O relato a seguir é um tanto longo. Preciso relatar a minha aventura dessa tarde de terça feira, 12/11/13.
Em uma tarde ensolarada, decidi ir buscar meu ventilador para a secagem de cogumelos, que havia ficado na chácara. Quando estava me preparando para sair, pensei: por que não tomar alguns cogumelos para aproveitar ainda mais a viagem?
Então, separei 8 gramas do meu cultivo recente de Rust Spore, pesados frescos.

Ingeri-os com uma fruta e com um copo de água. Então, preparei minha mochila e saí pela cidade, com destino na área rural.
PARTE I
1 - Inicialmente, esperando o ônibus para o centro da cidade, eu tinha um sorriso no rosto, e estava em um estado mais atento do que o normal. Peguei uma folha de laranjeira e comecei a reparar no cheiro dela. Fiquei reparando em como o dia estava ensolarado também.

2 - Como peguei o ônibus em um horário de pico, levou um bom tempo até eu chegar no centro da cidade. Para piorar, ele estava um tanto cheio, o que começou a me incomodar um pouco. Finalmente, cheguei na parada, então desci. Estava sentindo uma sensação bem desagradável, o movimento da rua me incomodava, as pessoas me deixavam desconfortável.
3 - Chegando na estação rodoviária, o panorama não havia mudado muito. Lembro que no caminho até ela, eu notava que as pessoas me olhavam, talvez por causa de minha camiseta chamativa do Pink Floyd. Ou talvez, porque eu estivesse olhando para elas também. Me sentia notado, uma sensação ao mesmo tempo ruim e boa.
4 - Comprei a passagem para as 19:00, e fiquei esperando então. Tentei colocar música, mas ela não estava agradável. Esse foi o sinal de que a viagem estava começando. Eu estava inquieto, andando de um lado para o outro, a luz forte do sol me incomodava, pois minhas pupilas já estavam dilatadas. Eu estava utilizando óculos escuros.
PARTE II
5 - Finalmente o ônibus chegou. Foi um alívio eu sentar no banco macio, na sombra. Ali, fiquei escutando a conversa das pessoas, que era banal, sobre o clima. Com a cabeça apoiada no vidro, comecei a sentir o corpo anestesiado. Quando o ônibus saiu da rodoviária, ao fechar os olhos, eu escutava o ronco do motor, que até assustava um pouco. O ronco criava visões de caveiras, e raios luminosos que caminhavam pelo meu campo de visão, de olhos fechados. Ao abrir os olhos, tudo parecia mais azulado, iluminado de uma maneira estranha.
6 - Então, a trip começou com força. Lembro que eu deixava os olhos fechados, mas seguidamente abria-os por um curto intervalo de tempo, o que causava uma espécie de fotografia na minha visão. A janela do ônibus e a paisagem permaneciam em minha visão, em tons coloridos extremamente belos.
7 - Quando o ônibus parava para o embarque de passageiros, eu olhava para as lindas mulheres que entravam, desejando segurá-las no rosto, beijá-las e dizer para elas o quanto eram maravilhosas e únicas na terra. (Naturalmente ficou na vontade, porque eu iria ser expulso do ônibus como um pervertido cabeça-de-cogumelo
)
8 - Reparando na paisagem, minha noção de perspectiva se alterava, cercas mudavam de posição, geralmente objetos ficavam planificados. Reparei que um homem andando na rua estava encurvado e barrigudo demais, então me dei conta que era efeito dos cogumelos. Além disso, rostos humanos que eu via de longe ficavam distorcendo, mudando a cada instante, adquirindo expressões engraçadas. As passageiras senhoras-gordas reclamavam do calor.
9 - Eu devia estar muito engraçado, de olhos fechados ali e balançando as mãos. A paisagem estava linda, eu via crianças brincando em balanços embaixo das nuvens, a vegetação era muito chamativa. Notei então que minha parada estava chegando, então me levantei e me dirigi a porta do motorista, pedindo para ele "me largar ali na ponte". Não foi fácil, eu parecia bêbado, com certeza eu fiquei muito estranho tentando sair do ônibus
10 - Então, o choque. Eu havia descido no lugar errado! Cerca de 1-2km antes da minha parada. Quando coloquei os pés no chão, os calçados me deram uma sensação de prazer muito boa. Mas não me preocupei, a paisagem estava simplesmente incrível. Eu via cada detalhe na natureza, o verde e as cores que eu via não são descritíveis em palavras. O canto dos pássaros e dos grilos me deixava em um estado quase de total retorno aos meus antepassados humanos.
11- No caminho, tive que mijar, então acabei achando um pé de maracujá selvagem. Uma pena que não havia nenhum fruto maduro, o que tinha lá estava estragado. Teria sido maravilhoso sentir o gosto de algo totalmente natural e orgânico, disponibilizado de graça para mim. Mesmo assim, agradeci o pé e continuei a caminhar.

