Deixemos claro duas coisas a quem é visitante e chegou agora no CM:
- Esse tópico é sobre opiniões pessoais, de forma alguma representanto a opinião do CM, mas apenas a opinião pessoal do membro que eventualmente o responda. O fórum veementemente e com toda razão se opõe formalmente ao uso de quaisquer psicotrópicos por menores de 18 anos e inclusive proíbe a participação de menores na Comunidade (art. 8º § único das regras do fórum)
- Esta discussão é apenas a posição individual sobre a experiência e opinião de pessoal dos membros do CM, que são penalmente imputáveis e podem responder individualmente por eventual ofensa ao ECA. O fórum é um ambiente para livre troca de informações entre maiores sobre assuntos relativos a cogumelos, de forma que a Comunidade em si não possui nenhuma responsabilidade pelo conteúdo de debates iniciados legitimamente.
@TheHunter,
Então, apesar da maconha ser a droga que considero das mais tranquilas para uso, eu concordo com os estudos que afirmam que o sistema de lidar com compulsões/vícios (seja sexo, drogas, jogos, preguiça demais, sono etc.) fica prejudicada com o uso de
cannabis durante a adolescência, porque eu sinto isso na pele. Tá certo que eu sou apenas um caso "isolado" (porque nunca falei com mais ninguém sobre isso pra saber se outros são assim também), mas coincidiu com minha personalidade e meus conflitos pra ter uma vida sem vícios em quase todos os âmbitos.
E essas mudanças, por vezes constatada no comportamento de adolescentes ou crianças usuárias de alteradores de percepção, revelam uma não-aceitação à padrões sociais previamente estabelecidos, e uma frustração crescente pela sua exclusão ou limitação social. Gerando assim ansiedade. Que por sua vez, em altos níveis, desencadeiam peculiaridades comportamentais, como aqueles que chamamos de "compulsão, depressão, bipolaridade, insônia".
Concordo que a criminalização e exclusão dos usuários só gera agravamento da condição dos mesmos. O melhor caminho é o oposto: esclarecimento e reintegração. Mas isso em qualquer idade. Agora, na adolescência pode ficar pior e ser muito mais deletéria sobre a personalidade da criança/adolescência a repressão e preconceito sociais do que o uso em si de uma substância.
Em vilas, ou aldeias antigas, a maturação social e sexual acontecia entre os 10 anos, permitindo o indivíduo presenciar ou participar de rituais, alguns dos quais, envolvendo substâncias alucinógenas e orgias divinas. Nesses lugares, ninguém nem tinha inventado o "vício", e a "mudança comportamental" era esperada.
Duvido que alguém lá tivesse problema com vícios, bipolaridade, depressão...
Sim, sim, mas cuidado que tem gente que se tiver essa informação surta
(se quem estiver lendo não gostou dessa informação, pule este e os próximos três parágrafos se quiser continuar), porque acredita que nossa visão atual sobre criança e adolescência seja a única correta. Ocorre que vale no Brasil o que está na lei, mas mesmo aqui a lei é relativizada. Por exemplo, comunidades indígenas possuem casamentos com menores de 14 anos, que seria normalmente estupro de vulnerável. Então até a lei sabe distinguir situações de situações e não impor a nossa visão Cristã-Ocidental a todos.
Digo mais, minha bisavó casou com 12 anos, e já começou a ter filho e cuidar de casa cedo. Hoje, é um absurdo pensar em casar uma menina de 12 anos, enquanto antigamente, em dada época, aos 14 já estava ficando muito velha pra casar. E há tribos aí pelo mundo em que anciões iniciam sexualmente meninas de até 8 anos. Essas meninas crescem numa cultura em que isso é normal e não sofrem nada.
Por outro lado, ocorrem casamentos com crianças menores de 8 anos em algum recanto do Oriente Médio, informação negada pela Grande Mídia. Particularmente, acho isso algo destrutivo para a criança, pelo simples fato que ainda não chegou à puberdade. Se o corpo ainda não começou a se preparar para a reprodução, é decerto objetivamente antinatural ter relação sexual de qualquer espécie, e isso independe da cultura.
