Teonanacatl.org

Aqui discutimos micologia amadora e enteogenia.

Cadastre-se para virar um membro da comunidade! Após seu cadastro, você poderá participar deste site adicionando seus próprios tópicos e postagens.

  • Por favor, leia com atenção as Regras e o Termo de Responsabilidade do Fórum. Ambos lhe ajudarão a entender o que esperamos em termos de conduta no Fórum e também o posicionamento legal do mesmo.

Curiosidades do meu Paraná

Atackama

Cogumelo maduro
Membro Ativo
15/05/2007
959
76
Cogumelos do Paraná

João Prudente Pires


Pesquisador solitário cataloga espécies raras, coloridas, esquisitas e até desconhecidas da Ciência
Num país de florestas, onde a variedade de árvores nobres é imensa e chega a dar vertigem observar, lá em cima, a copa de gigantes como o jequitibá, a sumaúma ou a araucária, são poucos os interessados em voltar os olhos para baixo e pesquisar a diversidade de pequenas plantas, chamadas de inferiores, porque não realizam fotossíntese. Nossos fungos ou cogumelos crescem, assim, como ilustres desconhecidos em meio a restos de folhas, no chão das matas ou sobre troncos e galhos em decomposição. Cumprem, sem alarde, o papel fundamental de reciclar e disponibilizar os nutrientes para todas as outras plantas, incluindo as árvores nobres.

Enquanto cada espécie da flora considerada útil tem 3 ou mais nomes - indígenas, populares e científicos - a maioria dos cogumelos brasileiros é chamada por apelidos genéricos. Eles refletem apenas a associação a mitos e lendas - casinha-de-sapo, por exemplo - ou à diversidade de formas - orelha-de-pau, ninho de pássaro, estrela, taça, esponja e chapéu, com ou sem 'rendas'.

Nas matas de Antonina, no Paraná, porém, um especialista em cogumelos, micólogo autodidata, anda na contramão dessa falta de interesse. O holandês André de Meijer mora há 25 anos no Brasil e, neste período, entre a Mata Atlântica e a Mata de Araucária, já reconheceu e ajudou a catalogar 1.000 espécies de macro fungos, cogumelos que possuem corpo frutífero e podem ser vistos a olho nu.

Para apresentar pelo menos uma parte delas ao grande público, Meijer agora trabalha em um livro ilustrado, com as 100 principais espécies representadas em aquarelas, a ser editado em português e inglês, em parceria com a Embrapa Florestas. A instituição recebe todas as amostras coletadas, para análise. E Meijer também conta com apoio da entidade ambientalista Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS).

Os cogumelos já catalogados, muitos deles novos para a Ciência, variam em diâmetro de meio milímetro - tamanho da cabeça de um alfinete - até 1 metro. "As espécies do gênero Mycenae, por exemplo, são muito pequenas. Às vezes seu chapéu chega a apenas 3 mm. Quase que não dá para enxergar", observa André de Meijer. "Uma vez estava fazendo um trabalho, ajoelhei na floresta e fiquei vasculhando 1 metro quadrado, onde encontrei 8 espécies diferentes desse fungo. Demorei uma hora para encontrar o último".

Em outubro de 2003, ao contrário, a surpresa foi topar com um cogumelo que tinha 60 cm de diâmetro em seu chapéu, uma haste de 40 cm e pesava 2 kg. O Macrocybe titans foi localizado junto à comunidade do Lageado, no município de Antonina. A biomédica Maria Angela Amazonas, parceira do holandês, estuda as propriedades do gigante. "Aqui na Embrapa, queremos ver se esse cogumelo é comestível ou não, além de avaliar seu potencial de mercado", explica a pesquisadora.

