Caros participantes do grupo, sempre li muito as informações contidas aqui, mas pela primeira vez resolvi fazer minha própria postagem.
Tenho o hábito de, eventualmente, no máximo uma vez ao mês, comer de 1g a 2g de cubensis e deixar as percepções mais claras para apreciar uma boa música clássica ou algo mais psicodélico, como Pink Floyd e The Doors. Jamais pensei em ter uma experiência mais forte. Essa dosagem pequena deixa em mim uma sensação de que tudo fica intensificado: o belo se torna ainda mais belo; o saboroso, idem. Portanto, apreciar um bom vinho, moderamente, é outra preferência durante as trips, que com essa dosagem como efeito visual trazem imagens simples com os olhos fechados e uma percepção maior da luz.
Pois bem. Acabei cometendo um equívoco ao estimar a quantidade que estava ingerindo, no último sábado, e mergulhei numa assustadora e reveladora experiência, digamos, xamânica. Comprei 5g em um site conhecido e, ao fechar a compra, mandei malandramente ao vendedor: "Se quiser adicionar mais graminhas, fique à vontade". Acreditava que ele fosse indicar que fez essa graça, mas acho que o danado apenas acrescentou o adicional dentro do pacote e ficou quieto.
O pacote chegou pelos Correios, e eu, incauto, separei, no visual, pouco menos que a metade do conteúdo. Ingeri em jejum, depois de beber um chá de boldo e outro de camomila, para fortificar o sistema digestivo.
Quinze minutos depois comecei a sentir uma ansiedade acima das experiências anteriores. E o sentimento foi crescendo até que entrei em transe. Estava na varanda do meu apartamento, cuja porta é de vidro, transparente, por onde entrava a luz do sol. Mas essa claridade já não era apenas uma luz, ela parecia passar por um prisma, dividindo-se em várias cores. Eu não conseguia mais, sequer com força de vontade, não enxergar os fortíssimos tons azuis e verdes fluorescentes. Não resisti de olhos abertos e caí em um estado de semi-inconsciência.
Em minha mente, via sapos, jacarés, uma variedade de reptéis, e uma mistura de formas que remetiam à natureza, a uma floresta. Cipós, cobras, lagartos... aquilo foi se intensificando e me senti assustado com a forma como aquilo ia se mergulhando fundo em minha mente.
Forcei a barra, abri os olhos. Pois bem, aquelas formas sinistras continuavam ali, diante da minha vista, como assombrações. Não adiantava esfregar os olhos e me concentrar, dizer a mim mesmo que aquilo era só coisa da minha cabeça. Estava tudo ali, era como se fosse real. Nada mais era normal, eu estava em algo como uma viagem ao mundo invertido. Lembrei do jogo Zelda, do Snes. Via carrancas sorrindo sinistramente em meus pensamentos. Abria os olhos e presenciava as mesmas imagens, só em que em movimento.
A 40º sinfonia de Mozart tocando alto já nem fazia diferença, pois eu estava tão imerso em meu ser que nem prestava atenção naquilo. Sentia sede, muita, muita sede.
Foi quando senti um frio intenso e uma espécie de inflamação nas vias aéreas. Sou asmático e alérgico a fungos (talvez não seja apropriado que eu consuma cogumelos mágicos) e isso deixou tudo muito assustador. Me tranquei em meu quarto e percebi a trip ir fundo na minha mente e me levar a uma experiência ruim, um sentimento de doença, de moléstia. Com dificuldades, abri os olhos e tentei manter-me consciente. Tive de lutar contra aquilo, pois era assustador demais. Levantei-me, andei pelo apartamento em meio às sombras, aos cipós, às folhas, aos animais sinistros que não paravam de circular em meu campo de visão. A sensação ruim nas vias respiratórias piorava, sentia-me febril. Ao olhar o relógio, apenas 20 minutos haviam se passado. Céus!
Mantive a calma e me concentrei no fato de que seriam, no máximo, mais duas horas imerso naquele pesadelo. Ia passar.
