- 02/05/2019
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Hoje vou ter trip de cogumelo, espero quebrar o ego, tenho um objetivo claro, meu uso é consciente e espiritual, não estou apenas usando uma substância.
É isso que imagino quando alguém fala sobre a quebra de ego com cubensis ou qualquer psicoativo ou mesmo sem.
Parece uma ideia que alguém vendeu, ela espalha assim como muito adolescente passa pela fase do "a 4 dimensão existe, mas a gente não consegue ver" e fica vendo vídeo no YouTube por horas e horas com hiperfoco. Eu já passei pelas duas situações. Sei que muita gente continua acreditando nos dois e eu não estou criticando ou falando que é errado, mas opinião é só para dar outra perspectiva, não para virar o norte da bússola de todo mundo.
O intuito maior é desprender quem ainda está começando com trips, que ainda procura um fórum na internet quando é mais fácil achar no Instagram. E é exatamente isso, acho que buscando informações fica tão internalizado na pessoa essa ideia, que isso direciona a trip consciente e inconscientemente.
Mas depois de refletir, a única coisa que realmente faz alguém ser alguém, são as memórias, algo impossível de evitar desde antes de aprender a falar, repetir o que observa. Depois que você observa 1 vez se quer, é quase impossível esquecer.
Vou dar um exemplo mais palpável, se assistir um filme de terror, pelo menos pra mim, é certeza que vou lembrar dele na trip, mesmo sem lembrar ativamente, cada detalhe do filme está disponível para ser trazido durante o efeito de alucinógenos.
E essa é a parte mais danosa que eu vejo na crença do ego, porque toda trip vai ficar bloqueada, quando começar a avança, pah, "quebrou o ego" parou de pensar, só passa a sentir e sentir a felicidade de algo que esperava se realizando.
Nas minhas experiências, quanto mais vezes você passa por isso, menos impactante fica, o que é óbvio. "ah, é algo difícil, você nunca teve a experiência de verdade, só sabe quem realmente teve, foi ilusão sua".
Aí que tá, quando você racionaliza isso, ou o filme de terror, percebe que não faz sentido além do show que eles são. Quando acaba, percebe que não mudou uma coisa se quer, se não, o seu próprio ego de "consegui, sou foda, sou especial", o que leva a ideia de "os cogumelos perdem a magia ou a força quando usa com frequência" .
Mas e se esse é exatamente o ponto?
azer a magia acabar, se tornar comum pra conseguir superar a própria barreira que criou porque escutou alguém popular que ditou que esse era o auge, a evolução, a transcendência, ou como já li por aí "atingiu o nirvana".
É igual ilusionismo, se você não sabe como o mágico fez, é impressionante, mas quanto mais você assiste, mais você nota como é feito.
Se eu posso falar como experiência pessoal, a impressão é de que quando você não consegue mais entender, vem a sensação pra te fazer não perceber sua própria limitação. Como se alguém se recusasse a fazer uma prova, porque sabe que não estudou, mas em vez disso falta e diz pra si mesmo "eu iria conseguir se eu tivesse ido".
Como falei, é pessoal e isso não é uma regra, é o oposto disso, é dizer que não deve ficar preso no que um "livro de opinião" escrito por outra pessoa tem que ditar o que esperar. É útil na ciência, quando se tem uma resposta, é uma distração quando é algo intrapessoal. Se quisesse apenas usar cogumelo porque o efeito é gostoso, seria mais proveitoso ter isso como objetivo, se a ideia é evoluir a capacidade de pensar, também é útil se for o que procura. Se a ideia é fugir dos problemas da vida, também pode ajudar dentro do possível.
Não precisa de uma desculpa, de um porto ou terminal pra chegar, afinal, a viagem só começa quando chega no destino, pode se divertir no trajeto, mas ninguém vai pra Cancún por causa da viagem no avião em si, vai pelo local.
