Teonanacatl.org

Aqui discutimos micologia amadora e enteogenia.

Cadastre-se para virar um membro da comunidade! Após seu cadastro, você poderá participar deste site adicionando seus próprios tópicos e postagens.

  • Por favor, leia com atenção as Regras e o Termo de Responsabilidade do Fórum. Ambos lhe ajudarão a entender o que esperamos em termos de conduta no Fórum e também o posicionamento legal do mesmo.

Filósofo defende o direito de ficar bêbado (de êxtase)

Ecuador

Artífice esporulante
Membro da Staff
Cultivador confiável
22/12/2007
9,061
5
98
La Vanguardia

10/03/2008
Filósofo defende o direito de ficar bêbado

"A embriaguez é um direito humano fundamental", diz Javier Esteban

Víctor-M. Amela

Tenho 42 anos. Nasci e vivo em Madri. Licenciado em Filosofia e Direito, dirijo a revista universitária "Geração XXI". Sou casado e tenho duas filhas, Alma (10) e Sol (8). Sou um excêntrico de centro. Sou sufi: caminho para onde caminha o amor. O poder combate a embriaguez.
A entrevista:
LV - O que é a embriaguez?
Esteban - Uma expansão da consciência que descortina os véus que ocultam a realidade.
LV - Desde quando ela existe?
Esteban - Desde sempre. Até os animais se drogam com substâncias naturais, com frutos fermentados... Formigas, cabras, pássaros, macacos... Todos se extasiam e brincam!
LV - Então nós somos como os animais?
Esteban - Não, eles agem por um determinismo instintivo, mas nós temos liberdade! Liberdade para a embriaguez. Liberdade para experimentar com a nossa consciência.
LV - Liberdade para nos drogarmos?
Esteban - É o uso dessa liberdade que nos torna humanos! O direito à embriaguez, portanto, é um direito humano fundamental.
"Que ninguém venha me dizer quantos copos de vinho eu posso beber", disse Aznar. Ele tem razão. Mas com certeza a droga favorita dele é o poder, como a de Zapatero...
LV - Nem Zapatero nem Rajoy nunca fumaram nem um baseado, conforme declararam.
Esteban - Por uma questão de geração, custa-me crer que Zapatero nunca tenha experimentado um baseado. É como se o pai dele nunca tivesse provado um copo de vinho!
LV - Quem é que coíbe o direito humano à embriaguez, em sua opinião?
Esteban - A Igreja católica e o Estado (igreja laica), que querem fiscalizar a nossa consciência.
LV - Castigando os motoristas bêbados?
Esteban - Não, eu não me oponho a sancionar as condutas que são perigosas para terceiros. Mas critico o fato de que estão boicotando o autocontrole que temos de nossa consciência.
LV - Desde quando isso acontece?
Esteban - Começou com a destruição do templo grego de Eleusis, no século 4 d.C.
LV - Agora você foi longe!
Esteban - Desde o ano de 1.500 a.C., no contexto dos mistérios eleusinos, acontecia um ritual de embriaguez que cada grego vivia uma vez na vida, e isso lhes abria as portas da consciência.
LV - Em que consistiam esses mistérios?
Esteban - Eram rituais que aconteciam à noite. Em comunhão coletiva, eles ingeriam um enteógeno.
LV - O que é um enteógeno?
Esteban - A palavra significa "deus existe dentro de mim". É uma substância psicoativa capaz de induzir a uma experiência extática de unidade com o cosmos. Uma vivência da divindade.
LV - Que substância era ingerida em Eleusis?
Esteban - Uma sopa de cereal chamada "kikeon", que continha cornelho de centeio, um fungo com uma substância psicoativa idêntica ao LSD, o enteógeno mais poderoso conhecido.
LV - O que acontecia então?
Esteban - Cada um vivia a sua própria experiência de consciência expandida. Símbolos eram mostrados e cenas eram representadas para guiar o indivíduo ao autoconhecimento.
LV - Era uma embriaguez ritualizada?
Esteban - Sim, fazia parte do sistema, em benefício da livre consciência de cada indivíduo. Isso foi varrido, destruído. Hoje sentimos falta disso, e nossos jovens, ignorantes, acabam causando danos a si mesmos em suas irrefreáveis tentativas de embriaguez.
LV - Quem destruiu esse ritual?
Esteban - Os bárbaros e os monges cristãos nestorianos, no século 4 d.C. A cultura ocidental ficou sem referência de embriaguez.
LV - Temos o vinho, o álcool...
Esteban - Não são enteógenos, são muletas úteis para nossas vidas insatisfatórias, escravizadas pelo rendimento econômico. E, em vez de expandir a consciência, a deixam turva.
LV - Um pouco de álcool pode cair muito bem.
Esteban - A verdade é que o veneno está na dose, como diziam os gregos.
LV - Que personagens ilustres sabiam disso?
Esteban - Toda a obra de Platão é uma crônica de embriaguez! Aqueles filósofos, assim como os xamãs, chegavam ao êxtase, assim também como os druidas e depois as bruxas, ou até mesmo os místicos, ébrios sem substâncias, que tanto inquietaram a Igreja. O poder estabelecido sempre combateu essas pessoas!
LV - Por que motivo?
Esteban - Não há nada mais dissolvente que o livre acesso à própria consciência! Por isso Nixon arremeteu contra os profetas do LSD (Hoffman, Junger, Michaux, Wason, Huxley, Kesey, Leary...), cujas experiências alimentaram o feminismo, a militância ecológica, o pacifismo, os direitos civis... Nixon declarou guerra à consciência: quando começou a guerra contra a droga, começou a grande catástrofe.
LV - Que catástrofe?
Esteban - Milhões de presos, dezenas de milhares de mortos, narcoditaduras, a terceira maior fonte de renda do mercado negro no mundo, camponeses com fome, multiplicação de politoxicomanias... A proibição da droga foi o maior erro do século 20!
LV - Você propõe eliminar a proibição?
Esteban - Por acaso a proibição evitou que nossas crianças estejam se metendo com drogas aos 13 anos de idade? Não! Pelo contrário: a proibição presenteia as máfias com um poder imenso.
LV - Um político colombiano já me disse isso...
Esteban - Muitos governantes já reconhecem o fracasso da praga proibicionista.
LV - Você faz a apologia das drogas?
Esteban - Das drogas não, mas da embriaguez. Qualquer pessoa maior de idade deveria poder consumir qualquer substância (com o limite único da liberdade de terceiros). E, veja só, Silicon Valley nasceu da embriaguez de pessoas como Bill Gates. Este sim admite que fumou alguns baseados!
LV - O que você diria a Zapatero?
Esteban - Que o direito à embriaguez é um direito inerente à liberdade de consciência, e que a lei deveria protegê-lo.


