELE. Perguntei se ele era feliz e se gostava de trabalhar ali, a quanto tempo estava ali, quantas horas passava naquele calçadão por dia etc... ele gostou da conversa e ficou feliz em mudar de diálogo uma vez no dia... por um momento ele pôde parar de pensar no trabalho e fazer uma reflexão sobre a vida dele. Eu fiquei feliz pois eu o estava ajudando a isso. Atuei como se eu fosse um espelho que refletia a vida dele... ao final ele ficou desconfiado se eu era algum tipo de psicólogo do RH da empresa dele que estava sondando os funcionários... fui embora...
... estava em jejum proposital de várias horas e a fome começou a bater. Queria testar se comendo os efeitos cessariam. Fui a um restaurante e sentei numa mesa. Como o tempo passava estranhamente decidi fazer um experimento, marquei a hora em que sentei na mesa, eram 15:45. O garçom veio me dar o cardápio e fiquei com a impressão de que ele me olhava estranho. Escolhi frango a parmegiana com arroz, salada e fritas. Bem pesado para testar se anularia os efeitos de 1 cogumelo. Pedi água para beber. Enquanto a comida não vinha prestei atenção ás pessoas das outras mesas, conseguia ouvir tudo aquilo que TODOS diziam, até o que os cozinheiros diziam dentro da coznha que estava longe, mas como todos estavam falando ao mesmo tempo não conseguia entender tudo, apenas ouvia. A comida veio e me assustei: "mas já???" parecia que haviam se passado apenas 2 minutos desde que eu havia feito o pedido, mas olhei no relógio e já eram 16:02, haviam se passado 17 minutos!!! eu fiquei 17 minutos prestando atenção ás outras pessoas e parecia que tinha sido apenas 2 minutos! Isso explicava porque todos olhavam para mim!
... comi a comida lentamente, saboreando o gosto que parecia muito mais gostoso. O paladar estava muito mais apurado. Terminei de comer ás 16:40 e parecia que tinha demorado 10 minutos... demorei bastante lá... paguei e fuí embora...
... depois de comer comecei a me sentir muito mole e cansado. Achei que estivesse com a pressão baixa e fuí embora para casa descansar... deitei e dormi tranquilamente por umas 1 hora...
...mais á noite, por volta das 18:30, tive que sair de carro para resolver um compromisso rápido. Ao sair de casa após ter escurecido senti as luzes muito fortes, ao ponto de me ofuscarem. Resolvi isso colocando os óculos escuros á noite! daí ficou confortável para dirigir. Não sentia mais nenhum efeito, apenas a fotosensibilidade, estava bem para dirigir desde que com óculos escuros. Peguei uma avenida longa e fui dirigindo na boa. Resolvi tirar os óculos para ver como estava e as placas de sinalização me ofuscavam, as luzes dos carros na outra mão me ofuscavam mais ainda, as luzes dos postes pareciam com o triplo da intensidade normal. Só estava bem de óculos escuros. Resolvi o que precisava e voltei para casa...
... os efeitos passaram completamente por volta das 20:00hs.