- 01/11/2022
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estou fazendo referência ao tópico que fizeram a mesma pergunta mas trocando cogumelos por vida real, pois eu estou pensando nisso desde quando li esse tópico no começo do mês, e desde então eu não cheguei perto de cogumelos.
eu tenho na memória a quantidade de pessoas aqui mesmo no fórum que enxergam o cogumelo como uma ferramenta de transformação de realidade, como se você pudesse ter "A experiência" e isso fosse transformar todo o mundo a sua volta, no nível de você nunca mais precisar usá-los. eu não discordo disso, hoje entendo todo o contexto das medicinas sagradas, de onde elas vieram, e por quem eram usadas muito antes de nós, e isso deve ser importante, não deve ser esquecido, principalmente a parte de que o contexto em que viviam era muito diferente do que nós vivemos hoje, nem existia a possibilidade de você estar tão fodido da mente e do corpo porque nesse caso você morreria. desculpe o palavreado, mas eu realmente quero expressar minhas emoções nesse texto.
apesar de saber essas coisas, eu me senti cobrada e por isso estou aqui tendo essa experiência no mundo real sem medicinas. o que mudou? agora eu consigo valorizar a vida da mesma maneira que sempre valorizei a morte, mas sair do meu quarto continua sendo horrível. eu posso compreender melhor as pessoas e é ótimo, mas apenas quando elas não estão sendo impacientes, intolerantes, egoísta, e tantos outros atributos negativos que constitui 90% das pessoas que vou encontrar lá fora, e eu nunca fui indiferente a isso, e agora eu sou menos ainda, porque todos os dias eu volto para o meu quarto pensando que ideia estúpida foi essa de sair daqui.
quando as pessoas falam comigo as vezes eu penso se elas conseguem ter a mínima ideia do quão fodida foi minha vida para achar que tem qualquer autoridade para julgar quem eu sou, enquanto estão com suas famílias, seus empregos, e sua bolha social onde tudo parece fácil e eu devo ser só uma mimada que mora com os pais e torra o dinheiro deles com cogumelo, não é? mas alguém foi gente o suficiente para pensar o que precisaria acontecer para hoje eu ter esse lugar seguro? o quão desnorteada é preciso estar para engolir 5g de cogumelo sem experiência alguma enquanto as críticas mais pesadas vem daqueles que não tem coragem de passar a língua em um? não dá para achar ok.
eu me pergunto, quantos desses sábios passaram fome na rua, deram o corpo pra ter onde morar, foram espancados, abusados, internados, e de repente foram jogados de volta ao mundo com um "se vira" e ainda teve que ler "ah imagine ela falando to me cortando, vou me matar kkkk" como se eu fosse uma retardada que se corta para chamar atenção. não, eu me corto porque meu corpo dói cada vez que me movo, e eu estou desesperada, minha alma está doendo, e não tem nada que eu possa fazer a não ser acreditar e continuar andando, como venho fazendo, não é uma piada. comer cogumelo é fácil porque eu já comi lixo, papelão, tijolo, e qualquer coisa que pudesse diminuir um pouco o desconforto, mas o único conforto que encontrei foi cortando, vendo o sangue escorrer quente, até a hora que não está doendo mais, mas isso deve estar muito longe da sua compreensão, tem que sofrer um pouco na vida para ser menos babaca.
bom, demonstrar sentimento parece difícil, eu já perdi completamente o rumo do post, mas eu quero continuar isso, porque eu sei que um dia alguém tão esforçada e desesperada como eu vai ler isso, e eu sinto quase uma responsabilidade de demonstrar pra você que o mundo é legal, que as pessoas são bacanas, e que tudo vai dar certo, mesmo não encontrando como fazer isso agora, mas eu vou achar um jeito.
essa é a primeira vez que eu choro sem cogumelo desde que comecei a usar, mas dessa vez é só dor mesmo. não por ser eu, sei tudo que fui capaz e tudo que não fui. sei quantas vezes eu pensei em ir atrás de babacas e não dar 7, mas 50 facadas, 100 facadas, até que toda a dor de todos esses anos pudesse ser transferida, enfiada na alma para nunca mais sair, mas só abaixei a cabeça e pedi desculpa, deixei que fizessem o que queriam na esperança que isso pudesse suprir alguma coisa que estivesse faltando, mas não sabem quando parar, isso é ruim.
eu sinto muito por tudo que eu escrevi, mas quando penso sobre a vida real sem magia são esses os sentimentos que me acompanham. benéfico? talvez nos contos nos retiros. no lugar que eu vivo, só com muito cogumelo e músicas aparentemente ruins que me fazem acreditar em um futuro ao menos suportável.
não me dê nenhum conselho, eu nunca precisei de ninguém pra levantar, eu só preciso interagir com alguém, faz falta isso. eu lembro das histórias da minha avó quando eu era bem pequena, eram só histórias que ela contava com uma expressão diferente no rosto que eu não entendia, eram experiências valiosas de uma realidade muito diferente, mas ela nunca me julgou ou me disse o que fazer, apenas gostava de contar e eu gostava de ouvir. eu ainda não entendo a expressão, porque eu não lembro mais do rosto dela, por mais que eu tente, ela foi a única pessoa durante toda a minha vida que quis estar comigo, simplesmente estar, sem porquê.