E aí quando chega no destino, considera que o auge já foi. É precoce. Eu sinto a trip exatamente assim, os efeitos de alucinações, de espasmos musculares (pessoal meu), de sentimentos fluindo apena como o trajeto, o efeito que espero é após tudo isso, entre o pico e o comedown, quando nada está tirando sua atenção, então consegue ver o que realmente precisa, o que queria.
As vezes o que você queria era exatamente essa sensação "mística" de ter na cabeça que tudo faz sentido, que existe algo maior, ou seja, você não precisa se preocupar. Quando se escreve um texto, precisa pensar no seu público alvo, aqui eu não preciso, porque eu sou o próprio alvo.
Quem está lendo é como ouvir um cochicho que não foi pra você, mas que não foi escondido, porque pode ser útil para alguém que quer avançar mas encontra uma barreira, que pode ou não ser a mesma.
Mas o que seria avançar? Principalmente com uma "droga"? Tem sido a ideia que eu tive, já que sempre volto para o "mesmo local" em toda trip, independente do tempo que passa fora, sempre parece retornar ao mesmo durante.
Avançar seria a possibilidade de escolher o local, poder explorar em vez de ficar preso no mesmo instante. Um segundo eterno, separado pela infinitude experimentada na vida real. Avançar seria então não ficar mais preso pela realidade, mas assumir ela como... Realmente real.
De uma forma abstrata, seria como realmente encostar em alguém e não ser átomos repelindo um ao outro para nunca se encostarem, mas que gera a sensação de tato.
Por isso o ego seria uma das coisas mais importantes, a sua identificação mais pura, saber que o real te formou e você não negou ele, entendeu como suas memórias te fizeram existir e como usar elas como base, não como uma parede de vidro que você precisa quebrar.
Em vez de tentar fugir do teu reflexo, tirar ele do espelho, entender a si mesmo.
Porque o ego já nasce morto, é o estado natural, se não tem a capacidade de avaliar se você existe, se pensa e se o outro existe. Só pode imaginar. Seria como acreditar que matou um amigo imaginário, pra fugir da realização que você é fruto exclusivamente dele.
É isso que imagino quando alguém fala sobre a quebra de ego com cubensis ou qualquer psicoativo ou mesmo sem.
Parece uma ideia que alguém vendeu, ela espalha assim como muito adolescente passa pela fase do "a 4 dimensão existe, mas a gente não consegue ver" e fica vendo vídeo no YouTube por horas e horas com hiperfoco. Eu já passei pelas duas situações. Sei que muita gente continua acreditando nos dois e eu não estou criticando ou falando que é errado, mas opinião é só para dar outra perspectiva, não para virar o norte da bússola de todo mundo.
O intuito maior é desprender quem ainda está começando com trips, que ainda procura um fórum na internet quando é mais fácil achar no Instagram. E é exatamente isso, acho que buscando informações fica tão internalizado na pessoa essa ideia, que isso direciona a trip consciente e inconscientemente.
Mas depois de refletir, a única coisa que realmente faz alguém ser alguém, são as memórias, algo impossível de evitar desde antes de aprender a falar, repetir o que observa. Depois que você observa 1 vez se quer, é quase impossível esquecer.
Vou dar um exemplo mais palpável, se assistir um filme de terror, pelo menos pra mim, é certeza que vou lembrar dele na trip, mesmo sem lembrar ativamente, cada detalhe do filme está disponível para ser trazido durante o efeito de alucinógenos.
E essa é a parte mais danosa que eu vejo na crença do ego, porque toda trip vai ficar bloqueada, quando começar a avança, pah, "quebrou o ego" parou de pensar, só passa a sentir e sentir a felicidade de algo que esperava se realizando.
Nas minhas experiências, quanto mais vezes você passa por isso, menos impactante fica, o que é óbvio. "ah, é algo difícil, você nunca teve a experiência de verdade, só sabe quem realmente teve, foi ilusão sua".