Outra espécie de interesse, encontrada na Reserva da Cachoeira, da SPVS, de 8.700 hectares, é o Ganoderma stipitatum, um fungo de consistência dura, pé curto, chapéu aplainado, cor marrom escura meio avermelhada, brilhante e liso, como se tivesse sido envernizado. O exemplar coletado possui uma seqüência de três camadas de chapéus, num total de 35 cm de diâmetro. Ele é parecido com uma outra espécie do mesmo gênero - Ganoderma lucidum - nativa do hemisfério norte e cultivada comercialmente por suas propriedades medicinais contra tumores, inflamações e vírus. A expectativa é de que a espécie brasileira tenha propriedades semelhantes às da norte americana.

"Estamos aguardando a liberação de recursos do governo, com financiamento do Banco Mundial, para iniciar um projeto na área de macro fungos, com a duração de três anos e a participação de várias instituições paranaenses", diz Maria Angela. "Meu sonho é que as pesquisas sobre cogumelos levem à descoberta de cura para várias doenças", completa Meijer. Ele mora sozinho, em uma cabana de madeira, no meio do mato, na reserva da SPVS. E lamenta a falta de interlocutores. "Na Holanda existem cerca de 2.500 espécies de fungos e uns 30 pesquisadores especializados. Só aqui no Paraná são 1.700 espécies conhecidas, mas eu sou o único pesquisador", lamenta.

Seu isolamento, associado ao fato de não ter nascido no Brasil, faz com que algumas pessoas o vejam como um estrangeiro mais interessado em biopirataria do que em pesquisas que beneficiem o país. "Às vezes até me sinto como o Holandês Voador, da lenda do século 17, capitão de um navio fantasma condenado a navegar eternamente, sem poder atracar em nenhum porto", resume. "Continuo me sentindo como um estrangeiro, mesmo com 25 anos de Brasil, mas tudo o quero é ser tratado como colega pelos outros pesquisadores e poder trocar experiências". Se falta um diploma universitário a Meijer, sobram conhecimentos práticos, adquiridos em pacientes e atentas caminhadas pelas matas, e pela leitura de livros e mais livros, por horas a fio, em português, holandês ou inglês.

Meijer comenta que a biodiversidade brasileira ainda o impressiona. "Em toda a Holanda, há 200 espécies de pássaros. O mesmo número que existe aqui, nesta reserva florestal", afirma. Além dos cogumelos, observar aves na mata é outra paixão do holandês e ele também faz um catálogo de espécies, enquanto aguarda a licença para continuar a pesquisar fungos na floresta. Sabe de cor o nome da maioria, a época em que estão na reserva e quando vão embora, pois muitas são migratórias.

Apesar de as pessoas o considerarem um ermitão, ele não é avesso a conversar e receber visitas. E a boa prosa pode se estender por muitas horas, principalmente quando o assunto é cogumelo.

Bem disposto, apesar do frio, o holandês acompanha nossa reportagem num giro pela mata de Antonina. Em cerca de uma hora, aponta e identifica uma dezena de espécies, de aspecto e uso provável bem diferenciados. O chapéu branco, cheio de texturas do Polyporus tenuiculus e a consistência firme do Armillaria, por exemplo, parecem indicar bom potencial culinário. As orelhas-de-pau dos gêneros Phellinus e Stereum remetem aos costumes dos índios ashaninka do Acre, que assam fungos semelhantes na brasa, com um pouco de sal e envoltos na palha de sororoca (nome genérico de plantas do gênero Calathea). Já o vermelho vivo do Higrocybe alerta para uma possível toxicidade, enquanto o contorno disforme do Tyromyces e a semelhança do Xylariaceae com um plástico colado ao tronco, que lhe serve de suporte, nos fazem pensar em aplicações farmacêuticas ou mesmo químicas.

