- 24/10/2005
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postei recentemente estes textos na PE.
- esta são as duas primeiras páginas as outras foram escaneadas.
Apresentação de Robert Gordon Wasson ao livro de Alvaro Estrada "A Vida de Maria Sabina, a sábia dos cogumelos"
Na noite de 29 para 30 de junho de 1955, quando assisti, pela primeira vez, a uma "velada" cantada por Maria Sabina, em Huautla de Jiménez, e, a convite dela, ingeri pela primeira os cogumelos divinos, fiquei pasmo. Foi no andar de baixo da casa de Cayetano García e sua esposa Guadalupe. A modesta hospitalidade de nossos anfitriões, de seus filhos e parentes, todos vestindo suas melhores roupas, o canto de Maria Sabina e de sua filha Maria Apolonia, a arte percutiva de Maria Sabina e sua dança nas trevas, combinados com os mundos distantes que eu via, com uma clareza visual jamais atingida pelos olhos em pleno dia --- meu corpo estendido na esteira e repondendo ao meu tato como se pertencesse a outra pessoa: -- todos esses efeitos, compartilhados por meu fotógrafo, Allan Richardson, sacudiram-nos até o âmago de nosso ser. Minhas indagações etnomicológicas tinham me levado longe, mas nunca esperei uma experiência extraterrena como aquela.
Eis uma experiência religiosa, disse a mim mesmo naquele momento e durante os meses que se seguiram, que deve ser apresentada ao mundo de uma maneira digna, sem sensacionalismos, sem simplificações e sem torná-la grosseira, com sobriedade e veracidade.
Somente minha esposa, Valentina Pavlovna, e eu poderíamos fazer-lhe justiça, no livro que estávamos escrevendo, e em revistas sérias. Mas, em vista da vulgaridade que reina na imprensa de nosso tempo, era inevitável que se espalhassem pelo mundo inteiro todos os tipos de narrações deformadas. Previmos tudo isso, e assim foi, a ponto de os "federais" terem de empreender uma limpeza a fundo em algumas aldeias indígenas das terras altas da America Central, no final da última década, para deportar uma turba de perdidos que andavam por ali fazendo das suas.
Minha esposa e eu levamos adiante nosso programa e, após sua morte, em 1958, continuei sozinho. Nosso livro, Mushroom Russia and History, foi lançado em maio de 1957, por um preço indigesto, esgotou-se rapidamente, e numca foi reimpresso. Publicamos artigos em Life e Life em espanhol, em This Week e em várias revistas especializadas.
Precisávamos urgentemente de ajuda referente à micologia, e de imediato nos dirigimos ao professor Roger Heim, então diretor do Laboratoire de Cryptogamie do Muséum National d'Histoire Naturelle, de Paris. Avaliou rapidamente o significado de nossa descoberta. Entregou-se de corpo e alma aos nossos planos de trabalho de campo, viajou várias vezes para o México, e foi conosco até aldeias remotas nas montanhas do sul do México. Roger Cailleux, seu competente assistente, conseguiu, felizmente, cultivar em laboratório várias espécies dos cogumelos divinos, a maioria novas para a ciência. O professor Heim entregou-os ao doutor Albert Hofmann, da Basiléia, descobridor do LSD, para análise química. Ele e seus colegas, os doutores Arthur Brack e Hans Kobel, conseguiram isolar os princípios ativos, que chamaram de psilocibina e psilocina. O doutor Aurelio Cerletti iniciou as investigações farmacológicas, eo professor Jean Delay, de Paris, os estudos psiquiátricos sobre a psilocibina e psilocina. Foi assim que Valentina Pavlovna e eu tivemos a sorte de reunir uma equipe de primeira, que cooperou conosco; em 1958, o Muséum publicou um grande volume, ricamente ilustrado, Les champignons hallucinogènes du Mexique, em cuja página de rosto figuramos Roger Heim e eu, enquanto os outros contribuíram com seus respectivos capítulos.
[Nota @Ecuador - Ver o Livro para download em https://teonanacatl.org/threads/a-v...dos-cogumelos-Álvaro-estrada.3458/#post-79849]
- esta são as duas primeiras páginas as outras foram escaneadas.
