Olha... Digo que é mais preconceito do que algo bem fundamentado.
Eu não conhecia os cogumelos, só sabia que serviam para um propósito bem parecido com a Aya, a expansão, reconexão com o eu, etc. O medo veio dos relatos que li...
Você mesma disse que já passou por coisas difíceis com ayahuasca, nenhuma dessas dificuldades veio depois de muito tempo de uso?
A minha primeira experiência foi uma porrada... kkkk rio mas é de nervoso quando lembro. Td mundo fica na força por volta de 4 horas com o chá que era servido lá e e eu fiquei 8 horas. no final já tinha gente me olhando feio achando que eu estava me fazendo de doida, pq eu ria e chorava em voz alta. Uns diziam que eu estava incorporada, escutei gente cantando pra "entidade subir" mas eu estava lúcida naquela loucura e sabia que era o chá. Jurei que nunca mais tomaria aquilo, mas vi as mudanças chegarem, vi meus hábitos mudarem, vi a depressão ceder e fui obrigada a admitir que o chá tinha me feito bem e acabei voltando lá depois de 40 dias.
No contexto de consagração de Ayahuasca existe toda uma "rede de apoio" diante da sua experiência, é quase como institucionalizado. Já o uso de cogumelos é algo mais anárquico (no bom sentido), fora dos limites de uma doutrina, em que caso houver outra pessoa para apoiar caso algo aconteça ela não estará na experiência e será fora de um local dogmático.
Bom, depois da 3ª vez que consagrei e continuava falando e rindo em voz alta, resolvi passar a consagrar em casa, pq eu incomodava as pessoas e as pessoas tbm me incomodavam pq eu falava e se eu ficava quieta em algum momento, já alguém vinha me perguntar se eu estava bem. Aí acabava atrapalhando meu processo. Além disso aquela ritualística nunca me convenceu, o folclore e as lendas que se tem acerca do chá nunca me convenceram. Na verdade me incomoda a mistificação toda que o pessoal atribui ao chá e às experiências vividas "na força" como se fossem verdades absolutas. Continuava consagrando ocasionalmente na casa (em um quartinho separado) só pq passei a gostar da convivência com algumas pessoas lá. Fui muito bem acolhida, sabe?
Eu não tenho preconceitos contra os cogus, mas sei que como é sentir isso na pele, o chá de Aya tbm sofre muito preconceito. Quando eu falo que tomo, muita gente me olha com descrença. Até teve um episódio engraçado, mas que me deixou com bastante raiva: Eu trabalho no SUS e uma pessoa que trabalhava comigo em um posto foi transferida e não sei pq cargas d'água a infeliz falou pra td mundo lá que ela trabalhou com uma profissional que tomava "chá pelada no meio do mato". Um belo dia eis q sou transferida tbm para o mesmo lugar, quando chego lá comento algo sobre o chá e descubro que eu era a profissional doida que tomava chá peladona. kkkk Detalhe, eu não sou a favor de se tomar psicoativos em lugares inseguros, nunca coloquei um dedinho pra fora do meu apto qdo estou sob efeito do chá. Aí aprendi que o silêncio vale muito e que poucos estão aptos a se descobrirem e crescerem. Depois chegou uma médica que é da UDV e nossas posturas acabaram servindo de exemplo e o assunto morreu. Hoje rio disso, mas na época fiquei bolada...
jornada mais pessoal/sozinha.
Então, desde o começo eu consagrei o chá fora do contexto religioso, fui atrás da ciência por trás de tanta mistificação, estudei muito, li sobre a psilocibina, LSD tbm, acompanho os estudos das microdoses no TEPT. Estão surgindo estudos de microdose até de cocaína para depressão, o Metilfenidato por exemplo além do TDAH tem sido usada em doses diferentes para depressão, e tem um mecanismo de ação similar, enfim, na ciência não deveria caber espaço para preconceito. Para ceticismo acho saudável, mas preconceito é burrice. Minha psiquiatra voltou de um congresso na Europa animadíssima pq lá estão desenvolvendo estudos e se aborda abertamente os psicoativos naturais.
Aí sempre fiz o preparo do ambiente, minhas playlists sozinha, sem a ritualística que se atribui ao chá, e como eu, tem muita gente do meio que faz o mesmo. Começa em alguma casa/instituto/congregação, mas depois cansa e passa a consagrar em casa ocasionalmente.
Meu namorado consagrou 5grs de cogumelo final de semana passado e quer que eu experimente também, e resolvi pesquisar. Primeira coisa que procuramos são os relatos, né? rsrs Como sou muito sensível ao chá de Aya, entro na força alta com doses baixas e fico muito tempo sob efeito, vou começar a me aventurar com doses baixas nos cogus e ir conhecendo os limites aos poucos. Só que achei relatos de usuários antigos do cogu contando que já estiveram em situações que levaram cerca de 35 dias para voltar ao "normal", o tempo de se criar novas sinapses. Claro que isso me assustou, no mínimo a pessoa tem que ter respeito por uma substância tão poderosa como essa. Eu que não vou meter a doida e comer as 5grs que ele consumiu, mais ainda agora que estou me informando sobre...
Ahhh eu não tinha ninguém que consagrava Aya (pais, amigos, familiares) pra me guiar, fui pq a depressão estava cada vez mais grave e pra mim foi um divisor de águas, depois comecei terapia, fiz as mudanças necessárias para o crescimento interno e externo e por aí vai.