Resolvi andar e lutar contra a trip, rejeitando a recomendação que sempre li aqui no fórum, de embarcar e ir fundo. Foi assustador, foi tenebroso, mas, quando começou a passar, cerca de duas horas depois da ingestão, fui acometido por uma intensa euforia por minha mente ter sobrevivido àquilo.
Foram seis horas de trip, ao todo, dividido na parte do pesadelo e na reflexão a respeito dele. Senti-me febril por mais tempo, talvez umas oito horas ao todo. O frio só passou bem depois. Mas as sequelas ficaram até o dia seguinte, em que minhas pupilas permaneceram dilatadas, percebendo as cores de maneira mais intensa. Acho que até agora (dois dias depois) ainda estou meio que zen.
Embora eu prefira evitar, talvez eu seria capaz de repetir a experiência. A explicação é que eu sinto que me conheço muito melhor agora do que antes dela. Foi tenebroso, foi assustador, mas agora me sinto mais corajoso. Mais feliz, inclusive. Pode até ser passageiro, mas é o que sinto. Parece que superei algo realmente grande e percebi o poder da minha mente. O grande receio é, de fato, a reação física nas vias aéreas e a sensação febril, de prostração. Parecia uma coceira, uma inflamação. Em tempos de coronavírus não é legal sentir isso.
Fui escutar músicas depois disso e passei a compreender melhor as letras e a sonoridade, sobretudo, das canções do primeiro disco do Zé Ramalho, que resolvi escutar por ter pensado muito na música "A Dança das Borboletas". "Alice no País das Maravilhas" é uma história que ganhou novo sentido para mim. Pareço ter ido ao "país das maravilhas".
Sou ateu, mas chego agora a vislumbrar a crença em algo inexplicavelmente espiritual, ligando nossas mentes à natureza, ligadas por esse portal que é a psilocibina. Vai saber...
Gostaria de saber se tive apenas uma trip forte normal ou se minha experiência foi, digamos, mais assustadora que a média.
Abraço!
Tenho o hábito de, eventualmente, no máximo uma vez ao mês, comer de 1g a 2g de cubensis e deixar as percepções mais claras para apreciar uma boa música clássica ou algo mais psicodélico, como Pink Floyd e The Doors. Jamais pensei em ter uma experiência mais forte. Essa dosagem pequena deixa em mim uma sensação de que tudo fica intensificado: o belo se torna ainda mais belo; o saboroso, idem. Portanto, apreciar um bom vinho, moderamente, é outra preferência durante as trips, que com essa dosagem como efeito visual trazem imagens simples com os olhos fechados e uma percepção maior da luz.
Pois bem. Acabei cometendo um equívoco ao estimar a quantidade que estava ingerindo, no último sábado, e mergulhei numa assustadora e reveladora experiência, digamos, xamânica. Comprei 5g em um site conhecido e, ao fechar a compra, mandei malandramente ao vendedor: "Se quiser adicionar mais graminhas, fique à vontade". Acreditava que ele fosse indicar que fez essa graça, mas acho que o danado apenas acrescentou o adicional dentro do pacote e ficou quieto.
O pacote chegou pelos Correios, e eu, incauto, separei, no visual, pouco menos que a metade do conteúdo. Ingeri em jejum, depois de beber um chá de boldo e outro de camomila, para fortificar o sistema digestivo.
Quinze minutos depois comecei a sentir uma ansiedade acima das experiências anteriores. E o sentimento foi crescendo até que entrei em transe. Estava na varanda do meu apartamento, cuja porta é de vidro, transparente, por onde entrava a luz do sol. Mas essa claridade já não era apenas uma luz, ela parecia passar por um prisma, dividindo-se em várias cores. Eu não conseguia mais, sequer com força de vontade, não enxergar os fortíssimos tons azuis e verdes fluorescentes. Não resisti de olhos abertos e caí em um estado de semi-inconsciência.