mas talvez seja melhor assim, não há mais nada. estou livre.
eu tenho na memória a quantidade de pessoas aqui mesmo no fórum que enxergam o cogumelo como uma ferramenta de transformação de realidade, como se você pudesse ter "A experiência" e isso fosse transformar todo o mundo a sua volta, no nível de você nunca mais precisar usá-los. eu não discordo disso, hoje entendo todo o contexto das medicinas sagradas, de onde elas vieram, e por quem eram usadas muito antes de nós, e isso deve ser importante, não deve ser esquecido, principalmente a parte de que o contexto em que viviam era muito diferente do que nós vivemos hoje, nem existia a possibilidade de você estar tão fodido da mente e do corpo porque nesse caso você morreria. desculpe o palavreado, mas eu realmente quero expressar minhas emoções nesse texto.
apesar de saber essas coisas, eu me senti cobrada e por isso estou aqui tendo essa experiência no mundo real sem medicinas. o que mudou? agora eu consigo valorizar a vida da mesma maneira que sempre valorizei a morte, mas sair do meu quarto continua sendo horrível. eu posso compreender melhor as pessoas e é ótimo, mas apenas quando elas não estão sendo impacientes, intolerantes, egoísta, e tantos outros atributos negativos que constitui 90% das pessoas que vou encontrar lá fora, e eu nunca fui indiferente a isso, e agora eu sou menos ainda, porque todos os dias eu volto para o meu quarto pensando que ideia estúpida foi essa de sair daqui.
quando as pessoas falam comigo as vezes eu penso se elas conseguem ter a mínima ideia do quão fodida foi minha vida para achar que tem qualquer autoridade para julgar quem eu sou, enquanto estão com suas famílias, seus empregos, e sua bolha social onde tudo parece fácil e eu devo ser só uma mimada que mora com os pais e torra o dinheiro deles com cogumelo, não é? mas alguém foi gente o suficiente para pensar o que precisaria acontecer para hoje eu ter esse lugar seguro? o quão desnorteada é preciso estar para engolir 5g de cogumelo sem experiência alguma enquanto as críticas mais pesadas vem daqueles que não tem coragem de passar a língua em um? não dá para achar ok.
eu me pergunto, quantos desses sábios passaram fome na rua, deram o corpo pra ter onde morar, foram espancados, abusados, internados, e de repente foram jogados de volta ao mundo com um "se vira" e ainda teve que ler "ah imagine ela falando to me cortando, vou me matar kkkk" como se eu fosse uma retardada que se corta para chamar atenção. não, eu me corto porque meu corpo dói cada vez que me movo, e eu estou desesperada, minha alma está doendo, e não tem nada que eu possa fazer a não ser acreditar e continuar andando, como venho fazendo, não é uma piada. comer cogumelo é fácil porque eu já comi lixo, papelão, tijolo, e qualquer coisa que pudesse diminuir um pouco o desconforto, mas o único conforto que encontrei foi cortando, vendo o sangue escorrer quente, até a hora que não está doendo mais, mas isso deve estar muito longe da sua compreensão, tem que sofrer um pouco na vida para ser menos babaca.
bom, demonstrar sentimento parece difícil, eu já perdi completamente o rumo do post, mas eu quero continuar isso, porque eu sei que um dia alguém tão esforçada e desesperada como eu vai ler isso, e eu sinto quase uma responsabilidade de demonstrar pra você que o mundo é legal, que as pessoas são bacanas, e que tudo vai dar certo, mesmo não encontrando como fazer isso agora, mas eu vou achar um jeito.
essa é a primeira vez que eu choro sem cogumelo desde que comecei a usar, mas dessa vez é só dor mesmo. não por ser eu, sei tudo que fui capaz e tudo que não fui. sei quantas vezes eu pensei em ir atrás de babacas e não dar 7, mas 50 facadas, 100 facadas, até que toda a dor de todos esses anos pudesse ser transferida, enfiada na alma para nunca mais sair, mas só abaixei a cabeça e pedi desculpa, deixei que fizessem o que queriam na esperança que isso pudesse suprir alguma coisa que estivesse faltando, mas não sabem quando parar, isso é ruim.
eu sinto muito por tudo que eu escrevi, mas quando penso sobre a vida real sem magia são esses os sentimentos que me acompanham. benéfico? talvez nos contos nos retiros. no lugar que eu vivo, só com muito cogumelo e músicas aparentemente ruins que me fazem acreditar em um futuro ao menos suportável.
não me dê nenhum conselho, eu nunca precisei de ninguém pra levantar, eu só preciso interagir com alguém, faz falta isso. eu lembro das histórias da minha avó quando eu era bem pequena, eram só histórias que ela contava com uma expressão diferente no rosto que eu não entendia, eram experiências valiosas de uma realidade muito diferente, mas ela nunca me julgou ou me disse o que fazer, apenas gostava de contar e eu gostava de ouvir. eu ainda não entendo a expressão, porque eu não lembro mais do rosto dela, por mais que eu tente, ela foi a única pessoa durante toda a minha vida que quis estar comigo, simplesmente estar, sem porquê.
mas talvez seja melhor assim, não há mais nada. estou livre.