No universo dos fungos, porém, mais do que em qualquer outro, as aparências enganam. E o engano pode ser fatal. Não são poucas as histórias de acidentes, com famílias inteiras intoxicadas pelo consumo indevido de espécies perigosas, confundidas com cogumelos comestíveis. Por isso, melhor mesmo é aguardar as avaliações da Embrapa Florestas, para saber exatamente o que esperar da biodiversidade dos fungos paranaenses, aos poucos revelada pelo holandês voador.
Melhores e maiores

Se a biodiversidade de fungos ainda não atrai a atenção dos pes-quisadores e mestres da culinária brasileira, nos países temperados os cogumelos fazem a festa de gastrônomos de todas as classes sociais. Na primavera e no outono europeus, em especial, basta sur-gir o sol em seguida a uns dias de chuva fina que todos saem com suas cestas para os bosques, beiras de estrada ou mesmo para parques e praças públicas. Livretos e guias de identificação podem ajudar os novatos a distinguir as espécies comestíveis das tóxicas, mas o mais comum é a tradição de coleta de fungos passar de geração em geração, junto com as receitas familiares.

Na França, as cestas logo se en-chem de giroles, morilles, cêpes e bolets. Na Itália, os mais comuns são os funghi porcini. E junto às raízes dos carvalhos, as trufas aguardam aqueles que têm mais sorte ou a habilidade de seguir os javalis, capazes de identificar, pelo faro apurado, os fungos mundialmente famosos. O preço da trufa em conserva - truffe para os franceses, tartufo para os italianos - equivale ao do ouro.

Nos Estados Unidos, um fungo da espécie Armillaria ostoyae foi até transformado em atração turística. Popularmente conhecido como "cogumelo-do-sol", ele cresce no leste do Estado do Oregon e é considerado o maior ser vivo do planeta. Sua idade estimada é de 2.400 anos e ele ocupa uma área de 880 hectares! O supercogumelo vive no subsolo da Floresta Nacional de Malheur, entre as raízes das árvores, que vão morrendo à medida que ele se espalha.
Do mito ao prato

Possuidores de propriedades mágicas e detentores de poderes sobre a vida e a morte. Assim eram conhecidos os cogumelos na Anti-güidade. Muitos os consumiam associados ao ouro, ao jade e à canela para adquirir a "leveza do corpo" e longevidade. Eles ainda eram considerados o "maná dos deuses" e apreciados pelo sabor peculiar, tido como afrodisíaco.

Dois terços das espécies de macro fungos possuem chapéu e os mais perigosos são os coloridos, princippalmente os vermelhos com escamas brancas (Amanita muscoides), das histórias de duendes.

As espécies comestíveis são consideradas um alimento bem completo, pois são ricas em proteínas, sais minerais e vitaminas, principalmente do complexo B. Em todo o mundo, há cerca de 2 mil espécies de cogumelos comestíveis. No Brasil, somente 6 são produzidas em escala comercial: shimeji (Pleurotus ostreatus), shiitake (Lentinula edodes), o antigo Agaricus blazei (agora Agaricus brasilienses), Pleurotus ou hiratake (Pleurotus sp) e o mais consumido em todo o planeta: o champignon de Paris (Agaricus bisporus), que movimenta 70% do mercado mundial de cogumelos.

O Agaricus brasilienses, que começa a ser chamado de cogumelo do Brasil, é mal conhecido em terras nativas, mas amplamente difundido em países como o Japão. Possui excelentes propriedades nutricionais, terapêuticas e medicinais. Age principalmente sobre o sistema imunológico, ajudando o organismo a combater tumores, vírus e outros agentes infecciosos.
xxxxxx


Bem, claro que muitos já sabem dessas informações ou ainda mais sobre essas espécies mencionadas pelo texto, porém sempre penso nos irmãos que estão iniciando no mundo da micologia e ficam sedentos por conhecimento...

Paz e Luz meus irmãos...
 