Em minha mente, via sapos, jacarés, uma variedade de reptéis, e uma mistura de formas que remetiam à natureza, a uma floresta. Cipós, cobras, lagartos... aquilo foi se intensificando e me senti assustado com a forma como aquilo ia se mergulhando fundo em minha mente.
Forcei a barra, abri os olhos. Pois bem, aquelas formas sinistras continuavam ali, diante da minha vista, como assombrações. Não adiantava esfregar os olhos e me concentrar, dizer a mim mesmo que aquilo era só coisa da minha cabeça. Estava tudo ali, era como se fosse real. Nada mais era normal, eu estava em algo como uma viagem ao mundo invertido. Lembrei do jogo Zelda, do Snes. Via carrancas sorrindo sinistramente em meus pensamentos. Abria os olhos e presenciava as mesmas imagens, só em que em movimento.
A 40º sinfonia de Mozart tocando alto já nem fazia diferença, pois eu estava tão imerso em meu ser que nem prestava atenção naquilo. Sentia sede, muita, muita sede.
Foi quando senti um frio intenso e uma espécie de inflamação nas vias aéreas. Sou asmático e alérgico a fungos (talvez não seja apropriado que eu consuma cogumelos mágicos) e isso deixou tudo muito assustador. Me tranquei em meu quarto e percebi a trip ir fundo na minha mente e me levar a uma experiência ruim, um sentimento de doença, de moléstia. Com dificuldades, abri os olhos e tentei manter-me consciente. Tive de lutar contra aquilo, pois era assustador demais. Levantei-me, andei pelo apartamento em meio às sombras, aos cipós, às folhas, aos animais sinistros que não paravam de circular em meu campo de visão. A sensação ruim nas vias respiratórias piorava, sentia-me febril. Ao olhar o relógio, apenas 20 minutos haviam se passado. Céus!
Mantive a calma e me concentrei no fato de que seriam, no máximo, mais duas horas imerso naquele pesadelo. Ia passar.
Resolvi andar e lutar contra a trip, rejeitando a recomendação que sempre li aqui no fórum, de embarcar e ir fundo. Foi assustador, foi tenebroso, mas, quando começou a passar, cerca de duas horas depois da ingestão, fui acometido por uma intensa euforia por minha mente ter sobrevivido àquilo.
Foram seis horas de trip, ao todo, dividido na parte do pesadelo e na reflexão a respeito dele. Senti-me febril por mais tempo, talvez umas oito horas ao todo. O frio só passou bem depois. Mas as sequelas ficaram até o dia seguinte, em que minhas pupilas permaneceram dilatadas, percebendo as cores de maneira mais intensa. Acho que até agora (dois dias depois) ainda estou meio que zen.
Embora eu prefira evitar, talvez eu seria capaz de repetir a experiência. A explicação é que eu sinto que me conheço muito melhor agora do que antes dela. Foi tenebroso, foi assustador, mas agora me sinto mais corajoso. Mais feliz, inclusive. Pode até ser passageiro, mas é o que sinto. Parece que superei algo realmente grande e percebi o poder da minha mente. O grande receio é, de fato, a reação física nas vias aéreas e a sensação febril, de prostração. Parecia uma coceira, uma inflamação. Em tempos de coronavírus não é legal sentir isso.
Fui escutar músicas depois disso e passei a compreender melhor as letras e a sonoridade, sobretudo, das canções do primeiro disco do Zé Ramalho, que resolvi escutar por ter pensado muito na música "A Dança das Borboletas". "Alice no País das Maravilhas" é uma história que ganhou novo sentido para mim. Pareço ter ido ao "país das maravilhas".
Sou ateu, mas chego agora a vislumbrar a crença em algo inexplicavelmente espiritual, ligando nossas mentes à natureza, ligadas por esse portal que é a psilocibina. Vai saber...
Gostaria de saber se tive apenas uma trip forte normal ou se minha experiência foi, digamos, mais assustadora que a média.
Abraço!
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