- 25/01/2010
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Ouvimos muito falar na dificuldade de esterilização de sementes grandes, como por exemplo o milho.
Descobri que muitos produtos (alimentos) estão sendo esterilizados pelo processo de irradiação por raios gama. Seria interessante a utilização desses produtos no cultivo de cogumelos, que ao meu ver, ficam 100% sem contaminantes e totalmente estéreis.
Irradiação de alimentos é um processo básico de tratamento comparável à pasteurização térmica, ao congelamento ou enlatamento. Este processo envolve a exposição do alimento, embalado ou não, a um dos três tipos de energia ionizante: raios gama, raios X ou feixe de elétrons. Isto é feito em uma sala ou câmara especial de processamento por um tempo determinado. A fonte mais comum de raios gama, para processamento de alimentos, é o radioisótopo 60Co. O alimento é tratado por raios gama, originados do Cobalto 60 em uma instalação conhecida como irradiador,
O fóton gama é uma radiação eletromagnética de comprimento de onda muito curto, semelhante aos fótons: ultravioleta, luz visível, infravermelho, microondas ou ondas de rádio usadas na comunicação, diferenciando dessas pela energia, i.e., pelo seu comprimento de onda muito curto. Lembre-se que a energia se relaciona com o comprimento de onda pela relação
sendo: h = 6,6256x10-34 J.s a constande Planck;
n = a frequência (Herts, Hz ) da onda;
c = 2,998x108 m/s, a velocidade da luz no vácuo e
l = comprimento de onda (metros, m).
Observe, na fórmula, que o comprimento de onda l encontra-se no denominador e portanto quanto menor o seu valor, maior será a energia radiante.
Para você evoluir a compreensão do uso da irradiação de alimentos é importante retomar o conceito de dose absorvida.
Quando é dissipada a energia de um joule (J) em um kilograma (kg) de qualquer material diz-se que o material recebeu a dose de um gray (Gy). Nesta aula vai ser mencionado com muita freqüência o termo gray. Antes de evoluir o tema da irradiação de alimentos vamos explorar alguns fenômenos já bem consolidados pela nossa experiência cotidiana .
Quando cozemos um kilograma de arroz (água + grãos de arroz) ao elevar a temperatura de aproximadamente 20ºC para 100ºC (ponto de ebuliçao da água) o sistema absorve 1000 g x 80ºC 80000 cal/kg ~ 334944 J/kg = 335 kGy. Lembrando que as reações químicas ocorrem com envolvimento de alguns eV de energia então ao disponibilizar ao sistema (água + arroz) 334944 J = 2,09x1024 eV infere-se que há energia suficiente para produzir imensas quantidades de reações químicas no processo de cozimento. As reações químicas produzidas, dentre outros efeitos, produz o amolecimento do arroz. Nesse processo a água recebe uma imensa quantidade de energia que possibilita a produção de uma enorme quantidade de radicais livres. O benefício deste processo é que o alimento praticamente fica estéril.
Vamos tecer essas mesmas considerações para o uso de um instrumento recentemente muito comum em nossas casas: o forno de micro-ondas. Esse equipamento aquece a água emitindo radiação com freqüência de aproximadamente 1 GHz (giga hertz). Isto implica que os fótons dessa radiação possuem comprimento de onda de:
e em termos de energia os fótons do micro-onda possuem aproximadamente:
J/s. Se o equipamento consegue elevar um litro d'agua (1 kg) da temperatura de 20ºC para 100ºC em aproximadamente 8 min (480 s) isto implica que a massa de água de 1 kg recebe 334944 J/kg 335 kGy. Para atingir essa dose foram necessários 5x1029 fótons de l= 0,3m para aquecer a água (334944 J ÷ 6,6256x10-25 J/fóton). Você que já assimilou o conceito de dose e a produção de radicais livres já está imaginando a quantidade possível de radicais livres produzidos e as reações químicas induzidas por eles no simples ato de aquecer o alimento num forno de micro-ondas.
A análise até aqui elaborada também explica algumas curiosidades que eventualmente surgem, por exemplo, sendo a porta do forno de micro-ondas vazada para permitir olharmos o estado do alimento em seu interior pergunta-se: isto não expõe o usuário à radiação gerada? Observe que os furos contidos na porta possuem um diâmetro de aproximadamente 2 mm. Os fótons de 30 cm da radiação gerada são demasiadamente grandes para passar pelos pequenos furos. Mas, se a porta sofrer algum dano e surgir frestas do tamanho dos fótons emitidos (30 cm) o equipamento poderá se tornar perigoso! Lembre-se que o cérebro e os olhos são constituídos com um alto teor aquoso (~90%)!
A irradiação de alimentos emprega uma forma particular de energia eletromagnética conhecida por "radiação ionizante". Este termo é usado porque essa radiação produz partículas carregadas eletricamente, chamadas "íons", em qualquer material com o qual entrem em contato. Em circunstâncias particulares, a radiação ionizante é uma técnica de processamento de alimentos muito efetiva e útil.
