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felicidade. Com letra minúscula.

Spitzenkörper

Cogumelo maduro
Membro Ativo
20/05/2007
329
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Escrevi esse texto hoje. Está pouco lapidado, monótono, com um ar de auto-ajuda-augusto-cury, com algumas metáforas científicas loucas e provavelmente alguns erros em detalhes. Talvez a ideia não seja nova para muitos, mas para os poucos que não pensavam assim, e os outros que só gostaram do jeito que eu reuni as idéias, aí vai. A felicidade sendo reduzida a substantivo concreto.



felicidade. Com letra minúscula.

"A felicidade é uma arma quente." Uma arma que acabou de ser disparada, e que esfria rápido. Nos acostumamos com as coisas que nos deveriam nos deixar felizes. Nos acostumamos a ter filhos sadios, nos acostumamos a ter o amo da nossa vida do nosso lado, nos acostumamos a ter comida, a ter um abrigo, água, dinheiro, luz elétrica. Por mais que tentemos ser felizes todos os dias nos acostumamos a ter o que é imprescindível.

Segundo a ciência, a sensação de prazer é desencadeada pela descarga excessiva de neurotransmissores. O mais famoso deles é a serotina. Existem drogas que imitam a serotonina, ligando-se aos seus receptores celulares e desencadeando seus diversos estímulos parcialmente (agonistas parcias) ou plenamente (agonistas totais). Entre as alucinações visuais, os lapsos de razão e os efeitos colaterais estão a sensação de felicidade, de satisfação, de prazer, de plenitude, de iluminação. Porém, o organismo cria tolerância contra esses tipos de drogas.

Depois de o efeito ter terminado, para você tê-lo novamente, ou você espera o tempo de tolerância acabar ou aumenta a dose. Alguns não esperam o tempo de tolerância e aumentam as doses, e tem que aumentar as doses cada vez mais, e a dose inicial já não serve mais de nada.

Não sei ao certo, mas talvez a mesma coisa aconteça com a felicidade, a natureza química do efeito do prazer das drogas e do prazer humano sem drogas é bastante semelhante. O que eu estou tentando mostrar é: felicidade vicia. Nos acostumamos com o que antes achávamos que era necessário e queremos mais. E quando queremos mais e não podemos ter arquitetamos sentimentos de tristeza, ingratidão, desengano com a vida, as vezes nossa necessidade de nos sentirmos satisfeitos é tão avassaladora que acabamos interferindo na realidade de outras pessoas, empurrando-as com os cotovelos, deixando de lado todo o altruísmo. É quando chega um momento na vida em que a dose de felicidade que exigimos está alem das nossas capacidades, ou das capacidades da nossa realidade e passamos por uma espécie de “crise de abstinência”. A partir daí as tolerâncias vão minguando, até que doses pequenas parecem suficientes. Isso mesmo: precisamos estar tristes antes para sermos felizes.

É como a sensação térmica. Se a sua mão direita está a 20ºC e você a encosta em um líquido a 30ºC, você terá a sensação térmica de calor. Se a sua mão esquerda estiver a 30ºC e você a encosta em um líquido a 40°C, a sensação térmica será exatamente a mesma. Claro, o líquido que molhou a mão direita tinha temperatura maior do que o que molhou a mão esquerda, mas a sensação era a mesma. É como se a felicidade não fosse um valor absoluto.

Vendo a coisa desse modo, a vida parece ser uma espécie de jogo incessante de dados. Estímulos vêm e você responde a eles. Coisas boas aparecem, e você fica feliz. Desastres ocorrem, e você fica triste. Uma roleta russa, algo que você não pode controlar o resultado. Mas isso não é verdade. Assim como no caso das drogas agonistas da serotonina, onde existem indivíduos que são mais receptivos, mais sensíveis aos efeitos dessas drogas, podemos ser mais sensíveis à sensação de felicidade.

O que eu estou tentando dizer é que a realidade é só um detalhe, é uma variável que você pode determinar o coeficiente que a fará mais ou menos determinante no valor da sua felicidade. Você pode sentir-se imensamente feliz apenas sentindo o cheiro da chuva, ou não sentir-se satisfeito tendo um orgasmo. Você pode amaldiçoar o mundo quando sua escova de dente cai no ralo da pia, ou não se importar quando fica preso durante horas em um engarrafamento. Você pode ver a felicidade em coisas simples da vida, assim como pode ficar imensamente triste com coisas insignificantes. O quanto você será receptivo à felicidade é você mesmo quem determina.
 
Comentários à Respeito de John - Belchior



Saia do meu caminho, eu prefiro andar sozinho

Deixem que eu decida a minha vida

Não preciso que me digam de que lado nasce o sol

Por que sei que bate lá meu coração


Sonho e escrevo em letras grandes (de novo)

Pelos muros do país



João, o tempo andou mexendo com a gente sim

John, eu não esqueço (oh no, oh no)

A felicidade é uma arma quente, quente, quente



Sob a luz do teu cigarro na cama

Teu rosto-rouge, teu batom me diz:
 
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