Muito legal esse texto, não vou poder ler inteiro agora porque ja estou indo trabalhar, mas também moro no paraná e meu interesse por micologia ta almentando cada vez mais, cada busca que eu faço encontro no minimo 5 especies diferente, ainda me faltam recursos como camera fotografica, microscopio etc, mas com o tempo tudo vai se resolvendo, este fim de semana encontrei o mais tenebroso que vi em minha vida, um fungo que creceu na terra seca com o micélio tipo um ovo de aliem verde.. os maiores eram horrendos e soltavam uma nuvem amarela ao tocar neles, tinham aproximadamente de 8 a 10cm. Valew por esse texto, quando chegar em casa vou ler inteiro.

Abrax pro malucos ai :eek:k:
 
parei de ler no segundo parágrafo quando o cara fala que os cogumelos sao PLANTAS INFERIORES POIS NAO FAZEM FOTOSSINTESE.
se for assim, meu dedão do pé é uma planta, pois tá contaminado com fungos mas nao faz fotossintese:neg:(pro autor)
 
parei de ler no segundo parágrafo quando o cara fala que os cogumelos sao PLANTAS INFERIORES POIS NAO FAZEM FOTOSSINTESE.
se for assim, meu dedão do pé é uma planta, pois tá contaminado com fungos mas nao faz fotossintese:neg:(pro autor)
Corta ele que contamine o resto do corpo! :p:
 
parei de ler no segundo parágrafo quando o cara fala que os cogumelos sao PLANTAS INFERIORES POIS NAO FAZEM FOTOSSINTESE.
se for assim, meu dedão do pé é uma planta, pois tá contaminado com fungos mas nao faz fotossintese:neg:(pro autor)

Alienardo:
Claro irmão, cada um faz seu julgamento né, com certeza o autor nunca experimentou ou melos, por isso o despreso dele....

Juliano:
Nós estamos sempre em busca de novas descobertas e informações sobre todo tipo de cogumelos em nosso estado.....

Paz e Luz pessoal....
 
Alienardo:
Claro irmão, cada um faz seu julgamento né, com certeza o autor nunca experimentou ou melos, por isso o despreso dele....

Juliano:
Nós estamos sempre em busca de novas descobertas e informações sobre todo tipo de cogumelos em nosso estado.....

Paz e Luz pessoal....
eu tentendo o valor do documento, eu acabei de ler ele inteiro, POREM COGUMELOS NAO SAO PLANTINHAS, eles sao um GENERO, uma FAMILIA que nao tem NADA a ver com plantas.
a base de uma pesquisa séria é pelo menso lembrar das aulas d ebiologia.
reino - funghi difere de reino plantae.
:)
na boa.
gostei do documento porém pensa bem. é o mesmo que dizer que o camarão é um peixinho ou pior, um inseto...
 
Como ele jah eh um coroa e autodidata, provavelmente muitos dos livros que ele leu por serem bem antigos ainda não faziam essa diferenciação entre Funghi e Plantae. Consideravam um reino só. Eu ouvi falar q essa diferenciação eh algo um pouco mais moderno. Acho q o conhecimento prático eh tão importante quanto o teórico.
 
Sim senhor Alienardo....

concordo sim irmão com o que você escreveu, sei bem dessas divisões de reinos e tal, mas o texto é apenas para ilustrar um pouco da história dos cogumelos no Paraná....

O texto é da década de 80, arcaico, claro, porém dá para ter uma noção do que rola por aqui...

Paz e Luz....
 
Apesar do ponto negativo do artigo, citado pelo Alienardo, gostei bastante, pois podem existirem muitas espécies de cogumelos comestíveis e medicinais que simplesmente são descartados, por falta de estudo e pesquisas.
 
pelas barbas do micélio! poisé o tal do João Prudente Pires tá por fora! ele ainda pensa que fungo é planta degenerada? ou coisa assim como os povos antigos classificavam? putz! tá atrasado ein filho!
os fungos são tão diferentes da algas e plantas como são dos animais...
foi mal ressucitar o tópico mas hoje encontrei e fiquei de FACE!
 
Back
Top