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5ª experiência (relato longo)

gauche

Hifa
Cadastrado
27/07/2015
15
10
Peço desculpas pelo relato longo e fragmentado, mas é que já não lembro direito da sequência dos acontecimentos...

Buenas. No sábado passado tive minha quinta experiência com os cogus. Foi assim...
10h30: Não sei exatamente a dosagem, mas creio que foi entre 2,5gr e 3gr de cogus secos. Fiquei meio sentada meio deitada no sofá, escutando música, esperando bater. Estava muito agradável escutar música (na hora tava tocando Satwa), como sempre é quando estou sob efeito. Porém não estava sentindo mais nada, nadinha mesmo.

12h: já era meio dia e ainda não havia batido, eu pensei "fudeu, não vai bater mais, já faz uma hora e meia". Fiquei mais um pouco dentro de casa, mandei algumas mensagens pra um amigo dizendo que não tinha batido. Nessa hora resolvi ir pro quintal porque estava muito frio e lá tava batendo um solzinho...

+ ou - 12h30: sentei no chão do quintal e fiquei lá. Logo veio uma das minhas gatas e ficou reborqueando no chão, parecia uma cobrinha rsrsrs comecei a rir muito até que não consegui segurar e comecei a gargalhar. Eu falava para ela parar e parecia que quanto mais eu ria mais ela se virava rsrs daí então vi que tava batendo
Depois disso, fiquei quieta. Coloquei a cabeça entre as pernas e fiquei ali, só pegando o calor do sol. Começou a vir uma voz de dentro de mim, como se fosse uma segunda identidade (era exatamente assim que eu sentia) me dizendo que meus pais me botavam uma camisa de força, que tudo o que eu havia vivido até ali não era eu, que eu só era daquele jeito pq fui me moldando ao que eles queriam que eu fosse. Comecei a ficar angustiada, mas ia escutando tudo, aos poucos. Quando essa voz "disse" que na verdade eu era lésbica, que eu devia raspar o cabelo (rs) pensei "Peraí, isso é um teste, é um teste pra ver se eu aguento lidar com coisas difíceis..." (na real quando eu tomo cogumelo chega uma hora da viagem em que parece que estão me pregando uma peça, eu tenho que aceitar ouvir coisas difíceis só pra ver se eu não vou "pedir arrego"...se eu peço arrego tenho uma BAD, se eu aceito ouvir as coisas ficam mais tranquilas). Coincidentemente ou não esse pensamento foi se apaziguando até sumir :)
Então, ali mesmo sentada no quintal, senti que estava próximo de uma divindade*. Quando senti isso pensei "então REALMENTE existe alguma coisa espiritual?", comecei a rir de felicidade, era uma felicidade genuína, era como se o mundo não fosse mais o lugar horrível que é rs
Lembro claramente que ele (?) estava sentado em posição de lótus, ele era tipo umas 15 vezes maior do que eu. Me veio à cabeça a imagem de um deus budista, mas não posso dar certeza, pq foi rápido. Eu estava sentada junto a ele, perto de suas pernas, de frente.
Ele me explicava coisas, dizia que há uns 5 níveis de vivência, esse que a gente vive é só um. Há um nível para os mortos, onde ficam os espíritos, e mais alguns outros, como se fossem outras frequências...seria mais ou menos onde as coisas da natureza aconteciam, não sei explicar rs
Ele me explicou que eu poderia ser uma mediadora entre esse nível e o nível dos espíritos, como se eles pudessem falar através de mim (tipo no Ghost kkk). Como se eu tivesse uma sensibilidade naturalmente apurada para essas coisas. Fiquei feliz :)
Depois entrei, não sei porquê.
Dentro de casa a viagem espiritual continuou, era como se uma consciência externa me dissesse que eu deveria cuidar do meu espiritual (mas nunca em tom de censura), me veio à mente entrar em contato com candomblé, e havia alguns sinais para ser essa a religião (tipo: pessoas que conheço que tem incorporação, isso se apresentou como um sinal). Mas não foi nada taxativo do tipo "vc TEM que seguir".
Também senti como se tivesse um propósito espiritual para eu estar na família que nasci, como se de certa forma eu pudesse levar iluminação para eles.
Essa consciência também me "disse" que eu precisava estar junto de um amigo meu (que está em outro estado agora) e de um amigo dele, nós três precisávamos nos encontrar de estar juntos em alguma ocasião (para fazer o que? Não sei.). Não ficou claro pq, mas era muito forte esse "conselho".
Isso já era umas 3, 3 e meia da tarde. Foi tudo apaziguando até eu ter consciência de novo. Depois que a viagem acabou, fiquei meio mal, zonza, com dor de cabeça e ânsia de vômito. Fiquei muito cansada pelos dois/três dias seguintes.

