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Em Busca da Verdade

thekernelpanic

Hifa
Cadastrado
22/11/2021
8
8
Em Busca da Verdade
Autor: Jiddu Krishnamurti

Longamente peregrinei
Por este mundo de coisas efêmeras
Dele conheci os passageiros deleites
Como o belo arco-íris
Que muito cedo em nada se desfaz

Assim, desde as origens do mundo
Vi todas as coisas passarem
Belas, festivas, deleitáveis
Na busca do eterno
Perdi-me entre coisas finitas
De todas provei
Em busca da verdade

No perpassar das idades
Conheci as delícias do mundo efêmero
Até na mãe com seus filhos
O arrogante e o livre
O mendigo que erra pela face da terra
O conforto dos ricos
A mulher tentadora
O belo e o feio
O autoritário
O poderoso
O homem importante
O benfeitor
O protetor
O oprimido e o opressor
O libertador e o tirano
O homem de muitas posses
O renunciante
O homem prático e o sonhador
O arrogante sacerdote de suntuosas vestes
E o humilde devoto
O poeta, o artista, o criador

Prostrei-me diante dos altares do mundo
Conheci uma a uma as religiões
Inúmeras cerimônias pratiquei
Regalei-me das pompas do mundo

Combatente fui
De batalhas ganhas e perdidas
Desprezei e fui desprezado
Passei pelas tristezas e agonias
De inúmeras desditas
Nadei em prazeres e na opulência
Nos secretos recantos de meu coração
Exultei

Conheci nascimentos e mortes sem conta
Todas essas efêmeras esferas percorri
Entre êxtases passageiros
Certo de sua perenidade

No entanto
Jamais encontrei o eterno reino da felicidade

Outrora eu te buscava
Ó verdade eterna
Culminância de toda sabedoria
No topo da montanha
No céu constelado
Nas sombras do terno luar
Nos templos do homem
Nos livros dos doutos
Na terra folha primaveril
Nas águas irriquietas
No rosto do homem
No regato cantarolante
Na tristeza, na dor
Na alegria e no êxtase

Mas não te encontrei

Assim como o montanhista acende aos altos picos
Largando a cada passo seus múltiplos fardos
Assim também me alcei às alturas
Abandonando as coisas transitórias
Como o renunciante de áureas vestes
A buscar felicidade com sua taça de mendicante
Assim também renunciei
Como o jardineiro que mata as ervas daninhas de seu jardim
Assim também aniquilei o ego

Como os ventos
Sou livre e sem entraves
Forte e diligente como o vento
Que penetra os ocultos recantos do vale
Rebusquei os recessos de minha alma
Purificando-me de todas as coisas
Passadas e presentes

Qual silêncio que, de súbito
Se estende sobre o mundo rumoroso
Assim também, subitamente
Te encontrei no fundo do coração de todas as coisas
E do meu próprio

Sobre a trilha da montanha
Sentado numa pedra
A meu lado e dentro de mim te encontrei
Em ti e em mim
Contidas todas as coisas

Feliz o homem que em tudo o que depara encontra a ti e a mim
Na luz do sol poente
A filtrar-se entre as delicadas rendas de uma árvore primaveril
Eu te contemplei
Nas lucilantes estrelas te contemplei
Na ave que passa célere e desaparece no negror da montanha
Eu te contemplei

Tua glória despertou a glória que em mim dormia
Tendo encontrado, ó mundo
A verdade, a felicidade eterna
Dela desejei judar

Vem, meditemos juntos
Juntos ponderemos e sejamos felizes
Raciocinemos juntos e façamos surgir a felicidade

Assim como andei perdido entre as coisas transitórias
Em busca daquela eterna felicidade
Assim também tu estás perdido na esfera do efêmero

Desperta e reúna tuas forças
Olhe em torno e medita

Aquela felicidade incorruptível
Felicidade que é a única verdade
Que é o fim de toda busca, de toda indagação e dúvida
Que liberta do nascimento e da morte
Felicidade que é a única lei, o único refúgio
A fonte de todas as coisas
Que dá perene conforto
Essa real felicidade que é a iluminação
Em ti habita

Só existe uma verdade
Uma lei
Um refúgio
Um guia
Para aquela eterna felicidade

Desperta
Ergue-te
Medita e reúna tuas forças.

Jiddu Krishnamurti - Em Busca da Verdade

🙏
 
@thekernelpanic
Grande texto Kernel, lembro da primeira vez que li esse poema, era um livrinho pequeno de poemas do Krishnaji, velhinho top.
 