MÍSTICOS

Esteban me contou que uma experiência lisérgica na mata lhe revelou que os pássaros e as abelhas trançavam, em uníssono, uma dança que escrevia no ar a expressão árabe Ilaha Ilalah (não há mais realidade além da realidade). Caídos os véus, a realidade era uma plenitude na qual não havia diferença entre ele e o mundo, uma experiência de simplicidade amorosa. Depois disso, Javier Esteban escreveu "O Direito à Embriaguez" ('El derecho a la ebriedad', Editora Amargord), um panfleto em defesa do direito que as legislações feitas durante o século 20 consideram um perigo. Esteban insiste: "Não defendo as drogas, mas sim o arroubo, o êxtase, a embriaguez a que toda consciência tem direito". Esse estado ao que o místico chega sem precisar de nenhuma droga.


Tradução: Eloise De Vylder

Link para assinates Folha ou UOL: http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/lavanguardia/2008/03/10/ult2684u417.jhtm
 
sera que ele deu a entrevista no grauzinho...awww.emoticons4u.com_evil_204.gif
alguns ponto de vista dele e interessante:pos:
awww.emoticons4u.com_evil_204.gif
 
Realmente, muito interessante.

Quando toda farsa vier abaixo, o ser humano voltará a reinar supremo em sua consiência.

Obrigado por compartilhar o texto, Ecuador.
 
Muito interessante essa entrevista, gostaria de ler o livro.

E que legal saber que os animais também se drogam!

Como ele disse em outras palavras, acho que todo mundo tem direito de fazer o que bem entender com seu corpo e sua mente, desde que não interfira na vida de terceiros..

Grande postagem, Ecuador =)
 
LV - Liberdade para nos drogarmos?[/URL]
:!:pergunta típica de reporter barato.:!:

Baudelaire no seu livro O Poema do haxixe, descreve os efeitos benéficos e nocivos do vinho e da droga, em uma das descrições sobre o vinho ele afirma: “existem bêbados ruins; trata-se de pessoas ruins por natureza. O homem mau (que bebe) torna-se execrável, assim como o bom torna-se ótimo (...) Aliás, nem sempre o vinho é aquele terrível lutador seguro da vitória, que jurou não ter nem piedade nem misericórdia. O vinho é semelhante ao homem: nunca saberemos até que ponto podemos prezá-lo e desprezá-lo, amá-lo e odiá-lo, nem de quantas ações sublimes ou delitos monstruosos ele é capaz. Não sejamos mais cruéis com ele que com nós mesmos, e tratemo-lo como nosso igual.”.
 
sahtanoj, acho que é "drogarmos" sim, cara..