A energia gama do 60Co pode penetrar no alimento causando pequenas e inofensivas mudanças moleculares que também ocorrem no ato de cozinhar, enlatar ou congelar. De fato, a energia simplesmente passa através do alimento que está sendo tratado e, diferentemente dos tratamentos químicos, não deixa resíduos. A irradiação é chamada de "processo frio" porque a variação de temperatura dos alimentos processados é insignificante. Os produtos que foram irradiados podem ser transportados, armazenados ou consumidos imediatamente após o tratamento.
A irradiação funciona pela interrupção dos processos orgânicos que levam o alimento ao apodrecimento. Raios gama, raios X ou elétrons são absorvidos pela água ou outras moléculas constituintes dos alimentos, com as quais entram em contato. No processo, são rompidas células microbianas, tais como bactérias, leveduras e fungos. Além disso, parasitas, insetos e seus ovos e larvas são mortos ou se tornam estéreis.
No Brasil, a legislação sobre irradiação de alimentos existe desde 1985 (Portaria DINAL no. 9 do Ministério da Saúde, 08/03/1985). Apenas duas empresas realizam esse serviço e estão localizadas no estado de São Paulo.
Em Piraciba, o Centro de Energia Nuclear para Agricultura (CENA), da Universidade de São Paulo, vem realizando pesquisas na área e presta serviço para as indústrias. O Instituto de Pesquisas Nucleares, também da USP, além de realizar pesquisas na área, realiza um trabalho junto aos produtores, mostrando os benefícios e vantagens da irradiação de alimentos.
entre outros assunto encontra-se nesse site um conjunto de definições que constitui um verdadeiro resumo da temática dos Alimentos Irradiados:
O presente texto foi extraído, parcialmente e modificado, da divulgação preparada pelo:
CDTN - Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear-CNEN/MG.
Rua Professor Mário Werneck, s/n Pampulha
Caixa Postal 941
Belo Horizonte-MG
CEP 30123-970
Home page: http://www.urano.cdtn.br e-mail: cdtn@urano.cdtn.br
Agência Nacional de Vigilância Sanitária http://www.anvisa.gov.br/mapa/index.htm
Revista NutriWeb
www.epub.org.br/nutriweb/n0202/irradiados.htm
Descobri que muitos produtos (alimentos) estão sendo esterilizados pelo processo de irradiação por raios gama. Seria interessante a utilização desses produtos no cultivo de cogumelos, que ao meu ver, ficam 100% sem contaminantes e totalmente estéreis.
Irradiação de alimentos é um processo básico de tratamento comparável à pasteurização térmica, ao congelamento ou enlatamento. Este processo envolve a exposição do alimento, embalado ou não, a um dos três tipos de energia ionizante: raios gama, raios X ou feixe de elétrons. Isto é feito em uma sala ou câmara especial de processamento por um tempo determinado. A fonte mais comum de raios gama, para processamento de alimentos, é o radioisótopo 60Co. O alimento é tratado por raios gama, originados do Cobalto 60 em uma instalação conhecida como irradiador,
O fóton gama é uma radiação eletromagnética de comprimento de onda muito curto, semelhante aos fótons: ultravioleta, luz visível, infravermelho, microondas ou ondas de rádio usadas na comunicação, diferenciando dessas pela energia, i.e., pelo seu comprimento de onda muito curto. Lembre-se que a energia se relaciona com o comprimento de onda pela relação
sendo: h = 6,6256x10-34 J.s a constande Planck;
n = a frequência (Herts, Hz ) da onda;
c = 2,998x108 m/s, a velocidade da luz no vácuo e
l = comprimento de onda (metros, m).
Observe, na fórmula, que o comprimento de onda l encontra-se no denominador e portanto quanto menor o seu valor, maior será a energia radiante.
Para você evoluir a compreensão do uso da irradiação de alimentos é importante retomar o conceito de dose absorvida.
Quando é dissipada a energia de um joule (J) em um kilograma (kg) de qualquer material diz-se que o material recebeu a dose de um gray (Gy). Nesta aula vai ser mencionado com muita freqüência o termo gray. Antes de evoluir o tema da irradiação de alimentos vamos explorar alguns fenômenos já bem consolidados pela nossa experiência cotidiana .
Quando cozemos um kilograma de arroz (água + grãos de arroz) ao elevar a temperatura de aproximadamente 20ºC para 100ºC (ponto de ebuliçao da água) o sistema absorve 1000 g x 80ºC 80000 cal/kg ~ 334944 J/kg = 335 kGy. Lembrando que as reações químicas ocorrem com envolvimento de alguns eV de energia então ao disponibilizar ao sistema (água + arroz) 334944 J = 2,09x1024 eV infere-se que há energia suficiente para produzir imensas quantidades de reações químicas no processo de cozimento. As reações químicas produzidas, dentre outros efeitos, produz o amolecimento do arroz. Nesse processo a água recebe uma imensa quantidade de energia que possibilita a produção de uma enorme quantidade de radicais livres. O benefício deste processo é que o alimento praticamente fica estéril.
