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Fora de sincronia

Zad

Hifa
Cadastrado
11/03/2018
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Muitos por aqui certamente já se aventuraram em doses mais altas, ou mesmo acertaram a mão no set n setting a ponto de dar aquela "quebrada" no tempo e espaço. Não estou aqui exatamente pra entrar em detalhes o quão incrível essas experiências costumam ser - ao menos a meu ver, mas na verdade para entender se com vocês acontece o mesmo:

Depois de algumas dessas viagens eu tenho a impressão de que nunca mais me sincronizei 100% com a nossa "realidade", mesmo em estados de consciência "normais". Não é aquela coisa new age de se dizer criança indigoo ou starchild (nada contra, apenas frisando que o que quero dizer é diferente), não de achar que seu pensamento transcendeu a média, nada disso. É de realmente achar que a sintonia mudou, desprovido de julgamentos de melhor, pior, além, antes... Só quebrou a sincronia? Isso já de anos pra cá, não é nada novo.
Não que seja uma coisa ruim, de forma alguma, mas é algo interessante, com seus prós e contras certamente. É como se houvesse um "pulso" universal no qual todas as açoẽs de todos os seres são processadas em lote, como aconteceria em um programa de computador, e você tivesse ido parar numa thread (fio de execução em programação) separada, cuja cadência dos pulsos difere da principal. Às vezes você se sente à frente do tempo, mas tendo que esperar a "vez dele" pra te destravar, às vezes você se sente incapacitado de acompanhar o passo do dia-a-dia e até coisas extremamente simples parecem sempre transcorrer mais rápido do que você processa. Talvez seja uma coisa de não se sentir "nem lá nem cá".
Pensamentos extremamente complexos surgem e é cada vez mais difícil traduzi-los para palavras.

Acontece com vocês o mesmo, ou algo semelhante?
Abraços fraternos =]
 
Se eu entendi bem o que você disse, eu por vezes me pego pensando em algo parecido: uma possível relação inversamente proporcional entre a velocidade de raciocínio e sua profundidade. Seria talvez como se diferentes pessoas em diferentes momentos utilizassem uma diferente relação entre velocidade e profundidade de raciocínio aplicado a diferentes assuntos.

Claro que isso é uma suposição puramente empírica, mas caso se aplicasse, talvez as suas viagens tenham te motivado a mudar a forma que você, como sujeito, atribui valor e prioridade ao teu cotidiano coisa e tal. Mas, sendo esse o caso, várias experiências para além das psicodélicas têm essa capacidade de alterar a forma como a gente atribui valor à realidade né, talvez o luto, traumas, um amor intenso, sejam alguns exemplos de experiências também suficientemente fortes para alterar a maneira como a gente aborda a nossa realidade.

Acredito que até mesmo conscientemente isso seja possível, claro que por um processos diferentes, com tempos diferentes e tal. Mas talvez um bom exemplo seja como alguém muda suas prioridade e valores depois de um tempo de convivência com alguém ou com um grupo, tipo em um relacionamento ou em um emprego novo, um curso novo.
 
Se eu entendi bem o que você disse, eu por vezes me pego pensando em algo parecido: uma possível relação inversamente proporcional entre a velocidade de raciocínio e sua profundidade. Seria talvez como se diferentes pessoas em diferentes momentos utilizassem uma diferente relação entre velocidade e profundidade de raciocínio aplicado a diferentes assuntos.

Claro que isso é uma suposição puramente empírica, mas caso se aplicasse, talvez as suas viagens tenham te motivado a mudar a forma que você, como sujeito, atribui valor e prioridade ao teu cotidiano coisa e tal. Mas, sendo esse o caso, várias experiências para além das psicodélicas têm essa capacidade de alterar a forma como a gente atribui valor à realidade né, talvez o luto, traumas, um amor intenso, sejam alguns exemplos de experiências também suficientemente fortes para alterar a maneira como a gente aborda a nossa realidade.