Porque qualquer substância que de alguma forma altere o funcionamento de nosso organismo ou de nossa mente é uma droga, cogumelos fazem isso.
 
mto interessante mesmo!

cada um tem o direito de fazer e usar o que quiser, se estiver respeitando terceiros.

cada um segura sua onda e tá tudo certo! :D
 
sahtanoj, acho que é "drogarmos" sim, cara..

Porque qualquer substância que de alguma forma altere o funcionamento de nosso organismo ou de nossa mente é uma droga, cogumelos fazem isso.

Aí vai da cultura de cada um.

"essa música é uma droga" - a música é boa, ou ruim?

Houve um tempo, em que eu ouvia falar dos boleteiros - pessoal que se drogava com remédios, foi na minha adolescência. Foi na década de 80, quando o país passava por transformações, e revoluções. A gente ouvia falar... Fulano é um drogado. Tais palavras me assustavam.

O que me assustou mesmo, foi quando abriu uma pequena farmácia perto de casa, com o nome de "Drogaria São João" - vixe, eu tinha medo de passar na frente da drogaria.

Cogumelos são expansores, psicotrópicos. Não gosto de usar drogas.

Namastê
 
Eu não diferencio, MuiLok (pessoal, não me crucifiquem, to falando com todo respeito!)

Acho que virou senso comum associar a palavra "droga" com algo ruim, mas eu não penso assim, acho que cogumelos são drogas, marijuana é droga, e nenhum dos dois é "ruim", na minha humilde opinião.

Claro que existem drogas "ruins" em alguns casos, drogas com alto índice de dependência e que realmente degradam o usuário, na verdade qualquer droga em excesso é maléfica, mas aí entra saber agir com cautela e inteligência.

=)
 
Eu não diferencio, MuiLok (pessoal, não me crucifiquem, to falando com todo respeito!)

Acho que virou senso comum associar a palavra "droga" com algo ruim, mas eu não penso assim, acho que cogumelos são drogas, marijuana é droga, e nenhum dos dois é "ruim", na minha humilde opinião.

Claro que existem drogas "ruins" em alguns casos, drogas com alto índice de dependência e que realmente degradam o usuário, na verdade qualquer droga em excesso é maléfica, mas aí entra saber agir com cautela e inteligência.

=)

Cogumelo em excesso não é maléfico.

Cogumelo não é droga.

Maconha é droga.
 
Cogumelo não altera tua consciência, Pachakutec?

É droga, mas não leve em conta a idéia geral que se tem da palavra droga, digo droga como alteradora de consciência, e não tem nada de errado nisso.

Não vamos nos aprofundar demais nesse assunto... em parte, como disse o MuiLok, é uma questão cultural e pessoal. =)
 
beber e dirigir, ou usar qualquer substancia psicoativa, não dirija, caminhe pelo meio desta selva, va para um lugar tranquilo onde haja crianças em volta, é muuito bom .

bom texto:pos:
 
e ai DIGO é verdade, ficar na presença de crianças me traz muita energia positiva (não me chamem de Michael Jackson)! Em florestas então... nem se fala. :D

Havia uma substância que eu consumia sempre em meio urbano, casas, baladas, etc. Até que enfim consumi-a em meio a natureza (FANTÁSTICO) alterou toda a minha percepção para com ela e as revelações foram gigantescas. Enfim...
também não gosto da terminologia "droga". Como diz o Muilok, prefiro expansores, alteradores, etc.. Droga pra mim é crack:neg: Droga para mim associo ao que é ruim.:eek:
 
Alguém sabe se em mais alguma língua além do protuguês a palavra droga (no sentido de psicoativo) é usada como sinônimo de "merda"(no sentido depreciativo)?
 
Tudo que vicia pode se tornar uma droga, se formos pensar pelo lado mal da coisa: comida, luxúria, trabalho! Igreja (quer cara mais chato do que o recém fanático tentando nos empurrar para a instituição que freqüenta?)
Mas tbm podemos interpretar a droga só como alteradores de consciência! Nesse caso, maconha e cogumelos são drogas boas, mas drogas!
Crack e cocaína são drogas ruins, que alimentam e deturpam o Ego, ao invés de nos fazer refletir nossa relação conosco, o Universo e os seres a nossa volta!
Mas é tudo droga! Esse computador que uso, meu filosofar, tudo pode me viciar, e me fazer perder nos labirintos... Tudo é perigoso, mas como diria o Cazuza: eu só posso prejudicar a mim mesmo! Em outras palavras, se vc se responsabiliza, se não joga as coisas nas costas de ninguém, então te deve ser permitido o direito à exploração de tua mente! E só!
 
Back
Top