- 14/04/2015
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Dia 12/09/2015 chego eu em casa, depois do trabalho, e me vejo com a seguinte oportunidade: tomo cogumelo no primeiro dia quando chego do trabalho e tenho dois dias de descanso, apesar de minha mente e corpo estarem estafados na hora da experiência; mas pelo menos não estou com meu filho em casa e de certa forma é melhor do que tomar nos dias 2 ou 3, que me dão menos tempo de descanso depois. Mas, na decisão final de tomar, notei que ter o descanso posterior é mais importante, porque a trip cansado pode ser apenas mais pesada de se levar, mas ainda assim é uma trip útil, enquanto perder o descanso do dia seguinte seria pior. Bem, uma vez que meu filho viria pra minha casa no dia seguinte (segunda), decidi de vez tomar então no domingão à tarde mesmo, e de noite estaria também melhor para estar com minha mulher.
Também havia um outro fator preponderante para eu tomar o cogumelo: como havia chegado do trabalho, estava há raras 40 horas sem fumar maconha, então a trip do cogumelo poderia ser mais pura ainda, sem influência da cannabis no organismo. Era, enfim, uma boa chance e, ao contrário do LSD (que dura 12-16 horas), o cogumelo é mais suportável quando estou muito cansado. Apesar de ser muito mais intenso, é justamente mais rápido, então é mais rápido de suportar.
Bem, como sempre, minha mulher fez o chá pra mim , desta vez de 3,9 gramas secos de cubensis Keepers Creepers. Meu contexto de tolerância: uma trip de cerca de 3,5 gramas secos de cubensis 16 dias antes, e uma trip de LSD (cerca de 200-240 microgramas) 9 dias antes.
Nós nos deitamos na cama e pensamos em algum filme de humor para vermos juntos, sendo que só eu tomei o chá. Bem, não deu 5 minutos e começou o efeito forte de náuseas, então fui até meu pipe de cannabis e dei três tragos. O objetivo era só ajudar na náusea, então não passou de 3 bolas mesmo, para só aliviar um pouco o corpo, sem efeitos psicotrópicos. E tornei a deitar. Em breve a náusea iria embora, antes do pico.
Passaram mais cinco minutos, mal começou o filme e eu disse que era impossível, que era melhor parar e assistir depois. Nas últimas trips ela ficou no quarto comigo vendo seriado enquanto eu estava viajando. Na verdade, o que passava na TV era simplesmente ignorado por mim. Mas, nesse dia, por fazer cedo e pela intenção também de me recarregar, então falei com ela que talvez dessa vez fosse melhor eu colocar um som de fundo especia pra trip. Assim, ela foi tranquilamente pra sala (está bem acostumada à minha psicodelia) e eu coloquei um chill-out de duas horas (Johnn Blue - Sequoia Temple), estilo musical eletrônico que eu queria conhecer, pra coincidir com o pico da experiência, crente que era uma coisa calmante pelo nome... Levo engano! :roflmao:
Bem, divertido foi que enquanto eu dei o pulo aqui no CM eu dei uma olhada no chat e estava muuuuito louco de se ver, com cada linha correndo pra um lado diferente. Um membro tinha me respondido algo que eu tinha perguntado antes, que eu demorei pra entender porque as palavras pareciam se repetir demais. Como estava louco, deixei pra voltar e agradecer a resposta mais tarde. Fui deitar vendo a tela com as imagens do clipe de Chill-out, que estavam muito loucas de se verem.
Bem, deitado na cama, ouvindo esse som muito doido, veio o pico da experiência. Basicamente, eu sentia muito frio, então me enrolava no cobertor na cama, enquanto ouvia o som. Às vezes a música era tranquila, às vezes ela me parecia mais perturbadora que a viagem do cogumelo na minha cabeça. Não sei até que ponto a trip foi influenciada pela musicalidade, exceto pela parte em que rolou um trecho de reggae e aí eu pude sentir o groove... :fumar:
Não fumei, mas nesses minutos de reggae desse som louco, me passou uma energia tão boa, uma paz, uma conexão boa. De certa forma, é como se eu tivesse me sentindo me conectando à esfera vibratória dos rastas e isso foi muito legal ! Lembro que no meio de toda a confusão que eu sentia, de todos os pensamentos que eu tinha que lidar ruins sobre trabalho, sobre meu nome aparecer numa matéria do Fantástico em poucas horas (afinal, domingo à tarde era a trip, de noite teve Fantástico)... Na hora que rolou o "pã , pã , pã" do reggae, eu senti algo leve, algo divino quase.
