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Cogumelos saprofíticos: os decompositores

NeuroFX

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23/01/2005
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A filamentosa rede micelial é projetada para se entrelaçar entre e através das paredes celulares das plantas. As enzimas e ácidos que elas secretam degradam grandes complexos moleculares em simples compostos. Todos os ecossistemas dependem da habilidade dos fungos em decompor matéria orgânica de plantas para logo depois tornar ela [a matéria orgânica] disponível no meio-ambiente. O resultado final é o retorno de carbono, hidrogênio, nitrogênio, e minerais de volta ao ecossistema em forma utilizável para plantas, insetos e outros organismos. Como decompositores eles podem ser separados em três grupos chaves. Algumas espécies de cogumelos migram de um grupo para outro, dependendo das condições prevalecentes.

Decompositores primários:

São os primeiros fungos a capturar um galho, una folha de grama, uma lasca de madeira, uma tora ou um tronco. São tipicamente de rápido crescimento, lançando fios de micélio que rapidamente se prendem ao tecido da planta e a decompõe. A maioria dos decompositores degrada madeira. Portanto, a maioria desses saprofíticos são espécies que vivem em madeira como os cogumelos Oyster (Pleurotus species), Shiitake (Lentinula edodes), e King Stropharia (Stropharia rugosoannulata). Entretanto, cada espécie desenvolveu adaptações específicas de enzimas para quebrar lignina-celulose, o componente estrutural de muitas células de plantas. Uma vez quebrada em todo seu potencial, outros saprofíticos utilizam seus próprios repertórios de enzimas para decompor esse material ainda mais.

Decompositores secundários:

Esses cogumelos contam com a atividade anterior de outros fungos que quebraram parcialmente um substrato a um estado no qual eles [os secundários] podem aproveitar. Tipicamente crescem em materiais compostados. As ações de outros fungos, bactéria e leveduras operam no composto. À medida que resíduos de plantas são degradados por esses microorganismos, a massa, estrutura e composição do composto é reduzida, e proporcionalmente há um aumento do nitrogênio disponível. Calor, dióxido de carbono, amônia, e outros gases são emitidos como produtos do processo de compostagem. Uma vez que esses microorganismos completam seus ciclos de vida, o composto se torna suscetível à invasão por um seleto decompositor secundário. Um exemplo clássico de um decompositor secundário é o cogumelo Botão, Agaricus brunnescens, o cogumelo mais comumente cultivado. Outro exemplo é Stropharia ambigua, que invade camas outdoor de cogumelos após as lascas de madeira terem sido primeiramente decompostas por um decompositor primário.

Decompositores terciários:

Grupo sem forma, os fungos representados por este grupo são tipicamente habitantes do solo. Eles sobrevivem em habitats que estão anos sob ação dos decompositores primários e secundários. Os fungos existentes nesses substratos reduzidos crescem muito bem onde o habitat parece inóspito para a maioria dos cogumelos. Um exemplo clássico é Aleuria aurantia, o Cogumelo Casca de Laranja, Este complexo grupo de fungos freqüentemente posicionam problemas únicos a aspirantes cultivadores. O Panaeolus subbalteatus é também um outro exemplo. Embora possa ser desenvolvido em substratos compostados, ele tem a reputação de crescer bem nos compostos descartados das fazendas de cogumelos Botão. Outros decompositores terciários incluem espécies de Conocybe, Agrocybe, Pluteus, e algumas espécies Agaricus.

O chão de uma floresta está constantemente sendo revestido de nova matéria orgânica. Decompositores primários, secundários e terciários podem ocupar o mesmo local. No complexo meio-ambiente de um chão de floresta, um “habitat” pode realmente ser descrito como a sobreposição de vários, misturados em um. E, ao longo do tempo, à medida que cada habitat vai sendo transformado, ocorrem sucessões de cogumelos. Este modelo se torna infinitamente complexo quando se leva em conta não somente as inter-relações de um fungo com um outro, mas também do fungo com outros microorganismos (leveduras, bactéria, protozoários), plantas, insetos, e mamíferos.

Decompositores primários e secundários oferecem mais oportunidades para cultivo. Para selecionar as melhores espécies para cultivo, várias variáveis devem ser cuidadosamente analisadas,

Clima, materiais disponíveis e strains de cogumelos, todos devem se influenciar mutuamente para um cultivo de sucesso. Espécies nativas são as melhores escolhas quando se projetam cultivos outdoor.

Cogumelos tolerantes à variação de temperatura são mais complacentes e fáceis de cultivar do que os que têm sucesso dentro de limites de temperatura. Em climas quentes, a umidade é rapidamente perdida, diminuindo a oportunidade de crescimento dos cogumelos. É claro que desenvolver cogumelos em outdoor num clima desértico é mais difícil que desenvolvê-los em ambientes úmidos onde eles naturalmente existem em abundância. A escolha do local é claramente crucial. Quanto mais exposto o habitat estiver ao sol do meio-dia, mais dificilmente os cogumelos florescerão.

Muitos cogumelos realmente se beneficiam de luz solar indireta, especialmente em latitudes norte. Caçadores de cogumelos do noroeste do Pacífico perceberam que os cogumelos crescem mais prolificamente não nas profundezas escuras das florestas, mas onde a luz do sol sombreada e "colorida" são combinadas. Estudos de sensibilidade à luz estabeleceram que várias espécies diferem em suas respostas ótimas à ondas de luz solar. Todavia, poucos cogumelos apreciam exposição prolongada à luz solar direta.

Extraído e traduzido de Growing Gourmet and Medicinal Mushrooms (Stamets, 2000).
 
Viva Stamets!

Faz tempo, mas mandou bem NeuroFX!
 
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