Acredito que até mesmo conscientemente isso seja possível, claro que por um processos diferentes, com tempos diferentes e tal. Mas talvez um bom exemplo seja como alguém muda suas prioridade e valores depois de um tempo de convivência com alguém ou com um grupo, tipo em um relacionamento ou em um emprego novo, um curso novo.

Então, é e não é isso a que me refiro. Quer dizer, concordo com o que você escreveu e acho que se aplica sim =]. Mas no caso tento dizer algo que te coloca quase que como expectador da própria situação. Já teve um sonho daqueles em que conforme o sonho vai acontecendo, em paralelo sua mente está planejando o sonho, às vezes até voltando uma cena pois não gostou do caminho que ela tomou?

Acho que o que quero descrever são duas coisas: 1 – a sensação de que existe o você inserido aqui e o você que observa a você mesmo e 2 – o você inserido aqui se atrapalhando para se regular dentro do tempo-espaço, enquanto o você observador observa isso, sem poder fazer grandes coisas pra que o inserido se ressincronize.

Ainda, no pressuposto de que exista algum tipo de outra realidade – chame como preferir - é realmente como se parte de você tivesse visitado esse além (ou qualquer outro possível além) e uma vez tendo estado lá, uma parcela do que te define como indivíduo ficará por lá, talvez exatamente por isso você fique meio perdido por aqui.

É realmente difícil explicar em palavras =].

Tudo o que você falou me parece correto entretanto.
 
a sensação de que existe o você inserido aqui e o você que observa a você mesmo

Essa sensação é um sinal que sua essência deu para ti sobre a falsa realidade. Existe o "você" aqui nesse "mundo". Mas existe o você como essência livre e imortal.

Será que estar "em sintonia" com a realidade falsa é uma boa ideia? Vou te dizer que todos nós aqui ainda estamos em sintonia com ela. Se não, não estaríamos aqui ainda. Tudo que acontece ao seu redor é simulação. E se você ainda a está vendo "rodar", renderizada para você, fazendo você sentir coisas acerca dela, então... está imerso nela.

Mas essa sensação estranha que a gente tem, insights, como quiserem chamar, elas são dicas para nós mesmos sobre estarmos vivendo uma simulação.
 
Acho que as suas sensações se assemelham à uma despersonalização, não?
Ela pode ter sido encadeada pelo uso de cogumelos, ou até transtornos após acontecimentos fortes. Eu sempre senti isso desde criança, mas nada que me prejudicasse totalmente o cotidiano. O cogumelo me fez entender isso também, e me senti menos alienígena, sentir uma forma de desconexão com o mundo significa que posso ter novas visões e opiniões do que acontece ao meu redor.

Se achar que está te atrapalhando, aconselho ir à um profissional da saúde, até mesmo um psicólogo que não vai receitar nada. A mente humana é bem doida e precisamos entender o que acontece pra não pirar com o que não sabemos explicar.

É como se a gente (me incluindo kkk) fosse um relógio batendo diferente de todos os outros numa loja de relógios, o cogumelo esbarrou na gente e mudou nosso tempo kkkk
 
@mrmorgan então, atrapalhando de forma alguma. É algo muito bacana e na verdade desde menino eu sempre tive um pé "do lado de lá" e sempre fui muito satisfeito desta forma. Não atrapalha em nada a vida por aqui.
Em doses mais altas passei por experiências de dissolução de ego bem fortes, sempre muito gostosas e nada que cause problemas posteriores. O que sinto que mudou é essa percepção de "planos alternativos de existência" (por falta de melhor termo) se mesclando um pouco mais no dia-a-dia. E como o/a @yuriSpires (desculpe, não sei o gênero, sem ofensas) comentou, como se fosse aquele lembrete da "simulação" (novamente, por falta de melhor palavra). O interessante é que não é nada que eu tenha em algum momento duvidado ou achado estranho. Mesmo antes de experiências com cogus eu já tinha essa impressão extremamente forte de que aqui é mais uma ilusão, dentre infintas possibilidades, e de que talvez aquilo que chamamos de "eu" nada mais seja do que apenas uma expressão de um algo maior dentro infinitos outros algos maioires rs.

Abraços fraternos a todos!
 
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