Não tive visões nem nada, infelizmente. Mas a viagem foi muito intensa, acho que foi a segunda mais intensa até agora.
Era isso. Desculpem, o relato não ficou muito descritivo, mas não consegui escrever melhor rs

*me considero (considerava?) ateia/agnóstica, nunca liguei pra religião nem nada. Minha mãe é espírita e conheço um pouco da doutrina por ela, mas só.
 
Massa o relato, @gauche. :)

tenho que aceitar ouvir coisas difíceis só pra ver se eu não vou "pedir arrego"...se eu peço arrego tenho uma BAD, se eu aceito ouvir as coisas ficam mais tranquilas).

Eu tenho também sempre uma fase bem difícil nas trips, de pensamentos e sentimentos confusos, perturbadores, etc. É um fluxo às vezes intenso e acompanhado de uma tendência ao desespero devido ao que é pensado e sentido, que no entanto eu fico tranquilo e sei que vai passar. Aquilo tudo vai vazando do meu subconsciente pra minha mente, sentimentos e pensamentos que por vezes eu não tenho, que não correspondem a mim e a quem sou em sua maioria, alguns absurdos mas verossímeis naquele instante, que naquela hora fazem com que eu me re-encare de frente, que eu me reveja de uma forma que nunca fiz porque não existe aquilo, que eu estravaze até o que não existe de verdade mas está lá como medo, receio, hipótese, ideias que eu nunca tive e que ali se apresentam para depois passarem e então reafirmarem as coisas boas e verdadeiras da minha personalidade e da minha alma quando vão embora e sobra então o verdadeiro eu, redivivo. :anjo:

Quando senti isso pensei "então REALMENTE existe alguma coisa espiritual?", comecei a rir de felicidade, era uma felicidade genuína

Muito legal esse contato que teve com a espiritualidade. :coffee:
 
Última edição:
A entidade era um anjo torto, desses que vivem na sombra... :roflmao:

Curiosa essa sensação de ouvir vozes "externas" sob o efeito de cogumelos e outros psicotrópicos. Já senti isso algumas vezes e me fez questionar muito a noção de unidade que todos nós temos. Unidade no sentido de sermos indivíduos. No fundo é uma espécie de recorte dentro da escala universal que fazemos pois por um lado estamos inseridos em um organismo muito maior que é a humanidade (somos inerentemente incapazes de sobrevivermos individualmente por conta própria) e a própria humanidade inserida na vida terrestre e por outro lado somos formados por bilhões de células trabalhando em conjunto, que são formadas por organelas, que são formadas por moléculas e aí vai; tanto no lado macro quanto no micro.... Existimos a partir da união dos genes de dois outros humanos -que consequentemente também vieram de inúmeras uniões - e só nos reproduzimos unindo-nos a outro ser humano.

Nosso próprio cérebro (que também entendemos como uma unidade) é formado pela união de diversas estruturas que também podem ser entendidas unitariamente porém só funcionam em conjunto (hemisférios, cerebelo, corpo caloso...), portanto talvez disso venham essas "conversas" internas que temos sob o efeito de psicodélicos e que algumas pessoas classificadas como doentes mentais também tem.

Diferentes regiões de nossa mente estão constantemente "em debate" e nossas ações vem de uma espécie de consenso entre as partes, talvez nossos momentos de incerteza e confusão venham exatamente da formação de consensos frágeis e as nossas certezas absolutas dos consensos sólidos. Não que um modo seja correto e outro errado, uma mente cheia de dúvidas em muitos casos é mais fértil do que uma cheia de certezas.

Putz, fui longe aqui né? Hehehehe...Mas resumindo: os cogumelos me fizeram por em perspectiva essa noção de "ser unitário" tão arraigada que possuía. Teu relato, e diversos outros aqui do fórum, corroboram com isso.

"Escutamos" entidades espirituais ou "escutamos" todos esses "eus" que nos compõe? Não tenho a resposta definitiva; mas deixo no ar a pergunta.
 
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