Contribuindo:

"Estou preso num padrão social, hereditário, ambiental, ideológico, quer seja o padrão dos meus pais, quer seja o da sociedade que me rodeia. Estou tolhido por um padrão, e a questão se cinge em saber como o poderei quebrar. Sou o resultado do meu pai e da minha mãe, biologicamente, fisicamente. Sou o resultado das crenças, dos hábitos, dos temores dos meus pais, os quais criaram a sociedade que me circunda. Meus pais, por sua vez, foram o resultado dos seus pais, com o seu ambiente social, físico, psicológico, e assim, retrospectivamente, infinitamente, sem começo.

Toda pessoa está presa dentro de um padrão de existência, e eu sou o resultado de todo aquele passado - não apenas o meu passado, mas todo passado da humanidade. Minha existência é resultado do meu passado, sendo o meu passado o resultado da existência de meu pai. Sou produto do tempo, sou o passado atravessando o presente para se tornar o futuro. Sou o resultado de ontem, que é o hoje a tornar-se amanhã."

— Jiddu Krishnamurti
 
É uma boa pergunta!

Acho que é possível mudar alguns predicados do padrão!

O que você acha?

Interessante mano, então vc acredita que existe livre arbítrio mas de forma limitada?

Por aqui eu mudo de opinião todo dia.
No momento acredito que toda ação nasce como produto da reação de várias outras ações que a precederam.

Se a realidade é construída em cima de causas prévias, não sei se a nossa consciência é capaz de desafiar a tirania do passado e agir de forma autônoma.

Daí tenho flertado com a ideia de retro causalidade, que seria a capacidade do futuro influenciar o presente de forma simétrica com o passado.
Nessa direção até consigo conceber alguma liberdade.
 
Última edição:
Interessante mano, então vc acredita que existe livre arbítrio mas de forma limitada?

Por aqui eu mudo de opinião todo dia.
No momento acredito que toda ação nasce como produto da reação de várias outras ações que a precederam.

Se a realidade é construída em cima de causas prévias, não sei se a nossa consciência é capaz de desafiar a tirania do passado e agir de forma autônoma.

Daí tenho flertado com a ideia de retro causalidade, que seria a capacidade do futuro influenciar o presente de forma simétrica com o passado.
Nessa direção até consigo conceber alguma liberdade.
Cara, esse é um dos assuntos que mais gosto de conversar, ler/estudar..

Acho bem difícil dar uma resposta simples, porém, acredito nisso:
- Não há uma liberdade absoluta, a liberdade é relativa e condicionada
- E não há um determinismo absoluto, o determinismo é flexível

Então penso em agentes que são influenciados e moldados pela sociedade e que por sua vez esses agentes agem nessa mesma sociedade, seja reproduzindo
os valores ou transformando os valores. Vou mais por esse caminho da relação dinâmica entre um indivíduo que é resultado das condições que está inserido na sociedade, e que por sua vez pode agir nessas mesmas condições.

E penso que podemos agir de modo automático, sem reflexão, tomando como natural certos comportamentos - não teria porque mudar o padrão, portanto .
E que existe a reflexão que permite a gente entender porque agimos da maneira que agimos - possibilitando a mudança desse padrão.
Não sei se fui claro, mas e por aí que penso! rs

Mas me dê um exemplo sobre essa questão da retrocausalidade?
Porque eu tenho umas brisas com essas questões do futuro influenciar o presente! Como seria isso?
 
Então penso em agentes que são influenciados e moldados pela sociedade e que por sua vez esses agentes agem nessa mesma sociedade

Muito massa mano! Tbm penso que isso é possível.

Vc é psicólogo ou o psic no nome é de psicopata? Zueira kkkkkkkkk, tô perguntando pra saber se vc disse isso inspirado pelo behaviorismo.
É interessante que tipo, quando se começou a falar em programação do comportamento, parecia que era uma via de mão única onde apenas um agente instalaria padrões no outro. Daí foram percebendo a existência de uma força simétrica na direção oposta, o contra controle.

Uma professora molda o comportamento das crianças tanto quanto elas moldam a professora.
O tom de voz que ela usa, a postura, organização dos pensamento, a cadência da fala... vai tudo sendo adquirido no processo de ensinar.
Então fica óbvio que da mesma forma que o macro subjuga o micro, o micro gera uma ação em cadeia e modifica o macro.

O que não tá claro pra mim é se existe autonomia na ação de um ou de ambos.

De manhã, acordo e visto uma camiseta preta, hábito moldado pela juventude headbanger kkkkkkkkk
Se amanhã eu decido provar que tenho livre arbítrio vestindo uma camisa salmão pra apreciar uma schincariol gelada ouvindo o vinil do Raça Negra, não tô sendo livre, apenas agindo em resposta a conversa que estamos tendo hoje.

