Salve amigos
@psic_one e
@Texugo !
Que conversa mais relevante e bonita. Essa papo de vocês me trouxe à tona algumas percepções sobre minha experiência com os cogumelos. Vou cair de balão nessa prosa com vocês, tudo bem?
Estava pensando, não tem como administrar uma dose maior, pra ter uma viagem mais longa e a intensidade chegar mais suavemente?
Eu bem que queria poder prolongar os efeitos iniciais da trip. Eu adoro! Quando as linhas retas ficam tortas, ou quando começo a sentir um som mais grave nos ouvidos, ou o zunido agudo de quando eu estou prestes a ser engolido pela experiência. Eu adooooooro a euforia do começo da trip e queria muito poder alongar esse efeito. Eu percebi que no máximo, só dá pra aproveitar muito bem, porque depois que o carrinho da montanha-russa começou a descer, não tem como parar mais... o passeio só termina quando acaba.
Tava pensando em administrar 10g mas bem devagar, não tudo de uma vez. Mas ir comendo de hora em hora, ou um pouco mais.
Acho que ia acontecer o que o
@Texugo comentou logo depois. Não entendo o que acontece, mas parece que o organismo lida com a psilocibina/psilocina dentro daquela janela de 6 horas mesmo e pronto. Uma pena.
Eu tomo dosagens de 10g a 20g, elas duram apenas de 4 a 6 horas iguais.
@Texugo do céu, como você consegue?! Hahaha. Meu limite foi 12g e só dosei isso tudo porque eu caí num vício de comportamento de ficar redosando no meio da trip. Eu tenho curiosidade de conhecer os limites dos 15g, mas não pode ser nenhuma
strain absurda de forte não.
Pra mim, a trip de verdade começa depois que os efeitos acabam, quando tem coisa pra pensar sobre ela e realmente entender o que "aprendeu".
Esse ponto eu achei muito interessante e concordo. Eu precisei de pelo menos 10 trips pra entender uma coisa extremamente importante que é: a experiência com os cogumelos denuncia aquilo que tá dentro de mim. A trip em si não tá desenhando um caminho a ser seguido, mas tá mostrando o que tá lá dentro da mente. São desejos, medos, obsessões, ideias fixas, traumas, sonhos. Nem sempre é pra seguir o que é mostrado, é só para se conhecer. Conhecendo bem o que tá lá dentro, dá pra decidir o que fazer depois.
Por exemplo, numa trip eu me vi perdoando uma pessoa que se aproveitou de mim. Senti amor por essa pessoa, mas na real é impossível reatar qualquer tipo de relacionamento com ela. Eu só me machucaria e machucaria pessoas que dependem de mim. Muitos dias depois eu percebi que esse trecho da trip fala muito mais sobre uma disposição que eu tenho para perdoar e amar do que sobre a possibilidade de voltar a me relacionar com gente má. E isso também me ajudou a perceber essa inclinação minha, dar valor para ela e respeitar isso mas, ao mesmo tempo, me cuidar. Não dá pra ler a trip literalmente.
Resumindo, sou uma pessoa dessa que diz que é "ingrata" com a vida. Porém, estava pensando porque com o cogumelo algo "tão corriqueiro" se tornou tão especial pra mim?
Porque sem o cogumelo eu não consigo ver a beleza que existe no dia a dia. Porque coisas que normalmente eu consideraria sem importância, ficaram tão importantes durante a trip.
Ainda sobre ser ingrato... acho que você pode estar sendo muito duro com você mesmo. Os cogumelos são especiais demais, puxa vida... eles nos ajudam a apreciar as sutilezas. Lembro da minha segunda trip, na qual eu vi uma corrente de amor que vinha do meu pai para mim, saia de mim para o meu filho e voltava do meu filho para o meu pai. Uma corrente e um círculo de amor ao mesmo tempo. Eu entendi que o mesmo amor que eu sentia pelo meu menino era o mesmo amor que o meu pai sentia por mim. Naquela trip eu consegui VER e tocar esse amor. Juro pra você, depois dessa experiência eu nunca mais olhei meu pai do mesmo jeito e hoje em dia ele é um senhor que eu admiro cada vez mais.
Antes dessa trip eu não dava o valor que o amor do meu pai merecia. Às vezes as lentes da normalidade não nos deixam enxergar com profundidade tanta coisa bonita que temos na vida. Não é culpa sua, nem de ninguém. É culpa da correria e das distrações. Na terra mágica dos cogumelos dá pra ver a verdadeira magia que existe em algumas coisas corriqueiras da vida. O importante é tentar trazer a compreensão dessa magia pra normalidade.
E se isso já está dentro de mim e o cogumelo fez potencializar, aflorecer, o que devo fazer pra ver essa magia sem os cogumelos?
Escreva sobre suas experiências. Elabore. Fale pra cacete sobre elas em forma de palavras escritas ou ditas em voz alta. Se puder faça isso logo depois da viagem. Curto fazer isso de tempos em tempos na verdade. E tem horas que eu releio meus relatos só para poder reviver uma parte do que eu vi. Também coloco minha playlist de viagem para tocar às vezes, sem estar sob efeito... é uma forma de relembrar sem precisar mergulhar de verdade.