Vamos tecer essas mesmas considerações para o uso de um instrumento recentemente muito comum em nossas casas: o forno de micro-ondas. Esse equipamento aquece a água emitindo radiação com freqüência de aproximadamente 1 GHz (giga hertz). Isto implica que os fótons dessa radiação possuem comprimento de onda de:
e em termos de energia os fótons do micro-onda possuem aproximadamente:
J/s. Se o equipamento consegue elevar um litro d'agua (1 kg) da temperatura de 20ºC para 100ºC em aproximadamente 8 min (480 s) isto implica que a massa de água de 1 kg recebe 334944 J/kg 335 kGy. Para atingir essa dose foram necessários 5x1029 fótons de l= 0,3m para aquecer a água (334944 J ÷ 6,6256x10-25 J/fóton). Você que já assimilou o conceito de dose e a produção de radicais livres já está imaginando a quantidade possível de radicais livres produzidos e as reações químicas induzidas por eles no simples ato de aquecer o alimento num forno de micro-ondas.
A análise até aqui elaborada também explica algumas curiosidades que eventualmente surgem, por exemplo, sendo a porta do forno de micro-ondas vazada para permitir olharmos o estado do alimento em seu interior pergunta-se: isto não expõe o usuário à radiação gerada? Observe que os furos contidos na porta possuem um diâmetro de aproximadamente 2 mm. Os fótons de 30 cm da radiação gerada são demasiadamente grandes para passar pelos pequenos furos. Mas, se a porta sofrer algum dano e surgir frestas do tamanho dos fótons emitidos (30 cm) o equipamento poderá se tornar perigoso! Lembre-se que o cérebro e os olhos são constituídos com um alto teor aquoso (~90%)!
A irradiação de alimentos emprega uma forma particular de energia eletromagnética conhecida por "radiação ionizante". Este termo é usado porque essa radiação produz partículas carregadas eletricamente, chamadas "íons", em qualquer material com o qual entrem em contato. Em circunstâncias particulares, a radiação ionizante é uma técnica de processamento de alimentos muito efetiva e útil.
A energia gama do 60Co pode penetrar no alimento causando pequenas e inofensivas mudanças moleculares que também ocorrem no ato de cozinhar, enlatar ou congelar. De fato, a energia simplesmente passa através do alimento que está sendo tratado e, diferentemente dos tratamentos químicos, não deixa resíduos. A irradiação é chamada de "processo frio" porque a variação de temperatura dos alimentos processados é insignificante. Os produtos que foram irradiados podem ser transportados, armazenados ou consumidos imediatamente após o tratamento.
A irradiação funciona pela interrupção dos processos orgânicos que levam o alimento ao apodrecimento. Raios gama, raios X ou elétrons são absorvidos pela água ou outras moléculas constituintes dos alimentos, com as quais entram em contato. No processo, são rompidas células microbianas, tais como bactérias, leveduras e fungos. Além disso, parasitas, insetos e seus ovos e larvas são mortos ou se tornam estéreis.
No Brasil, a legislação sobre irradiação de alimentos existe desde 1985 (Portaria DINAL no. 9 do Ministério da Saúde, 08/03/1985). Apenas duas empresas realizam esse serviço e estão localizadas no estado de São Paulo.
Em Piraciba, o Centro de Energia Nuclear para Agricultura (CENA), da Universidade de São Paulo, vem realizando pesquisas na área e presta serviço para as indústrias. O Instituto de Pesquisas Nucleares, também da USP, além de realizar pesquisas na área, realiza um trabalho junto aos produtores, mostrando os benefícios e vantagens da irradiação de alimentos.
Alimentos Irradiados no Brasil
Leia também http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/21_01rdc.htm para conhecer a Resolução - RDC nº 21, de 26 de janeiro de 2001entre outros assunto encontra-se nesse site um conjunto de definições que constitui um verdadeiro resumo da temática dos Alimentos Irradiados:
Referências Bibliográficas
O presente texto foi extraído, parcialmente e modificado, da divulgação preparada pelo:
CDTN - Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear-CNEN/MG.
Rua Professor Mário Werneck, s/n Pampulha
Caixa Postal 941
Belo Horizonte-MG
CEP 30123-970
Home page: http://www.urano.cdtn.br e-mail: cdtn@urano.cdtn.br
Agência Nacional de Vigilância Sanitária http://www.anvisa.gov.br/mapa/index.htm
Revista NutriWeb
www.epub.org.br/nutriweb/n0202/irradiados.htm