Por que não dizer que o reggae que a gente curte hoje em dia é apenas uma apropriação pop de uma religião que desenvolveu essa sonoridade justamente por conta de efeitos espirituais que tais ondas - tão cheias de groove - provocam.
Bem, um dos resultados dessa trip de cogumelo foi que agora a cannabis ficou mais enteógena pra mim, sendo que eu não fumei durante a experiência, só bem depois dela. (Pois é, primeiro o álcool perdeu o aspecto raivoso e ficou enteogênico com a 4ª experiência, e agora a erva). Bem, a maconha não era lá essas coisas de espiritualidade pra mim, porque faço uso de entretenimento há quase 20 anos; mas desde que eu comecei na enteogenia, já tenho sentido a erva me conectar a certas faixas vibratórias elevadas, o que me ocorre mais facilmente fumando em cachimbos. Ocorre que, depois dessa experiência em particular, minha consciência sobre a enteogenia da cannabis aumentou muito, a ponto de que a antiga "paranoia" que ainda ocupava um pouco a minha mente (não mais as vozes, mas apenas a preocupação excessiva) foi totalmente desfeita por uma intenção "positiva-elevada-amorosa" na hora de fumar.
Então, o cogumelo, além de me ajudar na curado HPPD auditivo das vozes da maconha, ainda agora conseguiu me limpar de meras paranoias e me mostrar a faixa vibratória positiva e amorosa da erva. Detalhe: eu não fumei na trip! Tudo isso veio de ter simplesmente ouvido o trecho de reggae durante o efeito (- como consequência do groove?). Claro, não deve bastar ouvir reggae com cogumelos pra aprofundar a enteogenia da cannabis, mas era o meu momento da vida (antes de reduzir/abandonar a erva, quero resolver meus problemas com meu uso equivocado e abusivo dela) e a minha trip favoreceu a isso.
Uma ressalva também sobre a cura do HPPD da erva: após o fim da música de fundo, de mais de 2 horas de duração, veio o silêncio. No vazio de barulhos, eu podia ouvir as pessoas na rua. E então eu ficava desejando ouvir-las falando para que eu acompanhasse minha mente distorcendo o que ouvi, para que eu novamente visualizasse e suprimisse mais ainda o mecanismo que criava as vozes dentro da minha mente. Mas, como já estou muito (muito) bem em relação a isso, simplesmente não ocorreu nenhuma alucinação auditiva nessa hora.
Bem, agora de volta ao pico da experiência, como um todo. Eu estava deitado na cama, mas era como se não estivesse lá. Eu estava sozinho, mas era como se sempre tivesse alguém ali do lado. Eu fechava os olhos e começava a delirar, nada além do nível 3 de psicodelia. Pensava muitas coisas. Ao mesmo tempo que pensava "nem estou tão alto na trip quanto pensava", então olhava pro lado e me deva conta que eu estava simplesmente deitado na cama, e não seja lá onde minha mente me levava a toda hora.
Lembro que o quarto quase começou a derreter à minha volta. Eu tive a sensação de começo, como se tudo quisesse se desprender e seguir a gravidade. Mas, não ocorreu. Não cheguei a perder noção do corpo, e além disso, não deixava a experiência de êxtase e prazeres puros ocorrerem. Sempre estava mentalizando e acompanhando a trip.
Houve momentos em que fiz a mesma pergunta "por que eu tomei? Qual era meu objetivo nesa trip?" e não conseguia ter nenhuma resposta. Mas logo em seguida a enxurrada de pensamentos me tomava de novo.
Muitos pensamentos, muitos pensamentos... até que chegou a hora da Teoria da Conspiração. Minha cabeça por muitas vezes não conseguia desvincular do meu trabalho, de várias cenas. Eu avaliava meu comportamento, como sempre faço, e ria das futilidades humanas, ou superava os conflitos mentais mediante máximas morais e éticas que deviam me pautar. Também eventual desamor contra mim caía na roda do karma alheio, nada a me prejudicar. Eu sempre quieto esperando a lucidez que viria posteriormente para tudo esclarecer.
De repente a trip caminha pra tentar me convencer de que algo no meu serviço tinha saído extremamente mal, que eu não sabia, e que ia dar uma merda do caralho. Eu pensei em repórteres disfarçados e tudo mais, que não querem saber da verdade mas apenas de escândalos e levar pessoas inocentes junto. E daí me veio na cabeça: "vou sair hoje no Fantástico" . Isso ao mesmo tempo foi bom e ruim. Foi bom porque (1) eu não tinha nada a fazer até a hora do Fantástico, então o melhor era curtir a trip como se fosse a última da vida, e (2) quando nada sobre mim passasse no Fantástico, se resolvia a conspiração .
