Voce teria que fazer geminar UM
esporo de cada uma dessas linhagens em placas diferentes e obter micelio monocariotico de casa uma delas,
O
micélio monocariótico originário de um só esporo não vai formar as conexões de grampo. Tem que observar a cultura em um microscópio. Mesmo colonizando todo o meio as
hifas continuarão sem formar grampos.
Mas pode ser difícil germinar um esporo só se for comum acontecer o que alguns cultivadores observaram, que os esporos em uma seringa tendem a formar pequenos aglomerados. Os "esporos" que "vemos" em seringas feitas com grande quantidade de esporos, por exemplo, só podem ser aglomerados. UM esporo só é invisível a olho nú. Se a formação desses aglomerados de esporos for comum antes de pensar em germinar UM esporo de uma
strain alguém tem que dominar a técnica de como separar esses aglomerados (talvez algum agente tensoativo?) até que os esporos fiquem livres uns dos outros. Depois teria que fazer uma solução bem diluída, e então tentar inocular vários e vários meios.
Workman fez isso para criar a
Albino Penis Envy (cruzamento das strains PF Albino e Penis Envy), mas ele só germinou uma cultura de um só esporo do PF Albino. E disse que deu muito trabalho ("They are a bit of a pain in the ass to generate"). Então optou por não fazer uma cultura de um só esporo da Penis Envy. Depois de se certificar que tinha uma cultura de um só esporo da PF Albino ele deixou a mesma colonizar de forma densa uma jarra de grãos e aí injetou na jarra um solução multiesporos de Penis Envy. Os esporos de Penis Envy germinaram e as hifas monoesporo do PF Albino estavam lá esperando para parearem. Por que deixar a jarra colonizar com a cultura monoesporo de PF Albino? A idéia era não deixar substrato livre para as hifas de Penis Envy se cruzarem entre si ao invés de se cruzar com as hifas de PF Albino. (
http://www.shroomery.org/forums/showflat.php/Cat/0/Number/5194890/page/0/fpart/all/vc/1).
Adendo em 06/01/2015 - para melhor entendimento, segue uma versão traduzida do texto original de Workman:
"Primeiro eu germinei um único esporo PF Albino em agar de malte para a produção de uma cultura monocariótica. Culturas dicarióticas formam conexões de grampo que são facilmente visíveis sobre aumento, e esta cultura não mostrou essas conexões de grampo.
Eu sou muito preguiçoso e eu não queria gastar tempo isolando mais esporos individuais de outros cubensis e, em seguida, fazer vários cruzamentos controlados e esperar o melhor. Eu também estava ciente de um mecanismo onde um micélio monocariótico pode tornar-se um micélio dicariótico pela migração nuclear e não apenas por crescimento novo no ponto de contato micelial. Essencialmente toda a cultura monocariótica torna-se dicariótica replicando e movendo os núcleos em uma espécie de reação em cadeia através da rede micelial já existente. Entãoooo .......... aqui está o que eu fiz.
Eu coloquei a cultura monocariótica de PF albino em um pote de grão estéril (sementes de capim, neste caso) e deixei-o colonizar quase completamente. Cada grão foi coberto com micélio, mas seria necessário mais alguns dias para o micélio ficar realmente denso. Então eu fiz uma solução fresca (apenas adicionar esporos secos também funcionaria) de esporos cubensis de strains de pigmentação normal (Penis Envy ou Costa rica), injetei nos grãos quase colonizados e depois agitei o frasco para misturar. A idéia é a de recusar qualquer substrato não colonizado para os esporos de cubensis injetados se eles se cruzarem entre si. Em teoria, os esporos injetados germinam e irão combinar com alguns outros esporos próximas, devido à aglomeração, mas a maior parte vai combinar com o micélio PF Albino. A migração nuclear deve, então, transformar todo o pote de micélio Albino monocarióticos em várias cepas de micélio dicariótico de cubensis Albino X (Penis Envy ou Costa Rica). Não deve ter sobrado nenhum espaço para qualquer quantidade significativa de micélio dicariótico de Penis Envy ou Costa Rica crescer e posteriormente formar cogumelos."
Aparentemente funcionou muito bem, porque ele relata que a primeira geração de híbridos (F1) produziu micélio agressivo e cogumelos de crescimento rápido. Depois ele retrocruzou os híbridos da primeira geração de novo com a cultura monoesporo de PF albino, mas aí o objetivo era conseguir e selecionar cogumelos com as características desejadas, ou seja, a morfologia de Penis Envy, porém albinos.
Para um cultivador caseiro é difícil fazer o que Workman fez (é só usar um microscópio,
arcaico? - mas reverti o rating já que você ficou magoado). Vai exigir equipamentos caros, conhecimento, dedicação e tempo. A alternativa é o que já foi colocado aqui no tópico, que é misturar os esporos das strains, inocular e simplesmente deixar que por acaso algumas da hifas de cada origem pareiem.
P.cubensis é heterotálico e tetrapolar, então as hifas monocarióticas de strains diferentes podem parear e formar conexões de grampo.
Pode ser, é claro, que não seja tão simples como simplesmente fazer uma solução de esporos de duas strains e inocular um meio, e haja alguma preferência de pareamento entre hifas da mesma
strain. Algumas pessoas defendem isso (ver por exemplo
http://www.shroomery.org/8492/Is-it-possible-to-cross-2-strains). Talvez essa dita preferência de pareamento entre hifas da mesma strain tenha a ver com os aglomerados de esporos que citei acima. Se há aglomerados os esporos de uma mesma strain germinam juntos e próximos, e vão se encontrar com mais frequência do que com os esporos da outra strain que estiver misturada na solução de esporos.
Mesmo que o pareamento de hifas de strains diferentes seja raro alguns híbridos ao menos devem se formar. O problema pode ser separá-los dos não híbridos ...
Me ocorreram outras nuances da situação. As strains de "cubensis" em circulação, por exemplo, são de
P. cubensis e de
P. subcubensis, duas espécies indistinguíveis a olho nú. Aí não adianta tentar cruzar mesmo. Então a primeira análise é se as duas strains que se quer cruzar são ambas
P. cubensis ou ambas
P. subcubensis.
E há possibilidades piores. Já vi um usuário do Shroomery (Teonam) defender que
P. cubensis não é na verdade uma só espécie, mas um complexo de espécies. Se isso proceder então mesmo dentro do que chamamos de
P.cubensis podem haver strains que não cruzem devido a serem de clados (grupos genéticos isolados, incompatíveis e que não se cruzam) diferentes dentro do complexo
P. cubensis.
Mas para ter certeza disso teria que se fazer estudos moleculares
como os que mostraram que Amanita muscaria é um complexo de espécies.