Daí não consigo pensar numa forma de verificar se há ou não a presença de liberdade de decisão dentro do sistema.

Mas me dê um exemplo sobre essa questão da retrocausalidade?
Porque eu tenho umas brisas com essas questões do futuro influenciar o presente! Como seria isso?

Se liga nessa trip.

Hoje em dia a física quântica suga todos os físicos jovens, pq a área parece muito mais misteriosa e promissora do que o legado do Einstein.
A teoria da relatividade ficou fora de moda. Os caras reconhecem a elegância mas julgam incompleta, como se não houvesse mais nada pra ser criado a partir dela, já que supostamente não dá conta de explicar o eventos em escala atômica.

Na área quântica os caras ficam surtando assistindo átomos e fótons "escolhendo" uma ou outra direção.
Na teoria da relatividade isso seria impossível, já que todos os fenômenos deveriam ser determinísticos, ou seja, moldados pelas condições espaço-temporais.
Alguns chegam a defender que se trata de uma prova do livre arbítrio do átomo (até pode ser, vai saber) mas a maioria conclui que a resposta é: a escala atômica funciona de forma aleatória.

Dizer que algo é aleatório é o mesmo que assumir a própria incapacidade de traçar as causas pra uma consequência.
Tipo durante a peste negra que o povo ficava afirmando que "Deus atua de forma misteriosa", quando na verdade os ratos e suas pulgas não tinham nada de misteriosos e inclusive comiam na mesa junto com os doentes kkkkkkkkkkkk

Voltando ao átomo que "escolhe" um caminho ou outro, acredito que estamos diante de um grande mal entendido.
Todos os eixos possuem duas direções opostas, certo?
Na hora de medir as condições espaço temporais pra tentar entender a direção que a luz percorreu no experimento o físico analisa os 4 eixos.

O X vai da esquerda pra direita.
O eixo Y vai de baixo para cima.
No Z temos frente e trás.
E no eixo temporal? Passado e presente (????).
Seria o mesmo que dizer que o eixo X tem esquerda e centro.

Há o maior cuidado pra não haver vibração (deslocamento nos 3 eixos) mas não percebem que ao longo do experimento tanto o cientista quanto os aparelhos de medição se movimentam no tempo. E a movimentação no eixo temporal é a base de qualquer experimento em qualquer área.

A observação do presente é o mesmo que focar apenas parte central de um rio.
Essa fatia de água é impulsionado pelos fluidos que vem atrás ao mesmo tempo que é contido (e empurra) o liquido que está a frente. A colisão entre o passado e o futuro dessas águas é o que molda a ilusão de continuidade do rio. Se não houvesse esse atrito as moléculas de H2O permaneceriam estáticas, dispersas e congeladas no ar.

"Ahhh, mas então você tá usando essa questão de colisão passado e futuro como uma metáfora? Sou uma gotinha flutuando na imensidão do cosmos?" kkkkkkkkkkkk

Claro que não, tô sugerindo que é literalmente assim que funciona.
Toda partícula que existe no espaço tempo possui uma anti partícula de massa igual e com carga oposta.
Vários físicos do passado teorizaram que a carga elétrica seria determinada pelo sentido temporal no qual a partícula viaja.
E essas trocas / interações parece ocorrer o tempo todo e talvez seja esse o fenômeno que gera a ilusão da permanência.

Um exemplo: nós estamos indo pro futuro certo? Então quando olhamos pros átomos, todos seus elétrons tem carga negativa.
Mas ocasionalmente boom, um pósitron vem do futuro e aniquila o elétron gerando luz.

Como eu sei que ele veio do futuro?
Então, ninguém sabe. Mas acontece que enquanto o elétron é mensurável no eixo temporal (passado -> presente) o pósitron só se faz visível no momento da colisão (presente <- futuro) e obviamente desaparece.

Daí alguém pode perguntar, mas tudo possui uma anti partícula?
Então, não! Só a matéria que persiste no tempo espaço possui uma.

Abaixo da velocidade da luz, qualquer partícula sem anti partícula aniquila a si mesma e não existe no tempo, como é o caso do bóson de Higgs. Que é um pixel que se materializa durante apenas um frame da existência, não persiste.

Entende a importância do futuro pra existência do presente? Pensamos em tudo como consequência do passado.
A pseudo ciência que tô lançando aqui é que talvez o presente não seja consequência, mas talvez a convergência das energias que fluem nas duas direções.

Talvez cada ação seja como beliscar a corda de um violão, que por sua vez produz ondulações se dissipam em ambas direções.
 
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