Aí que tá, quando você racionaliza isso, ou o filme de terror, percebe que não faz sentido além do show que eles são. Quando acaba, percebe que não mudou uma coisa se quer, se não, o seu próprio ego de "consegui, sou foda, sou especial", o que leva a ideia de "os cogumelos perdem a magia ou a força quando usa com frequência" .
Mas e se esse é exatamente o ponto?
azer a magia acabar, se tornar comum pra conseguir superar a própria barreira que criou porque escutou alguém popular que ditou que esse era o auge, a evolução, a transcendência, ou como já li por aí "atingiu o nirvana".
É igual ilusionismo, se você não sabe como o mágico fez, é impressionante, mas quanto mais você assiste, mais você nota como é feito.
Se eu posso falar como experiência pessoal, a impressão é de que quando você não consegue mais entender, vem a sensação pra te fazer não perceber sua própria limitação. Como se alguém se recusasse a fazer uma prova, porque sabe que não estudou, mas em vez disso falta e diz pra si mesmo "eu iria conseguir se eu tivesse ido".
Como falei, é pessoal e isso não é uma regra, é o oposto disso, é dizer que não deve ficar preso no que um "livro de opinião" escrito por outra pessoa tem que ditar o que esperar. É útil na ciência, quando se tem uma resposta, é uma distração quando é algo intrapessoal. Se quisesse apenas usar cogumelo porque o efeito é gostoso, seria mais proveitoso ter isso como objetivo, se a ideia é evoluir a capacidade de pensar, também é útil se for o que procura. Se a ideia é fugir dos problemas da vida, também pode ajudar dentro do possível.
Não precisa de uma desculpa, de um porto ou terminal pra chegar, afinal, a viagem só começa quando chega no destino, pode se divertir no trajeto, mas ninguém vai pra Cancún por causa da viagem no avião em si, vai pelo local.
E aí quando chega no destino, considera que o auge já foi. É precoce. Eu sinto a trip exatamente assim, os efeitos de alucinações, de espasmos musculares (pessoal meu), de sentimentos fluindo apena como o trajeto, o efeito que espero é após tudo isso, entre o pico e o comedown, quando nada está tirando sua atenção, então consegue ver o que realmente precisa, o que queria.
As vezes o que você queria era exatamente essa sensação "mística" de ter na cabeça que tudo faz sentido, que existe algo maior, ou seja, você não precisa se preocupar. Quando se escreve um texto, precisa pensar no seu público alvo, aqui eu não preciso, porque eu sou o próprio alvo.
Quem está lendo é como ouvir um cochicho que não foi pra você, mas que não foi escondido, porque pode ser útil para alguém que quer avançar mas encontra uma barreira, que pode ou não ser a mesma.
Mas o que seria avançar? Principalmente com uma "droga"? Tem sido a ideia que eu tive, já que sempre volto para o "mesmo local" em toda trip, independente do tempo que passa fora, sempre parece retornar ao mesmo durante.
Avançar seria a possibilidade de escolher o local, poder explorar em vez de ficar preso no mesmo instante. Um segundo eterno, separado pela infinitude experimentada na vida real. Avançar seria então não ficar mais preso pela realidade, mas assumir ela como... Realmente real.
De uma forma abstrata, seria como realmente encostar em alguém e não ser átomos repelindo um ao outro para nunca se encostarem, mas que gera a sensação de tato.
Por isso o ego seria uma das coisas mais importantes, a sua identificação mais pura, saber que o real te formou e você não negou ele, entendeu como suas memórias te fizeram existir e como usar elas como base, não como uma parede de vidro que você precisa quebrar.
Em vez de tentar fugir do teu reflexo, tirar ele do espelho, entender a si mesmo.
Porque o ego já nasce morto, é o estado natural, se não tem a capacidade de avaliar se você existe, se pensa e se o outro existe. Só pode imaginar. Seria como acreditar que matou um amigo imaginário, pra fugir da realização que você é fruto exclusivamente dele.