Infelizmente, quando a temática do trabalho e da conspiração ingressou na minha mente, ficou até o fim do pico. Nada que eu também vá xingar a mãe de alguém, e é de se esperar quando se toma cogumelo depois de voltar de um trabalho cansativo e estressante. O lado bom é que me forçou a pensar diversas coisas, posturas, etc. Sempre dá pra tirar proveito, mas francamente é um saco pensar em trabalho num pico de trip, prefiro avaliações mais pragmáticas da minha vida na fase de aterrizagem da psicodelia, creio que sejam mais úteis.
Até que a música acaboue eu pensei "vou matar o @Cosmik, que upou essa música" e eu falei "c..... que som doido da p.....", que som louco: me jogou pra lá e pra cá igual uma bola de pingue-pongue mental. Daí, em total silêncio, fiquei deitado mais coisa de 30 minutos, ou um pouco mais, não sei, até o pico chegar ao fim. E finalmente capaz de "mais ou menos muito bem" me comunicar com minha mulher, ingressei na segunda etapa da trip, agora que não precisava mais ser toda dentro de mim. Chegou ao fim o pico, era hora de mudar um pouco o setting.
Fui ver o clássico dos clássicos de humor psicodélico, Medo e Delírio em Las Vegas ! Essa foi a segunda vez que o assisti, e eu já me propus a ver esse filme pelo menos 20-30 vezes na vida, todas viajando de alguma coisa, preferencialmente psicodélicos . Era a hora de rir, porque a trip até ali foi muito pesada, sobre trabalho e seus problemas . E digo: ri muito! E só não ria quando sem querer deixava de prestar atenção pra pensar na Teoria da Conspiração, mas ciente que após o Fantástico teria a verdade - ou minha vida mudava, ou continuava igual .
Bem, da metade do filme pra lá, já estava bem o suficiente pra retornar ao chat do CM e agradecer a tal resposta que falei antes. Bem, ocorre que eu ainda estava bem sob efeito (as letras só corriam um pouco), e comecei a dar vazão à minha teoria da conspiração no chat . Falei, falei, falei, falei, falei, falei, falei, falei . Depois me dei conta como se deu a passagem de nada dizer até falar tudo, e aprendi mais um pouco a me segurar para as próximas viagens .
O começo do Fantástico coincidiu com a aterrizagem, mas eu não vi. O fim do Fantástico também coincidiu com o fim de todo efeito. E, bem, ninguém disse meu nome por lá, que eu perguntei a um amigo pela internet que estava vendo ! Fim de conspiração - viva um mundo amoroso!
Por fim, só fui fumar o primeiro back do dia pouco antes de dormir, feliz com minha mulher. Ainda coloquei um reggae pra ela ouvir nessa hora, e enquanto eu dançava/pulava eu falava algo que concluía na hora: "as pessoas não entendem que essa forma de dança do reggae é um jeito de relaxamento do corpo e do espírito, é algo sábio, mas as pessoas não sabem só dançam, só que repare como esse movimento faz a energia do corpo fluir e se renovar", e ia pulando .
No dia seguinte, estava bem com meu filho. E até hoje, quase 15 dias depois, mantenho o reforço de melhorias pra minha que consegui pensar nessa trip. Finalmente vim relatar essa experiência, e amanhã ou depois farei a minha próxima.
Também havia um outro fator preponderante para eu tomar o cogumelo: como havia chegado do trabalho, estava há raras 40 horas sem fumar maconha, então a trip do cogumelo poderia ser mais pura ainda, sem influência da cannabis no organismo. Era, enfim, uma boa chance e, ao contrário do LSD (que dura 12-16 horas), o cogumelo é mais suportável quando estou muito cansado. Apesar de ser muito mais intenso, é justamente mais rápido, então é mais rápido de suportar.
Bem, como sempre, minha mulher fez o chá pra mim , desta vez de 3,9 gramas secos de cubensis Keepers Creepers. Meu contexto de tolerância: uma trip de cerca de 3,5 gramas secos de cubensis 16 dias antes, e uma trip de LSD (cerca de 200-240 microgramas) 9 dias antes.
Nós nos deitamos na cama e pensamos em algum filme de humor para vermos juntos, sendo que só eu tomei o chá. Bem, não deu 5 minutos e começou o efeito forte de náuseas, então fui até meu pipe de cannabis e dei três tragos. O objetivo era só ajudar na náusea, então não passou de 3 bolas mesmo, para só aliviar um pouco o corpo, sem efeitos psicotrópicos. E tornei a deitar. Em breve a náusea iria embora, antes do pico.