Apresentação de Robert Gordon Wasson ao livro de Alvaro Estrada "A Vida de Maria Sabina, a sábia dos cogumelos"
Na noite de 29 para 30 de junho de 1955, quando assisti, pela primeira vez, a uma "velada" cantada por Maria Sabina, em Huautla de Jiménez, e, a convite dela, ingeri pela primeira os cogumelos divinos, fiquei pasmo. Foi no andar de baixo da casa de Cayetano García e sua esposa Guadalupe. A modesta hospitalidade de nossos anfitriões, de seus filhos e parentes, todos vestindo suas melhores roupas, o canto de Maria Sabina e de sua filha Maria Apolonia, a arte percutiva de Maria Sabina e sua dança nas trevas, combinados com os mundos distantes que eu via, com uma clareza visual jamais atingida pelos olhos em pleno dia --- meu corpo estendido na esteira e repondendo ao meu tato como se pertencesse a outra pessoa: -- todos esses efeitos, compartilhados por meu fotógrafo, Allan Richardson, sacudiram-nos até o âmago de nosso ser. Minhas indagações etnomicológicas tinham me levado longe, mas nunca esperei uma experiência extraterrena como aquela.
Eis uma experiência religiosa, disse a mim mesmo naquele momento e durante os meses que se seguiram, que deve ser apresentada ao mundo de uma maneira digna, sem sensacionalismos, sem simplificações e sem torná-la grosseira, com sobriedade e veracidade.
Somente minha esposa, Valentina Pavlovna, e eu poderíamos fazer-lhe justiça, no livro que estávamos escrevendo, e em revistas sérias. Mas, em vista da vulgaridade que reina na imprensa de nosso tempo, era inevitável que se espalhassem pelo mundo inteiro todos os tipos de narrações deformadas. Previmos tudo isso, e assim foi, a ponto de os "federais" terem de empreender uma limpeza a fundo em algumas aldeias indígenas das terras altas da America Central, no final da última década, para deportar uma turba de perdidos que andavam por ali fazendo das suas.
Minha esposa e eu levamos adiante nosso programa e, após sua morte, em 1958, continuei sozinho. Nosso livro, Mushroom Russia and History, foi lançado em maio de 1957, por um preço indigesto, esgotou-se rapidamente, e numca foi reimpresso. Publicamos artigos em Life e Life em espanhol, em This Week e em várias revistas especializadas.
Precisávamos urgentemente de ajuda referente à micologia, e de imediato nos dirigimos ao professor Roger Heim, então diretor do Laboratoire de Cryptogamie do Muséum National d'Histoire Naturelle, de Paris. Avaliou rapidamente o significado de nossa descoberta. Entregou-se de corpo e alma aos nossos planos de trabalho de campo, viajou várias vezes para o México, e foi conosco até aldeias remotas nas montanhas do sul do México. Roger Cailleux, seu competente assistente, conseguiu, felizmente, cultivar em laboratório várias espécies dos cogumelos divinos, a maioria novas para a ciência. O professor Heim entregou-os ao doutor Albert Hofmann, da Basiléia, descobridor do LSD, para análise química. Ele e seus colegas, os doutores Arthur Brack e Hans Kobel, conseguiram isolar os princípios ativos, que chamaram de psilocibina e psilocina. O doutor Aurelio Cerletti iniciou as investigações farmacológicas, eo professor Jean Delay, de Paris, os estudos psiquiátricos sobre a psilocibina e psilocina. Foi assim que Valentina Pavlovna e eu tivemos a sorte de reunir uma equipe de primeira, que cooperou conosco; em 1958, o Muséum publicou um grande volume, ricamente ilustrado, Les champignons hallucinogènes du Mexique, em cuja página de rosto figuramos Roger Heim e eu, enquanto os outros contribuíram com seus respectivos capítulos.
[Nota @Ecuador - Ver o Livro para download em https://teonanacatl.org/threads/a-v...dos-cogumelos-Álvaro-estrada.3458/#post-79849]
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