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Enviado por Paulo Mussoi e Rodrigo Pinto - 1/11/2008
- 18:15
O último tabu
As drogas existem desde que o mundo é mundo.
Há registros de que, na China, folhas de cannabis sativa (a popular maconha) eram usadas como remédio desde o ano 7 mil a.C. Muito antes disso, por volta de 10 mil a.C., tribos africanas já dominavam o processo de fermentação de plantas, e produziam beberragens alcóolicas que tinham importância fundamental nas suas atividades sociais e religiosas. Bem mais recentemente, no século XIX, a metanfetamina (o princípio ativo do ecstasy) era vendida como descongestionante nasal nas farmácias européias; e o Papa Leão XIII gostava de consumir chá de folhas de coca durante os despachos diários com seus cardeais em Roma. O que teria acontecido, portanto, para que em tão pouco tempo - um piscar de olhos, do ponto de vista histórico - as drogas e sua tradição milenar tenham se transformado em um dos grandes males da sociedade moderna?
De manifestações culturais, passaram à lista dos graves problemas sociais. Ainda no século XIX, as Guerras do Ópio, entre a Inglaterra e a China, revelaram ao mundo pela primeira vez a tragédia da dependência química em larga escala, sustentada por uma engrenagem comercial cruel e violenta, ilegal em quase todos os países, embora inevitavelmente alimentada, direta ou indiretamente, pelo envolvimento de governos, organizações militares e indústrias armamentista.
Hoje, as drogas seguem lucrativas, mortais, sedutoras, estigmatizadoras e, principalmente, controversas. Mola mestra de uma indústria transnacional que engole e cospe dólares, sangue e corrupção sob políticas públicas de represssão milionárias e ineficientes, o comércio de entorpecentes representa um assunto incômodo e complexo, em que propostas de solução - longe de serem unanimidades - acabam descartadas antes mesmo de serem debatidas.
Falta um claro debate público sobre o tema.
Há muito que antigos tabus, como homossexualismo e prostituição, já estão na agenda dos grandes veículos de comunicação, nos programas matinais de TV. Mas as drogas continuam amplamente restritas às páginas policiais. Ou de saúde mental. Sempre cercadas de medo.
A discussão franca sobre o problema das drogas talvez seja, hoje, o último grande tabu da nossa sociedade. Este blog, se não tem nem de longe a pretensão de derrubá-lo, espera pelo menos ajudar a encará-lo. Quer jogar uma luz sobre possíveis soluções, e ajudar a distinguir fato e preconceito. E quer, principalmente, agregar a seu redor a comunidade interessada em enriquecer a discussão sobre o assunto. Uma comunidade que, dentro e fora da internet, poderá contribuir - aí sim, com muito mais eficiência - para o princípio de um processo de modernização das políticas públicas sobre o tema.
Se você tem o que contar, se você quer debater, perguntar ou simplesmente ler, sinta-se à vontade neste espaço, recém-criado. Nosso debate já começou.
http://oglobo.globo.com/blogs/sobredrogas/
- 18:15
O último tabu
As drogas existem desde que o mundo é mundo.
Há registros de que, na China, folhas de cannabis sativa (a popular maconha) eram usadas como remédio desde o ano 7 mil a.C. Muito antes disso, por volta de 10 mil a.C., tribos africanas já dominavam o processo de fermentação de plantas, e produziam beberragens alcóolicas que tinham importância fundamental nas suas atividades sociais e religiosas. Bem mais recentemente, no século XIX, a metanfetamina (o princípio ativo do ecstasy) era vendida como descongestionante nasal nas farmácias européias; e o Papa Leão XIII gostava de consumir chá de folhas de coca durante os despachos diários com seus cardeais em Roma. O que teria acontecido, portanto, para que em tão pouco tempo - um piscar de olhos, do ponto de vista histórico - as drogas e sua tradição milenar tenham se transformado em um dos grandes males da sociedade moderna?
De manifestações culturais, passaram à lista dos graves problemas sociais. Ainda no século XIX, as Guerras do Ópio, entre a Inglaterra e a China, revelaram ao mundo pela primeira vez a tragédia da dependência química em larga escala, sustentada por uma engrenagem comercial cruel e violenta, ilegal em quase todos os países, embora inevitavelmente alimentada, direta ou indiretamente, pelo envolvimento de governos, organizações militares e indústrias armamentista.

Falta um claro debate público sobre o tema.
Há muito que antigos tabus, como homossexualismo e prostituição, já estão na agenda dos grandes veículos de comunicação, nos programas matinais de TV. Mas as drogas continuam amplamente restritas às páginas policiais. Ou de saúde mental. Sempre cercadas de medo.
A discussão franca sobre o problema das drogas talvez seja, hoje, o último grande tabu da nossa sociedade. Este blog, se não tem nem de longe a pretensão de derrubá-lo, espera pelo menos ajudar a encará-lo. Quer jogar uma luz sobre possíveis soluções, e ajudar a distinguir fato e preconceito. E quer, principalmente, agregar a seu redor a comunidade interessada em enriquecer a discussão sobre o assunto. Uma comunidade que, dentro e fora da internet, poderá contribuir - aí sim, com muito mais eficiência - para o princípio de um processo de modernização das políticas públicas sobre o tema.
Se você tem o que contar, se você quer debater, perguntar ou simplesmente ler, sinta-se à vontade neste espaço, recém-criado. Nosso debate já começou.
http://oglobo.globo.com/blogs/sobredrogas/