Passaram mais cinco minutos, mal começou o filme e eu disse que era impossível, que era melhor parar e assistir depois. Nas últimas trips ela ficou no quarto comigo vendo seriado enquanto eu estava viajando. Na verdade, o que passava na TV era simplesmente ignorado por mim. Mas, nesse dia, por fazer cedo e pela intenção também de me recarregar, então falei com ela que talvez dessa vez fosse melhor eu colocar um som de fundo especia pra trip. Assim, ela foi tranquilamente pra sala (está bem acostumada à minha psicodelia) e eu coloquei um chill-out de duas horas (Johnn Blue - Sequoia Temple), estilo musical eletrônico que eu queria conhecer, pra coincidir com o pico da experiência, crente que era uma coisa calmante pelo nome... Levo engano! :roflmao:
Bem, divertido foi que enquanto eu dei o pulo aqui no CM eu dei uma olhada no chat e estava muuuuito louco de se ver, com cada linha correndo pra um lado diferente. Um membro tinha me respondido algo que eu tinha perguntado antes, que eu demorei pra entender porque as palavras pareciam se repetir demais. Como estava louco, deixei pra voltar e agradecer a resposta mais tarde. Fui deitar vendo a tela com as imagens do clipe de Chill-out, que estavam muito loucas de se verem.
Bem, deitado na cama, ouvindo esse som muito doido, veio o pico da experiência. Basicamente, eu sentia muito frio, então me enrolava no cobertor na cama, enquanto ouvia o som. Às vezes a música era tranquila, às vezes ela me parecia mais perturbadora que a viagem do cogumelo na minha cabeça. Não sei até que ponto a trip foi influenciada pela musicalidade, exceto pela parte em que rolou um trecho de reggae e aí eu pude sentir o groove... :fumar:
Não fumei, mas nesses minutos de reggae desse som louco, me passou uma energia tão boa, uma paz, uma conexão boa. De certa forma, é como se eu tivesse me sentindo me conectando à esfera vibratória dos rastas e isso foi muito legal ! Lembro que no meio de toda a confusão que eu sentia, de todos os pensamentos que eu tinha que lidar ruins sobre trabalho, sobre meu nome aparecer numa matéria do Fantástico em poucas horas (afinal, domingo à tarde era a trip, de noite teve Fantástico)... Na hora que rolou o "pã , pã , pã" do reggae, eu senti algo leve, algo divino quase.
Por que não dizer que o reggae que a gente curte hoje em dia é apenas uma apropriação pop de uma religião que desenvolveu essa sonoridade justamente por conta de efeitos espirituais que tais ondas - tão cheias de groove - provocam.
Bem, um dos resultados dessa trip de cogumelo foi que agora a cannabis ficou mais enteógena pra mim, sendo que eu não fumei durante a experiência, só bem depois dela. (Pois é, primeiro o álcool perdeu o aspecto raivoso e ficou enteogênico com a 4ª experiência, e agora a erva). Bem, a maconha não era lá essas coisas de espiritualidade pra mim, porque faço uso de entretenimento há quase 20 anos; mas desde que eu comecei na enteogenia, já tenho sentido a erva me conectar a certas faixas vibratórias elevadas, o que me ocorre mais facilmente fumando em cachimbos. Ocorre que, depois dessa experiência em particular, minha consciência sobre a enteogenia da cannabis aumentou muito, a ponto de que a antiga "paranoia" que ainda ocupava um pouco a minha mente (não mais as vozes, mas apenas a preocupação excessiva) foi totalmente desfeita por uma intenção "positiva-elevada-amorosa" na hora de fumar.
Então, o cogumelo, além de me ajudar na cura
Uma ressalva também sobre a cura do HPPD da erva: após o fim da música de fundo, de mais de 2 horas de duração, veio o silêncio. No vazio de barulhos, eu podia ouvir as pessoas na rua. E então eu ficava desejando ouvir-las falando para que eu acompanhasse minha mente distorcendo o que ouvi, para que eu novamente visualizasse e suprimisse mais ainda o mecanismo que criava as vozes dentro da minha mente. Mas, como já estou muito (muito) bem em relação a isso, simplesmente não ocorreu nenhuma alucinação auditiva nessa hora.
Bem, agora de volta ao pico da experiência, como um todo. Eu estava deitado na cama, mas era como se não estivesse lá. Eu estava sozinho, mas era como se sempre tivesse alguém ali do lado. Eu fechava os olhos e começava a delirar, nada além do nível 3 de psicodelia. Pensava muitas coisas. Ao mesmo tempo que pensava "nem estou tão alto na trip quanto pensava", então olhava pro lado e me deva conta que eu estava simplesmente deitado na cama, e não seja lá onde minha mente me levava a toda hora.