Não estou aqui defendendo em qual idade alguém já esta apto a fazer sexo, até porque nada tem a ver com o depende de outros fatores (culturais, familiares, de experiência pessoal, etc.) e não tem a ver com o tópico. A lei então vai dizer a partir de que idade deixa de ser crime, e isso depende de cada país.
Estou apenas demostrando que os critérios usados pela nossa legislação são resultantes apenas de nossa cultura. Mas, uma vez iniciada a fase de puberdade acabou a infância (ONU) e o corpo ingressa na possibilidade de intercurso sexual saudável - o que envolve um espontâneo e consciente desejo pelo prazer sexual que surge sem precisar de estímulos e não mais apenas mera curiosidade ou imitação de cenas dos pais.
Agora de volta ao assunto do tópico.
O que eu quero dizer com o que está acima, e como se liga ao tema do tópico? Ora, desde que não haja um fundamento orgânico que prejudique alguém em especial até o fim da adolescência, não há razão
orgânica para não se usar alguma substância química. E, francamente, o mais importante é saber se o organismo daquele indivíduo irá sofrer em excesso, ou mais que o normal de um usuário adulto, por usar alguma droga. O resto é cultura - ou seja, em algum nível, o quanto a cultura, a família e a experiência pessoal da própria pessoa torna-a apta a avaliar se pode/deve ou não usar psicotrópico ou álcool.
Assim, eu não posso me colocar nos pés de um adolescente de 16 anos e falar que ele não tem condições de escolher o que faz. Ele pode matar, ele pode estuprar, ele pode fazer muita coisa. E com plena consciência.
Eu realmente não acredito na irresponsabilidade de adolescentes, creio apenas que devem ser compreendidos com tolerância própria de suas limitações e experiências de vida - só que isso (tolerância) vale para todos os seres Humanos da Terra! Enfim, jamais devem ser "des-responsabilizados" de seus atos!
Se o adolescente tem condições ou não de usar alguma droga, ele quem decida. Me cabe cuidar da
minha vida, e ele da
dele. No máximo eu vou dar uns toques, que serão muito mais úteis e poderão ajudá-lo futuramente a seguir um caminho melhor; do que dar uma lição de moral e afastá-lo.
Então é isso.
Agora, eu só me preocupo com isso em relação ao meu filho,
única pessoa no mundo da qual eu tenho responsabilidade até que se forme completamente. Com ele o papo é outro, porque tenho responsabilidade sobre a criação dele e por isso tenho que considerar as questões culturais, a mentalidade dele, amadurecimento, o fato de que drogas em algum nível prejudicam, etc. Não seria moralista, mas lhe diria algo mais nesse tipo: "filho, só comece a fumar maconha com 21, beleza? Faça isso por isso", e álcool, que ferra tudo, é praticamente impossível impedi-lo de usar em festas, noitadas, etc. E também lhe daria
informação correta, e não
desinformação desesperada visando controlá-lo - porque no dia que ele descobrir a verdade (ou seja, as minhas mentiras, não as da mídia), será pior e irá pras drogas sem eu saber. E, francamente, se eu espero que meu filho nunca tenha problemas de vício, esse é o melhor caminho: honestidade e diálogo.
Obs.: tudo que disse acima sobre sexualidade eu disse sério. Ninguém aqui acha graça do que foi dito. Eu estaria olhando nos seus olhos com a maior objetividade do mundo falando o que eu disse. É um assunto sério, grave, não brincadeira. Interprete a minha intenção ao dizer essas coisas da forma adequada, porque isso não é brincadeira. É o tipo de informação que não se acha fácil, porque é séria demais pras pessoas digerirem. E esse assunto é delicado o suficiente para eu fazer essa ressalva.