12 - Chegando na estrada, já estava começando a escurecer.
PARTE III
13 - Creio que na estrada foi onde eu tive os insights mais fortes da trip. Essa é uma estrada curta de acesso à propriedade, de cerca de 3km, mas para mim, levou uma eternidade para atravessá-la. Eu vi milhares de vaga-lumes, que piscavam nas laterais da estrada, no mato, no céu. Pense nesse espetáculo sob o efeito de cogumelos. Consegui pegar um na mão, e a luz dele era simplesmente mágica.
14 - Já era noite, e o coaxar das rãs criava uma sinfonia simplesmente única. Quando eu parava de caminhar e observava o céu, eu via cada estrela de um modo totalmente novo. Elas estavam muito mais brilhantes. Além disso, a luz da lua criava padrões geométricos-fractálicos na estrada de terra. Ali, eu vi representados em minha visão milhares de desenhos psicodélicos que eu tinha visto antes, e todos faziam sentido. As árvores contra o céu de luar criavam um efeito de desenho, de um mundo a ser explorado.
15 - Cheguei na propriedade, peguei meu ventilador. Ali, tentei triplicar minha atenção em relação à portas, lâmpadas, etc. A casa me passou uma sensação de aconchego, de família, mas ao mesmo tempo de solidão profunda, pois geralmente nos reunímos com a família ali. Nunca leve nada muito valioso quando estiver viajando, você se destrai facilmente, e pode simplesmente largar seus pertences no meio da estrada. Essa apreensão tira você do foco da trip.
16 - O caminho de volta não foi tão agradável quanto o de ida. Com uma escuridão acentuada, precisei ligar uma lanterna para não cair nos precipícios na beira da estrada
. Fui tomado por uma sensação de medo, uma espécie de opressão da escuridão. A parede de vegetação no meu lado esquerdo me assutava, parecia me empurrar. Me livrei do medo falando comigo mesmo, cantando músicas.
17 - Esse foi o final da trip para mim. No caminho de volta para a cidade, alguns pensamentos importantes para a minha vida, sobre relações humanas, algo muito pessoal. Cogumelos, he he
Essa foi a aventura da terça feira, e mais uma vez os cogumelos mostraram que podem simplesmente mudar tudo o que você espera deles.
Uma boa semana a todos!
Em uma tarde ensolarada, decidi ir buscar meu ventilador para a secagem de cogumelos, que havia ficado na chácara. Quando estava me preparando para sair, pensei: por que não tomar alguns cogumelos para aproveitar ainda mais a viagem?
Então, separei 8 gramas do meu cultivo recente de Rust Spore, pesados frescos.

Ingeri-os com uma fruta e com um copo de água. Então, preparei minha mochila e saí pela cidade, com destino na área rural.
PARTE I
1 - Inicialmente, esperando o ônibus para o centro da cidade, eu tinha um sorriso no rosto, e estava em um estado mais atento do que o normal. Peguei uma folha de laranjeira e comecei a reparar no cheiro dela. Fiquei reparando em como o dia estava ensolarado também.