Lembro que o quarto quase começou a derreter à minha volta. Eu tive a sensação de começo, como se tudo quisesse se desprender e seguir a gravidade. Mas, não ocorreu. Não cheguei a perder noção do corpo, e além disso, não deixava a experiência de êxtase e prazeres puros ocorrerem. Sempre estava mentalizando e acompanhando a trip.
Houve momentos em que fiz a mesma pergunta "por que eu tomei? Qual era meu objetivo nesa trip?" e não conseguia ter nenhuma resposta. Mas logo em seguida a enxurrada de pensamentos me tomava de novo.
Muitos pensamentos, muitos pensamentos... até que chegou a hora da Teoria da Conspiração. Minha cabeça por muitas vezes não conseguia desvincular do meu trabalho, de várias cenas. Eu avaliava meu comportamento, como sempre faço, e ria das futilidades humanas, ou superava os conflitos mentais mediante máximas morais e éticas que deviam me pautar. Também eventual desamor contra mim caía na roda do karma alheio, nada a me prejudicar. Eu sempre quieto esperando a lucidez que viria posteriormente para tudo esclarecer.
De repente a trip caminha pra tentar me convencer de que algo no meu serviço tinha saído extremamente mal, que eu não sabia, e que ia dar uma merda do caralho. Eu pensei em repórteres disfarçados e tudo mais, que não querem saber da verdade mas apenas de escândalos e levar pessoas inocentes junto. E daí me veio na cabeça: "vou sair hoje no Fantástico" . Isso ao mesmo tempo foi bom e ruim. Foi bom porque (1) eu não tinha nada a fazer até a hora do Fantástico, então o melhor era curtir a trip como se fosse a última da vida, e (2) quando nada sobre mim passasse no Fantástico, se resolvia a conspiração .
Infelizmente, quando a temática do trabalho e da conspiração ingressou na minha mente, ficou até o fim do pico. Nada que eu também vá xingar a mãe de alguém, e é de se esperar quando se toma cogumelo depois de voltar de um trabalho cansativo e estressante. O lado bom é que me forçou a pensar diversas coisas, posturas, etc. Sempre dá pra tirar proveito, mas francamente é um saco pensar em trabalho num pico de trip, prefiro avaliações mais pragmáticas da minha vida na fase de aterrizagem da psicodelia, creio que sejam mais úteis.
Até que a música acabou
Fui ver o clássico dos clássicos de humor psicodélico, Medo e Delírio em Las Vegas ! Essa foi a segunda vez que o assisti, e eu já me propus a ver esse filme pelo menos 20-30 vezes na vida, todas viajando de alguma coisa, preferencialmente psicodélicos . Era a hora de rir, porque a trip até ali foi muito pesada, sobre trabalho e seus problemas . E digo: ri muito! E só não ria quando sem querer deixava de prestar atenção pra pensar na Teoria da Conspiração, mas ciente que após o Fantástico teria a verdade - ou minha vida mudava, ou continuava igual .
Bem, da metade do filme pra lá, já estava bem o suficiente pra retornar ao chat do CM e agradecer a tal resposta que falei antes. Bem, ocorre que eu ainda estava bem sob efeito (as letras só corriam um pouco), e comecei a dar vazão à minha teoria da conspiração no chat . Falei, falei, falei, falei, falei, falei, falei, falei . Depois me dei conta como se deu a passagem de nada dizer até falar tudo, e aprendi mais um pouco a me segurar para as próximas viagens .
O começo do Fantástico coincidiu com a aterrizagem, mas eu não vi. O fim do Fantástico também coincidiu com o fim de todo efeito. E, bem, ninguém disse meu nome por lá, que eu perguntei a um amigo pela internet que estava vendo ! Fim de conspiração - viva um mundo amoroso!
Por fim, só fui fumar o primeiro back do dia pouco antes de dormir, feliz com minha mulher. Ainda coloquei um reggae pra ela ouvir nessa hora, e enquanto eu dançava/pulava eu falava algo que concluía na hora: "as pessoas não entendem que essa forma de dança do reggae é um jeito de relaxamento do corpo e do espírito, é algo sábio, mas as pessoas não sabem só dançam, só que repare como esse movimento faz a energia do corpo fluir e se renovar", e ia pulando .
No dia seguinte, estava bem com meu filho. E até hoje, quase 15 dias depois, mantenho o reforço de melhorias pra minha que consegui pensar nessa trip. Finalmente vim relatar essa experiência, e amanhã ou depois farei a minha próxima.
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