2 - Como peguei o ônibus em um horário de pico, levou um bom tempo até eu chegar no centro da cidade. Para piorar, ele estava um tanto cheio, o que começou a me incomodar um pouco. Finalmente, cheguei na parada, então desci. Estava sentindo uma sensação bem desagradável, o movimento da rua me incomodava, as pessoas me deixavam desconfortável.
3 - Chegando na estação rodoviária, o panorama não havia mudado muito. Lembro que no caminho até ela, eu notava que as pessoas me olhavam, talvez por causa de minha camiseta chamativa do Pink Floyd. Ou talvez, porque eu estivesse olhando para elas também. Me sentia notado, uma sensação ao mesmo tempo ruim e boa.
4 - Comprei a passagem para as 19:00, e fiquei esperando então. Tentei colocar música, mas ela não estava agradável. Esse foi o sinal de que a viagem estava começando. Eu estava inquieto, andando de um lado para o outro, a luz forte do sol me incomodava, pois minhas pupilas já estavam dilatadas. Eu estava utilizando óculos escuros.
PARTE II
5 - Finalmente o ônibus chegou. Foi um alívio eu sentar no banco macio, na sombra. Ali, fiquei escutando a conversa das pessoas, que era banal, sobre o clima. Com a cabeça apoiada no vidro, comecei a sentir o corpo anestesiado. Quando o ônibus saiu da rodoviária, ao fechar os olhos, eu escutava o ronco do motor, que até assustava um pouco. O ronco criava visões de caveiras, e raios luminosos que caminhavam pelo meu campo de visão, de olhos fechados. Ao abrir os olhos, tudo parecia mais azulado, iluminado de uma maneira estranha.
6 - Então, a trip começou com força. Lembro que eu deixava os olhos fechados, mas seguidamente abria-os por um curto intervalo de tempo, o que causava uma espécie de fotografia na minha visão. A janela do ônibus e a paisagem permaneciam em minha visão, em tons coloridos extremamente belos.
7 - Quando o ônibus parava para o embarque de passageiros, eu olhava para as lindas mulheres que entravam, desejando segurá-las no rosto, beijá-las e dizer para elas o quanto eram maravilhosas e únicas na terra. (Naturalmente ficou na vontade, porque eu iria ser expulso do ônibus como um pervertido cabeça-de-cogumelo
8 - Reparando na paisagem, minha noção de perspectiva se alterava, cercas mudavam de posição, geralmente objetos ficavam planificados. Reparei que um homem andando na rua estava encurvado e barrigudo demais, então me dei conta que era efeito dos cogumelos. Além disso, rostos humanos que eu via de longe ficavam distorcendo, mudando a cada instante, adquirindo expressões engraçadas. As passageiras senhoras-gordas reclamavam do calor.
9 - Eu devia estar muito engraçado, de olhos fechados ali e balançando as mãos. A paisagem estava linda, eu via crianças brincando em balanços embaixo das nuvens, a vegetação era muito chamativa. Notei então que minha parada estava chegando, então me levantei e me dirigi a porta do motorista, pedindo para ele "me largar ali na ponte". Não foi fácil, eu parecia bêbado, com certeza eu fiquei muito estranho tentando sair do ônibus
10 - Então, o choque. Eu havia descido no lugar errado! Cerca de 1-2km antes da minha parada. Quando coloquei os pés no chão, os calçados me deram uma sensação de prazer muito boa. Mas não me preocupei, a paisagem estava simplesmente incrível. Eu via cada detalhe na natureza, o verde e as cores que eu via não são descritíveis em palavras. O canto dos pássaros e dos grilos me deixava em um estado quase de total retorno aos meus antepassados humanos.
11- No caminho, tive que mijar, então acabei achando um pé de maracujá selvagem. Uma pena que não havia nenhum fruto maduro, o que tinha lá estava estragado. Teria sido maravilhoso sentir o gosto de algo totalmente natural e orgânico, disponibilizado de graça para mim. Mesmo assim, agradeci o pé e continuei a caminhar.

12 - Chegando na estrada, já estava começando a escurecer.
PARTE III
13 - Creio que na estrada foi onde eu tive os insights mais fortes da trip. Essa é uma estrada curta de acesso à propriedade, de cerca de 3km, mas para mim, levou uma eternidade para atravessá-la. Eu vi milhares de vaga-lumes, que piscavam nas laterais da estrada, no mato, no céu. Pense nesse espetáculo sob o efeito de cogumelos. Consegui pegar um na mão, e a luz dele era simplesmente mágica.
14 - Já era noite, e o coaxar das rãs criava uma sinfonia simplesmente única. Quando eu parava de caminhar e observava o céu, eu via cada estrela de um modo totalmente novo. Elas estavam muito mais brilhantes. Além disso, a luz da lua criava padrões geométricos-fractálicos na estrada de terra. Ali, eu vi representados em minha visão milhares de desenhos psicodélicos que eu tinha visto antes, e todos faziam sentido. As árvores contra o céu de luar criavam um efeito de desenho, de um mundo a ser explorado.
15 - Cheguei na propriedade, peguei meu ventilador. Ali, tentei triplicar minha atenção em relação à portas, lâmpadas, etc. A casa me passou uma sensação de aconchego, de família, mas ao mesmo tempo de solidão profunda, pois geralmente nos reunímos com a família ali. Nunca leve nada muito valioso quando estiver viajando, você se destrai facilmente, e pode simplesmente largar seus pertences no meio da estrada. Essa apreensão tira você do foco da trip.
16 - O caminho de volta não foi tão agradável quanto o de ida. Com uma escuridão acentuada, precisei ligar uma lanterna para não cair nos precipícios na beira da estrada
17 - Esse foi o final da trip para mim. No caminho de volta para a cidade, alguns pensamentos importantes para a minha vida, sobre relações humanas, algo muito pessoal. Cogumelos, he he
Essa foi a aventura da terça feira, e mais uma vez os cogumelos mostraram que podem simplesmente mudar tudo o que você espera deles.
Uma boa semana a todos!